quarta-feira, 30 de maio de 2012

A mídia imparcial II

A Rede Globo vem atualmente  divulgado matéria da Revista Veja (como sempre) sobre uma suposta pressão que Lula fez sobre o Ministro do Supremo da Justiça, Gilmar Mendes, sobre o julgamento do "Mensalão". Nesta divulgação a Rede Globo mostra entrevista com o ministro e alega que ele afirma que Lula tentou pressionar o citado ministro. Mas, se observarem os vídeos abaixo, o  apresentado pela Rede Globo, foi editado (sofre um corte repentino), assistam os vídeos abaixo:

Neste vídeo podemos ver a parte que foi cortada no segundo vídeo. Observem que o Ministro nega que o Lula tenha feio pressão sobre o mesmo.
Já neste segundo vídeo (apresentado pela Globo News), a parte mostrada no vídeo acima, desaparece  justamente neste intervalo de tempo 2:45  e 3:05 minutos, onde o vídeo sofre dois pequenos cortes. Assistam no vídeo apresentando na Globo News e observem atentamente:


Textos relacionados:
A mídia imparcial I
A mídia imparcial II
A mídia imparcial III

terça-feira, 29 de maio de 2012

São Paulo vai morrer


Por: João Whitaker, no Correio da Cidadania

As cidades também morrem. Há meio século, o lema de São Paulo era “a cidade não pode parar”. Hoje, nosso slogan deveria ser “São Paulo não pode morrer”. Porém, parece que fazemos todo o possível para apressar uma morte anunciada. Pior, o que acontece em São Paulo tornou-se infelizmente um modelo de urbanismo que se reproduz país afora. A seguir esse padrão de urbanização, em médio prazo estaremos frente a um verdadeiro genocídio das cidades brasileiras.

Enquanto muitas cidades no mundo apostam no fim do automóvel, por seu impacto ambiental baseado no individualismo, e reinvestem no transporte público, mais racional e menos impactante, São Paulo continua a promover o privilégio exclusivo dos carros. Ao fazer novas faixas para engarrafar mais gente na Marginal Tietê, com um dinheiro que daria para dez quilômetros de metrô, beneficia os 30% que viajam de automóvel todo dia, enquanto os outros 70% se apertam em ônibus, trens e metrôs superlotados. Quando não optam por andar a pé ou de bicicleta, e frequentemente demais morrem atropelados. Uma cidade não pode permitir isso, e nem que cerca de três motociclistas morram por dia porque ela não consegue gerenciar um sistema que recebe diariamente 800 novos carros.

Não tem como sobreviver uma cidade que gasta milhões em túneis e pontes, em muitos dos quais, pasmem, os ônibus são proibidos. E que faz desaparecer seus rios e suas árvores, devorados pelas avenidas expressas. Nenhuma economia no mundo pode pretender sobreviver deixando que a maioria de seus trabalhadores perca uma meia jornada por dia – além do duro dia de trabalho – amontoada nos precários meios de transporte. Mas em São Paulo tudo se pode, inclusive levar cerca de quatro horas na ida e volta ao trabalho, partindo-se da periferia, em horas de pico.

Uma cidade que permite o avanço sem freios do mercado imobiliário (agora, sabe-se, com a participação ativa de funcionários da própria prefeitura), que desfigura bairros inteiros para fazer no lugar de casas pacatas prédios que fazem subir os preços a patamares estratosféricos e assim se oferecem apenas aos endinheirados; prédios que impermeabilizam o solo com suas garagens e aumentam o colapso do sistema hídrico urbano, que chegam a oferecer dez ou mais vagas por apartamento e alimentam o consumo exacerbado do automóvel; que propõem suítes em número desnecessário, o que só aumenta o consumo da água; uma cidade assim está permanentemente se envenenando. Condomínios que se tornaram fortalezas, que se isolam com guaritas e muros eletrificados e matam assim a rua, o sol, o vento, o ambiente, a vizinhança e o convívio social, para alimentar uma falsa sensação de segurança.

Enquanto as grandes cidades do mundo mantêm os shoppings à distância, São Paulo permite que se levante um a cada esquina. Até sua companhia de metrô achou por bem fazer shoppings, em vez de fazer o que deveria. O Shopping Center, em que pese a sempre usada justificativa da criação de empregos, colapsa ainda mais o trânsito, mata o comércio de bairro e aniquila a vitalidade das ruas.

