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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Os alimentos que compramos!

Cada vez mais se critica a alimentação nossa de cada dia. Não é pra menos, somos o maior consumidor de agrotóxicos do planeta (cinco litros para cada habitante do Brasil), os produtos que antes eram perecíveis são conservados com produtos químicos (será que nos fazem bem?) e será que o peso, data de vencimento e conteúdo estão corretos?

Além da qualidade dos produtos alimentícios, vindos do campos, que faz tempo deixa muito a desejar pela quantidade de agrotóxicos utilizados e já existem estudos comprovando as complicações decorrentes do uso excessivo, faz tempo que existem críticas a respeito o que se faz e o que se usa na conservação de tais produtos. Qual a reação destes produtos químicos no organismo humano? Existem pesquisas comprovando que muitos desses produtos provocam câncer e isso sem falar daqueles produtos que ainda não foram comprovados as complicações pelo uso e absorção!!!

Muitos dos produtos agrotóxicos e produtos utilizados na nossa alimentação são proibidos nos chamados países do primeiro mundo e estranhamente liberados para uso na agricultura e beneficiamento dos alimentos aqui no Brasil!!!

Além dos problemas já citados, temos de nos procurar com alguns itens na hora da compra:

O peso
É comum se questionar o peso dos produtos alimentícios vendidos nos supermercados, feiras e mercearias. Como a fiscalização frouxa é comum encontrarmos produtos com peso abaixo do ofertado. E mesmo com as denuncias é comum encontrarmos produtos com peso adulterado nas feiras, mercearias e até nos supermercados.

Data de vencimento
Mesmo com o uso excessivo de conservantes existem limites e prazos para os produtos serem consumidos. Mas é comum encontramos produtos com datas vencidas na prateleiras de supermercados e mercearias. Em alguns casos os produtos nas prateleiras chegam a ficarem podres.

Existem órgãos responsáveis pelo controle do peso e data de vencimentos dos produtos, só que eles geralmente aparecem depois de várias denuncias e como existe uma demora entre a denuncia e a apuração, os consumidores acabam sendo lesados justamente neste intervalo.

Para piorar a situação, o controle só é feito nos produtos colocados nas prateleiras e não existe nenhum controle do que se faz com os produtos vencidos retirados dessas prateleiras. Existem muitas denuncias que alguns produtos, tipo feijão e arros, são retirados das prateleiras e levados para recolocação com novas datas de vencimentos!!! Existem alguns supermercados que colocam nova data de vencimento na presença dos próprios consumidores!!!

O conteúdo do produto
Quando você está comprando algum produto alimentício tem certeza do peso e também que o produto que está sendo comprando é 100% do que realmente você pensa que é?

Quanto a questão do peso existem denuncias e mais denuncias e de vez em quando aparecem os agentes responsáveis para reprimir os abusos. Claro que a eficiência não é tal grande, mas inibe um pouco a ação deste método.

E em relação aos produto nas embalagens oferecidas, você tem certeza do que está levando? Vamos ver algumas exemplos de como esse item é burlado pelas empresas vendedoras de alimentos:

Produtos derivados do leite
Nos supermercados a manteiga já vem pesada, embalada e nas feiras geralmente é pesada na hora. Você saberia se as beneficiadoras de alimentos (é assim que se chama as empresas de alimentos) colocassem um pouco de sal ou trigo na manteiga que você está comprando? Veja, um latão de manteiga tem 20 Kg, se a beneficiadora pegar um desses latões e misturar um quilo de sal, você perceberia? É claro que os compradores desses 21 Kg de manteiga (não se esqueça que foi adicionado um quilo de sal) estaria pagando um quilo de sal como se fosse manteiga!

E a venda de manteiga Diet? Você sabe como se consegue deixar a manteiga diet? Lembrar que a manteiga é 100% gordura tirada do leite ou pelo menos deveria ser!. A única maneira de deixar a manteiga com menos gordura é misturar algum produto na mesma que não seja gordura. Na propaganda vem escrito: produto com 10% a menos de gordura. Já parou pra pensar que esses 10% é outro produto, como por exemplo: trigo ou algum farinácio. Você estaria comprado 90% de manteiga, com mais 10% de trigo, como se fosse um único produto. Estaria pagando trigo como se fosse manteiga (o trigo é muito mais barato) e o mais interessante é que a manteiga Diet é vendida mais cara por ser Diet!!!!

