sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

A TECNOLOGIA DO PARÁGRAFO

O governo está distribuindo tablets para
professores e alunos
Um dos grandes problemas no Brasil era conseguir alfabetizar a população. Alfabetizar está colocado no sentido da pessoa saber ler e escrever. Nos censos, de 40 ou 50 anos atrás, o número de pessoas que não sabiam ler e escrever era algo de se ver para acreditar. Mas as pessoas que aprendiam a escrever conseguiam elaborar cartas e textos com mais de uma página. Hoje é fácil encontrar as pessoas lendo e escrevendo com facilidades, só que estranhamente as pessoas não conseguem escrever e interpretar um texto longo com mais de uma lauda! O que ocorreu com o passar do tempo?
Para tentar responder a pergunta, do parágrafo anterior, vou fazer uma descrição das tecnologias existentes no período que estudava sendo alfabetizado.


Neste período, em que era estudante, as tecnologias para educação eram simples, mas não eram menos fascinantes das tecnologias atuais. Entre as tecnologias utilizadas, podemos citar:

Em sala de aula:
Quadro negro e giz
Livro (quando tinha fotos eram em preto e branco)
Uso do caderno de caligrafia e tabuada

Entre as diversões que exigiam a leitura:
Os gibis - histórias em quadrinhos (a Turma da Mônica era a mais popular) e tinham os gibis de faroeste com centenas de páginas.
Filmes legendados ( a grande maioria era de faroeste)
Jornais Escritos (na maioria das vezes eram de formato tabloide)
Os romances (os vendidos nas bancas de revistas eram de histórias de amor).

O grande problema é que não existiam vagas nas escolas suficientes para todos que desejavam estudar. Naquela época já eram comuns as escolas de alfabetização pagas e todas as escolas de alfabetização da cidade, particulares ou não, estarem sempre cheias de garotos. Isso ocorria devido a grande existência de pessoas necessitando estudarem sem a quantidade devida de vagas nas escolas para a demanda existente.

Quando a pessoa terminava o chamado primário, para ir estudar o ginasial, era obrigatório se fazer uma espécie de vestibular (era chamado de admissão) e concorria as vagas existentes. Embora a explicação para tal prova fosse de que só seriam aceitas, nas séries ginasiais, alunos com as qualidades minímas aceitas, na realidade funcionava como um regulador para que o governo não ficasse na obrigação de se colocar escola para todos. Como a pessoas ficavam na dependência de concorrer as vagas existentes não era cobrado do governo que se criasse mais escolas e se contratasse mais professores.

Durante o ensino primário os alunos só eram considerados aptos para ir ir para o ginasial quando já soubessem escrever redação, cartas e ler com naturalidade. Isso era um dos grandes motivos de alta repetência.

Com o passar do tempo, as escolas deixaram de exigir a prova de Admissão e os professores deixaram de reprovar os alunos por motivo de não saberem escrever uma redação e ler fluentemente.

Não se percebeu que a extinção dessas exigências iria se criar um exercito de analfabetos funcionais. Com a tecnologia, que paralelamente foi surgindo, esse problema passou despercebido durante algum tempo. Começaram a aparecer gravadores, gravações de áudio e de vídeo de baixo custo (principalmente com o surgimento do computador e a internet) e essa tecnologia facilitou a pessoa a ter acesso a história, romances e fatos da históricos sem a necessidade de se saber ler e escrever.

O aparecimento do micro computadores interligados com a tecnologia da comunicação (internet) estimulou (ainda estimula) as pessoas aprenderem a ler e escrever. O grande problema é que essa tecnologia, com as chamadas redes sociais, é usada para conversação rápidas e a pessoa não precisa e nem tem necessidade de se escrever textos longos (redação, cartas e assemelhados). Geralmente as mensagens não chegam a ter mais de um parágrafo! Embora a tecnologia estimule as pessoas aprenderem a ler e escrever, ela estimula e habitua as pessoas a lerem e escreverem mensagens e não conseguem escrever e interpretar textos longos.

O uso da tecnologia da comunicação, aliada a compactação do microcomputadores em forma de tablets e telefones, permitem que as pessoas fiquem conectadas entre si todo o tempo e em todos os lugares.

Os aparelhos de
comunicações tendem
a funcionarem de
maneira semelhantes.

A tecnologia está estimulando as pessoas a aprenderem a ler e escrever, ótimo, mas com o passar do tempo se percebeu que elas, as pessoas, não conseguem interpretar grandes textos! Conseguiu-se diminuir o número de Analfabetos Totais e se criou um exército de Analfabetos Funcionais!

O Problema do Analfabetismo Funcional está ocorrendo a nível mundial e passou a ser o grande desafio para os governos e redes de ensino em todas as nações!

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS)
www.carlosgeografia.com.br

Texto relacionado: Os Tipos de Analfabetismo

Texto original: DEBATENDO A EDUCAÇÃO

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