Uma cidade que subordina seu planejamento urbano a decisões movidas pelo dinheiro, em nome do discutível lucro de grandes eventos, como corridas de carro ou a Copa do Mundo, delega as decisões de investimentos urbanos não a quem elegemos, mas a presidentes de clubes, de entidades esportivas internacionais ou ao mercado imobiliário.

Esta é uma cidade onde há tempos não se discute mais democraticamente seu planejamento, impondo-se a toque de caixa políticas caça-níqueis ou populistas, com forte caráter segregador. Uma cidade em que endinheirados ainda podem exigir que não se faça metrô nos seus bairros, em que tecnocratas podem decidir, sem que se saiba o porquê, que o mesmo metrô não deve parar na Cidade Universitária, mesmo que seja uma das maiores do continente.

Mas, acima de tudo, uma cidade que acha normal expulsar seus pobres para sempre mais longe, relegar quase metade de sua população, ou cerca de 4 milhões de pessoas, a uma vida precária e insalubre em favelas, loteamentos clandestinos e cortiços, quando não na rua; uma cidade que dá à problemática da habitação pouca ou nenhuma importância, que não prevê enfrentar tal questão com a prioridade e a escala que ela merece, esta cidade caminha para sua implosão, se é que ela já não começou.

Nenhuma comunidade, nenhuma empresa, nenhum bairro, nenhum comércio, nenhuma escola, nenhuma universidade, nem uma família, ninguém pode sobreviver com dignidade quando todos os parâmetros de uma urbanização minimamente justa, democrática, eficiente e sustentável foram deixados para trás. E que se entenda por “sustentável” menos os prédios “ecológicos” e mais nossa capacidade de garantir para nossos filhos e netos cidades em que todos – ricos e pobres – possam nela viver. Se nossos governantes, de qualquer partido que seja, não atentarem para isso, o que significa enfrentar interesses poderosos, a cidade de São Paulo talvez já possa agendar o dia se deu funeral. Para o azar dos que dela não puderem fugir.

*João Sette Whitaker Ferreira, arquiteto-urbanista e economista, é professor da Faculdade de Urbanismo da Universidade de São Paulo e da Universidade Mackenzie.

Texto replicado de O CARCARÁ

terça-feira, 22 de maio de 2012

Manipulação da opinião pública


O filósofo americano Noam Chomsky fala, em uma de suas obras ("Visões Alternativas”) nas estratégias que o sistema (as elites sociais, políticas, econômicas e até religiosas) utiliza para manipular o pensamento das pessoas e assim conformar a opinião geral às suas ideologias.

1. A estratégia da distração - O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites sociais, políticas e econômicas. É o que Chomsky chama de "armas silenciosas para guerras tranquilas”.

2. Criar os problemas e depois oferecer as soluções - Este método também é chamado de problema→reação→solução Cria-se um problema, uma "situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este se torne "suplicante” (clamor) das medidas que se deseja implantar.

3. A estratégia da gradualidade - Para fazer que se aceite uma medida inadmissível, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, num prazo alargado.

4. A estratégia do adiamento - Outra maneira de provocar a aceitação de uma decisão impopular é a de apresentá-la com "dolorosa e necessária” (o "cortar na carne”), obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura.

5. Dirigir-se ao público com se ele fosse uma criança - A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discursos, argumentos e imagens particularmente infantis, muitas vezes a roçar a debilidade (com desenhos, animaizinhos, criancinhas), como se o expectador fosse uma criança ou um deficiente mental. Um conhecido "âncora” da Rede Globo disse em off, que o brasileiro tem mentalidade de Homer Simpson.

6. Utilizar a emoção acima da reflexão - Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para injetar ideias, e mensagens. Isto acontece em comerciais de tevê, programas políticos, campanhas sociais, aulas e encontros de igreja, etc.

7. Manter o povo na ignorância, alimentando ideais medíocres - A qualidade da educação dada às classes socialmente inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância entre estas e as classes altas permaneça inalterada no tempo, e seja impossível alcançar uma autêntica igualdade de oportunidade para todos.

