A descoberta das reservas de petróleo na camada pré-sal mudam o papel do Brasil na política mundial.
Estimativas apontam que o país pode se tornar o sexto do mundo na produção deste recurso energético, uma vez que as riquezas podem alcançar 300 bilhões de barris de petróleo.
A camada do pré-sal foi encontrada justamente quando países como os Estados Unidos estão esgotando as
suas reservas.
Para ter uma ideia da dimensão da camada pré-sal, o Brasil, antes dessa descoberta, possuía cerca de 14 bilhões de barris – e já era considerado autossuficiente na produção de petróleo.
Agora, as descobertas somente no campo de Tupi apresentam capacidade para a produção de 50 bilhões de barris. Em situação oposta, estão as principais potências mundiais, que não possuem petróleo suficiente para cobrir a própria necessidade. Esta é a avaliação do professor da Faculdade Casper Líbero, Igor Fuser.
Porque não se trata de uma riqueza econômica como as outras. O Brasil está descobrindo petróleo em um momento em que no resto do mundo inteiro as reservas estão em fase de diminuição.
Por exemplo, os Estados Unidos já foram, até o final da Segunda Guerra Mundial, o maior produtor e exportador de petróleo do mundo.
Hoje, a produção de petróleo dos Estados Unidos está em queda, uma queda brutal. Os Estados Unidos que antes exportavam, vendiam petróleo para o mundo inteiro, hoje se tornaram o maior importador de petróleo do mundo.
As conhecidas companhias Sete Irmãs – aglomerado das sete transnacionais do ramo petrolífero, entre elas Shell e a Texaco – já controlaram as reservas mundiais de petróleo.
Mas, hoje em dia, perderam espaço e só 3% do petróleo no mundo está em suas mãos. Enquanto isso, 65% das reservas petrolíferas mundiais são controladas pelos estados nacionais.
Mas, o Brasil ainda não segue esta tendência e nossas reservas são colocadas à venda para o interesse privado internacional. Para o sociólogo Chico de Oliveira, é o povo brasileiro e a Petrobras quem têm direito aos novos recursos energéticos.
É preciso um forte movimento popular, que demande soluções que estejam sobre forte controle social e polí
tico, para que isso não se transforme em um desastre. A Petrobras foi construída com enorme sacrifício, com descrença, com boicote das grandes empresas internacionais. Nenhuma delas nunca investiu um tostão aqui.
A atenção dos países ricos deve recair sobre o Brasil. Recentemente, países como Iraque e Afeganistão foram invadidos em nome do controle dos recursos energéticos das grandes potências.
Não é à toa que os Estados Unidos reativaram a sua Quarta Frota Marítima, que voltou a exercer atividades
para controlar os mares da América Latina.
Igor Fuser não descarta a chance de uma intervenção estadunidense em nosso continente.
A América Latina sempre foi aquela parte do mundo em que o domínio dos Estados Unidos sempre se deu de forma absoluta, inquestionável. Em outras partes do mundo, os Estados Unidos enfrentam outras potências, na Europa, na Ásia.
A América Latina sempre foi considerada por eles uma área de controle garantido. No entanto, de uns dez anos para cá, os Estados Unidos começaram a perder o controle da América Latina.
Uma série de países, o mais destacado deles é a Venezuela, passaram a assumir atitudes de afirmação da sua independência e da sua soberania.
Honduras é um país pequeno que viveu um golpe de Estado recentemente. Uma das razões é o fato de o presidente do país, Manuel Zelaya, ter se aproximado da Venezuela por meio da Alternativa Bolivariana das
Américas (Alba), em busca de melhores preços para a compra de petróleo.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, também sofreu um golpe em 2002, por estar retomando o controle do Estado venezuelano sobre o petróleo e a empresa estatal que explora o recurso.
Os povos na América Latina estão em luta pela soberania energética e o controle dos recursos naturais.
É o caso da Bolívia, Venezuela e Equador. Porém, em países como o México, as reservas descobertas em 96 foram consumidas rapidamente, de acordo com os interesses das transnacionais.
É por isso que as descobertas do petróleo na camada pré-sal podem ser uma benção ou uma maldição.
Na visão do sociólogo Chico de Oliveira, este é o perigo que o Brasil corre se o povo não tiver controle sobre as novas jazidas.
Texto retirado no jornal GAZETA VALEPARAIBANA (pág. 11)
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