O queijo nosso de cada dia
O queijo, igualmente a manteiga, é um subproduto do leite e consequentemente pode-se usar os mesmos artifícios usados para a manteiga e se conseguir vender trigo ou sal pelo preço do produto original ao qual foram adicionados!

Até o próprio leite
As vezes é adulterado com produtos químicos para ficarem mais branco, mais consistente e terem o tempo de validade, do produto, prolongado!!! Claro, a substância adicionada é mais barata que o próprio leite e geralmente não é um produto apropriado para o consumo humano. Não faz muito tempo que denúncias foram feitas pela grande impressa neste sentido.

O Café torrado
Você já percebeu que algumas marcas de café são bem mais amarga que outras? O que torna o café mais amargo que outros? É um outro tipo de café que você não está acostumado a consumir ou tem algum outro produto misturado?

Me lembro, quando criança, costumava ir nessas casa de vender café, junto com o meu pai. Claro, geralmente íamos fazer uma refeição. Mas, como criança costuma entrar em tudo que é lugar, certa vez entrei em uma dessas casas de torrar café e vi vários sacos de café e um de milho! Como era criança, nem liguei o fato de ter um saco de milho dentro de um depósito onde se torra café. Foi que uma certa vez meu pai tomando o café, em umas dessa casas, ele questionou: o café parece ter milho torrado misturado? Está com gosto esquisito! Foi que liguei o fato de ter um saco de milho dentro do depósito de uma dessas casas!

Alimentos em grãos
Alguns alimentos vendidos em grãos vem com misturas estranhas ou provenientes do próprio produto (bagaço é um deles) que aumentam o peso, o volume do produto e consequentemente estão sendo vendidos como parte do produto. Como exemplo, podemos citar os mais vendidos: feijão, arroz e milho.

A quantidade de bagaço, grãos deformados, pequenos insetos e até mesmo algumas pedras influenciam no peso e volume do produto. Mas o inconveniente não fica só por conta do pagamento, tem também o fato que esses produtos exigem que se faça uma separação, dos grãos, antes de serem consumidos. As vezes algumas dessas pedras passam despercebidas, por ocasião da separação, e acabam parando no seu almoço, o risco de se morder uma dessas pedras e perder um dente é eminente. Se esse produtos forem cozinhados sem a devida separação o risco, de um acidente, tornam-se bem maior!

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS)


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sábado, 2 de fevereiro de 2013

A MONSANTO, ALÉM DA JUSTIÇA.

(JB) - Agricultores brasileiros estão em litígio contra a Monsanto, que lhes cobrou royalties pelo uso de uma tecnologia cuja patente expirou em 2010, de acordo com a legislação brasileira. As leis nacionais estabelecem que o início da vigência de uma patente é a data de seu primeiro registro. A Monsanto invoca a legislação norte-americana, pela qual a patente passa a vigorar a partir de seu último registro. Como sempre há maquiagem dos processos tecnológicos, a patente não expira jamais.

Os lobistas da Monsanto não tiveram dificuldades em negociar acordo vantajoso, para a empresa, com os senhores do grande agronegócio, reunidos em várias federações estaduais de agropecuária, e com a poderosa Confederação Nacional da Agricultura, comandada pela senadora Kátia Abreu. Pelo cambalacho, a Monsanto suspenderia a cobrança dos royalties até 2014, e os demandantes desistiriam dos processos judiciais.

"Uma das maldições do homem é a tentativa de criar uma natureza protética"

Uma das maldições do homem é a tentativa de criar uma natureza protética, substituindo o mundo natural por outro que, sendo por ele criado, poderá, na insolência da razão técnica, ser mais perfeito. Essa busca, iniciada ainda na antiguidade, continuou com os alquimistas, e se intensificou com as descobertas da química, a partir do século 18. O conluio entre a ciência, mediante a tecnologia e o sistema capitalista que engendrou a Revolução Industrial, amparada pelo laissez-faire, exacerbou esse movimento, que hoje ameaça a vida no planeta.

