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terça-feira, 27 de outubro de 2020

As informações nos livros didáticos VI

As Entradas e as Bandeiras


Um dos assuntos que estudamos em História do Brasil foram as expedições chamadas de Entradas e Bandeiras. Nos livros didáticos, esses grupos de exploradores (eram conhecidos como sertanistas) são tratados como verdadeiros heróis, principalmente os Bandeirantes, como responsáveis pela expansão e colonização do território brasileiro.

Monumento em homenagem aos bandeirantes !

A participação das Entradas foram mais na colonização do território pertencente ao Brasil e partiam sempre da província baiana, já os chamados bandeirantes são chamados de heróis por expandirem o território além das fronteiras já pertencentes ao Brasil.

sábado, 10 de outubro de 2020

As informações nos livros didáticos V

A Nação do Sete Povos


A Nação dos Sete Povos era na realidade a República Guarani, mas não sei por que nos livros didáticos da minha época nunca era informado que era uma república e muito menos que era totalmente habitada pelos nativos Guaranis.

Ainda hoje é fácil encontrar o que restou das igrejas construídas pelos povos guaranis.


Os nativos da América (incluindo os Guaranis) eram tidos pelos povos europeus como seres sem inteligência, claro isso era importantíssimo terem como uma verdade para terem a desculpa de escravizarem esses nativos e isso era feito pelos dois principais colonizadores da época na Região Sul do Brasil (Portugueses e Espanhóis). 

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

A quem interessa uma intervenção na Venezuela?


Acabo de voltar da Venezuela, onde participei, como presidenta do PT e a convite do governo eleito, das solenidades de posse do presidente Nicolás Maduro. Não me surpreendi com o ataques e reações por parte de quem não compreende princípios como autodeterminação e soberania popular; quem não reconhece que partidos e governos de diferentes países podem dialogar respeitosamente.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

OS ATAQUES EM ESCALA INTERNACIONAL ÀS EMPRESAS LÍDERES DA ENGENHARIA BRASILEIRA


Por Bruno Lima Rocha

Existe uma diferença gritante entre “teoria da conspiração” e prática conspiratória. Entendo que bastam algumas observações pontuais para fazer a lógica da obviedade. O texto que segue tem as devidas ponderações legais, por isso a cautela necessária. Vale observar que ao reconhecer que houve participação do Império no golpe no Brasil, não me alinho ao lulismo, tampouco a condenáveis práticas empresariais, menos ainda ao ‘batismo nos contratos’ como prática regular brasileira e nem nego a condição de que agentes nacionais (domésticos) possam aplicar golpes e também contra golpes. A conspiração que vem de cima encontra eco ou não, é bem sucedida ou não, de acordo com cada sociedade e seus agentes coletivos nacionais. Infelizmente, no Brasil, o golpe aplicado pelo BraZil deu certo (para eles). Vamos aos pontos.

1) Existem pessoas com certo prestígio cibernético alegando que há uma teoria da conspiração na internet brasileira em relação a participação dos EUA no golpe parlamentar que derrubou o governo reeleito de Dilma Rousseff. Os Estados Unidos, embora correspondam a 12% de nossa balança comercial – perdendo em quase o dobro para os 21% de volume de trocas com a China, tem plenas condições de exercer hegemonia e projeção de poder em termos ideológico-culturais, institucionais, militares e financeiros sobre toda a América Latina, o Brasil incluído.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

A OPERAÇÃO LAVA-JATO, A DEFESA NACIONAL, A CONTRA-INFORMAÇÃO E A ESPIONAGEM.


