sábado, 14 de julho de 2012

O ideal olímpico é ganhar dinheiro

Muita gente criticou o governo brasileiro por ter feito uma série de concessões à Fifa e aos patrocinadores da Copa do Mundo de Futebol de 2014. Quando é conveniente, os patriotas da boca para fora aparecem aos montes. Mas o que será que esses bravos brasileiros diriam se aqui se proibisse que os torcedores entrassem no estádio usando uma camiseta estampada com o rosto do Che, medida baixada pelo comitê organizador da Olimpíada de Londres?

Pois é, os ingleses, quem diria, adotaram essa e uma série de outras providências para beneficiar as empresas que patrocinam o evento.

Levar comida, levar bebida até que pode, mas só um pouquinho. Afinal, o McDonald's, coitadinho, que investiu uma grana danada no evento, não pode ser prejudicado. Além disso, todos sabem, seus sanduíches fazem um bem danado às pessoas em geral e especificamente aos atletas de amanhã.
O fato é que tanto a Fifa quanto o Comitê Olímpico Internacional são entidades muito bem inseridas na ordem capitalista mundial, que têm como meta faturar o mais que podem com a Copa do Mundo e a Olimpíada.

No fundo, os bravos esportistas que se esfalfam para conseguir uma medalhinha qualquer, que dão o sangue para chegar a uma final da Copa do Mundo, não são os protagonistas, mas sim meros coadjuvantes de megaespetáculos que levam a globalização às últimas consequências.

No caso da Olimpíada, então, o negócio é ainda pior, pois, na teoria, os jogos deveriam promover um grande congraçamento entre as nações, mas o que se vê é que, desde a escolha da sede, o que conta realmente é o poder do dinheiro, os interesses das grandes corporações se sobrepondo aos desgastados ideais olimpícos que deveriam nortear a competição.

Se não fosse assim, por que a Olimpíada não é promovida apenas com a verba dos países que dela participam?

Por que o McDonald, a Coca-Cola, a Acer, a Samsung, a Dow, a GE, e tantos outros "parceiros" estão ali metidos?

Será que gastam fortunas apenas para "apoiar" o evento?

O ridículo a que os interesses comerciais expõem esses megaespetáculos é tanto que, no caso da Olimpíada de Londres, um exército de mais de 20 mil pessoas, apoiado por uma parafernália tecnológica, estará a postos para impedir que alguém vá aos estádios com uma camiseta "inimiga" dos patrocinadores, ou com uma bandeira de algum país que não esteja competindo.

E ainda tem gente que acredita que o esporte é uma atividade saudável, que seus dirigentes são abnegados cidadãos, e os atletas exemplos de perseverança e superação.

Como diria Robin, o menino prodígio, no furor da luta contra os bandidos de Gotham City: "Santa ingenuidade, Batman!"

Texto retirado: CRÔNICAS DO MOTA

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