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terça-feira, 5 de maio de 2015

África: o agronegócio é a nova versão do colonialismo

Os países do G-8 querem assumir a terra do continente africano, exportando suas tecnologias e ignorando qualquer conhecimento agroecológico.

Najar Tubino

Os 53 países da África tem uma população de 1,111 bilhão de habitantes, sendo que 863 milhões moram na África Subsaariana – 34 países -, e 539 milhões continuam vivendo no campo. Mais de 90% são agricultores familiares, que as instituições internacionais insistem em qualificar de pequenos agricultores sem recursos. Além disso, 75% dos que trabalham e vivem da agricultura são mulheres, outro dado negligenciado pelas agências internacionais, como a USAID dos EUA, que está envolvida na maioria dos projetos de cooperação no continente africano. O próprio G-8 definiu há dois anos uma estratégia até 2022, para retirar 50 milhões de pessoas da situação de fome. Uma hipocrisia que de tempos em tempos os governantes ricos do planeta transformam em anúncios pomposos e planos detalhados. Este ano, por exemplo, era para ser a data em que a fome no mundo seria reduzida a metade. Isso foi anunciado no início do novo milênio.

Na verdade, o que os países do G-8 e suas agências, além é claro, das suas corporações, querem mesmo é assumir a terra do continente africano, que é habitada há milênios por comunidades de povos tradicionais e de indígenas. Parte dessa estratégia é traçar novas regulamentações nas próprias terras, iniciando o processo de regulamentação e da emissão de títulos individuais para os povos tradicionais, que obviamente, não tem documentos sobre suas terras. A USAID tem investido milhões de dólares em projetos neste sentido. Mas outra entidade chamada Millennium Challenge Corporation (MCC), criada pelo Congresso dos EUA em 2004 com o objetivo de promover o mercado livre em países pobres já investiu US$260 milhões para regulamentar as terras africanas. A rede de ONGs GRAIN, do Canadá, especialista na questão fundiária denunciou que os países africanos já promoveram 243 mudanças em suas legislações fundiárias e outras 43 na alteração do mercado de sementes.

Agroecologia é totalmente boicotada

A outra ponta da estratégia dos países ricos é implantar o agronegócio nas terras das comunidades tradicionais, para fazer o que já fazem em outras regiões, inclusive no Brasil: plantar soja, milho e algodão, cana e em alguns casos, como na África, culturas como caju, amendoim e tabaco. O pacote envolve sementes certificadas e patenteadas, fertilizantes químicos e agrotóxicos, o trio universal que tomou conta do planeta. A organização WWI (World Watch Institute), de Washington, criada pelo agrônomo Lester Brown, fez um trabalho de pesquisa de campo em 25 países africanos nos anos de 2009-2010, para o relatório lançado em 2011 – “Estado do Mundo: Inovações que nutrem”.

Os pesquisadores do WWI relataram dezenas de experiências em agroecologia na África – onde quase um milhão de agricultores trabalham com agroecologia e produção orgânica- em regiões difíceis como o Níger, a Etiópia, Mali e Malawi, que não são difundidas. Aliás, as agências internacionais não fazem a menor questão de divulgar este tipo de trabalho. Muito menos as fundações Gates, Soros, Rockefeller que definiram que a estratégia é implantar as sementes transgênicas no território africano, gastando mais de 200 milhões de dólares, se contabilizarmos os projetos de apenas duas delas – Gates e Rockefeller.

Milhões serão exilados pela mudança climática

Isso inclui criar semente transgênica de batata doce e de mandioca, duas culturas básicas na dieta dos africanos do campo. É preciso acrescentar nestas estatísticas futuras, que nos próximos cinco anos, entre 75 e 250 milhões de pessoas se tornarão exilados, em consequência das mudanças climáticas na África. As secas atingem as colheitas em dois de um período de três anos. A cada década uma seca grave. Então o problema básico dos povos tradicionais da África é a falta de umidade no solo, a falta de armazenamento da água da chuva e a inexistência de fertilidade do solo, ou seja, matéria orgânica, que em algumas regiões desapareceu. Não há pacote agroquímico no mundo capaz de resolver o problema.

Uma das fantasias criada pela Monsanto no Quênia é a promoção de uma semente transgênica lançada nos EUA em 2013, que é “resistente à seca”, e na verdade é tolerante a uma seca moderada. Coisa que qualquer semente crioula adaptada ao seu local de origem exerce em seu ciclo produtivo. Este é outro ponto que a estratégia dos países ricos pretende implantar na África. Em todos os países estão sendo introduzidas mudanças para regulamentar o mercado de sementes. Num continente onde mais de 90% da produção agrícola é familiar e tradicional, ou seja, faz parte dos costumes a troca e a partilha do conhecimento, portanto, das sementes crioulas, os agentes das corporações querem segurança para as patentes de suas marcas transgênicas.

