segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Mensagem de Início de Ano - 2014


No final deste ano, com a perspectiva da realização da Copa do Mundo de Futebol e das Eleições presidenciais, continuarei usando a tradicional mensagem musical (Este Ano quero Paz no Coração), interpretação feita pelos Incríveis, que poderá ser ouvida no vídeo abaixo:


E para vocês começarem o ano bem calmos escolhi este vídeo musical instrumental da música do Filme Titanic,  de ótima interpretação.


FELIZ E PRÓSPERO ANO NOVO PARA TODOS

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

MOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (VI)

Exigência nas construções das novas edificações com garagens e estacionamentos


Na grande maioria das cidades, que possuem uma certa organização administrativa municipal, tem um Plano Diretor, que serve de orientação para os administradores e também já existem leis que regulam a construção de novas edificações com garagens ou estacionamentos.

Mas isso não quer dizer que as novos edificações realmente irão ter garagens ou estacionamentos. Sempre existe aqueles que burlam as leis, conseguem construírem condomínios e galerias sem as devidas garagens ou estacionamentos e isso ocorrem até em bairros centrais de muitas cidades. Claro que fica fácil burlar essa lei por falta de conhecimento da existência da mesma e também pela fragilidade das fiscalizações municipais.

Interessante notar que a especulação imobiliária costuma ditar as normas de construção de novas avenidas, calçadas e novos prédios de acordo com o interesse de se valorizar cada metro quadrado, basta olharmos que mesmo os novos bairros tem as ruas e avenidas estreitas sem os devidos acostamentos para se estacionarem carros, as calçadas também são estreitas e geralmente não espeitam os itens de acessibilidades. Até mesmo os espaços definidos para as áreas verdes são minúsculos!

Cada vez mais as novas edificações comercias e habitacionais são e serão construídas com as respectivas garagens para os usuários dos mesmo.

Prédios corporativos construídos ao lado do edifício-garagem, com 1.800 vagas em Praia de Belas - Porto Alegre - Brasil.
EDIFÍCIO-GARAGEM EM FORMA DE PONTE NEUE MESSE, STUTTGART
O ponto alto da espetacular obra de engenharia da Neue Messe de Stuttgart é o seu imponente edifício-garagem em forma de ponte. Como dois gigantescos arcos que cobrem as vias de trânsito entre as suas colunas principais a uma altura de 10 metros com um vão de cerca de 100 metros, a construção futurista, com 440 metros de comprimento, se estende sobre a rodovia A8 de seis pistas e o novo ramal ferroviário planejado para o ICE até o aeroporto. Em seis andares e uma superfície correspondente a 15 campos de futebol, há lugar para o estacionamento de aproximadamente 4.000 veículos.Devido à configuração do edifício-garagem como uma ponte sobre as vias de tráfego, existe o perigo latente da construção sofrer um incêndio com exposição direta às chamas no caso de um acidente de trânsito.Por isso, um dos componentes importantes do projeto para a proteção contra incêndios é o sistema de canais protetores contra o fogo RAUTHERMO, que protege as instalações elétricas contra a ação do fogo e garante a livre circulação pelas rota de fuga e salvação. (http://www.rehau.com/BR_pt/Construcao/Referencias/408816/EDIFICIO_GARAGEM_NEUE_MESSE_STUTTGART.html)

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS)


Textos relacionados:

sábado, 7 de dezembro de 2013

MANDELA E VOCÊ, TUDO A VER?

Juntamos numa só postagem informações para quem quer entender mais o papel de Nelson Mandela, incluindo texto  publicado em postagem anterior da página. É muito bom que todos glorifiquem Mandela. Mas nem sempre foi assim.
Os Williams (Bonner e Haack) fazem suas homenagens a Mandela. VEJA e ÉPOCA devem estar preparando uma edição inteira. Dá enjôo só de pensar como a morte nivela por baixo os oportunistas. VOCÊ, que se baliza pela grande imprensa, deve ter ficado até emocionado, de verdade. Talvez já tenha postado aqui no Face sua homenagem também. A imprensa está vestindo o homem de mito. Edificando para a posteridade o herói.

Mandela foi um herói em vida. Não precisa da edificação hipócrita de quem o odiou, e odeia a tudo que ele representa.

Mandela não foi o SEU herói, muito menos herói da imprensa.

Estou falando com VOCÊ, que acredita no Jornal Nacional.

VOCÊ, que chora convenientemente a morte de um homem cuja história acaba de conhecer um pouquinho mais no Jornal Nacional. VOCÊ, que acredita que Mandela foi apenas um símbolo abstrato da liberdade e da luta contra o racismo. VOCÊ, que imagina um Mandela apolítico que lutou apenas por ideias. Saiba, Mandela não lutou apenas contra a opressão, lutou contra os opressores. Não se engane, ele não era o SEU herói.

Gente como VOCÊ construiu uma sociedade injusta na África do Sul, se orgulhava desta sociedade dividida, enriqueceu explorando gente como Mandela. O apartheid não era apenas um fenômeno de ódio racial, mas uma ferramenta de exploração de uma classe sobre a outra. Gente como VOCÊ inventou o apartheid.

Gente como VOCÊ não admitiu que sul-africanos negros da geração de Mandela frequentassem universidades, melhorassem de vida, fossem equiparados aos sul-africanos da elite local.

Em tempos atuais, em que se escuta protestos dos ricos brasileiros contra aeroportos cheios de "pobres", transformados em "rodoviárias", não soa bastante irônico que a primeira prisão de Mandela tenha ocorrido por ele ter viajado ao exterior "sem permissão"? Pois é, gente como VOCÊ pensa até hoje que "negros e pobres" não deveriam viajar sem a permissão dos "patrões", não é verdade?

Gente como VOCÊ "justificava" a divisão da sociedade africana entre dominadores (brancos) e dominados (negros) com "argumentos" baseados numa suposta meritocracia. Ou seja, os negros africanos, na visão de gente como VOCÊ, eram dominados porque seriam "incultos", teriam mais filhos, seriam "preguiçosos", viveriam das migalhas, seriam um peso para a elite sul-africana. Estes conceitos te lembram alguma coisa?

Gente como VOCÊ chamou Mandela de terrorista, encarcerou Mandela a partir de uma farsa judiciária, num tribunal de exceção, num processo cheio de mentiras. A imprensa local fez gente como VOCÊ acreditar que Mandela era um bandido. E foi tratado como tal por quase três décadas por gente como VOCÊ.

A imprensa torturou Mandela por 30 anos e gente como VOCÊ ficou do lado da imprensa. VOCÊ, que apoia linchamentos midiáticos, ajudaria a linchar Mandela.

A determinação e o simbolismo de Mandela contra o racismo e o apartheid fizeram dele um homem respeitado fora de seu país. Fora. Porque dentro da África do Sul, a elite local, em parceria com a imprensa, continuava tratando-o como um traidor.

Um dia, a pressão de organismos internacionais fez com que Mandela voltasse a ser um homem livre. Mandela teve o apoio de gente como a Anistia Internacional. Não de gente como VOCÊ. Compreende o que é a Anistia Internacional e sua luta a favor dos direitos humanos? Compreende que ela e VOCÊ têm estado em campos opostos desde todo o sempre? Compreende que eles representam princípios dos quais você zomba? Pois é, eles e Mandela estavam do mesmo lado. Sempre estiveram. Gente como VOCÊ, não.

Ao contrário do que querem te fazer crer os noticiários de hoje, Mandela nunca foi uma unanimidade na África do Sul. Seu partido foi duramente perseguido e acusado de todo tipo de coisa. Quando foi candidato à Presidência, Mandela sofreu a oposição da elite, da imprensa e de gente como VOCÊ.

Quando venceu, convocou o país à união. Àquela altura, pegava mal bater diretamente em Mandela que, afinal, havia se tornado um símbolo. E o que gente como VOCÊ fez?

Houve, no início do governo Mandela, uma sórdida campanha interna contra seu partido, contra pessoas do seu círculo político e pessoal. A própria família de Mandela não foi poupada. O alvo indireto, claro, era Mandela. Gente como VOCÊ fez isso, para defender regalias e privilégios mantidos por décadas naquela sociedade fracionada.

Mandela lutou por moradias, por dignidade, contra a fome e a miséria. Cometeu muitos acertos e alguns erros.

