quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

O país dos doutores !!!


Durante o governo de FHC houve um aumento de 16 mil novos doutores e mestres em nosso imenso Brasil. Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva ocorreu a formação de doutores e mestres em número muito maior, mas estranhamente esse aumento no número de mestres e doutores não se refletiu em uma melhora perceptível em nossa sociedade.

Desde que entrei na universidade, argumento que um aumento no número de pessoas com formação universitária, mestrado e doutorado não implicaria em uma mudança intelectual ou mesmo social na nação brasileira. Da mesma maneira que em um pais rico não é certeza de não existirem miseráveis e pessoas marginalizadas.

Sempre ouvi muito que o grande problema do Brasil é criar ricos em vez de criar riquezas e parafraseando, para a educação, é perfeitamente verdadeiro afirmar que o problema do Brasil é diplomar o maior número de doutores e esquecer de educar a população.


O status social


Qualquer cidadão sabe muito bem que o fato de se conseguir um diploma universitário tras oportunidade de melhoria primeiramente de vida para o adquirente do curso e isso não quer dizer que esse fato irá melhorar a qualidade de vida da população. A percepção que um curso de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado traz melhorias pessoais torna comum chamarem de doutor os que possuem melhor um melhor padrão salarial e consequentemente melhor padrão de vida. Claro que, na maioria dos casos, são chamados de doutores visando tirarem algum proveito financeiro. Fique muito desconfiado quando for chamado de doutor em estacionamentos, restaurantes e até mesmo por feirantes que na realidade estão com interesse de terem algum proveito financeiro.

Mesmo para aqueles que não possuem diploma de doutor, muitas das vezes, se colocam como tal para exigirem respeito e tirarem alguma vantagem se posicionando como alguém importante na sociedade como é o caso de advogados, engenheiros, contadores, etc. Esse posicionamento mostra uma grande contradição onde podemos ser chamados “A miserável terra dos doutores”.


Raciocinam com o diploma!


Outro fato que está se tornando um grande problema é que tem muito doutor pensando que diploma e cérebro são coisa iguais. Muitos têm o diploma e o conhecimento é pífio em decorrência da má qualidade que são formados nessas universidades da vida. . Qualquer pessoa sabe que quem tem um título universitário, seja ele qual for, está apto na área que foi graduado, mas cada vez mais esses seres usam diplomas para dizer o que devemos fazer e achando que somente eles têm cérebro e querem impor as ideias como sendo os deuses da sabedoria em área que sequer possuem conhecimento.

Nos últimos seis anos fiz vários cursos de capacitação e muitos desses foram feitos online e por universidades fora do Estado (Sergipe) e a primeira vez que percebi que alguma estava errada foi quando em um desses cursos a tutora parabenizou todos os alunos presentes (estávamos em uma sala online) como alunos virtuais (ocorreu em outros cursos online e presenciais). Discordei e a tutorial usou o argumento que seriamos virtuais pelo fato de se comunicarmos e nunca interagirmos pessoalmente! Expliquei que o fato de uma pessoa não poder interagir pessoalmente não torna ela em um ser virtual e ele me mandou vários textos (alguns de doutores) tentando me convencer do contrário. Disse para a tutora e digo mais uma vez: estávamos em um curso online e éramos alunos online. Ainda argumentei que trabalhei vários anos em uma bancada de aplicação financeira e nunca conversei pessoalmente com os clientes e isso não tornava os clientes do banco em virtuais (as vezes alguns apareceriam em carne e osso).

Outro fato interessante foi quando me pediram um projeto (curso elaboração de projetos) e depois me pediram para converter em um programa. Solicitei para a Tutora (doutora em educação) que pegasse um dicionário e procurasse a diferença entre projetos e programas (são palavras sinônimas). Dessa vez foi pior, já que até colegas de trabalho argumentaram em favor da doutora! Argumentei que o que ela estava solicitando era que eu convertesse um modelo de ação futura (projeto) em outro modelo (programa) e não convertendo uma coisa em outra totalmente diferente.Que eu saiba as palavras planejar, projetar e programar é criar modelo de como serão apresentadas ou efetuadas ações futuras e colocar nomes próprios em modelos usando palavras sinônimas é criar mais confusão na nossa combalida língua portuguesa. 

Complicado é quando você pega, esse doutores, como coordenadores pedagógicos estando em sala de aula e fica tentando te dizer como você deve ministrar suas aulas. A grande maioria, desses novos profissionais, nunca lecionou uma única aula e se baseia única e exclusivamente nas teorias educacionais que decoraram nos cursos pedagógicos.

O problema de se ter um diploma leva muitas dessas pessoas culturalmente e psicologicamente se posicionar como um ser superior, ter preconceito com que não é doutor e tendo o direito de dizer o que você dever fazer e como pensar. Tem até casos de doutores que fica contestando de algumas profissões ganharem salários iguais ou superiores ao deles (bons carpinteiros chegam ganhar salários iguais ou mesmo superiores a alguns professores) e questionando como pode já que ele estudou e é doutor (isso se chama carteirada).

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS)
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Texto original: DEBATENDO A EDUCAÇÃO

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