A Alemanha se tornaria, no século 19, o centro mais importante das pesquisas e da produção industrial de novos elementos a fim de substituir a matéria natural, construída nos milênios de vida no planeta, por outra, criada com vantagens para o sistema de produção industrial moderno.

Não há exemplo mais evidente desse movimento suicida do que a Monsanto. A empresa foi fundada em 1901 a fim de produzir sacarina, o primeiro adoçante sintético então só fabricado na Alemanha. Da sacarina, a empresa foi ampliando seus negócios com outros produtos sintéticos, como a vanilina e corantes, muitos deles cancerígenos. Não deixa de ser emblemático que o primeiro grande cliente da Monsanto tenha sido exatamente a Coca-Cola. É uma coincidência que faz refletir.

Não é só a Monsanto que anda envenenando as terras e as águas com seus produtos químicos. Outras empresas gigantes da química com ela competem na produção de agrotóxicos mortais. Com o controle da engenharia genética aplicada aos vegetais de consumo humano e de consumo animal, no entanto, ela tem sido a principal responsável pelos danos irreparáveis à natureza e à saúde dos animais e dos seres humanos.

Vários países do mundo têm proibido a utilização das sementes transgênicas da Monsanto, entre eles a França, que interditou o uso das sementes alteradas. No Brasil, ela tem vencido tudo, com a conivência das autoridades responsáveis, ou irresponsáveis. A Comissão Técnica de Biossegurança e o Conselho Nacional de Biossegurança vêm dando sinal verde aos crimes cometidos pela Monsanto e outras congêneres no Brasil.

Essa devia ser uma preocupação prioritária do Parlamento, que só se movimenta com entusiasmo quando se trata das articulações internas para a eleição bianual de suas mesas diretoras.

TESTE REPLICADO DESTE ENDEREÇO:

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sábado, 3 de novembro de 2012

Paraíso dos agrotóxicos: o inferno é aqui mesmo!

Via CartaMaior

O Brasil obteve o pentacampeonato mundial no quesito utilização intensiva de agrotóxicos em território nacional. Pelo quinto ano consecutivo, de 2008 a 2012, nosso País esteve à frente de todos os demais do planeta quanto ao volume de substâncias venenosas utilizadas nas atividades agropecuárias e correlatas.

Paulo Kliass

Para aqueles que adoram bater no peito, bem ufanista, a cada anúncio de novo recorde tupiniquim, eis aqui uma notícia que devemos analisar com muita cautela antes de qualquer comemoração precipitada. Isso porque o Brasil obteve o pentacampeonato mundial no quesito utilização intensiva de agrotóxicos em território nacional. Não, você não se enganou aqui na leitura, não! É isso mesmo: pelo quinto ano consecutivo, de 2008 a 2012, nosso País esteve à frente de todos os demais do planeta quanto ao volume de substâncias venenosas utilizadas nas atividades agropecuárias e correlatas.

Apesar de todos nós termos algum grau de avaliação subjetiva a respeito da gravidade da situação, a observação dos números torna o quadro realmente impressionante. O Brasil consome o equivalente a quase 1/5 do total de agrotóxicos produzidos no mundo: mais precisamente 19%. A título de comparação, os Estados Unidos surgem logo atrás com 17%. Isso significa que, não obstante termos um total de área agrícola cultivada muito menor que os norte-americanos, utilizamos muito mais agrotóxicos do que eles. Portanto, se existe alguma racionalidade nessa desproporção, ela só se explica pela ganância de lucro, a qualquer preço e sem a menor responsabilidade social ou ambiental, por parte das empresas produtores dessas substâncias causadoras de tantos malefícios ao ser humano e ao meio ambiente.

Brasil é recordista mundial no uso de agrotóxicos

Ao longo da primeira década desse milênio, a produção das 8 principais “commodities” em nosso País cresceu 97%, enquanto a área plantada aumentou em 30%. Porém, o total de vendas de agrotóxicos elevou-se em um patamar muito acima: subiu em 200%. Em 2010, foram vendidas 936 mil toneladas de agrotóxicos, um negócio que movimentou o equivalente a US$ 7,3 bilhões. Cálculos desenvolvidos por pesquisadores falam de um consumo médio anual superior a 5 kg por habitante. A importância das cifras negociais da atividade dá a medida de sua capacidade de fazer pressão sobre os órgãos governamentais encarregados de estabelecer as políticas públicas para o setor.