Desculpe te "decepcionar", mas Mandela foi um homem de centro-esquerda, à frente de um partido posicionado no espectro das esquerdas, que fez um governo de centro-esquerda. A turma dos líderes mundiais que foram seus interlocutores mais próximos, que inspiraram e foram inspirados por sua luta política, nunca foi a SUA turma.

O governo Mandela, foi marcado por políticas de distribuição de renda e oportunidades, por ações que visaram diminuir o imenso fosso social da África do Sul, de criação de um mercado consumidor interno, de democratização das relações sociais, do uso do Estado como instrumento de justiça social. No poder, Mandela fez tudo contra o que gente como VOCÊ luta cotidianamente.

Ao final de seu governo, a África do Sul era um país muito melhor para seu povo. Mas estava (e ainda está) longe de ser um país justo e plenamente desenvolvido. Gente como VOCÊ o criticou por isso, como se um período de governo de um só homem pudesse reverter séculos de história torta.

Depois de cumprir seus mandatos, Mandela continuou a usar sua influência para defender causas que gente como VOCÊ abomina.

Mandela foi fundamental para que a África do Sul realizasse um evento da importância da Copa do Mundo.

A autoridade moral de Mandela ajudou a inserir a África no mapa dos BRICS, este fenômeno emergente dos países antigamente chamados de "terceiro-mundo" que hoje gritam por seu espaço na geopolítica global como novos protagonistas. Este movimento que gente como VOCÊ, colonizado, despreza.

Mandela foi um homem cuja grandeza e poder de representação de uma causa importante como a luta contra o racismo muitas vezes ofuscou o líder político identificado também com causas muito mais comuns a outros povos: a luta contra a opressão (independente de raça, cor ou credo), a luta de classes, a construção de um mundo mais justo.

Fique com o Mandela-mito cuja persona é homenageada pelos Williams do JN e do JG.

Porque o Mandela real, aquele que viveu, sofreu injustiças, governou, este não tem nada ver com gente como VOCÊ. Deixe-o em paz.

noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI2984218-EI8141,00-EUA+retiram+Nelson+Mandela+da+lista+de+terroristas.html

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

MOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (V)

Uso de faixas exclusivas para ônibus;

Em algumas cidades brasileiras já existem essas faixas. O importante é saber se são respeitadas quando existem. O uso de faixa exclusiva para ônibus é uma das maneiras de se agilizar o transporte em massa e um exemplo de democratização do espaço urbano. Um único ônibus transporta 42 passageiros sentados, alguns em pé e grande parte da população acha normal que apenas três veículos (geralmente com um único motorista) ocupem o mesmo espaço de um único ônibus e esses motoristas tenham o mesmo direito de acesso em relação a tantas pessoas.

Avenida Ivo do Prado - Aracaju - SE. Uma das avenidas chamadas Corredores de Tráfego  não possui faixa exclusiva para ônibus, ou seja, apenas algumas avenidas tem faixas exclusivas e mesmo assim muito pouco respeitadas pelos motoristas.

Na disputa pelo espaço urbano nas avenidas das cidades, um único ônibus transporta no mínimo quarenta e dois passageiros (isso sem contra o motoristas e as pessoas que viagem em pé) . Três veículos particulares transportam no máximo quinze pessoas (contado com os motoristas), mas geralmente a grande maioria dos carros particulares trafegam apenas com o motorista! Como justificar que uma pequena quantidade de pessoas tenham mais direito de utilizar o espaço público urbano em detrimento da grande maioria que trafegam em ônibus?


Como as faixas exclusivas para ônibus ficam grande parte do tempo sem fluxo dos ônibus muitos motoristas acham que as mesmas deveriam deixar de existir. Só que um único ônibus que passe eventualmente leva passageiros equivalente a vários carros!

Se o transporte coletivo (ônibus) se tornar mais ágil que o transporte individual é uma das maneiras de se incentivar o uso do mesmo em detrimento do carro particular. Claro que o incentivo só vai fazer efeito se o transporte com ônibus for de qualidade e não ônibus desconfortáveis que ponham em risco a vida dos passageiros.
A falta de respeito pelas Faixas Exclusivas para ônibus é corriqueiro, os motoristas trafegam e as vezes estacionam nestas faixas. Dizem eles apenas por um minutinho!!!

O problema é que algumas pessoas não respeitam essas faixas e acabam fazendo que a finalidade das mesmas não seja prática. É comum se vê motoristas circulando nestas faixas e até carros estacionados sobre as mesmas e para piorar a situação, grande parte das cidades brasileiras sequer colocam faixas exclusivas para os ônibus!

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS)

Textos relacionados:

domingo, 1 de dezembro de 2013

MOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (IV)

Falta de construção de avenidas de escoamento do trânsito


Com o aumento da população, dos carros e consequentemente dos serviços e se fazendo um levantamento da distribuição desses itens pelo território do município, se consegue fazer previsão, planejar a construção de novas avenidas e ruas direcionando o fluxo dos veículos, visando a desconcentração. O mais interessante é que esses levantamentos que geralmente são previstos nos Planos Diretores em sua grande maioria são relegados a segundo plano.

Um caso especifico seria o caso da Cidade de Aracaju, onde a cidade é dividida em duas parte por um rio (Rio Poxim), neste rio tem quatro pontes, paralelamente a este rio existe uma avenida chamada Tranquedo Neve e nesta avenida existem atualmente três viadutos (um na fase final de construção) e para os veículos existentes na zona sul da cidade se deslocarem, para o centro da cidade, tem de obrigatoriamente passar por esta pontes e se os motoristas destes carros resolverem ir para zona oste ou mesmo sair da cidade, ou vice versa, os motoristas da zona oeste e que estão entrando na cidade resolverem ir para a zona sul da cidade terão de obrigatoriamente passar pela Avenida Tranquedo neves e neste caso tem mais um agravante que os carros irão se concentrar em sua maioria passando pelo viaduto do DIA e ponte do São Conrado. O problema se torna mais agravante é que na Zona Sul da cidade ficam localizadas as praias do município e o fluxo de turistas se dá justamente nesta avenida!

                   Clique no mapa para visualizar amplificado?
A linha preta é por onde passa o Rio Poxim dividindo a cidade. Os pontos negros de um a quatro são ponte construidas ( a de número de cinco com previsão de ser construida). Os pontos vermelhos são os viadutos. Para se diminuir o grande  fluxo de carros na Avenida Tancredo Neves se faz necessário a construção de uma  nova avenida contorno (ou mais de uma) ligando a Zona Sul para fora da cidade conforme indica a linha verde no mapa.

Viaduto do DIA (ponto vermelho B no mapa). Esse viaduto provoca congestionamento nos horários de pico. As alças de acesso fazem com que se diminua muito a velocidade dos veículos por ocasião do retorno. O tempo de redução faz com que muitos carros fiquem parados nas alças e se alongado até a entrada das outras alças. Juntando esse fato a falta de educação de alguns motoristas!!!

Viaduto do DETRAN, já finalizado (corresponde a bola vermelha C do mapa). Pretende ligar a avenida Rio de Janeiro, passa por debaixo do viaduto, ao Bairro São Conrado construindo uma ponte no local onde fica o ponto preto de número cinco no mapa. Percebe-se que ainda estão dando prioridade em se conseguir ter um grande fluxo de veículos pela área urbana em detrimento da prioridade de se direcionar o fluxo de veículo por fora da cidade com construção de avenidas contornos!

Esse viaduto está sinalizado no mapa com o ponto vermelho A (está sendo chamado de mergulhão). Ele interligara uma avenida a uma ponte, ambas construídas (no mapa representada representada pelo ponto preto de número três). Quando da construção da ponte, se afirmou que os congestionamento iriam diminuir consideravelmente. Diminuiram na ponte de bola preta quatro (Ponto do São Conrado), mas continuaram com a mesma intensidade na Avenida Tancredo Neves! Esse viaduto está sendo construido para viabilizar o fluxo de veículos ao centro da cidade passando pelo shopping Jardins. Portanto, aumento o fluxo de veículos na área urbana

A Cidade de Aracaju sempre teve um alto volume de carros por habitantes e nunca ocorria  congestionamentos e por que não ocorria? Simplesmente por que a atual avenida Tancredo Neves servia pra que os carros não precisassem passar pela cidade e sim a contornava e é por isso que essa avenida tem o apelido de Avenida Contorno. Hoje não se pode chamá-la de avenida contorno por que ela não está mais servindo par essa finalidade.

