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quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

A EXTREMA-DIREITA, A QUARTA LEI DA ROBÓTICA E A DESINTELIGÊNCIA ARTIFICIAL..



(Da equipe do blog) - A primeira vez que a palavra robô (oriunda do vocábulo robota - trabalhador, em russo) foi utilizada, foi na estreia da peça R.U.R, do escritor tcheco Karel Capek, no dia 25 de janeiro de 1921.

Em 1950, Isaac Asimov publicou Eu, Robô, um clássico romance de ficção científica, em que enumerou as Três Leis da Robótica:

domingo, 5 de janeiro de 2020

Qual idioma é o mais dificil do mundo?



Muitos dos que estudam línguas estrangeiras querem saber que língua é a mais difícil do mundo. Os lingüistas dizem que não há uma resposta precisa para esta pergunta, porque tudo depende da língua nativa do estudante e outros fatores. Os neurofisiologistas acreditam, porém, que o chinês ou o árabe podem ser descritos como os idiomas mais difíceis do mundo, pois, até para o cérebro dos falantes nativos de chinês ou árabe é difícil de percebê-los.

Especialistas de lingüística dizem que as complicações em aprender uma língua estrangeira dependem do idioma falado da pessoa que estuda uma língua estrangeira. Por exemplo, o idioma russo, que é geralmente considerada como uma das mais difíceis do mundo, não será muito difícil de aprender para os ucranianos ou os tchecos. No entanto, um turco ou um estudante japonês pode nunca ser capaz de estudar russo - eles podem achar que é incrivelmente difícil de aprender.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

A CARTA III

A comunicação antes da escrita


O analfabetismo é classificado em vários tipos e depois de alfabetizado no nível mais básico que é ler e escrever as palavras, em seguida vem o analfabeto funcional que sabe ler escrever, mas sem saber interpretar ou fazer uma análise da leitura.

Com o passar do tempo é comum os idiomas se atualizarem criando novas palavras e até mesmo alterando regras para que facilite a escrita e o aprendizado da mesma, mas ultimamente o nosso gloriosos Idioma Português vem sofrendo muitas alterações e de maneira rápida. Claro que essas alterações nem sempre são absorvidas pela população e muito menos traz facilidade, como é disseminada por nossa gloriosa imprensa e repetida pelos exércitos de teleguiados.

terça-feira, 23 de julho de 2019

A CARTA II

As novas regras ortográficas

Quando da época que eu era solicitado para escrever as famosas cartas, não existia tantas pessoas que sabiam ler e escrever, mas hoje o número de pessoas, sabendo ler escrever, aumentou bastante e é pequeno o número de pessoas Analfabetas Totais.

É muito menor o número de Analfabetos Totais (lembrar que existem os chamados Analfabetos Funcionais), mas em decorrência do grande número de pessoas que sabem ler e escrever, aumentou o grande número de corretores ortográficos. É fácil encontrar as pessoas que eu chamo de Corretores Ortográficos, que basta ver alguma coisa, que eles consideram errado nas regras gramaticais, já saem em voz alta e se vangloriando de tal feito. Essas pessoas quando indagadas por que a palavra está escrita errada, não sabem explicar porque a palavra está escrita errada, mas sabem que está escrita errada, ou seja, decoram as regras como se fossem robotizadas e ficam mais parecendo os corretores ortográficos digitais embutidos nos programas de edição de textos.

terça-feira, 16 de julho de 2019

A CARTA !

O importante é comunicar


Quando era garoto, uma das coisas usadas para saber se o aluno estava sabendo ler e escrever era mandar ele escrever cartas e isso quando ainda estava estudando a chamada quarta série do primário. Lembro que era o orgulho dos pais terem filhos onde já sabiam escrever cartas !

Nesta época existiam o Ensino Primário e o Ginasial e para entrar na modalidade de Ensino Ginasial era obrigatório se fazer um Concurso de Admissão, que era uma espécie de vestibular.

Depois de ser aprovado neste tal de Concurso de Admissão, eu estudei o Ensino Ginasial e depois cursei o Ensino Médio. Neste período foi extinto o Concurso de Admissão, mas para entrar na universidade era necessário se fazer o Concurso Vestibular e na segunda tentativa consegui passar no vestibular.

domingo, 24 de março de 2019

Tinindo !

Certas palavras com o tempo vai perdendo o significado pelo esquecimento, mas existem alguns sinais que duram no tempo. Uma dessas palavras que se perderam no tempo é justamente a palavra tinindo (em algumas localidades as pessoas pronunciavam tinino) e que tem também o sinal que significa, mas a palavra foi sendo esquecida e o sinal ainda é muito utilizado, porém, a grande maioria das pessoas utilizam o sinal sem conhecer o termo.

Quem ouve alguém falando a palavra tinindo estranha, mas existem algumas palavras antigas que sobreviveram no tempo e uma delas é o nosso famoso oxente. Só que a palavra oxente significa admiração e se usa quando a pessoas fica surpresa com alguma coisa ou ação, mas não existe um sinal que demonstre o mesmo significado. Existe algumas localidades que em vez de usar o oxente se usa o vije Maria e às vezes usa-se somente o vije !

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Cinco famílias controlam 50% dos principais veículos de mídia do país, indica relatório

Relatório destaca concentração econômica na mídia brasileira
Cinco famílias controlam metade dos 50 veículos de comunicação com maior audiência no Brasil. A conclusão é da pesquisa Monitoramento da Propriedade da Mídia (Media Ownership Monitor ou MOM), financiada pelo governo da Alemanha e realizada em conjunto pela ONG brasileira Intervozes e a Repórteres Sem Fronteiras(RSF), baseada na França. 