(Jornal do Brasil) - Em suas críticas ao tamanho do Estado e na defesa da privatização a qualquer preço, os neoliberais tupiniquins se esforçam por defender a tese de que o poder de algumas das maiores nações do mundo “ocidental”, os EUA à frente, teria como únicos, principais esteios, o capitalismo, a livre iniciativa e o livre mercado, e defendem, sempre que podem, alegando a existência de “cabides de emprego”, e o grande número de ministérios, a diminuição do setor público no Brasil.
A informação, divulgada na semana passada, de que, com três milhões e duzentos mil funcionários, o Departamento de Defesa dos EUA é o maior empregador do mundo, tendo em sua folha de pagamento, sozinho, mais colaboradores que o governo brasileiro, com todos seus 39 ministérios, mostra como essa gente tem sido pateticamente enganada, e corrobora o fato de que a tese do enxugamento do estado, tão cantada em prosa e verso por certos meios de comunicação nacionais, não é mais, do ponto de vista da estratégia das nações, do que uma fantasia que beira a embromação.
Dificilmente vai se encontrar uma nação forte, hoje - como, aliás, quase sempre ocorreu na história - que não possua também um estado poderoso, decidida e vigorosamente presente em setores estratégicos, na economia, e na prestação de serviços à população.
Enquanto em nosso país, o número total de empregados da União, estados e municípios, somados, é de 1,5% da população, na Itália ele passa de 5%, na Alemanha, proporcionalmente, ele é de 80% a mais do que no Brasil, nos EUA, de 47% a mais e na França, também um dos países mais desenvolvidos do mundo, de 24% da população ativa, o que equivale a dizer que praticamente um a cada quatro franceses trabalha para o Setor Público.
Esses dados derrubam também a tese, tão difundida na internet, de que no Brasil se recebe pouco em serviços, comparativamente aos impostos que se  pagam. Por aqui muitos gostariam de viver como na Europa e nos Estados Unidos, mas ninguém se pergunta quantos funcionários públicos como médicos, professores, advogados, técnicos, cientistas, possuem a mais do que o estado brasileiro, os governos dos países mais desenvolvidos do mundo, para prestar esse tipo de serviços à população.
E isso, sem ter que ouvir uma saraivada de críticas a cada vez que lança um concurso, e sem ter que enfrentar campanhas quase que permanentes de defesa da precarização do trabalho e da terceirização.
Aos três milhões e duzentos mil funcionários, cerca de 1% da população norte-americana, fichados apenas no Departamento de Defesa, é preciso agregar, no esforço de fortalecimento nacional dos Estados Unidos, centenas de universidades públicas e privadas, e grandes empresas, estas, sim, privadas, ou com pequena participação estatal, que executam os principais projetos estratégicos de um país que tem o dobro da relação dívida pública-PIB do Brasil e não parece estar, historicamente, preocupado com isso.
Companhias que, quando estão correndo risco de quebra, como ocorreu na crise de 2008, recebem dezenas de bilhões de dólares e novos contratos do governo, e que possuem legalmente, em sua folha de pagamento, “lobistas”, que defendem seus interesses junto à Casa Branca e ao Congresso, que, se estivessem no Brasil, já teriam sido, neste momento, provavelmente presos como “operadores”, por mera suspeição, mesmo sem a apresentação de provas concretas.
Da estratégia de fortalecimento nacional dos principais países do mundo, principalmente os ocidentais, faz parte a tática de enfraquecimento e desestruturação do Estado em países, que, como o Brasil, eles estão determinados a continuar mantendo total ou parcialmente sob seu controle.
Como mostra o tamanho do setor público na Alemanha, na França, nos Estados Unidos - ampla e propositadamente subestimado no Brasil - por lá se sabe que, quanto mais poderoso for o Estado em um potencial concorrente, mais forte e preparado estará esse país para disputar um lugar ao sol com as nações mais importantes, em um mundo cada vez mais complexo e competitivo.
Daí porque a profusão de organizações, fundações, “conferencistas”, “analistas” "comentaristas", direta e indiretamente pagos pelos EUA, muitos deles ligados a braços do próprio Departamento de Defesa, como a CIA, e a aliança entre esses “conferencistas”, “analistas”, “filósofos”, “especialistas”, principescos sociólogos - vide o livro “Quem pagou a conta? A CIA na Guerra Fria da Cultura”, da jornalista inglesa Frances Stonor Saunders - etc, com a imprensa conservadora de muitos países do mundo, e mais especialmente da América Latina, na monolítica e apaixonada defesa do “estado mínimo”, praticada como recurso para o discurso político, mas também por pilantras a serviço de interesses externos, e por ignorantes e inocentes úteis.
Em matéria de capa para a Revista Rolling Stone, no final da década de 1970, Carl Bernstein, o famoso repórter do Washington Post, responsável pela divulgação e cobertura do Caso Watergate, que derrubou o Presidente Richard Nixon, mostrou, apresentando os principais nomes, como centenas de jornalistas norte-americanos foram recrutados pela CIA, durante anos, a fim de agir no exterior como espiões, na coleta de informações, ou para produzir e publicar matérias de interesse do governo dos Estados Unidos.
Muitos deles estavam ligados a grandes companhias, jornais e agências internacionais, como a Time Life, a CBS, a NBC, a UPI, a Reuters, a Associated Press, a Hearst Newspapers, e a publicações como o New York Times, a Newsweek e o Miami Herald, marcas que em muitos casos estão presentes diretamente no Brasil, por meio de tv a cabo, ou têm seu conteúdo amplamente reproduzido, quando não incensado e reverenciado, por alguns dos maiores grupos de comunicação nacionais.
Assim como a CIA influenciou e continua influenciando a imprensa norte-americana dentro e fora do território dos Estados Unidos, ela, como outras organizações oficiais e paraoficiais norte-americanas, também treina, orienta e subsidia centenas de veículos, universidades, estudantes, repórteres, em todo o mundo, em um programa que vem desde antes da Guerra Fria, e que nunca foi oficialmente interrompido.
O próprio Departamento de Defesa, o Departamento de Estado, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, USAID, o Fundo Nacional para a Democracia, NED, o Conselho Superior de Radiodifusão, BBG, e o Instituto dos EUA para a Paz, USIP, bancam atividades de “desenvolvimento de meios” em mais de 70 países, em programas que mantêm centenas de fundações, ONGs estrangeiras, jornalistas, meios de informação, institutos de “melhoramento” profissional, e escolas de jornalismo, com um investimento anual que pode chegar a bilhões de dólares.
Além deles, são usados, pelo Departamento de Estado, o Bureau de Assuntos Educacionais e Culturais, (Bureau of Educational and Cultural Affairs, BECA), o Bureau de Inteligência e Investigação, (Bureau of Intelligence and Research, INR) e o Bureau de Democracia, Direitos Humanos e Trabalho (Bureau of Democracy, Human Rights, and Labor, DRL), que apenas no ano de 2006 organizou, na Bolívia, por exemplo, 15 diferentes “oficinas” sobre “liberdade de imprensa e expressão”, além do Escritório de Diplomacia e Assuntos Públicos (Office of Public Diplomacy and Public Affaires, OPDPA).
“O que nós estamos ensinando - explica Paul Koscak, porta-voz da USAID - é a mecânica do jornalismo, na imprensa escrita, no rádio ou na televisão. Como fazer uma história, como escrever de forma equilibrada … tudo o que se espera de um verdadeiro profissional de imprensa.”
Isabel MacDonald, diretora de comunicação da Fairness And Accuracy in Reporting (FAIR) - Imparcialidade e Transparência na Informação - um observatório de meios de comunicação de Nova Iorque sem fins lucrativos, não tem, no entanto, a mesma opinião.
Para ela, “esse tipo de operação do governo norte-americano, a despeito de sua alegada defesa das normas da objetividade, trabalha, na verdade, contra a democracia, apoiando a dissensão sufocante, e divulgando informações deliberadamente falsas que são úteis para os objetivos da política exterior dos Estados Unidos.’
Um exemplo clásssico desse tipo de resultado, quanto aos objetivos norte-americanos, foi o envolvimento de Washington, denunciado pela comissão legislativa Church-Pike, no Congresso dos EUA, com o financiamento a jornais de oposição na América Latina, como o grupo “El Mercúrio” do Chile, por exemplo, na conspiração que levou ao golpe militar contra o presidente eleito de orientação nacionalista Salvador Allende, em 1973.
Em abril de 2015, a Associação dos Jornalistas Chilenos decidiu expulsar de seus quadros o dono do Grupo El Mercúrio, Agustín Edwards Eastman, de 87 anos, por violação do código de ética, depois que documentos oficiais revelados nos Estados Unidos mostraram, em 2014, que ele havia recebido dinheiro da CIA para publicar informações falsas contra o governo chileno.
A diferença entre os Estados Unidos, que se dizem “liberais” e “privatistas”, e na verdade não o são, e o Brasil, que cede a todo tipo de pressão, na tentativa de provar, todos os dias, que não é comunista nem estatizante, é que, mesmo quando envolvidas com corrupção - considerada uma espécie de “dano colateral” que deve ser “contornado” e “absorvido”, no contexto do objetivo maior, de permanente fortalecimento do complexo-industrial militar dos EUA - a existência das principais empresas de defesa norte-americanas nunca é colocada em risco.
Apenas como exemplo, a Lockheed Martin, uma das principais companhias de aviação e de defesa dos EUA, pagou, como lembrou André Motta Araújo no Jornal GGN outro dia, entre as décadas de 1950 e 1970, mais de 300 milhões de dólares, ou 3.7 bilhões de dólares em dinheiro de hoje, de propina para autoridades estrangeiras, entre elas - para quem acha que isso só acontece em paises “sub-desenvolvidos” - o então Ministro da Defesa da Alemanha Ocidental, Franz Joseph Strauss, os ministros Luigi Gul, e Maria Tanassi, o Primeiro-Ministro Mariano Rumor e o Presidente da República Italiana, Giovanni Leone, o general Minoru Genda e o Primeiro-Ministro japonês Kakuei Tanaka, e até o príncipe Bernhard, marido da Rainha Juliana, da Holanda.
E alguém acha que a Lockheed foi destruída por isso ? Como também informa Motta Araújo, seus principais dirigentes renunciaram alguns anos depois, e o governo norte-americano, no lugar de multar a empresa, lhe fez generoso empréstimo para que ela fizesse frente, em melhores condições, aos eventuais efeitos do escândalo sobre os seus negócios.
A Lockheed, conclui André Motta Araújo em seu texto, vale hoje 68 bilhões de dólares, e continua trabalhando normalmente, atendendo a enormes contratos, com o poderoso setor de defesa norte-americano.
Enquanto isso, no Brasil, os dirigentes de nossas principais empresas nacionais de defesa, constituídas, nesses termos, segundo a Estratégia Nacional de Defesa, em 2006, para, com sede no Brasil e capital votante majoritariamente nacional, fazer frente à crescente, quase total desnacionalização da indústria bélica, e gerir alguns dos mais importantes programas militares da história nacional, que incluem novos mísseis ar-ar, satélites e submarinos, entre eles nosso primeiro submersível atômico, encontram-se, quase todos, na cadeia.
O Grupo Odebrecht, o Grupo Andrade Gutierrez, o OAS e o Queiroz Galvão têm, todos, relevante participação na indústria bélica e são os mais importantes agentes empresariais brasileiros da Estratégia Nacional de Defesa. Essas empresas entraram para o setor há alguns anos, não por ter algum privilégio no governo, mas simplesmente porque se encontravam, assim como a Mendes Júnior, entre os maiores grupos de engenharia do Brasil, ao qual têm prestado relevantes serviços, desde a época do regime militar e até mesmo antes, não apenas para a União, mas também para estados e municípios, muitos deles governados pela oposição, a quem também doaram e doam recursos para campanhas políticas de partidos e candidatos.
Responsáveis por dezenas de milhares de empregos no Brasil e no exterior, muitos desses grupos já estão enfrentando, depois do início da Operação Lava-Jato, gravíssimos problemas de mercado, tendo tido, para gaúdio de seus concorrentes externos, suas notas rebaixadas por agências internacionais de crédito.
Projetos gigantescos, tocados por essas empresas no exterior, sem financiamento do BNDES, mas com financiamento de bancos internacionais que sempre confiaram nelas, como o gasoduto do Perú, por exemplo, de quase 5 bilhões de dólares, ou a linha 2 do metrô do Panamá, que poderiam gerar centenas de milhões de dólares em exportação de produtos e serviços pelo Brasil, correm risco de ser suspensos, sem falar nas numerosas obras que estão sendo tocadas dentro do país.
Prisões provocadas, em alguns casos, por declarações de bandidos, que podem ser tão mentirosas quanto interesseiras ou manipuladas, que por sua vez, são usadas para justificar o uso do Domínio do Fato - cuja utilização como é feita no Brasil já foi criticada jurídica e moralmente pelo seu criador, o jurista alemão Claus Roxin - às quais se somam a mera multiplicação aritmética de supostos desvios, pelo número de contratos, sem nenhuma investigação, caso a caso, que os comprove, inequivocamente, e por suposições subjetivas, pseudo-premonitórias, a propósito da possível participação dessas empresas em um pacote de concessão de projetos de infra-estrutura que ainda está sendo planejado e não começou, de fato, sequer a ser oficialmente oficialmente estruturado.
O caso Lockheed, o caso Siemens, e mais recentemente, o do HSBC, em que o governo suiço multou esse banco com uma quantia mínima frente à proporção do escândalo que o envolve, nos mostram que a aplicação da justiça, lá fora, não se faz a ferro e fogo, e que ela exige bom senso para não errar na dose, matando o paciente junto com a doença.
Mais uma vez, é necessário lembrar, é preciso combater a corrupção, mas sem arrebentar com a Nação, e com alguns dos principais pilares que sustentam nossa estratégia de desenvolvimento nacional e de projeção nos mercados internacionais.
No futuro, quando se observar a história do Brasil deste período, ao tremendo prejuízo econômico gerado por determinados aspectos da Operação Lava-Jato,  mutíssimo maior que o dinheiro efetivamente, comprovadamente, desviado da Petrobras até agora, terá de ser somado incalculável prejuízo estratégico para a defesa do país e para a nossa indústria bélica, que, assim como a indústria naval, se encontrava a duras penas em processo de soerguimento, depois de décadas de estagnação e descalabro.
No Exército, na Marinha, na Força Aérea, muitos oficiais - principalmente aqueles ligados a projetos que estão em andamento, na área de blindados, fuzis de assalto, aviação, radares, navios, satélites, caças, mísseis, submarinos, com bilhões de reais investidos - já se perguntam o que irá acontecer com a Estratégia Nacional de Defesa, caso as empresas que representam o Brasil nas joint-ventures empresariais e tecnológicas existentes vierem a quebrar ou a deixar de existir.
Vamos fazer uma estatal para a fabricação de armamento, que herde suas participações, hipótese que certamente seria destroçada por violenta campanha antinacional, levada a cabo pelos privatistas e entreguistas de sempre, com o apoio da imprensa estrangeira e de seus simpatizantes locais, com a desculpa de que não se pode “inchar”” ainda mais um estado que na verdade está sub-dimensionado para as necessidades e os desafios brasileiros?
Ou vamos simplesmente entregar essas empresas, de mão beijada, aos sócios estrangeiros, com a justificativa de que os projetos não podem ser interrompidos, perdendo o controle e o direito de decidir sobre nossos programas de defesa, em mais um capítulo de vergonhoso recuo e criminosa capitulação ?
Com a palavra, o STF, o Ministério da Defesa, e a consciência da Nação, incluindo a dos patriotas que militam, discreta e judiciosamente, de forma serena, honrosa e equilibrada, no Judiciário e no Ministério Público.