8. Estimular uma complacência com a mediocridade - A vulgaridade, incultura, e o ser mal-falado ou admirar personagens sem talento, estão na moda.

9. Reforçar o sentimento de culpa pessoal - Fazer crer ao indivíduo que ele é o maior (ou único) culpado por sua própria desgraça, por insuficiência de inteligência, de capacidade de preparo ou de esforço.

10. Afirmar que conhecem as pessoas melhor do que elas próprias - Os sistemas de informática "espionam” a vida das pessoas, usuários desses programas. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce controle e poder sobre os indivíduos, superior ao que eles pensam que realmente tem.

Texto retirado no face de : Nelson Rodrigues

sábado, 19 de maio de 2012

Investigar “outro lado” na ditadura: seria igualar nazistas à Resistência Francesa

por Rodrigo Vianna 

Raymond Aubrac morreu no mês passado. Tinha 97 anos, viúvo. Na França, era tratado como herói. Lutou de armas na mão contra os nazistas e contra os franceses colaboracionistas, que aceitaram manter um regime fantoche em apoio a Hitler. 

Aubrac e a mulher, morta há uma década, foram líderes da Resistência Francesa. Se morassem no Brasil, parte dos comentaristas e colunistas da direita brazuca certamente diria que eles tinham sido ”terroristas”. Sim, Aubrac lançou bombas, deu tiros. Foi preso, escapou milagrosamente dos nazistas. Tinha inimigos. E lutou. E não deixou de lutar. Depois da Guerra, tornou-se amigo de Ho-Chi-Min. E na última campanha eleitoral francesa, chegou a declarar apoio a Hollande, do Partido Socialista. Ele tinha um lado. 

Um homem precisa ser “neutro” pra lutar por Justiça? Tolice. Mais que tolice. Argumento falacioso a proteger criminosos de guerra. Seja na Europa ou na América do Sul. Aqui, às vezes cola. Lá, não cola… 

No Brasil, Aubrac e a mulher talvez fossem chamados de “petralhas”. Mais que isso. Talvez aparecesse um ex-ministro tucano dizendo que “os dois lados” precisam ser investigados. Sim! Não é justo julgar (ou relatar os crimes, que seja) apenas dos pobres nazistas. E as “vítimas inocentes” do “outro lado”? Essa Resistência Francesa era “criminosa”… 

Aubrac seria exercrado, ofendido. Pela internet, circulariam e-mails idiotas chamando o sujeito de “terrorista”, talvez achassem uma foto dele com fuzil pra dizer: olha só, o “outro lado” era adepto da força bruta, não era bonzinho, também precisa ser investigado… 

Isso me lembra o título daquele livro: “Falta Alguém em Nuremberg!” Sim, para a direita brasileira (e os apavorados que se acham de esquerda e têm medo de enfrentá-la) seria preciso enviar a Resistência Francesa a julgamento! Afinal, a Resistência pegou em armas, cometeu “crimes”. 

No Brasil, por hora, nem se fala em julgamento. Mas numa simples Comissão a relatar os crimes cometidos por agentes do Estado. Crimes contra a Humanidade. Não se fala em execrar soldados, sargentos ou oficiais que, eventualmente, tenham matado guerrilheiros em combate. Da mesma forma, nunca ninguém se atreveu a “condenar” soldados alemães que lutaram nas trincheiras ou nas ruas. 

O que se pretende é relatar crimes de tortura, desaparecimento, assassinatos cometidos a sangue frio… Ah, mas estávamos numa “guerra”, dizem militares brasileiros (secundados por civis perversos, e até por gente de boa fé mas desinformada) que atacam a Comissão. Há controvérsias se aquilo que ocorreu no Brasil foi uma “guerra”… 

De todo jeito, na Europa houve “guerra”. Pra valer. Nem por isso, crimes contra a Humanidade deixaram de ser julgados. Nazistas e seus colaboradores que torturaram, assassinaram e incineraram gente indefesa foram a julgamento. A Resistência Francesa não foi a julgamento. Nem irá. 