Prosavana denunciado pelos camponeses de Moçambique

É lamentável que entre esses programas da USAID, das fundações filantrópicas norte-americanas estão iniciativas do governo Brasileiro, em projetos de cooperação técnica com vários países, especialmente Moçambique. A Embrapa desenvolve um programa de inovação agrícola em parceria com USAID em Moçambique. Existem dois projetos envolvendo a implantação do Programa de Aquisição de Alimentos e do Mais Alimentos. Até recentemente os programas filantrópicos dos EUA e da União Europeia compravam grãos dos seus agricultores para levar como ajuda humanitária à África, através do Programa Mundial de Alimentos. Agora mudaram a estratégia em parte, comprando de agricultores africanos.

Entretanto, o Prosavana é o mais conhecido dos programas a ser realizado no Corredor de Nacala, onde o ponto final é o porto, e onde uma ferrovia atravessa o norte do país. O discurso é o mesmo: ajudar a agricultura dos 4,5 milhões de pequenos produtores, melhorar a eficiência, combater a fome, mas depois de tudo isso, organizá-los em cooperativas para que se enquadrem no agronegócio e mergulhem no mercado de commodities mundial. Trabalhar para regulamentar a terra e nos projetos de reassentamentos. A Vale que explora carvão em Moatize tem uma área de 23 mil hectares e reassentou mais de mil famílias. A União Nacional dos Camponeses de Moçambique tem denunciado o Prosavana justamente por não contemplar as comunidades locais, de usurparem das suas terras e de implantar um programa sem consulta pública. Sem contar que a Fundação Getúlio Vargas estava fazendo a estruturação do Fundo Nacala, com sede em Luxemburgo e que pretendia captar dois bilhões de dólares de investidores e que receberiam seus lucros em 10 anos. Não vingou.

Algumas empresas portuguesas, da Suécia, da Finlândia, dos EUA, do Brasil já estão implantando projetos no Corredor de Nacala. Em Niassa, uma das províncias da região, o governo de Moçambique pretende incentivar o plantio de três milhões de hectares de eucalipto. Por ironia trágica, as empresas Hoyo Hoyo e Grupo Américo Amorin, além da Portucel, de Portugal, atuavam em Moçambique durante a colonização. Do Brasil o grupo Agromoz, dos Estados Unidos a Africa Century Agriculture Rei do Agro. É muito educativa a declaração da CEO do African Agricultural Land Fund, Susan Payne:

“- As terras e a mão de obra são tão baratas na África que vale a pena correr os riscos para investir”.

Programa para transformar em revendedor de agroquímicos

Na maioria dos países o governo concede licenças – no caso de Moçambique de 50 anos – para exploração por preços irrisórios, afinal, as empresas, fundos, corporações querem ajudar a combater a fome, melhorar a renda dos pequenos agricultores de parcos recursos e que necessitam da modernização da agricultura, das suas sementes transgênicas, dos seus fertilizantes químicos e de seus venenos. Um dos programas da USAID, patrocinado pelas corporações químicas é o PROFIT. Trata-se de um caso realmente engenhosos: formar agentes locais para revenda de produtos e também divulgadores das tecnologias do agronegócio. Eles treinaram milhares de agricultores na Zâmbia, que na zona rural de Mkushi, transformaram a paisagem num campo igual aos de Iowa, maior produtor de milho transgênico dos EUA. Em meio às choupanas de palha, como o relato de Andrew Rice no relatório do WWI. 

Enquanto isso, no Níger, país com 14 milhões de habitantes que enfrenta fome crônica e uma seca que devastou as criações de animais, situado na região do Sahel, os povos tradicionais fizeram uma recuperação da mata nativa, de espécies lenhosas, que em muitos casos são leguminosas, que naturalmente fixam nitrogênio na terra e conseguiram mudar o panorama numa área de cinco milhões de hectares. Isso ocorre nas regiões de Maradi e Zinder. Mesmo tipo de iniciativa o povo Dogon, no Mali, realizou. Fazendo cobertura vegetal, implantando sistemas agroflorestais e cultivando plantas nativas como painço e a espécie crioula do feijão-fradinho, além de rotação com noz de bambara, fanio e amendoim.

Sobrevivem com dignidade há milênios

Na Etiópia os povos das aldeias Wukro e Wenchi produzem mel de excelente qualidade – o país produz mais de 24 mil toneladas por ano, é o maior produtor da África -, que entrou no circuito internacional através de uma iniciativa do Slow Food International, que também já implantou mais de mil hortas comunitárias com espécies crioulas. As mulheres Massai, do distrito de Kajiado, no Quênia, construíram cisternas de ferrocimento para armazenar água, um projeto do Programa de Meio Ambiente da ONU. Em cada cisterna plantam 100 árvores.