A pesquisa MOM sobre o Brasil é a 11ª versão do levantamento, realizado anteriormente em dez outros países em desenvolvimento: Camboja, Colômbia, Filipinas, Mongólia, Gana, Peru, Sérvia, Tunísia, Turquia e Ucrânia. Trata-se de um projeto global do Ministério de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha que tem como objetivo promover transparência e pluralidade na mídia ao redor do mundo. 

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

A censura a serviço do adestramento social


Por Renata Mielli, no site Mídia Ninja:

A restrição das manifestações culturais, das ideias, opiniões e informações que circulam na sociedade pode se dar de várias formas: pela concentração dos meios de comunicação na mão de grupos que compartilham dos mesmos valores e interesses, pelo ocultamento das divergências, das lutas e expressões culturais, pelo uso da violência para impedir a livre manifestação do pensamento, pela censura jornalística e cultural, pela perseguição ideológica.

Todos estes elementos estão presentes na sociedade moderna, em alguns momentos de forma mais latente, em outros de forma mais explícita, a depender do contexto político de cada período histórico.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Consumidores mirins e a infância perdida

Por Renata Mielli, no site Mídia Ninja:
É chover no molhado dizer que vivemos em um mundo que está assentado no consumo. Tudo o que fazemos, queiramos ou não, começa ou termina consumindo bens e serviços. Não somos mais pessoas, somos consumidores.

E nesta sociedade do consumo os meios de comunicação de massa (televisão, rádio, jornais, revistas e inclusive a internet) são os grandes vendedores de produtos, serviços e mais: nos vendem um padrão de beleza e comportamento, nos vendem modos de pensar.

Para consumir é preciso de dinheiro, e para ter dinheiro, temos que trabalhar. E o que acontece com as crianças???? Bom, elas deveriam estar na escola. Mas no Brasil praticamente não há escolas públicas em tempo integral, não há uma rede pública de cuidado e as crianças são criadas pela televisão (e agora cada vez mais pela internet).

sábado, 16 de setembro de 2017

Quem ‘governa’ a Internet? Já pensou nisso?


Por Renata Mielli, no site Mídia Ninja:

A verdade é que a gente usa a internet e não pensa muito nessas coisas.

Queremos que ela seja cada vez mais ágil, que tenha mais funcionalidades, mas não discutimos nem acompanhamos o debate sobre os seus rumos, sobre as decisões que as pessoas que pensam nisso 24 horas por dia tomam. E eu posso afirmar, uma grande parte das pessoas que pensam nisso e tem poder político e econômico para decidir os rumos da internet não toma as decisões pensando no interesse público.

domingo, 30 de julho de 2017

A RUA E A REDE



José Dirceu, em recente entrevista para um site argentino, comentou que as ruas são mais importantes que a "rede".

Não sei se poderíamos concordar com essa afirmação.

A Rede não só é a nova rua, em certo sentido, como ela antecipa o que vai ocorrer nas ruas.

Onde nasceram os "coxinhas"?

Na Rede.

E depois tomaram as ruas.

Onde nasceram os movimentos fascistas, como o MBL e o Vem pra Rua?

terça-feira, 25 de abril de 2017

COMO SE FOSSE UM CRIME - MÍDIA AFIRMA QUE PETROBRAS BENEFICIOU A BRASKEM, MAS NÃO CONTA QUE A BRASKEM PERTENCE À PRÓPRIA PETROLEO BRASILEIRO SOCIEDADE ANÔNIMA.



A última de certos meios de comunicação é acusar Lula de ter beneficiado a Odebrecht, via Braskem, em detrimento da Petrobras, como se a Petrobras fosse uma empresa e a Braskem outra, totalmente separadas, diferentes e concorrentes.

Tudo lindo, maravilhoso, se a Petrobras não fosse - coisa que não foi divulgada com o mesmo estardalhaço - uma dos maiores donos da Braskem, na qual é sócia da própria Odebrecht.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

ASSASSINANDO A LINGUA PORTUGUESA


Por Antônio Carlos Vieira

Adesivo utilizado nas eleições presidenciais do Brasil
          O Ministério da Educação lançou um Livro Didático “Por uma vida melhor”, para 465 mil estudantes jovens e adultos e vem causando a maior polêmica. O problema é que o livro defende uma suposta supremacia da língua oral sobre a língua escrita e admitindo a troca de conceitos “certo e errado” por “adequado e inadequado”.

          Este procedimento está causando a maior polêmica aos que defendem a norma culta e erudita. Só que esta polêmica me chamou a atenção um fato interessante, a Língua Portuguesa vem sendo adulterada e achicalhada já faz um bom tempo. Basta vermos a imensa quantidade de palavras inglesas que estão sendo utilizadas no nosso dia a dia (já faz um muito tempo) nos livros escritos, nos telejornais e até mesmo na internet. A grande maioria destes termos existi equivalente no vocabulário Português e não vi ninguém se manifestar em defesa do Português escrito de forma culta e erudita. Em algumas ocasiões, no mesmo assunto, se usa palavras em Português e no mesmo instante se utiliza a palavra em inglês significando a mesma coisa, veja vídeo, com um trecho do Jornal Nacional da Rede Globo noticiando sobre as Centrais de Atendimento ou “CALL CENTER” (se pronuncia coll center), logo abaixo :

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

A nossa imprensa, a serviço da barbárie


Comecei este blog há mais de oito anos porque, já naquela época, achava um absurdo que praticamente todos os jornais, todas as revistas, todas as emissoras de rádio e televisão, todos os meios de comunicação, enfim, se dedicavam à gloriosa tarefa de esculhambar o governo trabalhista, suas lideranças e o principal partido de esquerda do país, o PT.