O resto é invenção do conservadorismo mais matreiro do mundo, porque dissimulado: o conservadorismo brasileiro. Nesse debate sobre a Comissão da Verdade, é preciso derrotá-lo. Com inteligência, moderação. Mas com firmeza.

Texto retirado do blog: O Escrevinhador

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A Imprensa silencia em relação aos privilégios do poder Judiciário!!!



Impressionante as denuncias dos privilégios desses juízes. E o que mais impressiona é que esses privilégios são informados a grande imprensa há mais de dez anos e a imprensa se cala diante destas denuncias. Pelo visto,  a entrevista que ocorreu na Record News,  que ficou só nisso. Até mesmo a Record ficou em silêncio depois desta entrevista!!!!! Até parece que jornalistas e repórteres das televisões e jornais temem represálias dos juízes denunciados ou então só interessa informar escândalos do Governo Federal visando proveito político!!!

Assistam o vídeo abaixo e constatem:


quarta-feira, 16 de maio de 2012

Poder da mídia: diferenças entre Brasil e Inglaterra

Ao contrário da Inglaterra, onde a denúncia sobre o News of the World se tornou pública pela ação de um veículo da grande mídia (The Guardian), aqui a primeira reação – salvo uma rede de TV (Record) e uma revista semanal (Carta Capital) – foi ignorar o envolvimento da mídia no escândalo Carlinhos Cachoeira.

Venício Lima

(*) Publicado originalmente na revista Teoria e Debate.

A Inglaterra do século 17 constitui a referência moderna obrigatória para o entendimento da liberdade de expressão republicana centrada na vita activa e no autogoverno. A terra de John Milton e Tom Paine tem sido um dos palcos fundamentais do debate entre republicanos e liberais em torno da ideia de liberdade, ao mesmo tempo em que lá se constituíram modelos importantes de prestação do serviço público de radiodifusão (BBC), de regulamentação (OfCom) e de autorregulamentação (PCC) das atividades da mídia.

Por tudo isso, as revelações tornadas públicas originalmente pelo tradicional The Guardian, no início de 2011, de práticas “jornalísticas” criminosas desenvolvidas rotineiramente pelo tabloide News of the World, do grupo News Corporation, desencadearam reações imediatas por parte do governo britânico, de instituições privadas e de cidadãos.

Uma investigação já foi concluída na Comissão de Cultura, Mídia e Esporte da Câmara dos Comuns e seu relatório divulgado no último dia 30 de abril; pelo menos outras três ainda estão em andamento no âmbito da polícia (Weeting, Eldeven e Tutela); várias ações civis impetradas por cidadãos que se consideram vítimas de invasão de privacidade também estão tramitando. E o inquérito mais importante de todos, mandado instalar pelo primeiro-ministro com o objetivo de esclarecer “o papel da mídia e da polícia no escândalo de escutas telefônicas ilegais” (Inquérito Levison), em julho de 2011, prossegue interrogando, entre outros, jornalistas e empresários.

Uma das consequências mais concretas das denúncias até agora foi o anúncio da agência autorreguladora (PCC), em fevereiro passado, de que estava sendo descontinuada para dar lugar a outra, com poderes de interferência mais eficazes.

E no Brasil?
Nas últimas semanas os brasileiros estão tomando conhecimento de atividades criminosas entre grupos empresariais privados, políticos profissionais no exercício do mandato, setores da polícia e do Judiciário, além da aparente cumplicidade de importantes órgãos da mídia tradicional. A se confirmar, estaríamos diante de um gravíssimo desvirtuamento profissional e ético do papel da imprensa, colocada a serviço de interesses políticos e empresarias privados e criminosos.

Escutas telefônicas apontam para uma relação que vai muito além daquela admissível entre o jornalista e sua fonte. Há indícios não só de um comando da fonte criminosa sobre a pauta jornalística, mas, sobretudo, de uma cumplicidade em relação a objetivos empresariais e políticos.

Lá e cá
Ao contrário da Inglaterra, onde a denúncia sobre o News of the World se tornou pública pela ação de um veículo da grande mídia (The Guardian), aqui a primeira reação – salvo uma rede de TV (Record) e uma revista semanal (Carta Capital) de menor circulação – foi ignorar o envolvimento da mídia no escândalo. Num segundo momento, a solidariedade explícita e ameaçadora dos principais grupos privados de mídia com o grupo sob suspeita.