Nos planaltos da Etiópia um grupo de agricultores descobriu e formulou um novo tipo de fertilizante usando uma planta nativa. Na mesma região onde até hoje produzem café selvagem, o mesmo que deu origem as plantações do Brasil, Colômbia e outros países.

Esta é uma realidade que não tem apoio dos governos locais todos interessados nas verbas das agências internacionais e das corporações, incluindo a elite local, que como sempre faz o seu papel de introdutor do pacote neoliberal agrovenenoso. Também não tem divulgação a não ser nos veículos alternativos ou de entidades. O pacote inclui a informação manipulada de uma realidade que só pode mudar se os povos tradicionais abrirem mão das suas terras, da sua história, enfim, da vida que levam a milhares de anos. E que agora os países do G-8, as fundações Rockefeller, Gates, Soros, Buffet, e as corporações Monsanto, Syngenta, Dupont e Bayer querem transformar, liquidando com a única coisa que eles mantiveram depois da escravidão, da colonização – a dignidade de viver de acordo com seus costumes e tradições, mesmo passando fome em muitos momentos. 

Créditos da foto: Africa Renewal / Flickr

Texto original: CARTA MAIOR

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Câmara derruba obrigatoriedade da rotulagem de alimentos transgênicos

Muitos consideram o Projeto de Lei um atentado ao direito à informação da população, cujo projeto só beneficiaria as empresas do agronegócio.

Da Página do MST

Na noite desta terça-feira (27), a Câmara dos Deputados aprovou em plenário o Projeto de Lei que prevê a não obrigatoriedade da rotulagem de alimentos que possuem ingredientes transgênicos.

Foram 320 votos a favor e 120 contra. Muitos consideram o PL 4148/2008, do deputado ruralista Luiz Carlos Heinze (PP/RS), um atentado ao direito à informação da população, cujo projeto só beneficiaria as empresas do agronegócio que querem esconder a origem do produto comercializado. Agora, o PL segue para o Senado.

Como funciona
Pela atual lei, desde 2003, todos os produtos que contêm os chamados Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) devem trazer em seus rótulos o símbolo T amarelo e a informação da espécie doadora dos genes.

O projeto 4148 pretende, no entanto, suplantar essa conquista do consumidor em favor da liberdade da indústria alimentícia de não informar o real conteúdo que disponibiliza nas prateleiras.

Com isso, a população corre o risco de consumir produtos, como óleos, bolachas, margarinas, enlatados e papas de bebê sem saber se não seguros ou não.

Retirar o símbolo T amarelo violaria o artigo 6º do Código do Consumidor, que prevê o direito à informação sobre o que se está adquirindo ao se comprar e consumir um produto.

Muitas das empresas já descumprem essa legislação e camuflam a real procedência do alimento. Atualmente, 92,4% da soja e 81,4% do milho do país são de origem transgênica.
A grande questão é que ainda não se sabe os reais riscos do uso dos transgênicos para a saúde do ser humano nem para o meio ambiente.

Porém, existe um elemento jurídico do Direito Ambiental chamado Princípio da Precaução, pelo qual o Estado tem o dever de evitar intervenções indevidas para a manutenção dos processos ecológicos em seus mais diversos âmbitos, mesmo não conhecendo seu real perigo.

Interferência do poder econômico
Numa recente entrevista à Adital, o sociólogo Rubem Siqueira, membro da Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), chamou a atenção para a interferência do poder econômico das grandes empresas privadas na política institucional brasileira.
Para ele, existe, uma estratégia do poder econômico global, cerca de seis ou oito conglomerados da indústria de tecnologia de alimentos, que pretendem controlar a cadeia produtiva mundial.

"Essas empresas, que detêm essa tecnologia, querem fazer um grande oligopólio de alimentos no mundo. Imagine o poder político que isso tem”, explicou Siqueira.
"São essas empresas que bancam os deputados que estão propondo e boa parte dos que estão votando. No submundo disso, há o financiamento de campanha. Por isso é que as campanhas, hoje, são tão caras. Quando a gente vota, não está outorgando um poder para um político baseado no que ele diz”, apontou.

"Essas empresas é quem tem o poder real. Temos a ilusão de que se está decidindo pelo voto, mas o poder econômico é que é o grande poder político no Brasil”, acrescentou o sociólogo.

O coordenador da CPT ressaltou que é obrigação do Estado garantir o acesso à informação à população. No caso dos produtos transgênicos, saber do que se trata para optarmos se queremos comprar ou não.