A pessoa poderia imaginar que o problema é que o volume de carros atual é muito maior que algumas dezenas de anos atrás e é, só que proporcionalmente o volume ainda se mantêm nos índices de 3 habitantes por veículos e portanto na mesma proporção do volume de habitante e do tamanho da cidade. O problema é que a cidade, embora mantenha a proporção de carros e habitantes, ocupou as avenida que contornava a cidade e não se construíram outras avenidas com a finalidade de se contornar a cidade, ou seja, embora a cidade tenha a mesmo proporção de habitante por veículos, o número de veículos por quilometro quadrado aumentou e os nosso administradores insistem que esse aumento de carro por quilometro quadrado aumente, principalmente nos horários chamados de pico, direcionando todo o fluxo de veículos para dentro da área urbana

Para se resolver o problema desta concentração, de veículos, nesta avenida e resolver o problema da concentração de carros por quilometro quadrado dentro da cidade tem de se fazer o que foi feito no passado com a construção da Avenida Tancredo Neves, ou seja, construir uma nova avenida contorno  contornando a cidade.

Nas últimas três décadas se deu ênfase em criar condições para que se passe o maior número de veículos possíveis por essa avenida e por que até hoje nunca construíram uma outra avenida contorno? Por que essa necessidade de se obrigar todo o fluxo de veículos da Zona Sul da cidade por uma única avenida?

Será que nosso administradores desaprenderam o significado do nome Avenida Contorno? Será que não construíram outra avenida contorno por que existem interesses comercias, políticos e culturais para que tantos carros trafeguem nesta avenida em direção a área urbana da cidade?

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS)

Textos relacionados:
MOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (I)
MOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (II)

MOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (III)

MOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (IV)

MOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (V) 

MOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (VI) 
MOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (VII)
MOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (VIII)
MOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (IX)
MOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (X)

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A MOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (III)

Falta de uso e incentivo ao transporte ferroviário

Embora seja um transporte mais seguro e mais barato, o transporte ferroviário, principalmente como transporte de massa, não é prioridades das diversas administrações.

Como exemplo vou citar a Cidade de Aracaju. Aqui temos uma antiga linha de trem (privatizada no governo FHC) que está sem utilização. Essa linha interliga vairas cidades: Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão, Itaporanga, Laranjeira, Maruim, Riachuelo, etc. Citei apenas as mais próximas em que a população tem um interação diária mais efetiva com os serviços em Aracaju. Não existe um projeto para utilização desse meio de transporte para as populações dessas cidades se deslocam diariamente para a Capital.

As linhas férreas existentes em Aracaju não passam pelo centro da cidade e não liga bairros e sim várias cidades próximas, mas s devidamente utilizada, diminuiria bastante o fluxo de carros, das cidades vizinhas, em direção a capital diminuindo os congestionamentos, a poluição e o valor das passagens.

Ferrovia que corta vários bairros na Cidade de Aracaju.
Passa em duas das principais avenidas da cidade: Av. Rio de Janeiro e Av. São Paulo
Na realidade, o que existe é uma campanha, sistemática, nos meios de comunicação, para que se retirem os trilhos ao longo de algumas avenidas, de Aracaju, pára que se dê mais espaços para o transporte rodoviário!!! Parece incrível, mas ainda continuam estimulando o maior uso do transporte individual!

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS)

Textos relacionados:

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A IMOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (II)

Falta de distribuição dos órgãos pertencentes ao estado e aos municípios


Uma das medidas pensadas há muito tempo a trás foi a distribuição dos órgão prestadores de serviço por parte do Estados e municípios. Essa distribuição deveria ocorrer dentro da capital (local onde fica a grande maioria dos órgãos administrativos do governo) e a distribuição deveria ocorre entre os diversos municípios pertencentes ao Estado. O problema é que mesmo com a existência da internet, muitos serviços obrigam os cidadão se deslocarem da diversas cidades para a capital e mesmo na capital, muitos desses órgão ficam localizados justamente nas áreas de maior concentração comercial e consequentemente de pessoas e veículos. Essa concentração dos serviços na capital e principalmente nas áreas comerciais de maior movimento ajuda a aumentar os chamados congestionamentos.
A concentração dos órgão municipais das diversa cidades seguem a mesma linha quando se fala de distribuição dos órgãos prestadores de serviços públicos. Na grande maioria dos municípios brasileiros as secretárias municipais se concentram em locais de grande fluxo comercial. O mais impressionante é que se constata congestionamento em pequenas cidades com apenas 100 mil habitantes!

Exemplos de secretarias localizadas em centros comercias de maior fluxo são a Secretaria Estadual da Saúde e a Secretaria Municipal de Finanças de Aracaju. Ficam em pleno centro comercial e em um dos bairros (Centro) de maior circulação de carros e pessoas da cidade!

Secretaria Estadual da Saúde – Se
Bairro Centro- Região de maior fluxo de veículo e pessoas da cidade
Secretaria Municipal de Finanças – Aracaju – SE
Localizada no Bairro Centro
O mais estranho é que, na década de 80, no município de Aracaju foi construído o que deveria ser um Centro Administrativo, para os órgãos do Estado, que até hoje engloba apenas algumas das secretarias e órgãos estaduais, ou seja, já naquela época se previa problema de mobilidade e que foi abandonado pelos administradores com outros interesses!

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS)


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terça-feira, 12 de novembro de 2013

A MOBILIDADE URBANA, IMÓVEL! (I)


Está se tornando comum nas, grandes cidades, se retirarem os canteiros
centrais das avenidas, se retirarem ou diminuírem o tamanho das calçadas
  para darem lugar aos carros.
A falta de Mobilidade Urbana, nas nossas grandes cidades, geralmente, é colocada como consequência da grande quantidade de veículos circulando na cidade. Mas, será que é só isso, ou é a falta de planejamento, somada a existência de uma visão deturpada do que é progresso e do que é ser uma cidade moderna? Basta ver que algumas pessoas tendem a achar que a existência de tantos viadutos em uma cidade é sinal de progresso e modernidade!!!

Vamos fazer um histórico de como o trânsito ficou caótico na maioria das nossa grandes cidades e até mesmo em cidades de porte médio. Alias, o que faz o transito ficar caótica não é: o tamanho da cidade, e sim, a grande quantidade de veículos existentes por habitantes , aliado a falta de planejamento do espaço urbano. Claro, para isso tem o problema cultural do que é uma cidade moderna e com progresso

Sempre estamos denunciando e sentindo as consequências da falta de Mobilidade Urbana e quando se observa atentamente, iremos notar que algumas medidas que poderiam para se minimizar o problema das dificuldades no deslocamento dentro das nossas cidades não são implantados por nossos administradores, entre elas: 

  1. Falta de melhor distribuição dos órgãos pertencentes ao Estado e os órgãos pertencentes aos municípios;  
  2.  falta de uso e incentivo ao transporte ferroviário; 
  3. falta de construção de avenidas de escoamento do trânsito; 
  4.  uso de faixas exclusivas para passagem de ônibus; 
  5. exigência nas construções de novas edificações com garagens e estacionamentos para visitantes;
  6.  construção das novas avenidas com ruas paralelas de escoamento de transito; 
  7. construção de ciclovias sinalizadas; 
  8. controle de trânsito; 
  9. falta de sinalização adequada em locais de muito movimento de pedestres e automóveis;
  10. construção de calçadas tecnicamente padronizadas levando em consideração a locomoção dos pedestres.
Claro que nosso administradores não abandonam as alternativas citadas acima por mera falta de conhecimento e sim por pressão de vários setores da sociedade. Cada setor da sociedade tem seus motivos e interesses para que os itens acima sejam ou deixem de ser respeitados, entre eles podemos citar:
a) especulação imobiliária; b) interesses comerciais; c) pressão da impressa; d) interesses políticos; e) formação cultural.

As vezes se concentram várias empresas estatais e privadas, em determinados locais, visando valorizar os terrenos próximos, tornar o comércio mais movimentado, mais rentável e a região mais segura! Na realidade estão organizando o espaço e se aproveitando da formação cultural e informações passada pelos meios de comunicação visando atender os interesses financeiros em primeiro lugar.