Por se tratar de substâncias especiais, os agrotóxicos são passíveis de regulação e regulamentação por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), assim como ocorre com os medicamentos, alimentos e demais produtos que possam comprometer a saúde. No entanto, ao contrário dos procedimentos adotados para os remédios e assemelhados (revisões periódicas das licenças e autorizações concedidas), os agrotóxicos podem ser fabricados livremente, sem tal reavaliação obrigatória. Os registros dos agrotóxicos junto ao setor público têm seu prazo de validade por tempo indeterminado, enquanto nos países desenvolvidos o período médio é de 10 anos.

Além disso, há uma circunstância agravante: boa parte dos agrotóxicos ainda produzidos aqui em nosso território já teve sua comercialização proibida nos países das matrizes das multinacionais, como Estados Unidos, Canadá e União Européia. No entanto, a exemplo do que ocorre com os demais mercados oligopolizados em escala global, no setor há 13 empresas que dominam quase 90% da oferta mundial de agrotóxicos. No Brasil, as 10 maiores respondem por 75% das vendas. O uso intensivo e continuado dos mesmos produtos acaba por gerar uma resistência e sua própria “eficiência” fica comprometida. Assim, o ciclo econômico e produtivo continua por meio da elevação das doses aplicadas na agricultura e também pela adoção dos novos produtos considerados mais eficazes, uma vez que são ainda desconhecidos do mundo vegetal onde passarão a atuar.

Modelo baseado no agronegócio e os hortifruti: risco crescente

Boa parte desse volume todo está associado ao modelo econômico aqui reinante, ancorado no agronegócio a todo custo. Ao contrário do que imagina o senso comum, as culturas transgênicas acabam por demandar uma quantidade maior de agrotóxicos e que estão sendo cada vez mais proibidos nos países desenvolvidos. A tendência, portanto, é que os requisitos para as importações nesses países sejam ainda mais rigorosos – e isso pode comprometer nossa performance exportadora desse tipo de produto agrícola a médio e longo prazo. A esse respeito, por exemplo, a própria China já inicia um processo de convergência de seus padrões de produção e consumo de produtos agrícolas, sendo mais exigente que as normas frouxas brasileiras.

Outro aspecto significativo é a concessão de estímulo tributário para as empresas produtoras de tais mercadorias. Do ponto de vista do governo federal, elas contam com isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) – ou seja, a incidência de alíquota zero desse tributo. Já com relação aos impostos estaduais, a regra atual prevê uma redução de até 60% na incidência do ICMS. Com isso, o que se verifica é que o próprio Estado brasileiro termina por favorecer e incentivar um tipo de produto que é sabidamente prejudicial à saúde da população e comprometedor da qualidade do meio ambiente.

Essa situação cria uma espécie de esquizofrenia na relação de tal atividade com o poder estatal. De um lado, estimula-se a produção de tais venenos em escala gigantesca e o resultado é a perda de receita tributária em função das isenções de impostos. . Por outro lado, o resultado da utilização desses mesmos produtos na atividade agropecuária compromete, em sentido amplo, as condições sanitárias do País. Ou seja, o Estado é - e será cada vez mais - chamado a realizar despesas com a prevenção e o tratamento das tragédias (individuais e sociais) derivadas do uso de agrotóxicos. E aqui os estudos de técnicos envolvidos com a matéria apontam para o elevado custo social associado ao uso desses produtos. Para cada dólar gasto em consumo de agrotóxico, pode estar embutido uma despesa futura de US$ 1,28 em despesas sociais pelo governo. E são cálculos ainda subestimados, envolvendo apenas as doenças agudas e conhecidas até o presente. Os custos indiretos no futuro apontam para somas muito maiores.