Texto original: MAURO SANTAYANA

sexta-feira, 12 de junho de 2015

EUA ampliaram vigilância na internet

Por Altamiro Borges


E ainda tem otário que considera os EUA a "pátria da democracia" e saia às ruas carregando faixas em inglês para rosnar pelo impeachment da presidenta Dilma. Na semana passada, o jornal "New York Times" e a organização "ProPublica" divulgaram novos documentos que comprovam que o governo ianque ampliou a vigilância na internet nos últimos anos. A desculpa utilizada agora é o da defesa de informações contra hackers estrangeiros; antes, era o fantasma do terrorismo. O resultado concreto é que milhões de cidadãos tiveram suas vidas monitoradas pelos serviços de "inteligência" do império. As liberdades individuais e a privacidade seguem sendo bens em extinção nos EUA.

A denúncia foi feita com base em documentos vazados por Edward Snowden, ex-analista da Agência Nacional de Segurança (NSA). Segundo o "NYT", o Departamento de Justiça redigiu, em 2012, dois memorandos secretos que permitem à NSA buscar, sem mandado judicial e em solo estadunidense, dados que pudessem estar ligados a ataques cibernéticos de governos estrangeiros. A agência, porém, também buscou dados sobre hackers sem vínculo comprovado com outros países, confirmam os documentos revelados na última quinta-feira (4).

Em abril, o diretor de Inteligência Nacional já havia citado os ataques cibernéticos como o principal desafio dos EUA entre 2013 e 2015, deixando o terrorismo em segundo plano pela primeira vez desde os atentados de 11 de setembro de 2001. À época, relatório da Defesa americana citou ameaças da Rússia e da China. "Não deveria ser uma surpresa que o governo dos Estados Unidos reúna dados de inteligência sobre potências estrangeiras que tentem penetrar redes americanas e roubar informações privadas de cidadãos e empresas", afirmou o porta-voz do diretor de Inteligência Nacional, Brian Hale, ao "NYT".

Na terça-feira passada (2), o presidente Barack Obama sancionou a chamada Freedom Act, a lei que restringe os poderes da NSA de monitorar as ligações telefônicas dos americanos, passando a exigir mandado judicial para fazê-lo. As buscas por informações de estrangeiros utilizando a infraestrutura de internet dos EUA, porém, não foi tratada na nova lei. Caso os golpistas brasileiros queiram deixar o Brasil, com medo do avanço do comunismo e com o seu complexo de vira-latas, é bom que evitem o uso da internet em Miami.

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Leia também:
- Governo Dilma e a espionagem dos EUA
- Nada justifica a espionagem dos EUA
- Espionagem dos EUA é um ato de guerra
- Dilma reage à espionagem dos EUA
- O servil FHC e a espionagem dos EUA
- DEM apoia a espionagem dos EUA

Texto original: BLOG DO ALTAMIRO BORGES

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Corredor ecológico é uma ameaça ao Brasil



Triplo A: a nova ameaça à soberania brasileira na Amazônia

do Sputnik, em 05.06.2015, sugerido por Ideraldo Souza

No Dia Mundial do Meio Ambiente, o Brasil se vê diante de uma proposta do presidente da Colômbia para criar um “corredor ecológico” que iria dos Andes ao Atlântico, passando pela Amazônia.

Segundo o professor Rogério Maestri, porém, as preocupações supostamente ambientais do projeto podem esconder interesses estrangeiros bem mais perversos.

“Esse tal corredor ecológico, que pra mim não é um corredor, é uma verdadeira ocupação. É o germe de uma ocupação de uma parte do Brasil com o objetivo de isolá-lo do norte, do Caribe, e a América do Sul da parte norte”, disse o especialista em entrevista à Sputnik.

Professor visitante de Engenharia Hidráulica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Maestri se preocupa não apenas com os aspectos técnicos da questão ambiental, mas também com os fatores geopolíticos por trás de ideias como a do chefe de Estado colombiano, Juan Manuel Santos, que anunciou publicamente em fevereiro que iria propor ao Brasil e à Venezuela este “ambicioso” corredor ecológico.

“Será o maior corredor do mundo, com 136 milhões de hectares, que batizamos de Triplo A, pois seria andino, amazônico e atlântico, indo dos Andes até o Atlântico, no Brasil”, declarou Santos no programa oficial de televisão Agenda Colômbia, em 16 de fevereiro.

Segundo as palavras do presidente colombiano, a proposta serviria para “preservar a área e como uma contribuição da humanidade para a discussão sobre como deter as mudanças climáticas”. No entanto, de acordo com Maestri, é bastante provável que o discurso de Santos esconda intenções menos louváveis.

Em primeiro lugar, conforme aponta o professor, o termo “corredor ecológico” é impróprio para qualificar o projeto do Triplo A. “De acordo com o costume internacional, se fazem corredores com largura de, digamos, no máximo 1 km. (…) O que chamam de corredor ambiental é algo que varia aqui [no Triplo A] de 50km a 500km”, ressaltou.

“Pode ser qualquer coisa, menos corredor ambiental. É um rasgo que se faz no norte do Brasil”.

De fato, segundo lembra Maestri, um corredor ecológico legítimo na Amazônia, a saber, que levasse em conta a necessidade de preservar a integridade de uma determinada extensão de mata a fim de garantir o fluxo genético entre espécies e evitar a endogamia, deveria integrar outras regiões mais prejudicadas pela exploração humana na região, e não teria a necessidade ambiental de ir até o Atlântico.

“Por que ir até o Atlântico? Se é problema ambiental, era pra ir mais para o sul, mais para baixo da Venezuela, por exemplo, e não precisava ir exatamente até o Atlântico. Chegar de um lado a outro é claramente estratégico, e não é por acaso que [o Triplo A] teria dois pontos de acesso”.

Talvez seja interessante notar que a ideia inicial do “ambicioso” projeto de Santos seja atribuída a Martín von Hildebrand, fundador da ONG Gaia Amazonas e membro da Gaia Foundation, organização também não governamental, mas com fortes vínculos com a Casa Real Britânica.

Segundo o site oficial da ONG inglesa, o trabalho na Amazônia começou com a mediação do ambientalista brasileiro José Lutzenberg, que também atuou no ministério do governo Fernando Collor de Mello.

Na época, ele sofreu diversas críticas, sendo acusado inclusive de receber dinheiro indevido da Gaia Foundation, como noticiado pela revista Executive Intelligence Review, bem como de isolar os ambientalistas brasileiros das decisões políticas, preferindo o conselho de estrangeiros.

“Todas as cabeças coroadas europeias gostam muito de ONGs – não as que queiram fazer alguma coisa no seu próprio país, mas que queiram fazer nos outros países”, afirmou o professor da UFRGS.

De acordo com Maestri, de fato, o envolvimento da Gaia Foundation na proposta do Triplo A é mais um indício “de uma direção em termos de ocupação de espaço por outros países”.

“Se se olha a tradição europeia, vê-se que eles enxergam muito longe… Não é, por exemplo, como o americano, que é um pouco mais intempestivo, que tenta invadir no momento. Os ingleses, europeus, em geral, têm um raciocínio mais em longo prazo. Então eles vão implantando essas pequenas coisas, esse tal corredor ecológico, que pra mim não é um corredor, é uma verdadeira ocupação”.

Além disso, Maestri também chama a atenção para o fato de a ideia ser patrocinada pela Colômbia, um dos maiores aliados dos EUA na América Latina, onde Washington dispõe de sete bases militares.

“Do lado da Colômbia tem bases americanas, e do lado do Brasil pode ter bases francesas. Então nas duas extremidades ficam países do Norte, com grande possibilidade de ter acesso a esse ‘corredor’… a essa ocupação. Faz sentido dentro de uma lógica estratégica”, explica o professor.

Se efetuado, o Triplo A seria composto em 62% por território brasileiro, 34% por território colombiano e 4% por território venezuelano. Ou seja, a gestão do “corredor” teria que ser tripartite, o que, de acordo com Maestri, facilitaria a dominação estrangeira da região amazônica, especialmente porque o projeto da Gaia Foundation envolve o conceito de autogestão dos povos indígenas.

“Essas tribos estão em um processo de incorporação de tecnologias modernas, algumas ainda bem atrasadas, outras mais evoluídas. (…) Com essa autogestão, eles [os índios] ficam sujeitos à manipulação. É mais ou menos o que acontece em diversos países da África, que foram fragmentados ao extremo e agora são sujeitos a invasões permanentes de tropas neocoloniais. (…) Ou seja, essa visão de uma autodeterminação também serve [a interesses estrangeiros]; pode levar eles, daqui a um tempo, a escolherem o país que vai ser o seu suporte. Isso já contraria o princípio pétreo da Constituição que é a indivisibilidade do Brasil”, adverte o especialista.

“Essas comunidades têm todo o direito e devem ser preservadas (…). Porém, provavelmente com o tempo – e isso é mais ou menos lógico –, essas culturas indígenas não vão ficar satisfeitas em viver na ‘Idade da Pedra’ e vão querer mais. Bem, quem vai fornecer esse mais? Vai ser o Brasil, a Colômbia, a Venezuela, ou os países europeus?”, acrescentou.

A gigantesca área abrangida pelo Triplo A guarda enormes reservas de água, minérios e biodiversidade. Ou seja, seria uma imensa riqueza a ser pretensamente “gerida” por povos indígenas, que, segundo observa o professor, “podem ser enganados por qualquer um, um posseiro qualquer”, assim como “podem ser enganados por outros países”.

Outra evidência dos interesses econômicos por trás da proposta, segundo o professor, é o fato de que o corredor abarcaria a região acima do Rio Amazonas – partes mais altas que, sendo mais secas, seriam mais aproveitáveis para atividades lucrativas, como a criação de gado.

De qualquer forma, o presidente colombiano prometeu apresentar o projeto na próxima conferência ambiental da COP 21, que será realizada entre os dias 7 e 8 de dezembro em Paris. Na opinião de Maestri, entretanto, a ideia não deve dar frutos pelo menos dentro dos próximos cinco anos.