Uma CPMI foi instalada no Congresso Nacional, mas até agora não há indicação clara sobre a disposição de investigar o envolvimento de grupos de mídia com as ações criminosas.

No Brasil não há órgão de regulação ou de autorregulação da mídia, portanto, ações específicas nessas áreas não existem nem existirão.

Já o governo brasileiro tem revelado total inapetência para assumir o papel de protagonista em relação à regulação democrática do setor de mídia. Nem mesmo os princípios e normas da Constituição de 1988 foram regulamentados, e portanto, na sua maioria, não são cumpridos. Há décadas se anuncia um projeto de marco regulatório para o setor de comunicações que, até agora, não se materializou.

Ao contrário da Inglaterra, no Brasil não há compromisso histórico com a liberdade de expressão. Nosso liberalismo nunca foi democrático e prevalece uma interdição branca até mesmo do debate público das questões ligadas à regulação do setor de mídia. Recentemente, a bandeira da liberdade de expressão foi indevidamente apropriada pelos mesmos grupos que apoiaram o golpe de 1964, responsável pela censura oficial que vitimou, inclusive, seus próprios apoiadores por mais de duas décadas.

Aparentemente, todavia, temos algo em comum com a Inglaterra: graves desvios no comportamento de jornalistas e de seus patrões. Mas ainda não temos no Brasil nem os instrumentos institucionais, nem a vontade e a força políticas para enfrentar o poder desmesurado da grande mídia.


Professor Titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Regulação das Comunicações – História, poder e direitos, Editora Paulus, 2011.

Texto replicado deste endereço:

domingo, 13 de maio de 2012

Economia verde é novo discurso hegemônico, diz pesquisadora


Os defensores da economia verde têm no seu horizonte saber como o capitalismo vai viver para além dos combustíveis fósseis. A economia verde surge como alternativa para viabilizar não só a expansão da atual economia petroleira até seu limite, mas também o controle das novas fontes de energia pelas mesmíssimas empresas e grupos de poder que mandam no petróleo, avalia Camila Moreno, pesquisadora e coordenadora de sustentabilidade da Fundação Heinrich Böll.

Rodrigo Otávio

Rio de Janeiro - “Economia verde é o novo discurso hegemônico. E não agora para a Rio+20. Ela é o marco de aonde a gente vai organizar a nossa resistência, mas também onde nós estamos na história daqui para frente”, resume Camila Moreno, pesquisadora e coordenadora de sustentabilidade da ONG ecológica alemã Fundação Heinrich Böll, sobre um dos temas centrais que deverá ser discutido na Rio+20, conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável que será realizada entre 13 e 22 de junho no Rio de Janeiro.

O discurso oficial do governo brasileiro para a conferência e para o tema, via ministério das Relações Exteriores, é que a economia verde vai definir o debate sobre o desenvolvimento nos próximos 20 anos. Calcada em documentos da indústria do petróleo, a pesquisadora da ONG alemã é novamente mais direta, “a economia verde é intrinsicamente dependente da economia marrom, da economia petroleira”.

“Eles estão operando com um horizonte que vai daqui até 2020, quando vai se definir uma nova arquitetura institucional e financeira tanto na ONU quanto em termos de marcos legais nos países; quanto também um período um pouco mais longo, até 2050, quando se imagina que vai estar realmente dada a transição para uma economia pós-petroleira”, afirmou Camila Moreno durante o seminário Outra economia, outro desenvolvimento, outra cooperação: A sociedade civil rumo à Rio+20/Cúpula dos Povos, realizado pela Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong), quinta-feira (10), no Rio.

Para Moreno, o que está em jogo no horizonte é como o capitalismo vai viver para além dos combustíveis fósseis. Assim, a economia verde surgeria como alternativa para viabilizar não só a expansão da atual economia petroleira até seu limite, mas também o controle das novas fontes de energia pelas mesmíssimas empresas e grupos de poder que mandam no petróleo. “Economia verde é fundamentalmente como vai se extrair mais recursos naturais e quem vai controlar esses recursos”, simplifica a pesquisadora.