Inconformado, resolvi exercer minha cidadania da melhor maneira que julguei possível, utilizando a internet, essa maravilha, para falar sobre tudo aquilo que, para mim, é importante.

Aprendi que esse exercício cotidiano vale a pena, pois nos fortalece como seres humanos conscientes, que buscam um mundo melhor, mais justo e igualitário.


Trabalhei mais de 40 anos em redações dos mais variados figurinos - minúsculas, pequenas, médias e grandes, do interior e da capital. 

Por mais medíocre que eu seja, deu, nesse tempo todo, para saber como funcionam as coisas no jornalismo pátrio.

Regra número 1: a liberdade de imprensa é um mito, só se publica o que o patrão deixa - e quer.

Regra número 2: os donos das empresas jornalísticas estão entre os piores patrões do universo, burlam descaradamente todas as leis que não lhes favorecem, tratam os jornalistas como lixo descartável - mesmo aqueles que, em determinado momento fazem, descaradamente, o jogo patronal.

Regra número 3: não existe jornalismo imparcial, todas as notícias passam por um filtro ideológico, e, portanto, não retratam o factual e não mostram a realidade.

Vamos ficar por aqui.

E voltar ao início desta croniqueta.

O massacre midiático contra qualquer um que não pense exatamente como a oligarquia nacional é tremendo, desumano até.

O que dizer, então, daqueles que cometeram o pecado de, além de não se sujeitarem às regras seculares da nossa plutocracia, resolveram que era hora de mudá-las?

Falem o que quiser do PT, mas se não fosse por ele, o Brasil ainda seria uma imensa fazenda dividida entre a casa grande e a senzala, completamente submissa ao "grande irmão do norte", implorando por algumas migalhas do butim que o capital recolhe diariamente em todo o planeta.

Muito do PT original se perdeu nesses anos todos. 

O poder corrompe, é o que dizem.

Talvez seja mesmo esta a hora de o partido fazer uma reflexão, pesar os seus acertos e seus erros, submeter-se a uma autocrítica, mudar o que deve ser mudado, limpar de seus quadros os oportunistas.

E talvez seja esta também uma boa hora para, em meio a esse processo, firmar a convicção de que, sem uma imprensa plural forte, a jovem democracia brasileira terá poucas chances de sobreviver.

Todos sabem que a nossa imprensa é inimiga do Brasil civilizado.

Que tal aqueles que temem a volta da barbárie se unirem para combater as suas ações deletérias?

Texto original: CRÔNICAS DO MOTA

segunda-feira, 13 de julho de 2015

O nosso vício na internet tem cura?


Publicado na BBC Brasil.

Quase todas as ruas em quase todas as grandes cidades do mundo estão lotadas de pessoas usando seus celulares, alheias à presença dos outros. É um comportamento que não existia poucas décadas atrás.

Acabamos nos acostumando ao fato de que compartilhar o mesmo espaço físico não significa mais compartilhar da mesma experiência. Onde quer que estejamos, levamos conosco opções muito mais interessantes do que o lugar e o momento que vivemos: amigos, familiares, notícias, imagens, modismos, trabalho e lazer cabem na palma da mão.

Mas como questiona o fotógrafo Josh Pulman, autor do ensaio Somewhere Else (em algum outro lugar, em tradução livre), cujas fotos são exibidas com esta reportagem: “Se duas pessoas estão andando juntas, cada uma prestando atenção a seu telefone, elas estão realmente juntas?”

Faz parte do ser humano ter uma profunda vontade de se conectar. Mas será que esse dom pode nos prejudicar em algum momento? É possível ficar “conectado em excesso”? E o que isso significa para nosso futuro?

A vida por um fio

Desde sua invenção, o telefone tem sido um motor de agitação social e um foco de ansiedade tecnológica. Imagine a cena através dos olhos do século 19, quando as primeiras estruturas de telefonia começaram a ser instaladas: quilômetros e quilômetros de fios pendurados nas laterais das ruas, perfurando todas as casas. As paredes estavam sendo violadas: o santo lar, ligado a uma nova espécie de interação humana.

“Em breve não seremos mais do que gelatinas transparentes”, lamentou um jornalista britânico em 1897, temendo a perda da privacidade.

Mas, enquanto os primeiros medos em relação ao telefone podem ter sido exagerados, eles também foram um tanto proféticos. Se no fim do século 19 e durante o século 20 nossa vontade foi de plugar todos os locais de trabalho e lazer em redes, o século 21 emerge com o desejo de uma interconexão de nossas mentes nessa trama.

E estamos começando a sentir os efeitos disso.

Assim como seu antepassado no século 19, o telefone celular nasceu como um símbolo de status para as pessoas afluentes e ocupadas. Com o tempo, o luxo se tornou universal. Passamos a entremear a disponibilidade constante no nosso conceito de espaço público e privado, na nossa linguagem corporal e na etiqueta cotidiana.

Ficar incontactável se tornou a exceção, algo fora deste mundo – mas também uma fonte inesgotável de ansiedades.

E, como a história se repete, a todo momento recebemos alertas sobre possíveis efeitos prejudiciais da comunicação móvel.

Um desses avisos veio com a notícia de que um homem de 31 anos foi recentemente internado para se tratar de um “distúrbio de vício em internet”, por causa de seu uso excessivo do smartphone.


Relação normal ou patológica?