Texto replicado: CARTA MAIOR

Neste endereço uma cópia do projeto para quem necessite ter uma visão sem intermediação ideológicas e partidárias:

terça-feira, 28 de abril de 2015

Agrotóxicos e transgênicos: o rolo compressor imperialista

Agência Internacional de Pesquisa em Câncer classificou o herbicida Glifosato e os inseticidas Malationa e Diazinona como prováveis agentes carcinogênicos.

Najar Tubino

Antigamente a indústria fabricava venenos para a agricultura industrializada e outras empresas produziam sementes híbridas. Há 20 anos este negócio foi profundamente alterado. As plantas se transformaram em veneno e a indústria química virou produtora de semente. Um negócio internacional, que hoje em dia está sendo implantado com o apoio da Agência de Desenvolvimento Internacional dos EUA, a famosa USAID – atuando principalmente na África e na Ásia. O Brasil, além de ser um “fértil mercado de agrotóxicos”, como definiu a Agência Reuters recentemente, é o segundo maior mercado das sementes transgênicas. As últimas duas notícias da CTNBio foram: a liberação do milho transgênico contendo o veneno 2,4-D, também conhecido por ser a porção do bem do Agente Laranja. A Dow Agrosciences fabrica o produto há 60 anos. E o eucalipto transgênico da empresa FuturaGene, um empreendimento britânico, com centros de pesquisa no Brasil, na China e em Israel, e que desde 2010 faz parte da Suzano Papel e Celulose. O eucalipto não será usado apenas para produzir celulose, mas biocombustíveis (etanol) e energia.

Na realidade o rolo compressor dos transgênicos já atinge 28 países e uma área de 181,5 milhões de hectares, preenchidos por 10 variedades comerciais, a maior parte de soja, milho e algodão, segundo o ISAAA (Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações de Agrobiotecnologia), o porta-voz mundial dos transgênicos, mantido pelas transnacionais. Em seu relatório de 2014 ele faz a seguinte citação do Brasil:

“- Os transgênicos ocuparam uma área de 42,2 milhões de hectares, aumento de 1,9 milhões, o maior dos últimos cinco anos. Futuramente o Brasil deverá fechar a lacuna com os Estados Unidos. Um sistema eficiente e com base científica de aprovação no Brasil facilita uma adoção rápida das sementes transgênicas”.

Parceria da Embrapa com a BASF

Cita a Embrapa, uma organização de P&D com um orçamento de um bilhão de dólares, que lançará em 2016 uma semente de feijão resistente a vírus em 2016 e no ano seguinte, uma semente de soja resistente ao herbicida imidazolinona, em parceria com a BASF – a variedade chama-se Cultivance. O ISAAA usa o método, já quantificar, mesmo antes de aprovado, o tamanho do mercado que a semente usufruirá, neste caso da soja da Embrapa-BASF 20% e uma exportação de 17 bilhões de dólares. Faz parte da estratégia imperialista. O resultado futuro é antecipado, a aprovação assegurada por pressão das empresas e de governos favoráveis aos transgênicos. Nunca esquecendo que de toda a área ocupado por estas sementes no mundo 40% estão nos Estados Unidos.

Como assegura a Monsanto, maior produtora individual de sementes transgênicas “investimos um bilhão de dólares em pesquisa e novos produtos por ano”. É apenas uma referência do rolo compressor, que sofreu um revés importante nos últimos dias, com a divulgação pela Organização Mundial da Saúde (OMS) do estudo de revisão de várias pesquisas da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), na Monografia IARC Volume 112 sobre a avaliação de cinco ingredientes ativos de agrotóxicos por uma equipe de pesquisadores de 11 países, incluindo o Brasil.

Agência Internacional do Câncer e o glifosato

A Agência classificou o herbicida Glifosato e os inseticidas Malationa e Diazinona como prováveis agentes carcinogênicos – provocam câncer – em humanos. E na mesma condição foram enquadrados os inseticidas tetraclorvinfós e parationa. A Malationa e o Diazinona são usados no Brasil em campanhas públicas contra vetores. O alerta foi divulgado em um comunicado do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em um documento de cinco páginas que demonstra a preocupação dos pesquisadores com a disseminação de agrotóxicos no país, além da falta de recursos do Ministério da Saúde. Na verdade, em se tratando de agrotóxicos, temos uma realidade ao contrário no Brasil, onde o agronegócio corresponde a 30% do PIB, mas não sabemos a quantidade de veneno que estão nas águas que correm pelas bacias hidrográficas do país. Muito menos a quantidade de veneno que a população ingere diariamente em doses homeopáticas.