Histórico do termo

Camila volta a 2005 rememorando como o termo economia verde começou a “cair no colo” da população. “A economia verde nasce quando é lançado um relatório da ONU sobre o impacto econômico das mudanças climáticas. Então são feitos planos de transição para uma economia de baixo-carbono e a principal medida de curto prazo é a aposta nos agrocombustíveis”, diz ela, não esquecendo de ressaltar no contexto do “boom” dos agrocombustíveis a crise alimentar de 2008, anterior à crise financeira de 2009 e 2010. “Só que a ideia de ‘baixo’-carbono não colou depois de 2008, quando a ideia 
de ‘baixo’, ‘pequeno’ ou ‘diminuir’ era completamente ao contrário do senso de superação da crise. Então todos os textos de economia de ‘baixo’ carbono foram rebatizados para desenvolvimento verde, e daí ficou o verde”, completa.

Segundo a pesquisadora essa volta ao passado joga luz para se entender como é inseparável o debate de economia verde do debate de clima e energia. Para Camila, “é através da política nacional de clima e dos planos de ação dos países que vai se introduzir a ideia de criação de mercado dos ativos ambientais, perdendo toda a construção política do que é a agroecologia e a disputa de sistemas”.

Precificação e propriedade

E esses mercados são a nova fronteira de acumulação do capitalismo. Como exemplo ela cita o próprio relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que define o “estoque e o fluxo dos serviços ecossistêmicos” como “constituição” do capital natural. “Ou seja, o ‘estoque e o fluxo de serviços ecossistêmicos’ é a polinização das abelhas, a respiração das aves, a água e a fertilidade do solo”, traduz a pesquisadora, acrescentando que, ainda segundo o Pnuma, “o erro da economia marrom é que até agora ainda não conseguiu dar valor (preço) a esses ativos”.

O enredo se dramatiza quando temos um contexto em que “esses ativos”, os recursos naturais, estão cada vez mais escassos. Aí, salienta Camila, entra “a velha e boa garantia de direitos de propriedade sobre esses ativos ambientais”. Ela alerta que no Brasil a questão está explicitada no novo Código Florestal, quando o capítulo 11 cria o Certificado de Cobertura de Reserva Ambiental e dá poderes aos proprietários de terra com excedentes de reserva legal a registrarem e negociarem essas “sobras” em bolsas de valores, as futuras bolsas verdes.

Contra-ataque

Em um cenário de negociação de “excedentes” ambientais o próximo passo torna-se o acúmulo desses “excedentes”, ao mesmo tempo em que as superpopulações citadinas levam os países a serem obrigados a comprarem pacotes de eficiência energética, fechando o círculo acúmulo e venda de “capital ambiental”. É aí que Camila Moreno aponta um dos remédios contra a economia verde. “Temos que questionar essa visão de que a urbanização é um fato inexorável. O quão ideológico são esses dados que estão sendo construídos inclusive pelo IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, em inglês) que condenam o modo de vida rural e reforçam a lógica estrutural de esvaziar os territórios e levar todo mundo para as cadeias de consumo das cidades?”.

texto original neste endereço: Carta Maior

Indicado por Alex Prado

sexta-feira, 11 de maio de 2012

MANIFESTO

Pelo fim da publicidade e da comunicação mercadológica dirigida ao público infantil.

Em defesa dos diretos da infância, da Justiça e da construção de um futuro mais solidário e sustentável para a sociedade brasileira, pessoas, organizações e entidades abaixo assinadas reafirmam a importância da proteção da criança frente aos apelos mercadológicos e pedem o fim das mensagens publicitárias dirigidas ao público infantil.

A criança é hiper vulnerável. Ainda está em processo de desenvolvimento biofísico e psíquico. Por isso, não possui a totalidade das habilidades necessárias para o desempenho de uma adequada interpretação crítica dos inúmeros apelos mercadológicos que lhe são especialmente dirigidos.

Consideramos que a publicidade de produtos e serviços dirigidos à criança deveria ser voltada aos seus pais ou responsáveis, estes sim, com condições muito mais favoráveis de análise e discernimento.

Acreditamos que a utilização da criança como meio para a venda de qualquer produto ou serviço constitui prática antiética e abusiva, principalmente quando se sabe que 27 milhões de crianças brasileiras vivem em condição de miséria e dificilmente têm atendidos os desejos despertados pelo marketing.