Entrada do Hipermercado GBarbosa em Aracaju(SE)
Os interesses em organizar os trânsito e orientar o crescimento da cidade, visando interesses imobiliários e comerciais em primeiros lugar, são os mesmo interesses que levam a criarem uma cidade sujeita a grandes congestionamentos no trânsito e grandes alagamentos em época de chuvas.

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS) 

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domingo, 3 de novembro de 2013

A espantosa distribuição da riqueza mundial

seg, 21/10/2013 - 05:18
marcio valley


O planeta possui 7 bilhões de pessoas. Dados espantosos sobre a distribuição da riqueza:

1 - Qualquer pessoa que possua bens em valor total superior a R$ 8.600,00 (uma moto usada) possui mais riqueza do que 3 bilhões e 500 milhões de pessoas no mundo inteiro. Está na metade superior da posse de riquezas.

2- Quem possui bens em valor superior a 162 mil reais (uma casa simples em São Gonçalo, RJ) possui mais riqueza do que 6 bilhões e 300 milhões de pessoas. Pertence aos dez porcento mais ricos do mundo.

3- Quem tem bens em valor superior a um milhão e seiscentos mil reais (uma boa casa em Camboinhas, Niterói, RJ), possui mais riqueza do que 6 bilhões e 930 milhões de pessoas. Faz parte da fatia correspondente a um porcento da população mundial, mais rica do que os 99% restantes.

Conclusão: num planeta extremamente injusto, até as classe média e média alta são consideradas ricas. Apenas trinta e dois milhões de pessoas podem ser consideradas, de fato, ricas, sendo que 161 delas controlam cerca de 140 corporações que, por sua vez, dominam praticamente todo o sistema econômico e político do mundo. Esse é o sistema que defendemos com unhas e dentes?


Texto replicado: LUIZ NASSIF


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

AS LIÇÕES DE LIBRA

 

(JB) - A mobilização de várias organizações, e a greve dos petroleiros, com a apresentação de dezenas de ações na justiça, não conseguiu impedir que o Leilão de Libra fosse realizado, com a vitória de duas estatais chinesas, duas multinacionais européias, e participação, em 40%, da Petrobras.
Obviamente, do ponto de vista do interesse nacional, o ideal seria que o negócio tivesse ficado totalmente com a Petrobras, ou melhor, com outra empresa, 100% estatal e brasileira (a PPSA não tem estrutura de produção própria) que fosse encarregada de operar exclusivamente essas reservas.
Não podemos esquecer que a Petrobras – por obra e arte sabe-se muito bem de quem - não é mais uma empresa totalmente nacional. Os manifestantes que enfrentaram a polícia, nas ruas do Rio de Janeiro, ontem, estavam – infelizmente - e muitos nem sabem disso, defendendo não a Petrobras do “petróleo é nosso”, mas uma empresa que pertence, em mais de 40%, a capitais privados nacionais e estrangeiros, que irão lucrar, e muito, com o petróleo de Libra nos próximos anos.
De qualquer forma, a lei de partilha, da forma como foi aprovada, praticamente impedia que a Petrobras ficasse com 100% do negócio. Além disso, institucionalmente, a empresa tem sido sistematicamente sabotada, nos últimos anos, pelo lobby internacional do petróleo. E cometeram-se, no Brasil, diversos equívocos que a enfraqueceram empresarialmente, o mais grave deles, o incentivo dado à venda de automóveis, sem que se tivesse assegurado, primeiro, fontes alternativas – e, sobretudo nacionais – de combustível.
A questão geopolítica é, também, bastante delicada. O Brasil lançou-se, com determinação e talento, à pesquisa de petróleo na zona de projeção de nosso território no Atlântico Sul, antes de estar militarmente preparado para defendê-la.
O embate entre certos segmentos da reserva das Forças Armadas - principalmente aqueles que fazem lobby ou estão ligados a empresas de países ocidentais – e militares nacionalistas que propugnam que se busque tecnologia onde ela esteja disponível, como os BRICS, tem atrasado o efetivo rearme do país, que, embora necessário, deve ser conduzido com cautela, para não provocar nem atrair demasiadamente a atenção de nossos adversários.
O mundo está mudando, e o Brasil com ele. Seria ideal se pudéssemos simplesmente virar as costas para os países ocidentais - que sempre exploraram nossas riquezas e tudo fizeram para tolher nosso desenvolvimento - e nos integrarmos, de uma vez por todas, ao projeto BRICS, e a países como a China e a Índia, que estarão entre os maiores mercados do mundo nas próximas décadas.
Esse movimento de aproximação com os maiores países emergentes – lógico e inevitável, do ponto de vista histórico – terá que ser feito, no entanto, de forma paulatina e ponderada. Parte da sociedade ainda acredita – por ingenuidade, interesse próprio ou falta de brio, mesmo – que para sermos prósperos e felizes basta integrarmo-nos e sujeitarmo-nos plenamente à Europa e aos Estados Unidos. E que temos que abandonar toda veleidade de assumir um papel de importância no contexto geopolítico global, mesmo sendo a sexta maior economia e o quinto maior país do mundo em território e população.
É essa contradição e esse embate, que vivemos hoje, em vários aspectos da vida nacional, incluindo a defesa e a exploração de petróleo. É preciso explorar o petróleo do pré-sal e nos armar, para, se preciso for, defendê-lo. Mas, nos dois casos, não podemos esperar para fazê-lo nas condições ideais.
O resultado do Leilão de Libra reflete, estrategicamente, essa contradição geopolítica. Mesmo que esse quadro não tenha sido ponderado para efeito da negociação, ele sugere que se buscou uma solução feita, na medida, para agradar a gregos e troianos. Sem deixar de mandar um recado aos norte-americanos.
Independente da questão de capital e de tecnologia – a da Petrobras é superior à dos outros participantes do consórcio – poderíamos dizer que:
a) Os chineses entraram porque, como membros do BRICS, e parceiros antigos em outros projetos estratégicos, como o CBERS, não poderiam ficar de fora.
b)Os franceses foram contemplados porque são também parceiros estratégicos, no caso, na área bélica, por meio do PROSUB, na construção de nossos submarinos convencionais e atômico.
c) Os anglo-holandeses da Shell – mais os ingleses que os holandeses – entraram não só para reforçar a postura de que o Brasil não estava fechando as portas ao “ocidente”, mas também para tapar a boca de quem, no país e no exterior, dizia que o leilão estaria fadado ao fracasso devido à ausência de capital privado.
O lobby internacional do petróleo, no entanto, não descansa. Antes e depois do resultado do leilão, já podia ser lido em dezenas de jornais, do Brasil e do exterior, que o modelo de partilha, do jeito que está, é insustentável e terá que ser mudado.
Apesar da declaração do Ministro de Minas e Energia de que o governo não pretende alterar nada – e da defesa dos resultados do leilão feita pela Presidente da República na televisão – já se fala na pele do urso e as favas se dão por contadas.
Os argumentos são de que não houve concorrência – interessante, será que o “mercado” pretendia que o governo ficasse com mais petróleo do que ficou? – que a Petrobras não tem escala para assumir os poços que serão licitados no futuro – uma “consultoria” estrangeira disse que a Petrobras já está com “as mãos cheias” com Libra, e as exigências de conteúdo local.
Isso tudo quer dizer o seguinte: a guerra pelo petróleo brasileiro não acaba com o leilão de Libra. Ela está apenas começando, e vai ficar cada vez pior. Já que não podemos ter o ideal, fiquemos com o possível. Os desafios para a Petrobras, daqui pra frente, serão tremendos, tanto do ponto de vista institucional, quanto do operacional, na formação e contratação de mão de obra, no gerenciamento de projetos, no endividamento, no conteúdo nacional.
É hora de cerrar fileiras em torno daquela que é – com todos os seus problemas - a nossa maior empresa de petróleo.

A sorte está lançada. A partir de agora, os adversários do Brasil, e da Petrobras, vão fazer de tudo para que ela se dê mal no pré-sal.

TEXTO ORIGINAL NESTE ENDEREÇO:
http://www.maurosantayana.com/2013/10/as-licoes-de-libra.html

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Os alimentos que compramos!

Cada vez mais se critica a alimentação nossa de cada dia. Não é pra menos, somos o maior consumidor de agrotóxicos do planeta (cinco litros para cada habitante do Brasil), os produtos que antes eram perecíveis são conservados com produtos químicos (será que nos fazem bem?) e será que o peso, data de vencimento e conteúdo estão corretos?