Pior: nunca haverá uma relação de causa e efeito com os venenos porque o acúmulo pode ocorrer por décadas até que surja um problema grave de saúde. O Brasil não tem sistema para detectar este tipo de informação – o sistema atual detecta as ocorrências graves. Mas faltam pessoas treinadas, laboratórios, esclarecimento por parte dos médicos, entre muitas outras coisas.

Projeto quer retirar rótulo dos transgênicos

Esta situação está definida e detalhada no Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos, que foi organizado no âmbito da Comissão Nacional de Produção Orgânica, como uma das estratégias do Programa Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, lançado pelo governo federal no ano passado. O problema é quando o governo vai aprovar e implantar o PRONARA. Há mais de sete anos a ANVISA tenta fazer a reavaliação de 14 princípios ativos de agrotóxicos no país e não consegue concluir o trabalho. As corporações entram na justiça com sucessivas medidas contra os processos. Acrescente isso à pressão política do Congresso Nacional, cuja maior expressão está em projetos que visam retirar a ANVISA do controle dos agrotóxicos.

O Projeto de Lei 4148, do deputado Luiz Carlos Heinze, um líder do PP na Bancada do Agronegócio e pescado pela espetacular Operação Lava Jato – assim como o resto da bancada no RS- simplesmente quer retirar a rotulagem dos transgênicos nos alimentos industrializados ou não. E está na pauta do Congresso. Outra característica do rolo compressor é misturar transgênico com as espécies naturais e seus produtos industrializados. A iniciativa é dos Estados Unidos que definiram que não há diferença entre plantas transgênicas e naturais, portanto, não precisariam ser avaliadas de forma diferente. Esse mantra destrutivo virou lei mundo afora.

Sementes imunes a vários tipos de herbicidas

No mês de março a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) decidiu agir contra o glifosato e a expansão das ervas daninhas. A porção de terra que 14 ervas daninhas ocupa naquele país chegou a 15 milhões de hectares. Isso obrigou as corporações, que lançaram o Cavalo de Tróia transgênico como um passo da humanidade para acabar com a fome, a produzir uma segunda geração de sementes, imunes a mais de um tipo de veneno – além do glifosato. A EPA quer relatórios sobre a expansão das ervas daninhas, plano de manejo e plano de restauração. O mesmo vale para a Dow AgroSciences. Agora, vejam o que a Monsanto divulga em seu programa Sistema Roundup Ready Plus, lançado em janeiro do ano passado, “que enfatiza a necessidade do uso de herbicidas com diferentes mecanismos de ação por hectare durante todo o ano agrícola”. Como exemplo cita os herbicidas de ação residual na pré-emergência, ou seja, antes das plantas nascerem, e por absoluta coincidência apresenta seu novo herbicida pré-emergente Sumisoya, cujo princípio ativo é a Flumioxazina, que compõem os herbicidas pré-emergentes mais vendidos nos Estados Unidos para a cultura da soja.

“- O Sumisoya é recomendado pelo Sistema Roundup Ready Plus como importante parceiro do Roundup no combate de plantas daninhas resistentes e de difícil controle na cultura da soja. Sumisoya será importante ferramenta neste sentido associada a outros princípios ativos que compõem as recomendações do Sistema Roundup Ready Plus”, explica a Monsanto.

Berinjela transgênica em Bangladesh

A questão é que o rolo compressor pretende expandir cada vez mais suas fronteiras e conta com parceiros bilionários. Como ressalta o ISAAA em seu relatório na última década muitas agências e fundações criaram projetos para facilitar a doação e a transferência da aplicação de biotecnologia agrícola de setores privado e público “para beneficiar os países em desenvolvimento, particularmente os pequenos agricultores de parcos recursos”. Para o porta-voz do rolo compressor não existe agricultura familiar. O ISAAA cita os exemplos de parcerias:

“- Alguns dos exemplos são a AATF (Fundação de Desenvolvimento de Tecnologia Agrícola), com sede em Nairóbi e atendendo as necessidades dos países africanos. Outro é o Projeto de Apoio à Biotecnologia Agrícola (ABSPII), que é um programa bilateral da Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), com atividades mundiais e operado pela Universidade Cornell. Os projetos de parceria público privados têm sido motivadoramente bem-sucedidos e têm oferecido vantagens que aumentam a probabilidade de entrega de um produto transgênico aprovado para o agricultor dentro de um prazo razoável”.