A publicidade voltada à criança contribui para a disseminação de valores materialistas e para o aumento de problemas sociais como a obesidade infantil, erotização precoce, estresse familiar, violência pela apropriação indevida de produtos caros e alcoolismo precoce.

Acreditamos que o fim da publicidade dirigida ao público infantil será um marco importante na história de um país que quer honrar suas crianças.

Por tudo isso, pedimos, respeitosamente, àqueles que representam os Poderes da Nação que se comprometam com a infância brasileira e efetivamente promovam o fim da publicidade e da comunicação mercadológica voltada ao público menor de 12 anos de idade.

Da redação

Texto retirado : GAZETA VALEPARAIBANA

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A volta dos que não foram


Na década de 1970, do século passado, era comum alguns colegas sumirem de uma hora para outra. Isso ocorria entre os colegas na escola, entre os colegas de pelada dos finais de tarde, entre os vizinhos, entre os amigos mais próximos e até mesmo entre os familiares.
Quando procurávamos saber o motivo do desaparecimento, é que eramos informado, pela família, era que o mesmo “foi pra São Paulo”. Escutei essa frase, durante alguns anos, até o final da década de 80, século XX. A frase, “foi pra São Paulo”, já deixava bem explicito que a pessoa foi viver, morar e não em viagem de passeio!
grafites em papel sobre os retirantes
Isso ocorria muito pela falta de emprego nas cidades do interior do Nordeste e também na Área Rural. Coincidentemente nesta época ocorreu uma das maiores secas ocorridas na região. Esse fenômeno ficou conhecido como Êxodo Rural.
No incio do século atual (século XXI), passei um bom tempo lecionando em algumas cidade do interior do Estado de Sergipe (ao todo foram noves cidades). Em todas elas percebi um fato interessante e que se intensificou agora na década atual. Muitos doas alunos presentes eram paulistanos filhos de nordestinos que foram morar em São Paulo. Alguns retornaram trazidos pela família e outros vieram sozinhos para viverem nas terra dos antepassados (pais e avós).
Nestas minhas viagens eu costumava brincar com esses alunos dizendo que foi “a volta dos que não foram”, já que esses alunos na realidade nunca saíram daqui do Nordeste para viverem em São Paulo. Na realidade, foram os pais que fizeram o caminho de ida e os filhos estão se encarregando de fazerem o caminho de volta, ou seja, na realidade eles estão fazendo a viagem de volta no lugar dos pais.
Juntamente com a volta desses filhos de nordestinos, outro fenômeno que está ocorrendo é a chagada de imigrantes descendentes de chineses (que são muitos), vindos de São Paulo, que são facilmente encontrados aqui no centro da cidade de Aracaju, em Sergipe.
Em conversa com esses imigrantes, a pegunta que mais fiz foi: por que sairão de São Paulo e vieram viver no Nordeste? Como resposta, ouvi de todos eles que São Paulo não está bom para conseguir emprego e está ruim para se ganhar dinheiro.
Os Nordestinos saíram daqui a procura da sobrevivência (grande parte fugindo da seca). Viviam como escravo no Nordeste e passaram a ter tratamento semelhante no Sudeste.
Uma música que espelha bem essa realidade é uma muita cantado pleo Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que pode ser escutado no vídeo abaixo:




domingo, 6 de maio de 2012

Esquerda vence na França e Reino Unido

Hollande leva socialistas de volta ao poder na França com discurso de enfrentamento ao plano de austeridade da UE, no Reino Unido, do conservador James Cameron, Trabalhistas venceram eleições municipais
Os britânicos emitiram um claro sinal de descontentamento para o gabinete do governo conservador de James Cameron, ao garantirem a vitória dos Trabalhistas nas eleições municipais.
Os franceses reconduziram os socialistas ao poder, derrotando o governo centrista de Sarkozy.
Duas economias pujantes e democracias maduras.

Os povos destes países rejeitaram a receita de remédios amargos, apenas para os trabalhadores, e endossaram políticas de taxação de grandes fortunas, como proposto por Hollande, de mais gastos públicos e contrários a desregulamentação dos mercados, gênese das maiores crises econômicas da última década no continente.