Casos como esse levantam outras questões: com que frequência suas mãos se mexem involuntariamente com a intenção de pegar seu celular ou de alcançar o lugar onde você normalmente o deixa? Como você reage ao som de cada nova mensagem – ou à ausência dele?

Não são perguntas com respostas definitivas.

Traçar o limite entre hábito e patologia significa decidir o que queremos dizer com os termos “normal”, “saudável” e “aceitável”.

E se a tecnologia excede em algo, é justamente em mudar velhas normas rapidamente.

Passei anos tentando avaliar nosso relacionamento com a tecnologia e ainda me vejo sendo puxado em duas direções diferentes.

Por um lado, como disse o filósofo Julian Baggini, “o homem pode estar mudando, mas em muitos aspectos ele continua o mesmo”. Podemos ler romances da Grécia Antiga e compreender quando o autor fala de raiva, paixão, patriotismo e confiança, por exemplo.

Por outro lado, as tecnologias digitais significam que as relações com os outros e com o mundo foram estendidas e ampliadas para um nível nunca antes experimentados.

Como argumentam filósofos como Andy Clark e David J. Chalmers, a mente é uma colaboração entre o cérebro na cabeça e equipamentos como o telefone nas mãos. O “eu” é um sistema complexo que envolve as duas coisas.

É esse impacto exponencial de tecnologia da informação que representa o maior problema para tudo o que julgávamos ser normal, equilibrado, autoconhecido e auto-regulado.

Vivemos em uma era em que nossas patologias são aquelas do excesso.

Dando um tempo

Será que precisamos de uma desintoxicação? Bem, isso não necessariamente funciona, nem para a saúde física nem para a saúde mental.

O melhor é encarar os fatos e começar a aproveitar a intimidade de um relacionamento que só tende a ficar cada vez mais próximo: aquele entre os cérebros de cada indivíduo e as redes de automação que estão sendo tecidas entre eles.

Afinal, estamos despejando nossas horas e minutos não apenas em uma tela, mas sim na mais complexa e abrangente rede de mentes humanas que já existiu, cada uma mais capaz do que o computador mais rápido.

Se fico fascinado, impressionado, superenvolvido, distraído e deliciado com tanta frequência, é por que há outras pessoas lá fora peneirando e refratando esse mundo de informações de volta para mim.

Só conseguirei mudar isso se puder encontrar outras pessoas com quem posso formar novos hábitos e novos modelos de funcionar.



Replicado deste endereço:
DCM

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Obrigado, Cecília, que brevemente mostrou ao público a verdade

publicado em 16 de janeiro de 2015 às 18:21


por Luiz Carlos Azenha

Trabalhar ao vivo, na televisão, é sempre muito complicado. Os críticos de sofá não têm a mínima ideia do que o repórter já enfrentou antes de aparecer na telinha para dar as informações mais recentes.

Para complicar, quem está do lado de cá não imagina o que está sendo dito naquele fone no ouvido do repórter. “Acelera”, “corta”, “acabou”, “fala mais um pouco” — eu mesmo já ouvi de tudo enquanto tentava desenvolver um raciocínio ao vivo, com limite de tempo e “segurando” toda a emissora.

A experiência sempre ajuda. Tive a sorte de fazer 100 transmissões ao vivo de automobilismo, nos boxes, o que me deu certa capacidade de improvisação. Quando Fernandinho Beira-Mar foi preso na Colômbia, usando o celular fiz uma entrevista ao vivo com o promotor do caso, traduzindo simultaneamente, direto das escadarias da Fiscalia, em Bogotá.

Mas nunca cheguei perto de gente como o Arnaldo Duran, que veio da escola do rádio. Se você colocar o Duran para falar ao vivo sobre qualquer assunto, em qualquer lugar do planeta, ele toma conta da situação de maneira formidável. É capaz de apurar uma informação logo ali na sua frente, sem perder o fio da meada.

Duran na verdade integra um grupo de veteranos que resiste em todas as emissoras, Globo inclusive. Antes de ser o repórter que aparece na TV, o “famoso”, Duran expõe sua humanidade no vídeo, sem nunca se imaginar celebridade.

No campo das transmissões ao vivo, a Globo é refém de seu próprio formato. É tudo tão certinho, tão quadrado, que quando alguém destoa chama a atenção.

No meu tempo, nem mesmo as entradas ao vivo eram improvisadas. O texto era escrito de antemão e pré-aprovado. Se alguém imaginava que aquilo estava sendo dito “no calor dos acontecimentos”, estava enganado.

Hoje, talvez mais que nunca, a Globo é um império editorialmente verticalizado. Isso exige repórteres bem adestrados ou amarrados.

Assim, a emissora será sempre pega de surpresa quando seus profissionais forem forçados a improvisar, por conta de acontecimentos ao vivo, em situações que fujam ao controle dos chefes.

A repórter Cecília Malan foi criticada nas redes sociais por supostamente ter se assustado com tiros em Paris. Normal.

O que me surpreendeu é que, provavelmente sem querer, ela entregou um dos segredos dos correspondentes internacionais de hoje.

Foi quando disse que não tinha condições de contar as novidades por falta de internet.

Registro, antes de avançar, que minha carreira de correspondente internacional começou antes da era Google. Na Manchete, em Nova York, a gente furava as mensagens em fita antes de enviá-las por telex para a editora internacional Teresa Barros, no Rio de Janeiro. Nossas transmissões eram, de fato, via satélite. Dez minutos Nova York-Rio custavam 1.500 dólares.

Quando o correspondente viajava, às vezes contava com o apoio de uma agência internacional, como a Reuters. Mas, na maioria das vezes, tinha mesmo de dar duro: fazer entrevistas, apurar fatos, checar informações com as fontes originais.