“É um projeto de longo prazo. Depois da COP 21, [a ideia] vai evoluindo, evoluindo, até que vão questionar a própria capacidade do Brasil de gerir essa parte. Como se eles, os europeus, americanos, fossem capazes de gerir. As florestas deles simplesmente foram acabadas. Onde teve colonialismo, acabaram com florestas imensas”, notou o professor.

“Somos tão incompetentes assim? Se a Amazônia existe, é porque tinha um governo brasileiro, que bem ou mal ainda conservou. Qual a moral que têm países que desmataram, que colonializaram ao máximo – e ainda colonizam, agora com o neocolonialismo –, em chegar e falar que o Brasil é incapaz?”

De acordo com Maestri, não se pode negar a importância da conservação da Amazônia, mas a tarefa deve ser levada a cabo “dentro da lógica nacional”.

O especialista defende, sobretudo, a “presença forte do Exército brasileiro impedindo o corte dessas matas”, o reforço da ocupação do Estado na região e uma “cobertura de satélites” para melhorar o monitoramento, tarefa que, segundo ele, pode ser feita em parcerias múltiplas com outros países, inclusive com o sistema de navegação GLONASS, da Rússia, que acaba de ganhar sua segunda estação no Brasil.

No entanto, Maestri ressalva que o Estado tem que se fazer presente não só na parte da defesa, mas também na esfera social. “A Amazônia não é um vazio”, diz o professor, defendendo a necessidade de dar assistência em saúde e educação às pessoas que habitam a região amazônica. “Ocupar a Amazônia para evitar ser ocupado”, resume ele.

Leia também:
Iberê Lopes: As vozes fascistas que tomam conta do Brasil

Texto original: VI O MUNDO

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Por que Bush encobriu fatos sobre o 11 de setembro?

Comitê parlamentar americano teve acesso negado a 28 páginas de um documento que mostraria relações dos terroristas com o governo da Arábia Saudita.

James Ridgeway - CounterPunch

Em seu artigo do New Yorker, publicado no site da revista na semana passada, Lawrence Wright conta sobre como a administração Bush deletou 28 páginas do relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito sobre os ataques de 11 de setembro, provavelmente pelo fato de que descreviam em detalhe as conexões dos sauditas com o ataque da Al Qaeda e com o financiamento de suas operações nos EUA a partir de pessoas que conheciam os sequestradores dos aviões e podem ter servido como ligação para o dinheiro saudita. Uma parte do dinheiro pode ter sido transferido pela família real através de caridade.

Ao remover as 28 páginas, Bush declarou que a publicação de tal conteúdo prejudicaria operações de inteligência americanas. Os sauditas negam tudo.

Na verdade, ninguém estaria falando sobre isso hoje se as famílias das vítimas e as seguradoras não estivessem processando os sauditas.

Wright relata:

“Não há nada a ver com segurança nacional,” é o que diz Walter Jones, deputado da Carolina do Norte que leu as 28 páginas. “Elas são sobre o governo Bush e sua relação com os sauditas.” Stephen Lynch, um democrata de Massachusetts, me contou que os documentos são “chocantes por sua clareza,” e que oferecem evidência direta da cumplicidade por parte de alguns indivíduos e entidade sauditas quanto ao ataque da Al Qaeda nos EUA. “Estas 28 páginas contam a história que foi completamente removida dos relatórios sobre o 11 de setembro,” sustena Lynch. Outro deputado que leu o documento declarou que as evidências do apoio do governo saudita ao ataque são “assustadoras,” e que “a verdadeira questão é se tudo isso foi sancionado pela família real ou em um nível mais baixo, e se as orientações foram ou não seguidas.” Agora, em um raro exemplo de aliança bipartidária, Jones e Lynch copatrocinam uma resolução requisitando que a administração Obama desclassifique estas páginas.

Mas há outras questões aqui, e elas envolvem a história de como a administração Bush suprimiu as provas que revelariam o quanto ela sabia dos planos de ataque — e não fez coisa alguma para impedi-los.

Um breve resumo da história:

Dois dos sequestradores do vôo 77 — Khalid al-Midhhar, um saudita que lutou com a Al Qaeda na Bósnia e na Chechênia, e Nawaf al Hazmi, outro saudita com experiências militares na Bósnia, Chechênia e Afeganistão, se encontraram em uma reunião estratégica da Al-Qaeda em Kuala Lumpur em janeiro de 2000. A CIA pediu ao serviço de inteligência malaio que monitorasse a reunião, sem sucesso. Os dois deixaram a reunião em direção ao aeroporto e tomaram um vôo para Bankok dia 8 de janeiro, e depois tomaram um vôo da United Airlines de Bankok para Los Angeles, aterrisando sem problemas e passando pelo serviço de imigração americano.

Nesta época, de acordo com a Comissão de Inquérito, “a CIA e a NSA tinham informações suficientes disponíveis sobre os futuros sequestradores al-Midhar e al-Hamzi para conectá-los a Osama Bin Laden, ao ataque à embaixada na África e ao ataque do USS Cole… e eles deveriam ter sido colocados dentro da lista de suspeitos do Departamento de Estado e da INS.”

Em julho de 2001, analistas que trabalhavam por conta própria confirmaram que os dois haviam aterrisado nos EUA e avisaram o FBI. O FBI alertou seus oficiais em Nova York, mas não em Los Angeles e em San Diego. E não pensaram em avisar a FAA, a INS ou outros serviços de inteligência para proibirem estes homens de entrar em aviões.

Uma vez nos EUA, os dois sequestradores passaram desapercebidos sob os narizes da CIA e do FBI, Eles foram de Los Angeles a San Diego, onde alugaram um apartamento, arrumaram um cartão de seguridade social, carteiras de motorista, cartões de crédito e um carro. E logo começaram treinamentos de vôo.

Os dois possuiam contatos com um iemenita radical, que o FBI estava vigiando e com o líder de uma comunidade saudita local, que era suspeito de ser um dos financiadores dos sequestradores.

Eles tiveram contato com um informante do FBI que vivia na casa do iemenita. Este homem fora incumbido pelo FBI de vigiar a comunidade saudita local. “Ele estava na casa de uma de nossas fontes,” foi o que um oficial do FBI contou a James Bamford, autor do livro “Um Pretexto para a Guerra”. “Se tivéssemos tomado conhecimento disso teríamos seguido os dois e dito, ‘estes caras estão frequentando aulas de aviação'.”

A comissão de inquérito concluiu que os contatos dos informantes com os sequestradores, se tivessem sido investigados, teriam dado oportunidade ao FBI de San Diego para desvendar o plano. As tentativas da Comissão de Inquérito de entrevistar os informantes foram frustradas pelo FBI e pelo Departamento de Justiça. De acordo com o ex-senador Bob Graham, em seu livro “A inteligência Importa,” quando a Comissão pediu ao FBI todos seus arquivos sobre os informantes, o acesso foi negado e quando foram intimados a fazê-lo, o FBI não se mexeu. Graham organizou uma reunião com o diretor da CIA, George Tenet, o diretor do FBI, Robert Mueller e o procurador geral John Ashcroft. Eles sugeriram que Graham interrogasse o informante por escrito e o informante havia conseguido um advogado de ponta, antigo funcionário do Departamento de Justiça. O advogado demandou imunidade para o informante antes que este testemunhasse. Graham escreveu em seu livro, “era estranho que um indivíduo que declarava não ter feito nada errado e que o FBI insistia que era uma fonte valiosa requisitasse imunidade.”

O comitê recusou o pedido.

Graham escreveu que o FBI “insistia que não se poderia de maneira alguma contar ao povo americano que um informante do FBI tivera se relacionado com dois dos sequestradores.” O FBI se opôs a qualquer a qualquer audiência pública, deletou do relatório da Comissão de Inquérito todas as referências à situação . Apenas um ano depois o FBI permitiu que uma versão da história se tornasse pública.

Em seu livro, Graham descreveu uma carta de um membro do FBI explicando que a entidade não tinha cooperado por causa de ordens vindas do governo. “Nós pretendíamos escrever sobre o que suspeitamos. A Casa Branca dirigiu o encobrimento da situação.

"Mais tarde, quando a comissão sobre 11 de setembro conduziu sua própria investigação, tanto Bush quanto Cheney fizeram uma reunião com ela, privada, sem registros.”

Esta história e o novo artigo de Wright sugerem que o presidente, o vice-presidente e o comandante do FBI se envolveram com obstrução da justiça. Se isto aconteceu de fato, seria necessário um júri federal para julgar o caso. O Departamento de justiça, que gere o FBI, faria isso? Provavelmente não.

Restou que as famílias que estão processando os sauditas descubram e publiquem a verdade.

Créditos da foto: Flickr


Texto original : CARTA MAIOR

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Os 6 motivos pelos quais o Brasil também é culpado pelo massacre em Gaza

O governo brasileiro manifesta sua solidariedade ao povo palestino ao redor do mundo; no entanto, mantém amplas relações com Israel.

Thiago Ávila


Com mais de uma semana do início dos ataques de Israel ao povo palestino e com ameaças reais de uma escalada da agressão para os países vizinhos, vemos aumentar o número de pessoas em nosso país lamentando à distância este conflito com profundas raízes históricas.

Grande parte dessas lamentações são acompanhadas de um grande sentimento de impotência, como se não tivéssemos qualquer relação ou poder de influenciar o que acontece na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e nos territórios palestinos já tomados por Israel.