A berinjela Bari BtBegun, variedade transgênica produzida pela empresa indiana Mahyco e “generosamente” doada ao Instituto de Pesquisa Agrícola de Bangladesh, foi aprovada em 100 dias, um recorde. Tudo facilitado por se tratar de um projeto da USAID e implantado pela Universidade de Cornell. São apenas 12 hectares em 50 mil ocupados pela cultura da berinjela, que em Bangladesh é considerada a verdura dos pobres. O detalhe é insano: está sendo vendida como uma berinjela livre de agrotóxicos. Na África a atuação dos Estados e fundações como a Rockfeller, Gates e Howard Buffet é muito mais pesada, articulada e avassaladora. Será o tema do próximo texto. Infelizmente o Brasil faz parte deste circuito com o Prosavana, um programa implantado em Moçambique, que envolve também o Japão. Pretendem fazer o que fizeram no cerrado brasileiro, entretanto, com um problema gravíssimo – em uma área com 4,5 milhões de pessoas, que habitam o Corredor de Nacala – uma população maior do que os MS e MT juntos.

PS : no próximo dia 28, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva em parceria com a Fiocruz e a Editora Expressão Popular, lançará o livro Dossiê ABRASCO, contendo as três partes revisadas do material publicado ao longo de 2012 sobre o uso de agrotóxicos e suas consequências. 

Texto original: CARTA MAIOR

Há riquezas que são de todos: os bens comuns

A Califórnia há décadas discute a questão da água, enquanto a ia esgotando, gerando o drama atual. As tecnologias avançaram, mas a forma de governo, não.

Ladislau Dowbor

Todos sabemos, bem ou mal, administrar os nosso bens privados, a nossa casa, eventualmente a nossa empresa, além das nossas poupanças. Sabemos administrar também, de maneira razoável, os bens claramente de responsabilidade do Estado, ou públicos no sentido estrito, como as ruas: os parques, os hospitais ou escolas públicas. Em ambos casos ocorrem deslizes mais ou menos graves, mas no conjunto são esferas onde sabemos quem é responsável.

E os bens comuns, como ficam? Estas reservas finitas de riquezas planetárias que não são bem de responsabilidade de um governo determinado nem de uma pessoa física ou jurídica, quem as governa? Trata-se aqui evidentemente das calotas polares, mas também dos oceanos e dos mares, dos nossos rios, dos lençóis freáticos de águas subterrâneas, do ar que respiramos, do conhecimento produzido pela humanidade, dos animais que ainda povoam o planeta, da beleza das paisagens e de outros bens essenciais para as nossas vidas, e que estamos maltratando ou simplesmente destruindo. Quem cuida deles? Como reverter a sua sistemática destruição ou esgotamento? Com mais de 7 bilhões de habitantes no planeta, e 80 milhões a mais a cada ano, já ultrapassamos os limites de esgotamento ou de contaminação dos recursos naturais.

O Nobel de economia de 2009 conferido a Elinor Ostrom resgata um pouco este tremendo atraso nas chamadas ciências econômicas, que é a preocupação com a gestão dos nossos bens comuns, além de resgatar um pouco de outra dívida óbvia: é a primeira vez que este prêmio, que aliás não vem do fundo Nobel e sim do Banco da Suécia, é concedido a uma mulher. Ostrom está contribuindo muito para a construção de uma outra visão. O seu livro Governing the Commons (governando os bens comuns) retomou uma discussão antiga, colocada na mesa por Garrett Hardin, ainda nos anos 1960, em artigo que se tornou um clássico, The Tragedy of the Commons.

Não se trata, no caso de Ostrom, de mais uma denúncia da tragédia ambiental. Para isto temos clássicos como O nosso futuro comum coordenado por Gro Brundtland e excelentes sínteses recentes como o Plano B 4.0 de Lester Brown, além de inúmeras pesquisas sobre todas as áreas ameaçadas. A característica dos trabalhos da autora é o fato de se debruçar de forma muito concreta sobre a economia política dos bens comuns, ou seja, o problema da sua governança. Por força dos limites da natureza, somos condenados a aprender a nos governar de maneira responsável.

Tomemos como exemplo a sua análise da água na Califórnia. É um estado rico em todos os sentidos, e em particular em ciência. No entanto, aproveitando as tecnologias que permitem irrigação e bombeamento de águas subterrâneas em grande profundidade e em grandes quantidades, geraram um drama. As tecnologias avançaram, a governança muito menos. Há muitas décadas que os californianos já discutiam os limites da água disponível, enquanto a iam esgotando, gerando o drama atual.

Ostrom mostra que os grupos privados simplesmente entraram na corrida de quem conseguia extrair mais água do que os outros – na tradicional visão da sobrevivência do mais forte – até que, a água passando a faltar para todos, tiveram de elaborar e aplicar uma outra visão de economia política: a negociação de pactos para a gestão coletiva de um recurso escasso e apenas parcialmente renovável. Este tipo de mecanismo participativo de negociação vai além tanto dos parâmetros da economia de mercado como da simples codificação impositiva através de leis e controle estatal. A sociedade precisa aprender a colaborar no uso responsável dos recursos finitos ou escassos.

