sexta-feira, 29 de abril de 2016

Quem deu o golpe, e contra quem?

Aqueles que escaparam do bombardeio midiático com dois neurônios intactos estranharão o mundo comandado por um sindicato de ladrões na política.


Jessé Souza - Folha de São Paulo

O golpe foi contra a democracia como princípio de organização da vida social. Esse foi um golpe comandado pela ínfima elite do dinheiro que nos domina sem ruptura importante desde nosso passado escravocrata.

O ponto de inflexão da história recente do Brasil contra a herança escravocrata foi a revolução comandada por contraelites subordinadas que se uniram em 1930.

A visão pessoal de Getúlio Vargas transformou o que poderia ter sido um mero conflito interno de elites em disputa em uma possibilidade de reinvenção nacional.

O sonho era a transformação do Brasil em potência industrial com forte mercado interno e classe trabalhadora protegida, com capacidade de consumo. Nossa elite do dinheiro jamais sequer "compreendeu" esse sonho, posto que "afetivamente" nunca sentiu compromisso com os destinos do país.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

'Os derrotados são os que deixam de lutar'

Por Helder Lima, naRede Brasil Atual:
O ex-presidente do Uruguai e atual senador José Pepe Mujica disse hoje (27) que a crise política no Brasil pode levar a alguns retrocessos, mas que a luta deve continuar e que muitos dos direitos conquistados nos últimos anos serão mantidos. “A maioria dos progressos sociais que estão consagrados em nossas constituições (da América Latina) é fruto de mobilizações de organizações de esquerda, que em nenhum momento se deram como causa perdida e foram derrotadas, mas foram se conformando, e mudando a cultura da humanidade”, afirmou, durante entrevista coletiva no Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, em São Paulo,

“O que se passa com a esquerda no Brasil agora é que provavelmente o povo brasileiro tenha de viver em uma conjuntura onde perca algum domínio social, que tenha conquistado nesse tempo, mas não vai perder tudo. Não se pode perder tudo, porque a própria direita tem de negociar, tem de ceder, assim é a história do homem”, disse Mujica.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Devastação a Jato: A História cobrará caro no futuro, por Mauro Santayana

16.04.2016 - Mauro Santayana

A "MULTA-BOMBA" DE 7 BILHÕES

(Revista do Brasil) - Finalmente, depois de meses de pressão desumana, gestapiana, sobre o empresário Marcelo Odebrecht, o juiz Sérgio Moro levou-o a julgamento, condenando-o – baseado não em provas de sua participação direta, mas na suposição condicional de que um empresário que comanda uma holding com mais de 180 mil funcionários e que opera em mais de 20 países tem a obrigação de saber de tudo que ocorre nas dezenas de empresas que a compõem – a 19 anos e quatro meses de prisão.

terça-feira, 12 de abril de 2016

'Desde a Grécia antiga, a dívida foi um instrumento de dominação'

As dívidas funcionam para estabelecer e reproduzir relações de dependência colonial, determinando formas particulares de dominação econômica e política.

Julia Goldenberg - Página/12


Para o estudioso grego, a dívida externa e o predomínio das forças do mercado na política transformam as instituições e os laços sociais, e substituem a soberania popular pela soberania do mercado.

– Você retoma o conceito de “pós-democracia” como categoria de análise vigente. De acordo com essa perspectiva, como é possível reativar os mecanismos democráticos?

– O termo “pós-democracia” surge na última década, na sociologia e na teoria política, para compreender conceitualmente e marcar criticamente as patologias contemporâneas da democracia liberal, sobretudo com relação às condições estabelecidas pelo capitalismo tardio. Nesse tipo de regime, o aspecto formal das instituições democráticas permanece intacto: por exemplo, as eleições se desenvolvem normalmente para as transições de um governo a outro. Ainda assim, a magnitude do debate eleitoral se transforma num espetáculo controlado, manejado por

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Por que a democracia já está vencendo o golpe?

A vitória da legitimidade democrática está criando bases para decisões que respeitem a Constituição e abre espaço para a construção da governabilidade

Juarez Guimarães

Em um golpe na democracia que se realiza por dentro das instituições jurídicas e parlamentares contra a Constituição e a soberania popular, a relação entre o uso da legitimidade e da força é diferente daquela necessária a um golpe militar. Neste último, como em 1964, o uso da força militar resolve o impasse da disputa de legitimidade. Mas mesmo neste caso, como a direção golpista das Forças Armadas aprendeu com a derrubada de Getúlio em 1954 e as tentativas frustradas de golpe contra Juscelino e pelo impedimento da posse de Jango Goulart, é necessária alguma base de legitimação de massas.

Na modalidade de tentativa de golpe na democracia que está agora em curso, a disputa da legitimidade democrática é decisiva. E há evidências de sobra que esta batalha decisiva está sendo perdida pelos golpistas.

As evidências mais exuberantes são as manifestações democráticas que, retomadas neste ano nos atos do dia 18 de março, continuam a florescer,