Além da qualidade dos produtos alimentícios, vindos do campos, que faz tempo deixa muito a desejar pela quantidade de agrotóxicos utilizados e já existem estudos comprovando as complicações decorrentes do uso excessivo, faz tempo que existem críticas a respeito o que se faz e o que se usa na conservação de tais produtos. Qual a reação destes produtos químicos no organismo humano? Existem pesquisas comprovando que muitos desses produtos provocam câncer e isso sem falar daqueles produtos que ainda não foram comprovados as complicações pelo uso e absorção!!!

Muitos dos produtos agrotóxicos e produtos utilizados na nossa alimentação são proibidos nos chamados países do primeiro mundo e estranhamente liberados para uso na agricultura e beneficiamento dos alimentos aqui no Brasil!!!

Além dos problemas já citados, temos de nos procurar com alguns itens na hora da compra:

O peso
É comum se questionar o peso dos produtos alimentícios vendidos nos supermercados, feiras e mercearias. Como a fiscalização frouxa é comum encontrarmos produtos com peso abaixo do ofertado. E mesmo com as denuncias é comum encontrarmos produtos com peso adulterado nas feiras, mercearias e até nos supermercados.

Data de vencimento
Mesmo com o uso excessivo de conservantes existem limites e prazos para os produtos serem consumidos. Mas é comum encontramos produtos com datas vencidas na prateleiras de supermercados e mercearias. Em alguns casos os produtos nas prateleiras chegam a ficarem podres.

Existem órgãos responsáveis pelo controle do peso e data de vencimentos dos produtos, só que eles geralmente aparecem depois de várias denuncias e como existe uma demora entre a denuncia e a apuração, os consumidores acabam sendo lesados justamente neste intervalo.

Para piorar a situação, o controle só é feito nos produtos colocados nas prateleiras e não existe nenhum controle do que se faz com os produtos vencidos retirados dessas prateleiras. Existem muitas denuncias que alguns produtos, tipo feijão e arros, são retirados das prateleiras e levados para recolocação com novas datas de vencimentos!!! Existem alguns supermercados que colocam nova data de vencimento na presença dos próprios consumidores!!!

O conteúdo do produto
Quando você está comprando algum produto alimentício tem certeza do peso e também que o produto que está sendo comprando é 100% do que realmente você pensa que é?

Quanto a questão do peso existem denuncias e mais denuncias e de vez em quando aparecem os agentes responsáveis para reprimir os abusos. Claro que a eficiência não é tal grande, mas inibe um pouco a ação deste método.

E em relação aos produto nas embalagens oferecidas, você tem certeza do que está levando? Vamos ver algumas exemplos de como esse item é burlado pelas empresas vendedoras de alimentos:

Produtos derivados do leite
Nos supermercados a manteiga já vem pesada, embalada e nas feiras geralmente é pesada na hora. Você saberia se as beneficiadoras de alimentos (é assim que se chama as empresas de alimentos) colocassem um pouco de sal ou trigo na manteiga que você está comprando? Veja, um latão de manteiga tem 20 Kg, se a beneficiadora pegar um desses latões e misturar um quilo de sal, você perceberia? É claro que os compradores desses 21 Kg de manteiga (não se esqueça que foi adicionado um quilo de sal) estaria pagando um quilo de sal como se fosse manteiga!

E a venda de manteiga Diet? Você sabe como se consegue deixar a manteiga diet? Lembrar que a manteiga é 100% gordura tirada do leite ou pelo menos deveria ser!. A única maneira de deixar a manteiga com menos gordura é misturar algum produto na mesma que não seja gordura. Na propaganda vem escrito: produto com 10% a menos de gordura. Já parou pra pensar que esses 10% é outro produto, como por exemplo: trigo ou algum farinácio. Você estaria comprado 90% de manteiga, com mais 10% de trigo, como se fosse um único produto. Estaria pagando trigo como se fosse manteiga (o trigo é muito mais barato) e o mais interessante é que a manteiga Diet é vendida mais cara por ser Diet!!!!

O queijo nosso de cada dia
O queijo, igualmente a manteiga, é um subproduto do leite e consequentemente pode-se usar os mesmos artifícios usados para a manteiga e se conseguir vender trigo ou sal pelo preço do produto original ao qual foram adicionados!

Até o próprio leite
As vezes é adulterado com produtos químicos para ficarem mais branco, mais consistente e terem o tempo de validade, do produto, prolongado!!! Claro, a substância adicionada é mais barata que o próprio leite e geralmente não é um produto apropriado para o consumo humano. Não faz muito tempo que denúncias foram feitas pela grande impressa neste sentido.

O Café torrado
Você já percebeu que algumas marcas de café são bem mais amarga que outras? O que torna o café mais amargo que outros? É um outro tipo de café que você não está acostumado a consumir ou tem algum outro produto misturado?

Me lembro, quando criança, costumava ir nessas casa de vender café, junto com o meu pai. Claro, geralmente íamos fazer uma refeição. Mas, como criança costuma entrar em tudo que é lugar, certa vez entrei em uma dessas casas de torrar café e vi vários sacos de café e um de milho! Como era criança, nem liguei o fato de ter um saco de milho dentro de um depósito onde se torra café. Foi que uma certa vez meu pai tomando o café, em umas dessa casas, ele questionou: o café parece ter milho torrado misturado? Está com gosto esquisito! Foi que liguei o fato de ter um saco de milho dentro do depósito de uma dessas casas!

Alimentos em grãos
Alguns alimentos vendidos em grãos vem com misturas estranhas ou provenientes do próprio produto (bagaço é um deles) que aumentam o peso, o volume do produto e consequentemente estão sendo vendidos como parte do produto. Como exemplo, podemos citar os mais vendidos: feijão, arroz e milho.

A quantidade de bagaço, grãos deformados, pequenos insetos e até mesmo algumas pedras influenciam no peso e volume do produto. Mas o inconveniente não fica só por conta do pagamento, tem também o fato que esses produtos exigem que se faça uma separação, dos grãos, antes de serem consumidos. As vezes algumas dessas pedras passam despercebidas, por ocasião da separação, e acabam parando no seu almoço, o risco de se morder uma dessas pedras e perder um dente é eminente. Se esse produtos forem cozinhados sem a devida separação o risco, de um acidente, tornam-se bem maior!

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS)


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domingo, 13 de outubro de 2013

Você sabe realmente do que está se alimentando?


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Alimentação: a tecnologia mórbida

Henry Kissinger, figura famosa na política mundial, dizia que quem domina a comida domina as pessoas. Não incluíram no pacote as doenças crônicas resultantes do tipo de comida difundida pelo mundo como algo “moderno”, como o hambúrguer e o refrigerante cola – diabetes em adultos, cardiovasculares, câncer e hipertensão, apenas para citar as campeãs nas estatísticas. A OMS informa que 2,8 milhões de pessoas morrem em consequências de doenças associadas ao sobrepeso. E outras 2,2 milhões morrem por intoxicações alimentares. Por Najar Tubino.

Najar Tubino

Porto Alegre - A indústria da alimentação deverá faturar em 2014 US$5,9 trilhões, segundo estimativa da agência britânica dedicada à pesquisa sobre consumo e marcas – The Future Laboratory. O mercado global de snacks (bolinhos, biscoitos, salgadinhos) deverá movimentar US$334 bilhões. As vendas de chocolates e confeitos vão faturar US$170 bilhões. O Brasil consumiu em 2012, 11,3 bilhões de litros de coca-cola, empresa que faturou US$48,02 bilhões, e lucrou US$ 9bilhões. Na pesquisa do IBGE comparando 2002-2003 com 2008-2009, o consumo anual de arroz das famílias caiu 40,5% - de 24,5kg para 14,6kg- e o de feijão caiu 26,4% - de 12,4 para 9,1kg. Os refrigerantes do tipo cola cresceram 39,3% de 9,l litros para 12,7 litros.

No Brasil, 48,5% da população está acima do peso, são 94 milhões de pessoas. Entre as crianças de 5 a 9 anos o aumento da obesidade multiplicou por quatro nos meninos (de 4,1% para 16,6%) e por cinco entra as meninas – de 2,4% para 11,8%. Uma em cada 10 crianças abaixo dos seis anos já apresenta sobrepeso. Nos Estados Unidos 35,7% da população, ou seja, mais de 135 milhões de pessoas são obesas, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) – 17% são jovens. No mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde o número já atinge 1,5 bilhão de pessoas. Na China, o índice de obesidade duplicou nos últimos 15 anos, na Índia subiu 20%. No Brasil, segundo um estudo da Universidade de Brasília, o SUS paga R$488 milhões por ano para tratar doenças ligadas ao aumento do peso.