Eu sempre preferi dar um tom pessoal às minhas reportagens para escapar da interferência de superiores hierárquicos que estavam muito mais distantes — e menos informados — do que eu sobre os acontecimentos.

Dei sorte. Em Moscou, em 1988, alijado por sorteio de uma entrevista coletiva que encerrava a cúpula Gorbatchev-Reagan, trombei por acaso com o líder soviético dentro do Kremlin. Saiu uma entrevista exclusiva, quando o objetivo original era apenas mostrar as lindíssimas igrejas então convertidas a museus no centro de poder da URSS.

Infelizmente para os correspondentes internacionais, esse tempo acabou.

Hoje eles se tornaram reféns de seus editores no Brasil.

Enquanto estes acompanham dezenas de fontes de informação em tempo real, os repórteres, quando muito, têm uma visão local do evento.

Em Paris, a repórter da Globo reclamava acesso à internet com razão: queria saber o que estava acontecendo longe de seu posto de observação.

É isso o que as emissoras esperam dos correspondentes: que eles ajudem a mascarar o fato de que a maior parte do que transmitem é produzido por terceiros.

São dados e imagens de segunda mão vendidos como de primeira.

Foi-se o tempo de correspondentes como o Reali Júnior, que morou tanto tempo em Paris que era reconhecido inclusive por autoridades locais e tinha fontes, muitas fontes, francesas.

Ao longo dos últimos anos os salários despencaram e ser promovido a correspondente passou a ser, acima de tudo, uma questão de status.

Boa parte do trabalho é feito com “pacotes” de imagens e informações comprados de agências internacionais.

Nos grandes eventos, com transmissões ao vivo, a presença física do correspondente não significa necessariamente que esta equação se altere.

Para as empresas, o correspondente de autonomia limitada, além de mais barato, é mais fácil de controlar editorialmente.

Os veteranos foram sacrificados no altar da redução de custos.

Jovens repórteres aceitam com mais facilidade ler o que outros escrevem. Uma boa presença no vídeo é o que mais conta.

O público, sem acesso aos bastidores, fica fascinado ao se ver representado no centro dos acontecimentos.

Muitas vezes é isso mesmo: uma grande representação.

Neste sentido, o “pecado” de Cecília Malan deveria servir de crédito: ainda que inadvertidamente e por um breve momento, ela abriu a cortina da ilusão.

Leia também:
Altamiro Borges: Papa Francisco desperta a ira dos direitistas

Texto original: VI O MUNDO

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O fim da televisão como a conhecemos

A TV virará apenas uma tela de conforto, simples extensão das grandes empresas americanas da web, que detêm cada vez mais informações sobre seus usuários.

Ignacio Ramonet*


A televisão continua mudando rapidamente. Essencialmente, pelas novas práticas de acesso aos conteúdos audiovisuais que observamos sobretudo entre as gerações jovens. Todos os estudos realizados sobre as novas práticas de uso da televisão nos EUA e na Europa indicam uma mudança acelerada. Os jovens telespectadores passam do consumo “linear” da TV para um consumo de programas gravados e “à la carte” em uma “segunda tela” (computador, tablet, smartphone). De receptores passivos, os cidadãos estão passando a ser, mediante o uso massivo das redes sociais, “produtores-difusores”, ou produtores-consumidores (prosumers).

Nos primeiros anos da televisão, o comportamento tradicional do telespectador era olhar os programas diretamente na tela de seu televisor da sala, mantendo-se frequentemente fiel a um mesmo (e quase único) canal. Com o tempo, tudo isso mudou. E chegou a era digital. Na televisão analógica, já não cabiam mais canais e não existia a possibilidade física para acrescentar novos, pois um bloco de frequência de seis mega-hertz equivale a um só sinal, um só canal. Mas, com a digitalização, o espectro radioelétrico se fraciona e se otimiza. A cada frequência de 6 MHz, em vez de um só canal, podem-se transmitir até seis ou oito canais, e dessa forma se multiplica a quantidade de canais. Onde antes havia sete, oito ou dez canais agora existem cinquenta, sessenta, setenta ou centenas de canais digitais...

Essa explosão do número de canais disponíveis, particularmente por cabo e satélite, tornou obsoleta a fidelidade do telespectador a um canal de preferência e suprimiu a linearidade. Como consequência, abandonou-se a fórmula do menu único para consumir pratos à la carte, simplesmente zapeando com o controle remoto entre a multiplicidade de canais.

A invenção da web – há 25 anos – favoreceu o desenvolvimento da internet e o surgimento do que chamamos de “sociedade conectada” mediante todo tipo de links, desde o correio eletrônico até as diferentes redes sociais (Facebook, Twitter, etc.) e mensagens de texto e imagem (WhatsApp, Instagram etc.). A multiplicação das novas telas, agora nômades (computadores portáteis, tablets, smartphones) mudou totalmente as regras do jogo.

A televisão está deixando de ser progressivamente uma ferramenta de massas para se transformar em um meio de comunicação consumido individualmente através de diversas plataformas, de forma posterior e personalizada.

Essa forma de ver programas gravados se alimenta em particular dos sites de replay dos próprios canais de televisão, que permitem, via internet, um acesso não linear aos programas. Estamos presenciando o surgimento de um público que conhece os programas e as emissões, mas não conhece obrigatoriamente a grade de programação e nem sequer o canal de difusão ao qual esses programas originalmente pertencem.