Não é verdade. Nós temos, sim, parte da responsabilidade, assim como temos real possibilidade de influenciar nos rumos da história daqueles povos. Eis o porquê:

1. Desde a década de 1990 o motor da economia do estado sionista de Israel é o complexo industrial militar (indústria de armas). Como bem retratado por Naomi Klein, jornalista reconhecida internacionalmente, em seu livro “A Doutrina do Choque – A ascensão do capitalismo de desastre”, 70% da produção de armas israelenses são destinadas à exportação. Segundo a autora, Israel se coloca hoje no mundo como "uma espécie de shopping center de tecnologias de segurança nacional", utilizando de suas próprias guerras para demonstrar a eficácia de seus produtos "testados em campo".

Para compreender isto basta lembrar a guerra de 2006, na qual Israel não apenas massacrou o povo palestino, mas também invadiu o Líbano (sendo derrotado pelo Hezbollah ao sul do rio Litani) e, apesar da derrota militar, a economia israelense cresceu significativamente (8%). A guerra realmente é um grande negócio para Israel e para a economia capitalista. O Brasil, que ocupa militarmente o Haiti (e lá comete grandes atrocidades) e que consome armas dos países que violam os direitos humanos ao redor do mundo, não é inocente nesta história.

2. O governo brasileiro faz propaganda ao redor do mundo manifestando sua solidariedade ao povo palestino; no entanto, mantém amplas relações com Israel.

Se alguns países expulsaram embaixadores e realizam boicotes ao estado sionista após a guerra de 2006, onde Israel utilizou armas proibidas pela ONU como o "fósforo branco", o Brasil fez exatamente o contrário: intermediou e assinou um Acordo de Livre Comércio entre Israel e o Mercosul, aumentando nossa cumplicidade com os crimes de lesa-humanidade cometidos por este país.

Enquanto os refugiados palestinos aqui no país (utilizados como moeda de troca pela diplomacia brasileira) são tratados com inegável descaso, o Brasil fortalece a cada dia acordos comerciais e militares com o Estado sionista. Para os palestinos uma solidariedade institucional baseada em vazios discursos de presidentes e assistencialismo panfletário enquanto, para Israel, acordos comerciais e militares significativos e a compra de equipamentos de guerra testados no povo palestino.

De que lado o Brasil está?

3. Entre todas as aquisições brasileiras da indústria bélica israelense, uma ocupa lugar de destaque: um drone (veículo aéreo não-tripulado) de R$ 18 milhões fabricado pela Elbit Systems. É importante ressaltar que não se trata de qualquer empresa. A fabricante do drone é uma das 12 empresas que participaram da construção do Muro da Vergonha, que mantém a população da Faixa de Gaza em uma prisão sem teto e caracteriza um dos maiores crimes de lesa-humanidade de nossos tempos.

A compra do equipamento não foi um incidente excepcional, pois recentemente a mesma empresa ganhou dois contratos milionários com o Exército Brasileiro através de sua subsidiária, a Ares Aeroespacial. A participação desta empresa na construção do Muro da Vergonha não é um fato desconhecido pelo governo brasileiro, pois esta informação consta no próprio portfólio de apresentação e em todos os relatórios de investidores da empresa. O que são poucas declarações de solidariedade ao povo palestino perto disso?

4. O Governo do Estado do Rio de Janeiro também ocupa posição de destaque, tendo comprado de Israel oito caveirões blindados, usados pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) em suas operações nas favelas cariocas. Isto significa que, além de promover o extermínio da juventude pobre e negra em nosso país, o governo do Rio de Janeiro também fornece recursos para que Israel possa aumentar as agressões aos palestinos.

O Estado de São Paulo também não sai ileso, tendo comprado óculos com microcâmeras para coleta de vídeos em tempo real nas ações de repressão às manifestações populares, principalmente neste período que antecedeu a Copa do Mundo. Além do governo brasileiro, das empreiteiras, da FIFA e dos patrocinadores oficiais, o "negócio da guerra" também deve ser colocado como um dos poucos beneficiados por este megaevento e este "modelo de desenvolvimento" que causa crises sociais de grandes proporções aqui e no resto do mundo. Os governos hoje se gabam do grande legado de segurança pública que esta Copa nos deixou. Mas a que custo?

5. Parte da estratégia em todo genocídio é invisibilizar a população agredida; portanto, o lobby israelense faz de tudo para impedir que qualquer notícia que traga comoção internacional e solidariedade ao povo palestino seja veiculada na grande imprensa.

Basta assistir a uma notícia do Jornal Nacional para entender: "Israel responde aos mísseis atirados por terroristas do Hamas", ou "Tel-Aviv vive momentos de pânico com mais um alerta de míssil e interrompe uma cerimônia de casamento". Quase nada se fala das centenas de mortos e milhares de feridos palestinos. Os grandes veículos de comunicação brasileiros são coniventes com o massacre e as mídias alternativas são o único local de difusão destas tristes imagens que o mundo, infelizmente, precisa conhecer para que parem de acontecer cotidianamente.

Lembrem-se sempre que a Guerra do Vietnã só foi interrompida após a opinião pública ver tantas imagens fortes a ponto de se voltar contra os Estados Unidos exigindo o fim da guerra. Depois de lá, a grande imprensa nunca mais cobriu uma guerra mostrando seu lado mais triste e mais brutal. É sempre uma cobertura que ressalta a tecnologia, as declarações de chefes de Estado, ou até escombros à distância.

Pense nisso cada vez que você censurar um amigo nas redes sociais por postar fotos duras de cadáveres ou feridos adultos e crianças. O que, para você, é uma imagem feia e triste, para muitas pessoas pode ser também o alerta que as faça reconhecer uma situação grave de violação e agir em prol da paz com justiça social ao redor do mundo.

6. Diante da incapacidade da ONU e da comunidade internacional em frear as agressões israelenses, cidadãos e nações do mundo estão respondendo ao chamado do povo palestino feito em 2005 pedindo o boicote a Israel. E este boicote, que envolve o não-consumo, desinvestimento e sanções está surtindo efeitos, com grandes fundos de pensão europeus anunciando o desinvestimento em Israel e cada vez mais pessoas ao redor do mundo se somando a esta iniciativa.

Para quem acredita que esta ferramenta não é capaz de realizar mudanças, basta lembrar o caso da África do Sul, onde o boicote mundial, aliado à intensa mobilização interna e diversas ações internacionalistas neste país e em países vizinhos, foi fundamental para a queda formal do apartheid. Assim como no passado, hoje temos uma possibilidade real de frear o sionismo israelense.

É dever de toda e qualquer pessoa que deseja a paz para o povo palestino se integrar ao boicote multitemático a este país (econômico, cultural, esportivo) e, principalmente, exigir dos governos de seus países o fim de todos os acordos militares e comerciais com Israel. Nós, brasileiros e brasileiras que lutamos tão arduamente contra as violações em nosso país, não podemos nos calar diante do massacre ao povo palestino, sob pena de não apenas carregarmos o fardo de termos hesitado em um momento onde tínhamos a real possibilidade de promover a paz, mas também sabermos que fomos cúmplices de toda esta matança ao povo palestino que entrará para a história como um dos mais tristes momentos de nossa breve passagem pela Terra.

Não é deste lado da história que queremos estar.
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Thiago Ávila é consultor internacional e membro do Comitê Popular da Copa do Distrito Federal.

Créditos da foto: Carlos Latuff

Texto original:CARTA MAIOR


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

NÃO DÊ O PEIXE, ENSINE A PESCAR!

Antes do chamado Descobrimento da América, os nativos já viviam nas terras desconhecidas. Eles viviam da pesca, caça, coleta e praticava uma agricultura rudimentar, mas essas atividades eram suficientes para propiciar o sustento das tribos existentes.

Nos primeiros contatos, com os povos vindo da Europa, as relações eram de escambo (troca) de mercadorias trazidas da Europa com o fornecimento do Pau Brasil. Nessa relação comercial, os nativos cortavam e colocavam toda a madeira dentro dos navios para o posterior transporte. Em troca, eles recebiam quinquilharias para enfeite e ferramentas como: facas, machados e enxadas. Alias, as ferramentas era a parte que mais interessava para os nativos, pois essas ferramentas permitiam executar uma melhor agricultura, caçar e pescar de maneira mais eficaz.

De posse dessas ferramentas, os nativos demoravam a fazer escambo com os europeus, só apareciam quando surgiam a necessidade de novas ferramentas. Afinal de contas, eles tinham como prover o próprio sustento sem a necessidade do contato permanente e do escambo entre eles e os europeus.

Só que o Pau Brasil perdeu preço no mercado europeu e portanto o comércio, realizado a partir do escambo, praticamente ficou paralisado. Os Portugueses que se diziam os descobridores das novas terras (na realidade estavam invadindo e tomando posse) ficaram na necessidade de explorarem uma nova maneira de tirar riqueza das terras que se apossaram. Mas, como convencer os nativos a trabalharem para eles? Lembrar que os nativos proviam o próprio sustento e não tinham necessidades de trabalharem para os supostos donos da terra. Alias, nem mesmo a ideia de posse da terra eles tinham, para eles a terra pertencia a todos e todos poderiam andar e viver sobre elas.

Para obrigarem os nativos trabalharem para os europeus só tinha um jeito: tirar as condições que os mesmos tinham de prover o próprio sustento. E isso foi feito se apossando da terra, só que o problema é que muitos nativos reagiram a perda de liberdade e acesso a terra. Os que reagiram foram mortos, outros foram capturados e muitos fugiram para o interior do país.

Como os nativos que foram capturados não produziam da maneira que satisfizesse os novos donos dos meios de produção, os portugueses tiveram de trazer outros dominados (os negros africanos!) para serem explorados e gerarem riquezas para os invasores europeus!!! Para piorar a situação, os nativos americanos, que estavam sendo obrigados a fazerem trabalhos forçados, resistiam em realizar os trabalhos na agricultura até por questões morais. Era tradição os nativos dividirem os trabalhos agrícolas da seguinte maneira: os homens faziam a limpeza e semeadura da terra e as mulheres faziam a coleta e produção do alimento. Portanto, muitos dos homens nativos preferiam morrer do que fazerem trabalhos femininos.