Moderno doentio
As causas citadas para explicar esta tragédia humana estão associadas à mudança tecnológica, ao estilo de vida das metrópoles, aos hábitos sedentários, a questão prática da vida atual, não deixa tempo para cozinhar, comer em casa, entre outras tantas. É óbvio que a alimentação está no centro desse problema, que há muito tempo deixou de ter uma abordagem cultural, e precisa ser encarado como uma mudança social, política e econômica. Henry Kissinger, figura famosa na política mundial, dizia que quem domina a comida domina as pessoas. Não incluíram no pacote as doenças crônicas resultantes do tipo de comida difundida pelo mundo como algo “moderno”, como o hambúrguer e o refrigerante cola – diabetes em adultos, cardiovasculares, câncer e hipertensão, apenas para citar as campeãs nas estatísticas. A OMS informa que 2,8 milhões de pessoas morrem em consequências de doenças associadas ao sobrepeso. E outras 2,2 milhões morrem por intoxicações alimentares, resultante de contaminações de vírus, bactérias, micro-organismos patogênicos e resíduos químicos.

Neste capítulo específico a história é longa. Um dossiê da Autoridade de Segurança Alimentar e Econômica, de Portugal, usando os dados da União Europeia, contabiliza 100 mil compostos químicos usados correntemente no mundo. Na União Europeia eles registram 30 mil, produzidos a uma média de uma tonelada por ano, sendo que a metade tem potenciais efeitos adversos à saúde.

“- Poucos foram estudados em profundidade suficiente de modo a permitir as estimativas de riscos potenciais de exposição, sobretudo aos seus efeitos de longo prazo, quanto à toxicidade ao nível da reprodução ou do sistema imunológico ou ação carcinogênica”.

A contaminação pode ocorrer no solo, durante o plantio, no tratamento da planta, depois na colheita e armazenagem, também dos processos industriais, da queima de substâncias que se transformam e pela incorporação de contaminantes e aditivos em alimentos:

“- A prevalência de doenças ou a morte prematura causada por químicos presentes nos alimentos é difícil de demonstrar, devido ao período de tempo, geralmente longo, que decorre entre a exposição a estes agentes e o aparecimento dos efeitos”, registra o documento .

Mentira consistente
O problema é que a comida moderna, saborosa, suculenta, cheirosa vendida pela publicidade no mundo inteiro é uma mentira. Todos os aspectos citados, incluindo ainda a cor, o tempo de vida na prateleira, a viscosidade, o brilho, o sabor adocicado, ou então o salgadinho bem sequinho, todos são resultado da aplicação de uma lista quase interminável de aditivos químicos. Inclusive registrada internacionalmente por códigos numerados e divulgada pelo Codex Alimentarius, da ONU. Por exemplo, o conservante nitrito de sódio é o E-250 e o adoçante artificial acessulfamo-K é o E-950.

Antes de avançar no assunto, um alerta da ONU sobre o uso de componentes químicos na vida moderna:

“- O sistema endócrino regula a liberação de certos hormônios que são essenciais para as funções como crescimento, metabolismo e desenvolvimento. Os CDAs, desreguladores endócrinos, podem alterar essas funções aumentando o risco de efeitos advesos à saúde. Os CDAs podem entrar no meio ambiente através de descargas industriais e urbanas, escoamento agrícola e da queima e liberação de resíduos.Alguns CDAs ocorrem naturalmente, enquanto as variedades sintéticas podem ser encontradas em agrotóxicos, produtos eletrônicos, produtos de higiene pessoal e cosméticos. Eles também podem ser encontrados como aditivos ou contaminantes em alimentos”.

O alerta das Nações Unidas é no sentido de realizar “urgentemente” novas pesquisas para avaliar o impacto dos também chamados disruptores endócrinos. Ocorre que alguns químicos sintéticos espalhados mundialmente têm uma estrutura molecular parecida com os hormônios naturais, como o estrógeno e a testosterona. Os hormônios funcionam como mensageiros da herança genética, e os químicos interferem nesse processo, alterando o conteúdo da mensagem. Em 1996, um grupo de pesquisadores norte-americanos – Theo Colborn, Diane Dumanoski e John Peterson Myers – lançaram o livro “O Futuro Roubado”, tratando dessa temática, com um apêndice na edição brasileira de José Lutzenberger. No Brasil o livro foi lançado em 2002. Urgência 17 anos depois.

Prático e barato
O problema é que a indústria se interessa por custo/benefício. Os aditivos dão consistência aos alimentos, não deixam a mostarda e a maionese virar uma gororoba, a carne e os produtos curados, como salsichas, mortadela, salames, perderam a cor vermelho-rosada. Os sorvetes não ficam com espuma, as sopas e caldos tem um cheiro maravilhoso. Fiquei enjoado de tanto ler sobre aditivos químicos nos últimos tempos. O mais impressionante, dos mais de 40 trabalhos que repassei, é a declaração da supervisora de marketing, da Química Anastácio (SP), para a revista Química e Derivados:

“- O nitrito de sódio é o principal aditivo usado em produtos cárneos, é o agente conservante de todos os produtos curados, promove a coloração vermelho-rosada nas curas e nos crus e o róseo avermelhado nos cozidos, além do sabor característico. Realmente esses produtos são considerados carcinogênicos, porém os grandes frigoríficos os utilizam pelo fato de não ter substituto no mercado. Mas devem ser usados com responsabilidade, respeitando os limites máximos de 0,015g por 100g e 0,03g por 100g, nos casos do nitrito e nitrato de sódio”, disse Alessandra Fernandes Guera.

A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (PROTESTE) tem trabalhos que mostram a capacidade dos nitritos e nitratos de sódio de reagir com certas substâncias presentes nos alimentos, que são as aminas, e se transformam em nitrosaminas, potencialmente cancerígenas.

Danos cerebrais
Uma pesquisa de Sandrine Estella Peeters, da COPPE-UFRJ aborda o tema de como os aditivos químicos afetam a saúde. Hiperatividade em crianças, citado como consequência de corantes em alimentos, além de dor de cabeça crônica. Urticária, erupção da pele, câncer em animais, além de riscos de longo prazo de causar danos cerebrais. Este é o caso do glutamato de sódio, muito conhecido nos temperos, mas é utilizado em mais de cinco mil produtos.

Considerado como um agente capaz de produzir efeito neurotóxico. Em outra pesquisa, da Universidade Cândido Mendes, Roseane Menezes Debatin, tese de mestrado, comenta o seguinte sobre o glutamato de sódio:

“– É um sal composto de uma molécula de ácido glutâmico ligada ao sódio. Tem um sabor adocicado, é um grande estimulante do paladar, suprimindo os gostos desagradáveis, levando a uma maior consumo de produtos industrializados. Usado em caldos, biscoitos, snacks, miojos, batata frita. O ácido glutâmico está envolvido na ativação de uma série de sistemas cerebrais, concernentes à percepção sensorial, memória, habilidade motora e orientação no tempo e espaço. Existem vários trabalhos científicos comprovando a neurotoxicidade do glutamato, principalmente na região do hipotálamo e no sistema ventricular”.

Nos Estados Unidos, o glutamato foi retirado dos alimentos infantis em 1969. A Ajinomoto maior indústria do ramo- 107 fábricas em 23 países - que comercializa o produto informa que o consumo no mundo cresce 5% anualmente.

Lista interminável
Os antioxidantes, usados na conservação, interferem no metabolismo, produzem aumento de cálculos renais, ação tóxica sobre o fígado e reações alérgicas, conforme a pesquisa da COPPE. Os conservantes, como o ácido benzoico, um dos mais usados, produzem irritação da mucosa digestiva, outros produzem irritações nas células que revestem a bexiga, podendo atuar na formação de tumores vesicais. As gorduras hidrogenadas provocam o risco de doenças cardiovasculares e obesidades. E os adoçantes artificiais, substitutos do açúcar, estão relacionados com a diabete, obesidade e o aumento de triglicerídeos (gordura na corrente sanguínea). Sobre os adoçantes, o professor e doutor em ciência de alimentos da Unicamp, Edson Creddio, comenta o seguinte:

“- Os adoçantes são medicamentos que devem ser usados por pessoas com diabetes e hipoglicemia e não por todas as pessoas, inclusive crianças, como se fossem totalmente isentos de risco. Esta substância é vista pelo público leigo como panaceia passada pela mídia com a imagem que levará o usuário a ter um corpo perfeito”.