A essa oferta, já muito abundante, se somam agora os canais online da Galáxia da Internet. Por exemplo, as dezenas de canais difundidos pelo YouTube, ou os sites de vídeos alugados sob demanda. Até o ponto de já não sabermos sequer o que significa a palavra “televisão”. Reed Hastings, diretor da Netflix, o gigante norte-americano de vídeos online (com mais de 50 milhões de assinantes), declarou recentemente que “a televisão linear terá desaparecido em vinte anos porque todos os programas estarão disponíveis na internet”. É possível, mas não é certo.

Os próprios televisores também estão desaparecendo. Nos aviões da companhia aérea American Airlines, por exemplo, os passageiros da classe executiva já não dispõem de telas de televisão, nem individuais nem coletivas. Agora, cada passageiro recebe um tablet para que ele mesmo faça seu próprio programa e se instale com o dispositivo da forma como achar melhor (encostado, por exemplo). Na Norvegian Air Shuttle, se vai ainda mais longe. Não existem telas de televisão no avião, nem tampouco entregam tablets, mas o avião tem internet wifi e a empresa parte do princípio que cada passageiro leva uma tela (um computador portátil, ou tablet, ou smartphone) e que basta com que se conecte ao site da Norvegian para ver filmes, séries, programas de TV ou ler jornais (que já não são mais partilhados...).

Jeffrey Cole, professor norte-americano da UCLA, especialista em internet e redes sociais, confirma que a televisão será vista cada vez mais pela Rede. “Na sociedade conectada, a televisão sobreviverá, mas diminuirá seu protagonismo social, ao passo que as indústrias cinematográfica e musical poderiam se desvanecer”, diz.

No entanto, Jeffrey Cole é muito mais otimista do que o diretor da Netflix pois afirma que, nos próximos anos, a média de tempo dedicada à televisão passará de entre 16 a 18 horas semanais atualmente para até 60 horas, dado que a televisão, segundo Cole, “vai saindo das casas” e poderá ser vista “a todo momento” graças a qualquer dispositivo com tela, apenas se conectando à internet ou mediante a nova telefonia 5G.

Também é preciso contar com a competência das redes sociais. Segundo o último relatório do Facebook, quase 30% dos adultos norte-americanos se informam por meio do Facebook e 20% do tráfego das notícias provêm dessa rede social. Mark Zuckerberg afirmou há alguns dias que o futuro do Facebook será em vídeo: “Há cinco anos, a maior parte do conteúdo do Facebook era texto. Agora, evolui para o vídeo porque é cada vez mais fácil gravar e compartilhar”.

Por sua vez, o Twitter também está mudando de estratégia: está passando do texto ao vídeo. Em um recente encontro com os analistas de Wall Street, Dick Costolo, conselheiro do Twitter, revelou os planos do futuro próximo dessa rede social: “2015 será o ano do vídeo no Twitter”. Para os usuários mais antigos, isso tem o sabor de traição. Mas, segundo Costolo, o texto, sua essência, os célebres 140 caracteres iniciais, está perdendo importância. E o Twitter quer ser o ganhador na guerra do vídeo dos telefones portáteis.

Segundo os planos da direção do Twitter, podem-se subir vídeos do smartphone para a rede social a partir de agora, início de 2015. Passará dos escassos seis segundos atuais (possibilitados pelo aplicativo Vine) até acrescentar um vídeo tão logo quanto possível diretamente na mensagem.

O Google também quer agora difundir conteúdos visuais destinados a sua gigantesca clientela de mais de 1,3 bilhões de usuários que consomem cerca de seis bilhões de horas de vídeo por mês... Por isso, comprou o YouTube. Com mais de 130 milhões de visitantes únicos por mês nos Estados Unidos, o YouTube tem uma audiência superior à do Yahoo!. Nos EUA, os 25 principais canais online do YouTube têm mais de um milhão de visitantes únicos por semana. O YouTube capta mais jovens entre 18 e 34 anos do que qualquer outro canal norte-americano de televisão a cabo.

A aposta do Google é que o vídeo na internet vai pouco a pouco acabar com a televisão. John Farrell, diretor do YouTube na América do Sul, prevê que 75% dos conteúdos audiovisuais serão consumidos via internet em 2020.

No Canadá, por exemplo, o vídeo na internet já está a ponto de substituir a televisão como meio de consumo massivo. Segundo um estudo do instituto de pesquisa Ipsos Reid and M Consulting, “80% dos canadenses reconhecem que, cada vez mais, veem mais vídeos online na rede”, o que significa que, com tal massa crítica (80%!), aproxima-se o momento em que os canadenses verão mais vídeos e programas online do que na televisão.

Todas essas mudanças são percebidas claramente não apenas nos países ricos e desenvolvidos. Também são vistas na América Latina. Por exemplo, os resultados de um estudo realizado pela pesquisadora mexicana Ana Cristina Covarrubias (diretora da empresa Pulso Mercadológico) confirmam que a rede e o ciberespaço estão mudando aceleradamente os modelos de uso dos meios de comunicação no México – em particular, da televisão. A pesquisa trata exclusivamente dos habitantes do Distrito Federal do México e abrange grupos precisos da população: 1) jovens de 15 a 19 anos; 2) a geração anterior, pais de família entre 35 e 55 anos de idade com filhos de 15 a 19 anos. Os resultados revelam as seguintes tendências: 1) tanto no grupo dos jovens como na geração anterior, as novas tecnologias penetraram em grandes proporções: 77% possuem telefone móvel, 74% possuem computador e 21%, tablet, e 80% têm acesso à internet. 2) O uso da televisão aberta e gratuita está caindo e se situa apenas em 69%, ao passo que o da televisão paga está subindo e já alcança os 50%. 3) Por outro lado, aproximadamente a metade dos jovens que assistem televisão (29%) usam o televisor como tela para ver filmes que não estão na programação de TV: assistem DVD/Blu-ray ou Internet/Netflix. 4) O tempo de uso diário do telefone móvel é o mais alto de todos os aparelhos digitais de comunicação. O celular registra 3 horas e 45 minutos. O computador tem um tempo de uso diário de 2 horas e 16 minutos, e o tablet de 1 hora e 25 minutos; e a televisão de apenas 2 horas e 17 minutos. 5) O tempo de visita a redes sociais é de 138 minutos diários para Facebook e 137 para WhatsApp; para a televisão, é de apenas 133 minutos. Se somarmos todos os tempos de visitas a redes sociais, o tempo de exposição diária à internet é de 480 minutos, o equivalente a 8 horas diárias, ao passo que o da televisão é de apenas 133 minutos, equivalentes a 2 horas e 13 minutos. A tendência indica claramente que o tempo dedicado à televisão foi rebaixado amplamente pelo tempo dedicado às redes sociais.

