quarta-feira, 15 de abril de 2015

Eduardo Galeano (1940 - 2015)



Como costumo fazer todas as noites antes de dormir, sempre pego um livro para dar umas folheadas, ainda que, pelo adiantar da hora e pelos compromissos do dia seguinte, muitas vezes o sono me impeça de dar uma esticada na leitura do jeito que gostaria.

Normalmente, dependendo do estado de espírito, dou continuidade aos dois ou três livros que leio de forma simultânea, mas na noite passada, não sei exatamente por qual motivo, aconteceu algo de inusitado nesse meu ritual que corresponde a uma espécie de relaxamento, coisa que lá no fundo tem por propósito não deixar a mente adormecer por completo.

Em vez de pegar um dos livros já estrategicamente dispostos ao meu alcance, procurei na estante o exemplar de As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, e abri uma de suas páginas ao acaso. Por força das circunstâncias ou pura ironia do destino, caí numa parte destinada à Cuba pré-revolucionária (A revolução ante a estrutura da impotência).

Entre os diferentes acontecimentos históricos que descreviam a forma pelo qual os estadunidenses atuavam em terras cubanas, me chamou a atenção um trecho que me fez me pensar no que anda acontecendo no Brasil dos dias atuais, quando, citando Fidel Castro, o escritor uruguaio resgata a frase que diz que "a ignorância é algo muito maior e mais grave do que o analfabetismo".

Sinceramente, não sabia de sua luta contra o câncer. Hoje, ao receber a notícia da morte de Galeano através da minha filha, surpreso e comovido, me lembrei do que havia me ocorrido horas antes. Como por encanto, a frase acima citada surgiu com bastante clareza e me fez lembrar de determinadas reflexões e posicionamentos de um pensador que, mais do que qualquer coisa, enxergava as coisas do mundo e dos homens de forma verdadeiramente simples.

Como realmente devem ser.


Uruguaio de nascimento, mas, acima de tudo, um grande americano

Texto original: GEOGRAFIA E TAL

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