Essa apropriação das terras do novo continente continua até os nossos dias. Só que durante todo esse tempo de invasão e devastação das riquezas do continente, os índios foram sendo eliminados (continuam sendo eliminados), alguns foram incorporados ao novo mundo e juntamente com os negros, já “libertos”, estão cada vez mais sendo espremidos nas poucas terras (geralmente as sem valor) que tiveram acesso. Devido a essa apropriação por parte dos exploradores, os que não conseguiram se apropriar dos meios de produção (incluem-se alguns descendentes dos europeus) tem de conseguir o próprio sustento trabalhando para esses que se apossaram dos meios de produção e consequente controlam os meios de sustento dos que deles dependem!

Só que a chamada modernidade nos novos meios de produção obrigam aos explorados terem de aprenderem manipularem esses novos equipamentos para produção (aprenderem uma nova profissão) e isso nem sempre ocorre. Muitos ficam a mercê de se receber o peixe para não passarem fome. Resultado, muitos dos que conseguem trabalhar (emprego) e conseguir o próprio sustento não querem que se dê o peixe aos que não foram absorvidos nos novos meios de produção. Alegam que não se deve dar o peixe ( os sustento) e sim, ensinar a pescar, ou seja, trabalharem para conseguirem o próprio sustento.

Ironicamente, quando os invasores aqui chegaram, os que aqui viviam proviam o próprio sustento, cultivavam a própria roça, caçavam e pescavam. Só que agora aparecem os descendentes, dos invasores, exigindo que se aprenda a pescar! Retiraram o acesso a terra, poluíram os rios, prenderam os poucos animais que sobreviveram e até para se respirar está ficando cada vez mais difícil, devido a poluição, e querem ensinar a pescar! Ou seja, essa frase de efeito é uma das maneiras de se convencer que os dominados trabalhem nas condições impostas para os que se apossaram dos meios de sustento da grande maioria da população!!

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS)

domingo, 16 de junho de 2013

ESPIONAGEM E O CINISMO DE BARRACK OBAMA

(JB)- O mundo não conseguiu ainda sair do espanto causado pelas revelações do soldado Bradley Manning — cujo julgamento por traição começou há dias — e uma denúncia ainda mais grave foi encaminhada ao Guardian pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden. O denunciante era, até o dia 20 de maio, um dos maiores especialistas em segurança de informações da Booz Allen, contratada pelo governo norte-americano para assessorar a NSA (Agência Nacional de Segurança). 

De acordo com os documentos oficiais, filtrados por Snowden, e não desmentidos, Obama determinou a invasão dos sistemas de comunicação eletrônicos do mundo inteiro — também no próprio território norte-americano. Os meios técnicos permitem aos invasores capturar mensagens e documentos, apagar, reescrever, reendereçar e-mails. Mais ainda: os hackers oficiais poderão intervir no sistema de comandos dos computadores. Em tese, e de acordo com a tecnologia disponível, serão capazes de alterar a rota dos aviões, provocar incidentes militares nas fronteiras, falsificar telegramas diplomáticos, de forma a intrigar governos contra governos.

Atos de espionagem e de provocação são comuns na História, mas os meios tecnológicos de hoje os tornam catastróficos. A única esperança de que planos como o do presidente Obama sejam divulgados está nos cidadãos dos próprios países agressores que, os conhecendo, como é o caso de Bradley Manning e de Edward Snowden, se disponham a denunciá-los ao mundo.


Snowden, como Manning, é um homem ainda jovem. Aos 29 anos, ganhando um bom salário, de 200 mil dólares brutos por ano, vivia com conforto no Havaí, com sua jovem namorada, quando, ao tomar conhecimento das 18 páginas das diretivas de Obama aos serviços de segurança, resolveu revelá-los.

O governo norte-americano tenta minimizar a gravidade da denúncia, ao afirmar que um tribunal criado para supervisionar os serviços de informação e segurança aprovou a medida, da qual, também as comissões especiais do Congresso tomaram conhecimento e lhe deram endosso.

Há várias questões postas, que devem ser examinadas com serenidade. Em primeiro lugar, aquela velha presunção norte-americana de que eles foram predestinados ao domínio universal, e foi definida pelo senador Fullbright como "a arrogância do poder". Sentindo-se os mais poderosos, assim como os soberanos, julgam-se irresponsáveis pelos seus atos e inimputáveis. Não consideram que haja acima deles nenhum poder punitivo. Seus fundamentalistas protestantes, entre eles Bush II, acreditam agir com a cumplicidade de Deus. Foi assim que o então presidente justificou a segunda guerra contra o Iraque: — em conversa com o Todo-Poderoso, dele ouviu a ordem de caçar Saddam Hussein e eliminá-lo.

Outra lição do fato é a de que não há mais segredos no mundo, principalmente quando o rege a lógica do mercado. Há, de acordo com as informações oficiais, 25 mil pessoas envolvidas no sistema nacional de segurança dos Estados Unidos, a maior parte delas funcionárias de empresas privadas, como a Booz Allen, cujo faturamento, em 98%, é obtido em contratos com a Agência Nacional de Segurança. É impossível, assim, manter essas operações em sigilo.

Outra grande surpresa é o cinismo do presidente Barack Obama, que irrompeu no cenário norte-americano como aquele predestinado a recuperar os mais altos valores dos "pais fundadores" da grande república. Na campanha eleitoral de 2008, ele qualificou os vazamentos do mau comportamento do governo como "atos de coragem e patriotismo, que podem, muitas vezes, salvar vidas e, com frequência, poupar dólares dos contribuintes, e devem ser encorajados, em lugar de combatidos", como ocorria durante a administração Bush.

Na reação contra Manning e Assange, Obama absolve o "guerreiro" Bush. Snowden, em entrevista ao Guardian, diz que se sente mais ou menos seguro em Hong Kong, aonde chegou há três semanas. Mas os republicanos do Congresso pediram ao governo que exija a sua extradição. Como se sabe, a autonomia da antiga colônia britânica é limitada: o território está sob a soberania estatal chinesa. Será interessante verificar se o governo chinês decidirá acatar um pedido de extradição que um pequeno país, como o Equador, se nega a atender, no caso de Julián Assange.

Os observadores se dividem, na previsão do que virá a ocorrer, diante desse novo escândalo mundial. A maioria, com a mente já colonizada pela hegemonia norte-americana, acha que nada há a fazer. Em suma, é inevitável aceitar o mando norte-americano, para que nos salvemos do "terrorismo islamita", assim como foi melhor aceitar as inconveniências da Guerra Fria, para que nos livrássemos do comunismo ateu.

Há, no entanto, os que sabem ser necessária uma aliança da inteligência e da dignidade dos homens, a fim de reagir, enquanto há tempo, contra essa tirania universal. 

Texto retirado do blog: MAURO SANTAYANA

Texto relacionado: Estamos sob Vigilância

quarta-feira, 27 de março de 2013

Iraque dez anos depois: a guerra é um grande negócio!

Dez anos depois, está claro que a estratégia do presidente George W. Bush fracassou: os EUA e seus aliados não conseguiram alcançar os objetivos anunciados e as consequências da operação militar foram desastrosas, seja do ponto de vista moral, econômico ou militar. Mas o que o discurso sobre a derrota dos EUA não revela é que essa guerra foi e continua sendo uma grande vitória para alguns. A análise é de Reginaldo Mattar Nasser

Reginaldo Mattar Nasser

"A guerra é um crime... facilmente, o mais rentável, certamente, o mais cruel ... É o único em que os lucros são contados em dólares e as perdas em vidas .... Ela é conduzida para o benefício dos poucos, à custa dos muitos..... eu passei a maior parte do meu tempo como um “ defensor de alta classe” para os Grandes Negócios, para Wall Street e para os banqueiros. Em suma, eu era um gângster, um gangster para o capitalismo. "( Major General Butler)

O ataque norte-americano ao Iraque completou dez anos nesta semana com a constatação por grande parte dos analistas de que a estratégia do governo Bush foi um fracasso: os Estados Unidos e seus aliados não conseguiram alcançar os objetivos anunciados e as consequências da operação militar foram desastrosas, seja do ponto de vista moral, econômico ou militar. Mas o que o discurso sobre a derrota dos EUA não revela é que essa guerra foi e continua sendo uma grande vitória para alguns.

Supõe-se que o objetivo numa guerra é “ganhar” — partindo do principio de que os atores (Estados Nacionais) em confronto buscam impor sua vontade por meio de ações que comportam o uso da força. Mas, é preciso pensar o Estado de forma concreta. Isso é, os objetivos daqueles que decidem ir à guerra são bastante diversos e há alguns atores mais interessados em manipular as informações e prolongar os combates do que propriamente conseguir uma vitória militar.

Não é muito difícil perceber o fracasso norte-americano nas três fases em que se desenrolaram suas ações militares no Iraque: tanto na justificativa para o ataque, quanto na ação militar propriamente dita, bem como no denominado momento de reconstrução do país (nation-building). É preciso dizer, todavia, que essa demarcação é puramente artificial. A passagem da segunda para a terceira fase esta exclusivamente baseada na declaração do ex-presidente George W. Bush quando anunciou o fim das operações militares com a deposição de Saddam Hussein, dando inicio ao processo de reconstrução do país, momento em que os combates aconteceram de fato.

Uma das principais alegações para se iniciar o ataque foi a suposta existência de armas de destruição em massa por parte do governo iraquiano. Mas isso não era suficiente. Era preciso “vender” ainda a ideia de que Sadam Hussein apoiava o “terror jihadista”. A equação estava pronta. Não há nada mais assustador do que um grupo de suicidas com alto poder destrutivo. Diferentemente dos soviéticos, durante a Guerra Fria, esses novos inimigos, alardeava o mainstream norte-americano, não poderiam ser dissuadidos nem contidos e, portanto, deveriam ser simplesmente eliminados.