A era digital e a sociedade conectada já são, portanto, realidades para vários grupos sociais na Cidade do México. E uma de suas principais consequências é o declínio da atração pela televisão, especialmente a de sinal aberto, como resultados do acesso aos novos formatos de comunicação e aos conteúdos oferecidos pelos meios digitais. O grande monopólio do entretenimento que era a televisão aberta está deixando de sê-lo para ceder espaço aos meios digitais. Quando antes um cantor popular poderia ser visto por vários milhões de telespectadores (cerca de 20 milhões na Espanha) em um programa de sábado à noite, por exemplo, agora esse mesmo cantor precisa passar por 20 canais diferentes para ser visto por cerca de 1 milhão de telespectadores.

De agora em diante, o televisor estará cada vez mais conectado à internet (é o caso da França, para 47% dos jovens entre 15 e 24 anos). O televisor se reduz a uma mera tela grande de conforto, simples extensão da web que procura os programas no ciberespaço e na Cloud (“Nuvem”). Os únicos momentos massivos de audiência ao vivo, de “sincronização social” que continuam reunindo milhões de telespectadores, serão então os noticiários em caso de atualidade nacional ou internacional de caráter espetacular (eleições, catástrofes, atentados etc.), os grandes eventos esportivos ou as finais de jogos do tipo reality show.

Tudo isso não é apenas uma mudança tecnológica. Não é só uma técnica, a digital, que substitui a outra, a analógica, ou a internet que substitui a televisão. Isso tem implicações de muitas ordens. Algumas positivas: as redes sociais, por exemplo, favorecem o intercâmbio rápido de informação, ajudam a organização dos movimentos sociais, permitem a verificação da informação, como é o caso do WikiLeaks... não restam dúvidas de que os aspectos positivos são numerosos e importantes.

Mas também é preciso considerar que o fato de a internet estar tomando o poder nas comunicações de massas significa que as grandes empresas da Galáxia da Internet – ou seja, Google, Facebook, Facebook, YouTube, Twitter, Yahoo!, Apple, Amazon etc.–, todas elas norte-americanas (o que já constitui um problema em si mesmo...), estão dominando a informação planetária. Marshall McLuhan dizia que “o meio é a mensagem”, e a questão que se coloca agora é: qual é o meio? Quando vejo um programa de TV na web, qual é o meio? A televisão ou a internet? E, em função disso, qual é a mensagem?

Sobretudo, conforme revelou Edward Snowden e como afirma Julian Assange em seu novo livro “Quando Google encontrou o WikiLeaks”, todas essas megaempresas acumulam informações sobre cada um de nós a cada vez que utilizamos a rede. Informações que são comercializadas, vendidas a outras empresas. Ou também cedidas às agências de inteligência dos EUA, em particular a Agência Nacional de Segurança, a temida NSA. Não nos esqueçamos de que uma sociedade conectada é uma sociedade vigiada, e uma sociedade vigiada é uma sociedade controlada.

*jornalista espanhol. Presidente do Conselho de Administração e diretor de redação do “Le Monde Diplomatique” em espanhol. Editorial Nº: 231. Janeiro de 2015.

Tradução de Daniella Cambauva

Créditos da foto: lollopins / Flickr

Texto original: CARTA MAIOR

quinta-feira, 17 de julho de 2014

OS EUA E HITLER


(Hoje em Dia) - Um dos aspectos mais fascinantes da história, é que, por mais que se tente escondê-la, matá-la, enterrá-la, ela acaba, como um cadáver recém exumado que reabrisse as pálpebras para olhar quem o contempla, revelando, implacável e profundamente, seus segredos.

Um dos capítulos menos conhecidos, ao menos para o grande público, da história da primeira metade do Século XX, é o envolvimento de importantes nomes da elite e de grandes empresas norte-americanas com o hitlerismo, e com os crimes nazistas, incluindo a destruição e o genocídio de milhões de homens, mulheres e crianças, classificados pelos alemães como “sub-humanos” e “não-arianos”.

Segundo documentos descobertos em 2004, o avô do Presidente Geoge W. Bush, o senador - e banqueiro - Prescott Bush (1895-1972), não apenas colaborou com colaboradores do regime nazista, antes e depois da chegada de Hitler ao poder - até o ano de 1942, quando os ativos da companhia que dirigia foram tomados pelo governo norte-americano, com base em lei que proibia negociar com o inimigo - mas também que suas ligações com o magnata alemão Franz Thyssen, a quem representava nos EUA, foram fundamentais para a ascensão política e a consolidação da fortuna de sua família.

