quinta-feira, 26 de maio de 2016

AS INSTITUIÇÕES ESTÃO FUNCIONANDO

Por MARCELO ZERO

Após o golpe, tudo volta ao normal. Tudo volta ao que manda a tradição. As instituições funcionam.

O poder voltou para seus detentores tradicionais: homens brancos, ricos e conservadores. Homens de religiosidade rígida e moral flexível. Homens de contas suíças e política hondurenha, como manda a tradição. As mulheres voltam ao lar e os negros à senzala, como impõe a tradição.

Para conciliar a nação e unir o país, iniciou-se à caça às bruxas contra petistas, progressistas, “bolivarianos”, defensores dos direitos humanos, gays, “abortistas”, “artistas vagabundos” e toda essa fauna que nunca deveria ter chegado perto do poder. Estão fora, como sempre foi na nossa normalidade democrática. Talvez sejam presos, talvez torturados, como reza nossa mais bela tradição.

Na Esplanada, os ministros, na falta de ideias e propostas, dedicam-se a “rever tudo o que foi feito”. Não fazem; reveem o que foi feito. Editam e reeditam a mesma medida provisória várias vezes. Fazem e desfazem ao mesmo tempo, num confuso ioiô cultural. Desfazem até o que eles mesmos fizeram. Esse governo não governa. Esse governo desgoverna. Como era a tradição. Como era normal.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

O golpe do impeachment usou a toga, por Maria Inês Nassif

SEX, 13/05/2016 - 16:43
ATUALIZADO EM 13/05/2016 - 16:43

O Judiciário e o Ministério Público não barraram as ofensas contra a democracia porque eram parte da conspiração

Na Carta Maior
O golpe do impeachment usou a toga, por Maria Inês Nassif

A estratégia do golpe institucional, com papel ativo do baixo clero do Legislativo e de instâncias judiciárias (o juiz de primeira instância Sérgio  Moro e o Supremo Tribunal Federal), e ação publicitária dos meios de comunicação tradicionais (TV Globo e a chamada grande imprensa)  começou a ser desenhada no chamado Escândalo do Mensalão. Um ano antes das eleições presidenciais que dariam mais um mandato ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o país foi sacudido por revelações de que o PT usara  dinheiro de caixa dois de empresas para pagar as dívidas das campanhas das eleições municipais do ano anterior, suas e de partidos aliados. O tesoureiro do partido, Delúbio Soares, era o agente do partido junto a empresários e a uma lavanderia que até então operava com o PSDB de Minas, a agência de publicidade DNA, de Marcos Valério. Delúbio tornou-se réu confesso. Outro dirigente do partido, Sílvio Pereira, foi condenado por receber um Land Rover de presente de um empresário. 

quinta-feira, 12 de maio de 2016

A descoberta do Brasil II

A explicação, nos livros Didáticos de História, sobre o descobrimento do Brasil, é que ocorreu por acaso quando da viagem de uma grande expedição enviada para as Índias, com a finalidade de comprar drogas e especiarias. Por conta de uma calmaria e os navios serem impulsionados pela força dos ventos (Caravelas) a esquadra portuguesa teve de fazer um desvio em direção a Oeste. O problema é que normalmente os escritos antigos não explicam o fato de ter calmaria e mesmo assim os navios, que eram impulsionados pelos ventos, navegaram em direção a Oeste.


Todo o malabarismo é utilizado para tentar explicar o Descobrimento do Brasil como tido sido um fato ocorrido por acaso (sem querer). Ignoram a chegada dos espanhóis ( Vicente Yañes de Pinzón e Diego de Lepe) em terras a oeste um ano antes (1499) e ignoram fatos do comércio dos franceses

segunda-feira, 9 de maio de 2016

A abolição da escravidão e o tempo presente

As históricas desigualdades sociais hierarquizaram o espaço urbano brasileiro e influenciam ainda hoje os elevados níveis de violência que enfrentamos.

Rodrigo Medeiros



Em tempos de grande perplexidade política, a revista “The Economist”, em sua edição de 23 de abril de 2016, apontou para as muitas heranças que o Brasil não discutiu adequadamente. Na matéria destacada na sua capa consta que “não há atalhos para resolver os problemas. As raízes da disfunção política do Brasil podem ser enxergadas na economia baseada no trabalho escravo do século XIX, na ditadura ocorrida no século XX e em um sistema eleitoral viciado em campanhas ruinosamente caras e que protegem os políticos da prestação de contas” (tradução livre). Vejamos então alguns poucos aspectos dessas questões.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Semelhanças e diferenças entre o golpe de hoje no Brasil e o golpe nazista em 1933

Hitler deu um golpe inteiramente 'legal', através de uma votação no Parlamento. com o apoio da classe média alta. Se olharmos os métodos, como se parecem!

Flávio Aguiar


“Nem sempre o que é, parece. Mas o que parece, seguramente é”. Ditado brasileiro.

Muito se tem escrito, contra e a favor, sobre semelhanças e diferenças entre o golpe nazista de 1933 e o que hoje está em curso no Brasil.

Bom, vamos começar por alguns personagens principais. Ninguém de bom senso vai comparar o tacanho e tragicômico Michel Temer com o trágico e sinistro Adolf Hitler. Nem um nem outro merecem tanto. Aquele, “do lar”, este, bem, também era “do lar”, abstêmio, vegetariano, fiel pelo que se sabe, mas, de qualquer modo e por exemplo, os penteados eram completamente diferentes. Além disto, Hitler ficou no poder durante doze anos, de 33 a 45, digamos. Temer não ficará tanto. No Inferno de Dante Hitler estaria na boca de Lúcifer, mascado com os grandes traidores da história. Onde estará Temer? Provavelmente na porta do Inferno. Nem lá ele será admitido. Na porta, sem direito nem a meia-entrada, estão os que carecem até mesmo de um forte caráter pecador. Para alegria dos pós-modernos, estão no não-lugar universal e eterno. 

Também ninguém vai comparar o grotesco Cunha ao também grotesco Göring, que foi quem presidiu a sessão do Reichstag que começou o golpe de estado nazista em 23 de março de 1933. Se estivessem num romance de Dostoyevski, ambos seriam qualificados como psicopatas. Mas não esteve um, nem está o outro. Vamos aguardar para ver como a história qualificará o mais recente deles. Boa coisa não será.

Agora, se olharmos os métodos, como se parecem!