Prejuízos para a saúde e para o meio ambiente

As conseqüências maléficas derivadas desse tipo de opção para a atividade agrícola são inúmeras. Em primeiro lugar estão os próprios trabalhadores envolvidos na produção dos venenos e na sua utilização nas plantações. Em seguida, vêm os consumidores dos alimentos cuja plantação esteve submetida ao uso de pesticidas prejudiciais à saúde humana. E finalmente há um conjunto enorme de efeitos indiretos, derivados da contaminação de solos e águas, cuja quantificação ainda está por ser feita de forma ampla e abrangente. Atualmente, por exemplo, estima-se que por volta de 20% do total de fungicidas seja utilizado pela atividade de hortaliças, normalmente realizada nos cinturões verdes próximos aos grandes espaços metropolitanos, de alta densidade populacional. O uso intensivo desse tipo de agrotóxicos contamina de forma radical os terrenos e os fluxos de água próximos ao habitat urbano.

Os riscos já verificados para a saúde são muitos. As doenças comprovadas vão desde diversos tipos de câncer, passando por um conjunto de distúrbios neurológicos, psiquiátricos, má formação do feto, entre outros. Além disso, as substâncias nocivas terminam por serem transmitidas pelo aleitamento materno, podendo comprometer diretamente as condições de saúde da geração seguinte, mesmo que o contato mais direto com o agrotóxico deixe de existir.

Do ponto de vista empresarial, a lógica que prevalece é a busca incessante de maximização de seus lucros. E ponto final! Assim foi o que ocorreu a partir da década de 1950, com a chamada “revolução verde”. Em nome da elevação da produtividade da produção agrícola, entulhou-se o planeta com essa primeira geração de pesticidas e herbicidas artificiais, que vieram depois a serem proibidos em razão de seu comprovado comprometimento da saúde. O entusiasmo com as possibilidades de ganhos com a produção agrícola foi imediato, mas durou pouco. O famoso e triste caso do DDT talvez seja o exemplo mais simbólico de tal aventura irresponsável. Com a proibição dos produtos dessa fase mais selvagem, a inovação tecnológica foi, aos poucos, incorporando novas fórmulas de aparência mais suave, mas que continuavam a comprometer o ser humano e o meio ambiente. Mas para as empresas, o importante é nunca parar de produzir e de acumular sempre mais. Promove-se a reorganização da produção e as plantas industriais de países com menor rigor de controle passam a produzir os venenos que venham a ser proibidos nos países de origem.

Necessidade de maior fiscalização e a busca de um novo modelo

Ora, para assegurar o bem estar coletivo da geração atual e das futuras contamos apenas com a ação preventiva, reguladora e punitiva do Estado. A visão liberal, de deixar a solução por conta apenas pelo equilíbrio das forças de oferta e demanda, revela-se como uma insanidade completa. E no caso brasileiro, tal presença do poder público deve ir para além de um rigor maior na cassação de licenças reconhecidamente danosas. É essencial a repressão ao contrabando de agrotóxicos que entram ilegalmente pelas fronteiras de países vizinhos, somando-se às toneladas acima mencionadas.

Mas talvez uma das ações mais importantes, do ponto de vista estratégico e de longo prazo, seja mesmo a mudança cultural. O Estado deve utilizar instrumentos de política econômica, de pesquisa científica, de padrões de educação e de campanhas de esclarecimento para mudar a forma como a sociedade encara o agrotóxico. Na contabilidade empresarial, o uso de agrotóxico deve surgir como um fator de produção mais caro, mais custoso do que os métodos agrícolas não agressivos. Do ponto de vista do consumidor, deve haver uma maior conscientização para que sejam mais demandados os produtos orgânicos e que não contenham esses venenos em sua cadeia produtiva. Do ponto de vista dos produtores rurais, devem ser estimuladas e apresentadas as formas alternativas de atividade agropecuária, com recursos da biotecnologia e da tecnologia social, de tal forma que façam chegar à mesa das famílias produtos livres da transgenia e dos agrotóxicos.

Assim como ocorreu com a chamada “revolução verde” de meio século atrás, já é passada a hora do Brasil intervir de forma mais protagonista nessa nova transformação da forma de produção agropecuária. Trata-se de incorporar elementos de sustentabilidade sócio-ambiental, para promover a transição de modelo, rumo a produção de alimentos mais saudáveis para o ser humano e para o futuro de nosso planeta.

Paulo Kliass é Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal e doutor em Economia pela Universidade de Paris 10.

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