O subtítulo do livro resume bem a problemática: a evolução das instituições para a ação coletiva. A Califórnia está construindo “acordos negociados sobre o direito às águas”. Fazem parte do que tem sido chamado de “novos arranjos institucionais”. No centro destes arranjos estão os sistemas que permitem uma divisão equilibrada de acesso aos recursos – o que pode envolver recursos pesqueiros, pastagens, madeira e inúmeros outros – através de sistemas participativos numa sociedade mais organizada.

A privatização obviamente não resolve: “Cada usuário tem uma estratégia dominante de bombear tanta água quanto lhe será lucrativo, e de ignorar as consequências de longo prazo para os níveis e qualidade da água.”(136) O resultado é uma economia com PIB muito elevado e excelentes centros de pesquisa, e um desastre sistêmico.

Neste ano de 2015, em que negociamos acordos de longo prazo cruciais para a sobrevivência do planeta – as Metas do Desenvolvimento Sustentável em Nova Iorque, os acordos sobre o clima em Paris e o desenho do financiamento do desenvolvimento em Addis Abeba – reler este trabalho de Elinor Ostrom, que traz dezenas de exemplos de formas inovadoras de gestão dos recursos escassos que constituem bens comuns, realmente vale a pena. Lamentavelmente, este pequeno clássico não foi publicado ainda em português, mas já existe em espanhol.

Elinor Ostrom – Governing the commons: the evolution of institutions for collective action – Cambridge University Press, Cambridge, 1990 (Prêmio Nobel 2009). Em espanhol, El gobierno de los bienes comunes.

Texto original: CARTA MAIOR

sábado, 25 de abril de 2015

Projetos do Banco Mundial desalojaram 3,4 milhões desde 2004

Em contraste com as "missões para dar fim à pobreza", novo relatório mostra legado destrutivo dos projetos do Banco Mundial ao redor do planeta.

Nadia Prupis, da Common Dreams



O Banco Mundial regularmente quebra sua promessa de proteger os direitos indígenas ao financiar projetos que deslocam ou ameaçam as populações mais vulneráveis no planeta, de acordo com nova investigação.

Despejados e Abandonados, relatório conjunto publicado na quinta-feira pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) e muitos outros veículos, descobriu que uma série de projetos financiados pelo Banco Mundial – incluindo represas e usinas de energia – expulsaram 3.4 milhões de pessoas de suas casas ou terras ao redor do mundo desde 2004.

ICIJ revisou mais de 6.000 documentos do Banco Mundial, entrevistou atuais e ex-empregados e representantes de governos que estiveram envolvidos nos projetos financiados pelo Banco e descobriu que, em muitos casos, o Banco Mundial violou suas próprias políticas internas e ignorou despejos causados pelos seus projetos. A organização também não fez nada para garantir a segurança ou bem-estar dos deslocados, em muitos casos não fornecendo novas moradias ou perspectivas de emprego, como solicitados.

“Freqüentemente não havia intenção por parte dos governos de cumprir – e não havia intenção por parte das gerências dos bancos de fazê-los cumprir,” disse Navin Raj, um ex-representante do Banco Mundial que foi responsável pela proteção indígena da organização de 2000 a 2012. “Era como o jogo acontecia.”

Entre 2009 e 2013, os credores do Grupo Banco Mundial investiram $50 bilhões de dólares em projetos – como dutos de petróleo, minas e represas – que eram mais inclinados a terem impactos sociais ou climáticos “irreversíveis ou sem precedentes,” como deslocamentos físicos ou econômicos, os quais já provaram “destruir redes de contatos chave e aumentar riscos de doenças e patologias,” de acordo com o relatório.

“Populações deslocadas estão mais inclinadas a sofrer com o desemprego e fome. As taxas de mortalidade são maiores,” declara o relatório. Além disso, o Banco Mundial junto do setor privado apoiou financeiramente regimes e companhias que foram acusados de violações aos direitos humanos incluindo estupro, assassinato e tortura. Em alguns casos, os credores continuavam a financiar as operações mesmo depois da aparição de evidências de tais abusos.

Na Etiópia, uma iniciativa que era focada na saúde e educação levou a apropriações ilegais de terra as quais envolveram violentos despejos em massa. As autoridades no local desviaram milhões de dólares de um projeto do Banco Mundial para financiar esses deslocamentos forçados e, em 2011, soldados que foram responsáveis por dar continuidade aos despejos mataram ao menos sete pessoas e visaram camponeses para espancamentos e estupros, de acordo com o relatório.