Os adoçantes artificiais mais usados são a sacarina, que é 500 vezes mais potente que o açúcar, o aspartame, como diz o professor, que é 150 a 200 vezes mais doce, além do ciclamato e o acessulfamo-k, também muito mais doce que o açúcar. Estão presentes nos refrigerantes, bebidas isotônicas, sucos preparados, e demais industrializados.

Sódio em demasia
Fiz uma relação com 14 grupos de aditivos mais usados nos alimentos consumidos atualmente. Os conservantes aumentam o prazo de validade, os estabilizantes mantêm as emulsões homogêneas vamos dizer, os corantes acentuam e intensificam a cor natural para melhorar a aparência e fazer o consumidor acreditar que está levando algo novíssimo. Os antioxidantes evitam a decomposição, os espessantes dão consistência ao alimento e os emulsificantes aumentam a viscosidade do produto. Os agentes quelantes protegem os alimentos de muitas reações enzimáticas e os flavorizantes tem o papel de realçar o odor e o sabor dos alimentos. Já os edulcorantes são usados em substituição ao açúcar e os acidulantes utilizados para acentuar o sabor azedinho do alimento. Os humectantes mantêm a umidade e a maciez, os clarificantes retiram a turbidez, os agentes de brilho mantém a aparência brilhante e os polifosfatos são usados para reter a água, no caso dos congelados, como o frango e nos produtos curados.

No Brasil, a ANVISA desde 2011 negocia com a indústria de alimentos para diminuir a quantidade de sódio dos alimentos industrializados. Não há nem meta nem prazo para chegar a um nível aceitável. Numa pesquisa realizada em 2011, com 496 produtos das regiões nordeste, sudeste e sul foram encontradas entre produtos de diferentes empresas quantidades 10 vezes maiores nos queijos tipo minas frescal, parmesão e ricota. No entanto, as menores diferenças na quantidade usada de sódio entre os mesmos produtos de diferentes empresas chegaram a 40% no caso das mortadelas, macarrão instantâneo e bebidas lácteas. O teor de sódio mais elevado foi registrado no queijo parmesão inteiro e ralado, macarrão instantâneo, mortadela, maionese e biscoito de polvilho.

Informa a ANVISA: o sódio é um constituinte do sal, equivalente a 40% da sua composição, sendo um nutriente de preocupação para a saúde pública, que está diretamente relacionado ao desenvolvimento de doenças como hipertensão, cardiovasculares e renais. Na tabela de informação nutricional dos alimentos, que deve estar no rótulo, consta a quantidade de sódio. Para ser isento não pode ter mais de 5mg por 100g de alimento. Se tiver 40mg na mesma proporção é muito baixo e 120mg é considerado baixo. Na pesquisa da ANVISA o teor médio de sódio do macarrão instantâneo foi de 1.798mg por 100g, da mortadela foi de 1.303mg por 100g e o da maionese 1.096mg por 100g.

Texto original em CARTA MAIOR

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Liberdade de expressão, a suprema ironia

Imagine se o presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos viesse ao Brasil convidado a participar de um seminário sobre constitucionalismo na Faculdade de Direito, em uma de nossas mais conceituadas universidades privadas, e um jornalista de um prestigiado jornal estadunidense, ao tentar localizar a sala onde o ministro estava, fosse preso, algemado, ficasse incomunicável durante cerca de cinco horas e fosse acusado de “invasão de propriedade privada”. O que diriam sobre a liberdade de expressão e a liberdade da imprensa no Brasil? Por Venício Lima.

Venício Lima

(*) Artigo publicado originalmente no Observatório da Imprensa.

A Ironia da Liberdade de Expressão – Estado Regulação e Diversidade na Esfera Pública: este é o título de um importante livro escrito pelo professor (hoje, “Emeritus”) da Yale Law School, Owen M. Fiss, onde se constrói o argumento sobre o papel fundamental do Estado como garantidor da liberdade de expressão (Renovar, 2005).

O que diria o professor Fiss sobre a prisão da jornalista Cláudia Trevisan, nas dependências da sua Yale Law School, quando, a serviço do jornal O Estado de S.Paulo, procurava localizar a sala onde se realizava o seminário “Constitucionalismo Global 2013” do qual participava o presidente do Supremo Tribunal Federal brasileiro, Joaquim Barbosa?

Os fatos
Segundo o Estado de S.Paulo, “os argumentos de Claudia não foram considerados pelo policial. Na calçada, ele a algemou com as mãos nas costas e a prendeu dentro do carro policial sem a prévia leitura dos seus direitos. Ela foi mantida ali por uma hora, até que um funcionário do gabinete do reitor da Escola de Direito o autorizou a conduzi-la à delegacia da universidade, em outro carro, apropriado para o transporte de criminosos. Na delegacia, Claudia foi revistada e somente teve garantido seu direito a um telefonema depois de quase quatro horas de prisão, às 21h20. O chefe de polícia, Ronnell A. Higgins, registrou a acusação de ‘transgressão criminosa’”.

A jornalista, por outro lado, afirmou “eu não invadi nenhum lugar (...) passei cinco anos na China, viajei pela Coreia do Norte e por Mianmar e não me aconteceu nada remotamente parecido com o que passei na Universidade de Yale” (ver aqui).

Para a Yale University, a prisão foi correta, isto é, “seguiu os procedimentos normais” e se justifica por ter havido “invasão” de propriedade privada. Na nota divulgada sobre o ocorrido está escrito:

Antes de chegar ao Campus da Universidade Yale no dia 26 de setembro para tentar entrevistar o ministro Barbosa, a sra. Trevisan já sabia que o Seminário Constitucionalismo Global ministrado por ele seria um evento privado, fechado para o público e para a imprensa. Ela invadiu a propriedade de Yale, entrou na Faculdade de Direito sem permissão e quis entrar em outro prédio onde os participantes do seminário estavam.

Quando ela foi questionada sobre o motivo pelo qual estava no prédio, ela afirmou que estava procurando um amigo com quem pretendia se encontrar. Ela foi presa por invasão de propriedade. A polícia seguiu os procedimentos normais, sem que a sra. Trevisan fosse maltratada. Apesar de justificada a prisão por invasão, a universidade não planeja acionar a promotoria local para levar adiante a acusação.

A Faculdade de Direito e a Universidade Yale acomodam milhares de jornalistas ao longo do ano para eventos públicos no campus e entrevistas com membros da comunidade de Yale e visitantes.

Assim como todos os jornalistas, a sra. Trevisan é bem-vinda para participar de qualquer evento público em Yale e falar com qualquer pessoa que desejar lhe conceder entrevista [Tom Conroy, Secretário de
Imprensa da Universidade Yale] (ver aqui).

Supremas ironias
Registro o fato, caro leitor(a), para pontuar as “ironias” que a vida nos coloca a cada dia.

A assessoria do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, informou que ele lamentou o episódio “uma vez que ela [a jornalista Claudia Trevisan] estava exercendo a sua profissão”. Ao mesmo tempo, afirmou que Joaquim Barbosa “foi informado sobre a prisão apenas na manhã deste sábado (28) e não teve qualquer interferência na organização do evento” (ver aqui).

Imagine se o presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos viesse ao Brasil convidado a participar de um seminário sobre constitucionalismo na Faculdade de Direito (de Direito!), em uma de nossas mais conceituadas universidades privadas (digamos, a Mackenzie) e um correspondente estrangeiro (digamos, do New York Times), ao tentar localizar a sala onde o ministro estava, fosse preso, algemado, ficasse incomunicável durante cerca de cinco horas e fosse acusado de “invasão de propriedade privada”.

O que diriam sobre a liberdade de expressão e a liberdade da imprensa no Brasil, não só o governo dos Estados Unidos, mas a mídia norte-americana e, sobretudo, a própria mídia nativa e seus porta-vozes?