Como não tardou a ser demonstrado, tratava-se de uma grande mentira, uma das maiores falsificações na historia da diplomacia fabricada pelo governo dos EUA e aliados e que contou com a colaboração da grande mídia, dos think tanks, de partidos políticos e de várias ONGs.

Estima-se que durante esses dez anos mais de um milhão de soldados norte-americanos foram enviados para o Iraque: 4.483 foram mortos, 33 mil feridos e mais de 200 mil diagnosticados com transtorno de estresse pós-traumático. A taxas de suicídio é 26% entre os veteranos masculinos de 18 a 29 anos.

O número exato de civis iraquianos mortos ainda é desconhecido, mas as estimativas situam entre 150 a 500 mil e três milhões de pessoas deslocadas internamente. Há que se somar ainda as centenas de milhares de pessoas que morreram de doenças causadas por água contaminada, quando os EUA destruíram o sistema de tratamento de água do país

No que se refere aos custos econômicos da guerra, as cifras são assustadoras. Segundo J. Stiglitz (Premio Nobel de economia) beira os 4 trilhões de dólares. A Dívida dos EUA subiu de $ 6,4 trilhões em março de 2003 para US$ 10 trilhões em 2008 (antes da crise financeira), sendo que pelo menos 25% de montante é diretamente atribuível à guerra.

A questão hoje colocada por muitos intelectuais nos EUA é: podemos aprender com este erro? Economistas, como o próprio J. Stiglitz, avaliam que é preciso descartar a ideia, bastante sedutora, de que a guerra é boa para a economia. Mas como podemos simplesmente fechar os olhos para o fato de que além do aumento exponencial da lucratividade das empresas favorecidas pela alta do petróleo, a invasão do Iraque abriu um novo e poderoso mercado: o da reconstrução das nações?

O ataque norte-americano ao Iraque impactou consideravelmente o comércio mundial de petróleo, pois além de interromper a produção iraquiana, a instabilidade politica que causou no Oriente Médio fez com o que o preço do produto disparasse. Em 2003, quando os EUA chegaram à região, o preço do barril estava ao redor de US$25. Cinco anos depois, em 2008, os preços chegaram a US$ 140. A percepção de insegurança no mundo proporcionada pela chamada Guerra contra o Terror conduzida pelos EUA, após 20001, propiciou ainda um aumento considerável na venda de armas para os países em todo o mundo. As 100 maiores empresas produtoras de armas do mundo venderam US$ 410 bilhões em armas e serviços militares em 2011. Um estudo do Sipri mostra que a despesa militar no mundo, em 2011, foi de 1,6 trilhão de dólares, um aumento de 40% em 10 anos.

Na terceira e mais duradoura etapa da guerra, o governo norte-americano contratou centenas de empresas para uma gama enorme de atividades sob a rubrica “reconstrução”: infraestrutura do país (sistemas de água, eletricidade, gás e transporte), escolas e hospitais; serviços de segurança aos “novos trabalhadores”, treinamento das forças iraquianas e suporte logístico às operações antiterrorismo; serviços financeiros, e, naturalmente, a sua indústria petrolífera. A maior parte dos recursos foi alocada na contratação de empresas privadas de segurança. Em 2008, os dez principais fornecedores de serviços militares receberam cerca de US$150 bilhões em contratos.

Para perpetuar este ciclo, altamente lucrativo, essas corporações reciclam (ou reinvestem) parte dos bilhões de dólares adquiridos com a guerra em ações de lobby e contratação de antigos oficiais renomados para a sua diretoria, que facilitam o processo de contratação. A Lockheed Martin, empresa que mais possui contratos na área de segurança militar, em todo o mundo, doou mais de um milhão de dólares para deputados e senadores de diferentes partidos em 2009. Sua diretoria é composta por antigos funcionários do governo: o ex-vice-secretário de Defesa, o ex-comandante do Comando Estratégico, ex-vice-secretário de Segurança Doméstica. Vale dizer que seu rendimento anual é de US$ 40 bilhões de dólares, dos quais, ao menos 35 bilhões, são provenientes de contratos com o governo norte-americano. Mas a Lockheed Martin não é exceção: a estrutura se repete à medida que analisamos outras empresas como Northrop Grumman, Boeing, CACI, Parsons Corp A Pasadena.

Onde estão as vozes no Congresso, democrata ou republicano, que falam seriamente em por um fim essa indústria da guerra? O presidente Obama e os democratas não alteraram em nada a política da “guerra sem fim” contra o terror iniciada por Bush. O Congresso abdicou intencionalmente de suas responsabilidades políticas ao delegar, ao poder executivo, a responsabilidade de conduzir a guerra querendo com isso ludibriar a sociedade de que eles não podem fazer nada.

É preciso admitir que o poder real para iniciar ou terminar guerras está nas mãos de uma elite, como bem observou o sociólogo norte-americano Wright Mills há mais de 50 anos. Avaliando o Estado norte-americano, após a 2ª Guerra Mundial, Mills entendia que se é verdade que as decisões da administração militar passaram a afetar diretamente as dimensões política e econômica, também é verdade que as decisões tomadas na área política determinam as atividades econômicas e os programas militares. Na medida em que essa três áreas (economia, politica e militar) se articulam entre si, em termos de poder de decisão, com consequência para toda a sociedade, os lideres das três áreas do poder – senhores da guerra, dirigentes de empresa e direção política – tendem a se unir para formar a elite no poder nos EUA.

Ou seja, a suposta irracionalidade das ações contraproducentes no terreno militar, durante esses 10 anos no Iraque, é mais aparente do que real e não se trata, como querem ver alguns críticos da ação dos EUA, de uma guerra interminável no sentido de carecer de objetivos claramente definidos ou mal executados. A elite no poder sabe muito bem o que se espera desse estado de guerra permanente: a expansão dos negócios, domínio de territórios e influencia política.

*Reginaldo Mattar Nasser é professor de Relações Internacionais da PUC-SP e do Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP)

TEXTO ORIGINAL NESTE ENDEREÇO:
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=21786

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O petróleo no mundo e no Brasil. (IV)



O Governo do FHC acabou com o monopólio da exploração do nosso petróleo, o que não deixou de ser também uma desnacionalização. Desde então, são feitos leilões de reservas e ações, dando a particulares, nacionais e estrangeiros, parte da exploração do petróleo brasileiro . 
Com o governo Lula nada mudou, a Petrobrás é hoje uma multinacional como as outras, servindo aos interesses dos acionistas de todo o mundo, e não às necessidades do povo brasileiro. 
Precisamos que a Petrobrás seja inteiramente brasileira e que tenha o monopólio e o controle da exploração do petróleo brasileiro pelo povo brasileiro. Este deve ser nosso posicionamento e nossa luta. Para que 100% de nossa riqueza fique conosco, para assim podermos nos desenvolver e deixar de ser o País do futuro, para sermos O Brasil próspero para todos, o mais depressa possível. 

“O PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO !!!”
CIDADÃO - Abrace esta campanha. 
PRÉ-SAL PARA A PETROBRÁS! 
PETROBRÁS PARA OS BRASILEIROS!

Com os leilões, as empresas privadas de extração e refino exploram o petróleo brasileiro, pagando ao Brasil apenas 15% de seus LUCROS LÍQUIDOS! Ficando com 85% do lucro que em grande parte é remetido para o exterior. 
Isso é o contrário do que fazem todos os outros países do mundo! As empresas particulares estão enriquecendo com um tesouro que pertence a todos os brasileiros, e nos pagam uma GORJETINHA! O PRÉ-SAL é uma reserva imensa de petróleo, a grande profundidade marinha, que deixará o Brasil como um dos mais ricos países petrolíferos do mundo! 
A Agência Nacional do Petróleo (ANP - responsável pelos leilões de nossas reservas) vem entregando nosso petróleo aos gringos por muito pouco. 
Isso pode ser explicado pelo fato da atual diretoria da ANP ser composta por representantes de multinacionais, ou seja, colocar a raposa para cuidar do galinheiro! 
Queremos o monopólio da extração e do refino do petróleo e a Petrobrás estatizados; pois é a empresa que detém a tecnologia (pioneira) mais moderna do mundo em águas profundas portanto não precisar de ninguém para lhe ensinar. 

O PETRÓLEO TEM QUE SER NOSSO!