As ligações de Prescott Bush com Thyssen, e, por extensão, com o regime nazista, teriam, possivelmente, permanecido ocultas, se os Bush não tivessem sido processados em milhões de dólares, mais tarde, por danos morais e físicos, por dois ex-trabalhadores escravos do campo de extermínio de Auchwitz, que em seu cativeiro trabalharam para empresas alemãs, de alguma forma ligadas ao avô do ex-presidente dos EUA.

São conhecidas as ligações de Henry Ford, fundador da Ford Motor Company, com o antisemitismo, a ponto do inventor do Ford T ter sido condecorado por Hitler.

Mas talvez uma das histórias mais impressionantes do envolvimento de grandes ícones norte-americanos com o nazismo, seja a da IBM, a emblemática International Business Machines, que esteve ligada à Alemanha desde o início.

A IBM foi fundada por um filho de alemães, Hermann Holerith, que, trabalhando para o American Census Bureau, o escritório de estatisticas dos Estados Unidos, desenvolveu um sistema de cartões perfurados e de classificadoras mecânicas para o recenseamento populacional norte-americano, no final do século XIX.

Nascida com o nome de Tabulating Machine Company, a IBM foi fundamental para a contagem, identificação e classificação, com base em características familiares e “raciais” da população alemã e da Europa ocupada pelos nazistas.

Para isso, ela desenvolveu, sob medida, um sistema que permitiu separar e matar, rapidamente cerca de 9 milhões de vítimas, não apenas judias, mas ciganas, homossexuais, Testemunhas de Jeová, comunistas, socialistas, etc e etc. Todas identificadas, da prisão à morte, por um número tatuado no antebraço, e por um cartão perfurado com as informações relativas a cada prisioneiro.

A história, de Hermann Hollerith a Thomas J. Watson, o homem que levantou, de fato, a IBM, e a transformou em uma das mais poderosas empresas do século XX, pode ser lida, em português, no livro “A IBM e o Holocausto”, de Edwin Black, da Editora Campus. 

Texto original: Mauro Santayana

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Sobre a censura em Sergipe

Imprensa livre e democracia são ameaças às elites

Paulo Victor Melo
Quando o vice-presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe, desembargador Edson Ulisses, processou cível e criminalmente o jornalista Cristian Góes – por este ter escrito um texto puramente ficcional, sem qualquer referência a nomes, tempo e espaço – muitos, inclusive o autor desta coluna, alertaram que se abria naquele momento um precedente para a instalação do cerceamento à liberdade de expressão e opinião de outros jornalistas dessas terras.

Fatos recentes mostram que, infelizmente, estávamos certos.

No final da semana passada, o jornalista Ivan Valença recebeu da Justiça Eleitoral uma condenação por publicar, em sua coluna semanal num jornal sergipano, uma pesquisa que trazia dados que não agradavam a alguns agrupamentos políticos do estado. A condenação de Ivan Valença foi fruto de uma ação do Partido Trabalhista Nacional (PTN), uma das dezenas de legendas de aluguel que, em Sergipe, estão sob a tutela da família Amorim e compõem o PDI – Partido Dois Irmãos, nome criado, inclusive, pelo próprio Ivan Valença.

O mesmo PTN – ressalto, comandado pela família Amorim –, no final do mês de maio, entrou com uma ação na Justiça Eleitoral proibindo que o Secretário Adjunto de Comunicação do Governo do Estado, Sales Neto, divulgasse a agenda de atividades do Governador Jackson Barreto. O argumento do PTN, acatado pela Justiça, é de que Sales Neto, ao informar onde e quando o Governador iria diariamente, fazia propaganda eleitoral antecipada.

Não me alongarei muito neste caso em específico, mas enquanto Sales Neto é proibido de falar sobre a agenda do Governador (agenda essa que, concordemos ou não com as ações do Executivo estadual, interessam ao conjunto da população e, portanto, devem ser publicizadas), um parlamentar da Assembleia Legislativa de Sergipe se utiliza de uma concessão pública de rádio para, em seu programa matinal, em pleno ano eleitoral, gritar aos quatros ventos que é “o resolvedor de problemas”. Para esse, o Judiciário simplesmente fecha os olhos.

Mas o cerceamento à liberdade de expressão e de exercício profissional de jornalistas em Sergipe não está apenas na esfera judicial. Também, infelizmente.

Esta semana, enquanto exerciam a sua profissão, membros da equipe do portal Infonet foram abordados de forma violenta e ameaçados de morte por um policial civil no interior do estado. Equipamentos de trabalho, como celulares e máquina fotográfica, foram tomados a força e quebrados pelo policial, que, ao que tudo indica, se sentiu incomodado com a cobertura séria e responsável que a Infonet tem feito sobre Ítalo Bruno Araújo (enteado do Secretário de Segurança Pública de Sergipe, João Eloy), preso em flagrante (e solto imediatamente) com armas de uso exclusivo da Polícia.

Ainda que tenham motivações e características diferentes, todos esses casos põem em risco não apenas o exercício profissional de jornalistas e demais trabalhadores da comunicação, mas colocam em xeque a própria democracia. E essa é a grande questão: setores das elites econômicas e políticas de Sergipe se sentem ameaçados com uma imprensa livre porque se sentem ameaçados pela própria democracia. Para esses, devem reinar o autoritarismo e a censura.

Paulo Victor Melo Jornalista, mestrando em Comunicação e Sociedade na Universidade Federal de Sergipe. Tem experiência com jornalismo sindical, mídias públicas e políticas públicas de comunicação. Coordenador do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.

Texto original : INFONET