No mundo em que vivemos, os julgamentos – da mídia e da Justiça – são sempre seletivos e obedecem a conveniências nem sempre confessáveis.

(*) Venício A. de Lima é jornalista e sociólogo, professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado), pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros (Cerbras) da UFMG e autor de "Conselhos de Comunicação Social – A interdição de um instrumento da democracia participativa" (FNDC, 2013), entre outros livros .

Texto replicado: CARTA MAIOR

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O silencioso golpe militar que se apoderou de Washington

Um ataque contra a Síria ou Irã ou contra qualquer outro demônio estadunidense se baseará em uma variante de moda, a "Responsabilidade de Proteger", ou R2P, cujo fanático pregoeiro é o ex-ministro de Relações Exteriores australiano Gareth Evans, co-presidente de um "centro mundial" com base em Nova Iorque. Por John Pilger, do The Guardian

Por John Pilger (*)

Na parede tenho exposta a primeira página do Daily Express de 5 de setembro de 1945 com as seguintes palavras: "Escrevo isto como uma advertência ao mundo". Assim começava o relatório de Wilfred Burchett sobre Hiroshima. Foi a notícia bomba do século.

Com motivo da solitária e perigosa viagem com a qual desafiou as autoridades de ocupação estadunidenses, Burchett foi colocado na picota, sobretudo por parte de seus colegas. Avisou que um ato premeditado de assassinato em massa a uma escala épica acabava de dar o disparo de partida para uma nova era de terror.

Na atualidade, [a advertência de] Wilfred Buirchett está sendo reivindicada pelos fatos quase todos os dias. A criminalidade intrínseca da bomba atômica foi corroborada pelos Arquivos Nacionais dos EUA e pelas ulteriores décadas de militarismo camuflado como democracia. O psicodrama sírio é um exemplo disso. Uma vez mais somos reféns da perspectiva de um terrorismo cuja natureza e história continuam sendo negadas inclusive pelos críticos mais liberais. A grande verdade inominável é que o inimigo mais perigoso da humanidade está do outro lado do Atlântico.

A farsa de John Kerry e as piruetas de Barack Obama são temporais. O acordo de paz russo sobre armas químicas será tratado ao cabo do tempo com o desprezo que todos os militaristas reservam para a diplomacia. Com a al-Qaeda figurando agora entre seus aliados e com os golpistas armados pelos EUA solidamente instalados no Cairo, os EUA pretendem esmagar os últimos Estados independentes do Oriente Próximo: primeiro a Síria, depois o Irã. "Esta operação [na Síria]", disse o ex-ministro de exterior francês Roland Dumas em junho, "vem de muito antes. Foi preparada, pré-concebida e planejada".

Quando o público está "psicologicamente marcado", como descreveu o repórter do Canal 4, Jonathan Rugman, a esmagadora oposição do povo britânico a um ataque contra a Síria, a supressão da verdade se converte em tarefa urgente. Seja ou não verdade que Bashar al-Assad ou os "rebeldes" utilizaram gás nos subúrbios de Damasco, são os EUA, não a Síria, o país do mundo que utiliza essas terríveis armas de forma mais prolífica.

Em 1970 o Senado informou: "Os EUA derramaram no Vietnã uma quantidade de substâncias químicas tóxicas (dioxinas) equivalente a 2,7 quilos por cabeça". Aquela foi a denominada Operação Hades, mais tarde rebatizada mais amavelmente como Operação Ranch Hand, origem do que os médicos vietnamitas denominam "ciclo de catástrofe fetal". Vi gerações inteiras de crianças afetadas por deformações familiares e monstruosas. John Kerry, cujo expediente militar escorre sangue, seguramente que os lembra. Também os vi no Iraque, onde os EUA utilizaram urânio empobrecido e fósforo branco, como o que fizeram os israelenses em Gaza. Para eles não houve as "linhas vermelhas" de Obama, nem o psicodrama de enfrentamento.

O repetitivo e estéril debate sobre se "nós" devemos "tomar medidas" contra ditadores selecionados (ou seja, se devemos aplaudir os EUA e seus acólitos em outra nova matança aérea) forma parte de nosso lavado de cérebro. Richard Falk, professor emérito de Direito Internacional e relator especial da ONU sobre a Palestina, o descreve como "uma máscara legal/moral unidirecional com anseios de superioridade moral e cheia de imagens positivas sobre os valores ocidentais e imagens de inocência ameaçada cujo fim é legitimar uma campanha de violência política sem restrições". Isso "está tão amplamente aceito que é praticamente impossível de questionar".

Se trata da maior mentira, parida por "realistas liberais" da política anglo-estadunidense e por acadêmicos e meios de comunicação auto proclamados gestores da crise mundial mais que como causantes dela. Eliminando o fator humanidade do estudo dos países e congelando seu discurso com uma linguagem a serviço dos desígnios das potências ocidentais, endossam a etiqueta de "falido", "delinquente" ou malvado aos Estados aos que depois infligirão sua "intervenção humanitária".

Um ataque contra a Síria ou Irã ou contra qualquer outro demônio estadunidense se baseará em uma variante de moda, a "Responsabilidade de Proteger", ou R2P, cujo fanático pregoeiro é o ex-ministro de Relações Exteriores australiano Gareth Evans, co-presidente de um "centro mundial" com base em Nova Iorque. Evans e seus grupos de pressão generosamente financiados jogam um papel propagandístico vital instando a "comunidade internacional" a atacar os países sobre os quais "o Conselho de Segurança resiste aprovar alguma proposta ou que recusa abordá-la em um prazo razoável".

O de Evans vem de longe. O personagem já apareceu em meu filme de 1994, Death of a Nation, que revelou a magnitude do genocídio no Timor Leste. O risonho homem de Canberra alça sua taça de champanhe para brindar por seu homólogo indonésio enquanto sobrevoam o Timor Leste em um avião australiano depois de haver firmado um tratado para piratear o petróleo e gás do devastado país em que o tirano Suharto assassinou ou matou de fome um terço da população.

Durante o mandato do "débil" Obama o militarismo cresceu talvez como nunca antes. Ainda que não haja nenhum tanque no gramado da Casa Branca, em Washington se produziu um golpe de Estado militar. Em 2008, enquanto seus devotos liberais enxugavam as lágrimas, Obama aceitou em sua totalidade o Pentágono que lhe legava seu predecessor George Bush, completo com todas suas guerras e crimes de guerra. Enquanto a Constituição vai sendo substituída por um incipiente Estado policial, os mesmos que destruíram o Iraque a base de comoção e pavor, que converteram o Afeganistão em uma pilha de escombros e que reduziram a Líbia a um pesadelo hobbesiano, esses mesmos são os que estão ascendendo na administração estadunidense. Por trás de sua amedalhada fachada, são mais os antigos soldados estadunidenses que estão se suicidando que os que morrem nos campos de batalha. No ano passado 6.500 veteranos tiraram suas vidas. A colocar mais bandeiras.

O historiador Norman Pollack chama isso de "liberal-fascismo": "Em lugar de soldados marchando temos a aparentemente mais inofensiva militarização total da cultura. E em lugar do líder grandiloquente temos um reformista falido que trabalha alegremente no planejamento e execução de assassinatos sem deixar de sorrir um instante". Todas as terças-feiras, o "humanitário" Obama supervisiona pessoalmente uma rede terrorista mundial de aviões não tripulados que reduz a mingau as pessoas, seus resgatadores e seus doentes. Nas zonas de conforto do Ocidente, o primeiro líder negro no país da escravidão ainda se sente bem, como se sua mera existência supusesse um avanço social, independentemente do rasto de sangue que vai deixando. Essa obediência a um símbolo destruiu praticamente o movimento estadunidense contra a guerra. Essa é a particular façanha de Obama.

Na Grã Bretanha as distrações derivadas da falsificação da imagem e da identidade políticas não triunfaram completamente. A agitação já começou, mas as pessoas de consciência deveriam apressar-se. Os juízes de Nuremberg foram sucintos: "Os cidadãos particulares têm a obrigação de violar as leis nacionais para impedir que se perpetrem crimes contra a paz e a humanidade". As pessoas normais da Síria, e muito mais gente, como nossa própria autoestima, não se merecem menos nestes momentos.

(*) Jornalista do The Guardian. Grã Bretanha. Em “Bitácora” do Uruguai.


Tradução: Liborio Júnior

Texto replicado: CARTA MAIOR