Nós decidiremos como usa-lo e qual preço queremos pagar por ele! 
Por isso, lutamos pelo fim da ANP e pela reestatização da Petrobrás! 
Em breve estaremos lançando esta petição pública. Aguardem . 
Falando nisso, o preço do gás, da gasolina e dos alimentos continua subindo. 
Em parte, isso acontece porque as empresas privadas que exploram o petróleo e gás só visam o lucro. 
O Brasil conta com reservas que podem chegar a 100 bilhões de barris de petróleo, localizadas em águas profundas, na chamada camada do pré-sal. 
As empresas estrangeiras querem se apropriar do nosso petróleo e gás, através dos leilões promovidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). 
Por isso estamos em luta, na Campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso. 
Convidamos todos a somar forças para que essa riqueza sirva aos interesses do povo brasileiro. 
O petróleo é do povo e não se entrega! 
Defendemos: o fim dos leilões, uma nova lei do petróleo, que o Estado brasileiro retome as áreas de petróleo e gás que foram privatizadas e desnacionalizadas, a recuperação do monopólio para uma Petrobrás 100% estatal! 
Para que essa riqueza seja 100% Brasileira e sirva para investir em infraestrutura e nos prepare para a potência que queremos em que cada um de nós brasileiros usufrua dela. 
Apoie-nos! Escuta e torça por nós num movimento cidadão unos. 
Os nebulosos caminhos da desnacionalização e perda de soberania do Brasil estão sendo intensificados. 
O país continua sua caminhada celeremente para ter toda sua econômica controlada por oligopólios multinacionais em detrimento dos interesses nacionais. 
E os caminhos ainda mais tortuosos e nebulosos da corrupção no atacado podem se relacionar direta ou indiretamente com os fatos descritos. 
Como então essa sangria sem limites que afeta o Brasil poderá ser estancada? 
Por que não acontecem no Brasil grandes mobilizações populares em defesa dos interesses nacionais e tão comum em outros países de nosso Continente e também em outros? 
Até quando nossa gente aceitará calada a espoliação e a desnacionalização de sua economia, acreditando que os políticos que ai temos tudo lhes cabe resolver? 
Desnacionalização de empresas brasileiras bate recorde em 2012 
Estrangeiros compram mais 167 empresas no primeiro semestre deste ano. 
Em apenas seis meses, 71 empresas nacionais foram adquiridas por multinacionais dos EUA. 
Durante o primeiro semestre deste ano, 167 empresas nacionais foram compradas por multinacionais. Foi a maior liquidação de empresas privadas brasileiras num único semestre de toda a história do país, batendo o recorde do primeiro semestre de 2011 (94 empresas desnacionalizadas), que, por sua vez, batera o recorde do primeiro semestre de 2010 (77 empresas desnacionalizadas). 
Em relação ao semestre anterior, a desnacionalização de empresas aumentou 77%. 
São dados da última “Pesquisa de Fusões e Aquisições” da consultoria KPMG, e correspondem às operações “cross border 1” (cb1) – descritas sucintamente como “empresa de capital majoritário estrangeiro adquirindo, de brasileiros, capital de empresa estabelecida no Brasil”. 
De que países são as multinacionais que adquiriram essas empresas nacionais? 
A maior parte, 71 empresas nacionais, foi adquirida por multinacionais dos EUA. Em segundo, 13 empresas nacionais foram tomadas por multinacionais com sede na França. Em terceiro, as multinacionais com sede na Inglaterra levaram 12 empresas nacionais. 
Em quarto, 11 empresas nacionais passaram para o controle de multinacionais da Alemanha. Em quinto, vêm as empresas com sede no Canadá, que adquiriram 8 empresas nacionais. Em sexto, as japonesas, que passaram a controlar mais 6 empresas que antes eram nacionais. 
Depois disso, vieram as companhias com sede na Holanda (que passaram a controlar mais 5 empresas que eram nacionais), Suíça (mais 5 empresas), Espanha (mais 4 empresas), 
África do Sul (4 empresas), Itália (mais 3 empresas), Chile (3 empresas), México (3 empresas), Suécia (2 empresas), Bélgica (2 empresas), Israel (2 empresas), Austrália (2 empresas), Índia (2 empresas), Portugal (2 empresas), Argentina (2 empresas), China (1 empresa), Finlândia (1 empresa), Irlanda (1 empresa), Singapura (1 empresa), Emirados Árabes Unidos ( 1 empresa ) . 
Essas transações têm a aparência de um bazar, mas vejamos mais um elemento: o ramo das empresas que foram desnacionalizadas . 
Assim, no semestre, o capital externo adquiriu controle de empresas, anteriormente nacionais, nos seguintes setores (entre parênteses, o número de empresas desnacionalizadas no setor): 
Serviços para empresas (21); tecnologia da informação (17); produtos químicos e farmacêuticos (10); alimentos, bebidas e fumo (9); telecomunicações e mídia (8); eletroeletrônico (7); mineração (7); produtos químicos e petroquímicos (6); companhias energéticas (3); produtos de engenharia (4); imobiliário (3); petróleo e gás (2); instituições financeiras (2); açúcar e etanol (1); publicidade e editoras (7); educação (2); shopping centers (5); higiene (1); transportes (1); lojas de varejo (2); metalurgia e siderurgia (2); construção e produtos de construção (4); serviços portuários e aeroportuários (2); autopeças (2); hotéis e restaurantes (1); aviação (5); fertilizantes (2); embalagens (3); montagem de veículos (2);empresas de internet (18); e, ainda, 8 empresas com ramo não especificado, classificadas pela KPMG na rubrica “outros”, foram também desnacionalizadas. 
APETITE 
A torrefação de empresas nacionais foi tão extraordinária – poderíamos dizer, sem exagero, tão escandalosa – que até os profissionais da KPMG, que têm como especialidade a fusão e aquisição de empresas, mostraram o seu espanto diante do “apetite dos estrangeiros comprando empresas no Brasil”, “situação que nunca havíamos visto até então”. 
O mais espantoso, no entanto, é que o governo ficou assistindo uma liquidação frenética de empresas nacionais, sem fazer absolutamente nada, como se a passagem em massa de patrimônio construído por brasileiros, com recursos brasileiros, para controle fora do país, fosse algo normalíssimo. 
“A participação estrangeira”, diz a nota da KPMG, “ganhou força inclusive em setores em que a presença brasileira foi tradicionalmente majoritária, como é o caso do ramo de Tecnologia da Informação”. 
Será que vamos continuar deixando nossas riquezas saírem pelo ralo do mundo, quando aqui no Brasil nos precisamos desenvolver e, sobretudo, melhorar e muito a qualidade dos serviços prestados aos seus cidadãos, pelo Governo?

PETRÓLEO BRASIL
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Conheça nossa história e nossa riqueza, que não podemos perder.
Filipe de Sousa

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

O Petróleo no Mundo e no Brasil III

A descoberta das reservas de petróleo na camada pré-sal mudam o papel do Brasil na política mundial. 

Estimativas apontam que o país pode se tornar o sexto do mundo na produção deste recurso energético, uma vez que as riquezas podem alcançar 300 bilhões de barris de petróleo. 

A camada do pré-sal foi encontrada justamente quando países como os Estados Unidos estão esgotando as 
suas reservas. 

Para ter uma ideia da dimensão da camada pré-sal, o Brasil, antes dessa descoberta, possuía cerca de 14 bilhões de barris – e já era considerado autossuficiente na produção de petróleo. 

Agora, as descobertas somente no campo de Tupi apresentam capacidade para a produção de 50 bilhões de barris. Em situação oposta, estão as principais potências mundiais, que não possuem petróleo suficiente para cobrir a própria necessidade. Esta é a avaliação do professor da Faculdade Casper Líbero, Igor Fuser. 

Porque não se trata de uma riqueza econômica como as outras. O Brasil está descobrindo petróleo em um momento em que no resto do mundo inteiro as reservas estão em fase de diminuição. 

Por exemplo, os Estados Unidos já foram, até o final da Segunda Guerra Mundial, o maior produtor e exportador de petróleo do mundo. 

Hoje, a produção de petróleo dos Estados Unidos está em queda, uma queda brutal. Os Estados Unidos que antes exportavam, vendiam petróleo para o mundo inteiro, hoje se tornaram o maior importador de petróleo do mundo. 

As conhecidas companhias Sete Irmãs – aglomerado das sete transnacionais do ramo petrolífero, entre elas Shell e a Texaco – já controlaram as reservas mundiais de petróleo. 

Mas, hoje em dia, perderam espaço e só 3% do petróleo no mundo está em suas mãos. Enquanto isso, 65% das reservas petrolíferas mundiais são controladas pelos estados nacionais. 

Mas, o Brasil ainda não segue esta tendência e nossas reservas são colocadas à venda para o interesse privado internacional. Para o sociólogo Chico de Oliveira, é o povo brasileiro e a Petrobras quem têm direito aos novos recursos energéticos. 

É preciso um forte movimento popular, que demande soluções que estejam sobre forte controle social e polí
tico, para que isso não se transforme em um desastre. A Petrobras foi construída com enorme sacrifício, com descrença, com boicote das grandes empresas internacionais. Nenhuma delas nunca investiu um tostão aqui. 

A atenção dos países ricos deve recair sobre o Brasil. Recentemente, países como Iraque e Afeganistão foram invadidos em nome do controle dos recursos energéticos das grandes potências. 

Não é à toa que os Estados Unidos reativaram a sua Quarta Frota Marítima, que voltou a exercer atividades 
para controlar os mares da América Latina. 

Igor Fuser não descarta a chance de uma intervenção estadunidense em nosso continente. 

A América Latina sempre foi aquela parte do mundo em que o domínio dos Estados Unidos sempre se deu de forma absoluta, inquestionável. Em outras partes do mundo, os Estados Unidos enfrentam outras potências, na Europa, na Ásia. 

A América Latina sempre foi considerada por eles uma área de controle garantido. No entanto, de uns dez anos para cá, os Estados Unidos começaram a perder o controle da América Latina. 

Uma série de países, o mais destacado deles é a Venezuela, passaram a assumir atitudes de afirmação da sua independência e da sua soberania. 

Honduras é um país pequeno que viveu um golpe de Estado recentemente. Uma das razões é o fato de o presidente do país, Manuel Zelaya, ter se aproximado da Venezuela por meio da Alternativa Bolivariana das 
Américas (Alba), em busca de melhores preços para a compra de petróleo. 

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, também sofreu um golpe em 2002, por estar retomando o controle do Estado venezuelano sobre o petróleo e a empresa estatal que explora o recurso. 

Os povos na América Latina estão em luta pela soberania energética e o controle dos recursos naturais. 

É o caso da Bolívia, Venezuela e Equador. Porém, em países como o México, as reservas descobertas em 96 foram consumidas rapidamente, de acordo com os interesses das transnacionais. 

É por isso que as descobertas do petróleo na camada pré-sal podem ser uma benção ou uma maldição. 

Na visão do sociólogo Chico de Oliveira, este é o perigo que o Brasil corre se o povo não tiver controle sobre as novas jazidas.

Texto retirado no jornal GAZETA VALEPARAIBANA (pág. 11)

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