O risco de retrocesso ocorre nos países com economias em frangalhos e sistemas políticos instáveis, devido a gravidade da crise social instalada, como Grécia, Espanha, Portugal, Hungria etc. Os extremistas de direita devem avançar e transformar os processos eleitorais e a condução dos mandatos dos vencedores em duras batalhas, conduzidos em ambientes de disputas muito acirradas, em meio a discursos ultra radicais de apelo fácil.

François Hollande conquista a presidência francesa
O socialista François Hollande conquistou uma clara vitória nas eleições presidenciais da França neste domingo, com estimados 52% dos votos.

Após o fechamento das urnas, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que telefonou a Hollande para desejar-lhe “boa sorte” no cargo.

Analistas dizem que a votação tem amplas implicações para a zona do euro. Hollande prometeu reformular o acordo sobre a dívida pública nos países membros.

Pouco depois do fechamento das urnas às 20h (15h de Brasília), meios de comunicação franceses publicaram projeções baseadas em resultados parciais que davam ao socialista uma vantagem de quase quatro pontos.

Partidários de Hollande se reuniram na Place de la Bastille em Paris - um ponto de encontro tradicional da esquerda - para comemorar.

Analistas dizem que Hollande foi beneficiado pelos problemas econômicos da França e a impopularidade do presidente Sarkozy.

O candidato socialista prometeu aumentar os impostos sobre as grandes corporações e as pessoas que ganham mais de 1 milhão de euros por ano.

Ele quer aumentar o salário mínimo, contratar 60 mil professores e diminuir a idade de aposentadoria de 62 para 60 anos para alguns trabalhadores.

Hollande também pediu a renegociação de um tratado europeu duramente negociado sobre disciplina orçamental, defendido pelo chanceler alemã Angela Merkel e Sarkozy.

Sarkozy
Em discurso neste domingo, Sarkozy disse a partidários que "François Hollande é o presidente da França e ele deve ser respeitado".

O presidente disse que estava "assumindo a responsabilidade pela derrota".

Insinuando sobre o seu futuro, ele disse: "Meu lugar não será mais o mesmo Minha participação na vida do meu país agora vai ser diferente.".

Durante a campanha, ele disse que iria deixar a política, se ele perdesse a eleição.

Sarkozy, que está no cargo desde 2007, havia prometido reduzir o déficit orçamentário da França por meio de cortes de gastos.

É apenas a segunda vez um presidente em exercício não foi capaz de ganhar a reeleição desde o início da Quinta República da França em 1958.

O último foi Valery Giscard d'Estaing, que perdeu para o socialista François Mitterrand em 1981. Mitterrand teve dois mandatos no cargo até 1995.

A eleição parlamentar está marcado para junho.

A correspondente da BBC em Paris Katya Adler diz que, por causa da derrota de Sarkozy, a extrema direita francesa espera conquistar amplo terreno político no pleito parlamentar.

TEXTO ORIGINAL NESTE ENDEREÇO:

quarta-feira, 2 de maio de 2012

História do Dia do Trabalho


O Dia do Trabalho é comemorado em 1º de maio. No Brasil e em vários países do mundo é um feriado nacional, dedicado a festas, manifestações, passeatas, exposições e eventos reivindicatórios.
A História do Dia do Trabalho remonta o ano de 1886 na industrializada cidade de Chicago (Estados Unidos). No dia 1º de maio deste ano, milhares de trabalhadores foram às ruas reivindicar melhores condições de trabalho, entre elas, a redução da jornada de trabalho de treze para oito horas diárias. Neste mesmo dia ocorreu nos Estados Unidos uma grande greve geral dos trabalhadores
.
Dois dias após os acontecimentos, um conflito envolvendo policiais e trabalhadores provocou a morte de alguns manifestantes. Este fato gerou revolta nos trabalhadores, provocando outros enfrentamentos com policiais. No dia 4 de maio, num conflito de rua, manifestantes atiraram uma bomba nos policiais, provocando a morte de sete deles. Foi o estopim para que os policiais começassem a atirar no grupo de manifestantes. O resultado foi a morte de doze protestantes e dezenas de pessoas feridas.