O Painel de Inspeção do Banco Mundial descobriu que a organização falhou ao reconhecer um “link operacional” entre a iniciativa na Etiópia e a campanha de despejo em massa – uma supervisão que violou as próprias regras do Banco Mundial.

Na Nigéria, um projeto fundado pelo Banco para melhorar o suprimento de água, estradas e energia em Lagos resultou no despejo de quase 2,000 moradores de favelas em Badia Oriental. Depois de os moradores de Badia alertarem o painel de inspeção, a presidenta da comissão Eimi Watanabe se recusou a abrir uma investigação. Em vez disso, mandou que negociassem com o governo estadual de Lagos, o qual cedeu algumas quantias de dinheiro como compensação. O painel então fechou o caso por causa do “progresso feito e da provisão rápida de compensação ao povo deslocado”.

Através de projetos nesses países e Albânia, Brasil, Honduras, Gana, Guatemala, índia, Quênia, Kosovo, Peru, Sérvia, Sudão do Sul e Uganda, o Banco Mundial “falhou em proteger pessoas deslocadas em nome do progresso”, afirma o relatório.

“Nesses países e outro”, a investigação conclui, “os bancos prejudicaram moradores de favelas urbanas, agricultores, pescadores empobrecidos, moradores de florestas e grupos indígenas – deixando-os para que lutem por suas moradias, terras e modos de vida, algumas vezes com intimidação e violência,” diz o relatório.

Em carta conjunta ao Banco Mundial publicada na quarta-feira, 85 ONGs alertaram a organização a abordar as “inúmeras falhas do sistema de garantias” e resolver “suas falhas fundamentais profundas, identificando as pessoas que foram deslocadas pelos projetos financiados pelos bancos e fornecendo a eles opções de desenvolvimento sustentáveis por meio de uma série de projetos novos”.

Dentre os signatários está o Humans Right Watch, Oxfam International e a Fundação de Lei Africana, assim como Raquel Rolnik.

As descobertas do relatório são “profundamente perturbadoras,” diz a carta. “Enquanto é importante que a revisão de projetos financiados pelo Banco tenha sido publicada, a falta de transparência demonstrada pelo banco em referência às descobertas do relatório – por 3 anos no caso da parte 1 e 9 meses no caso da parte 2 – é inaceitável para uma instituição pública”.
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Tradução de Isabela Palhares.

Créditos da foto: EBC

Texto original: CARTA MAIOR

domingo, 9 de setembro de 2012

Estamos sob vigilância ...

Em alguns países, principalmente nos Estados Unidos da América, a sociedade civil está questionando as novas idéias , sob justificativa, para segurança do cidadão. 

Entre essas idéias está a colocação, em cada um dos cidadãos, de um chip que informará a todo instante, a um sistema de controle informatizado, onde o referido cidadão se localiza. Segundo os idealizadores, isso permitirá as forças policiais (o Estado) localizarem o cidadão rapidamente em caso de sequestro ou mesmo ataque terrorista e portanto inibindo a ação dos sequestradores ou terroristas, e portanto, tornando o dia a dia das pessoas mais seguros.

As críticas surgidas, é que assim o Estado agiria mais rápido em relação ao perigo, mas teria um controle total da vida de cada cidadão, podendo controlar o comportamento individual e essa não é a função do Estado. Outra crítica, seria que esse controle seria perigoso nas mãos de uma pequena minoria que viesse a controlar o Estado ou mesmo o controle do sistema viesse a cair em mãos não confiáveis.

Só que o controle dos cidadãos já está sendo feito a todo momento e não há necessidade de colocação de um chip em cada individuo na sociedade. Os mecanismo de controle e localização já estão em prática e se modernizando a cada dia. 

Vendem facilidades e garantem o controle.

Qualquer cidadão que possui um Cartão de Crédito e ao passar esse cartão de crédito em qualquer  caixa do banco (eletrônico ou não) ou mesmo fazer um saque em uma agência bancária, estará informado ao sistema: onde, quando e em qual local ele se encontra, além da quantia que tem e está movimentando. 

Mas, o meio mais eficiente de se localizar qualquer cidadão é por intermédio de telefone. Quando você está fazendo uma ligação telefônica ele sabe a hora, o lugar, com quem você está falando e fica também registrado a conversa entre ambos. Isso vale para qualquer aparelho que usa o sistema informatizado, ou seja, quem tiver acesso ao sistema poderá saber todo o seu passado e onde você está, o que faz a todo o momento, com quem conversa e o que se conversa.

Como sabemos, todas as informações existentes nas instituições públicas ou privadas estão sendo colocadas em sistemas informatizados. Mesmo aquelas informações que existiam no passado, quando ainda nem se pensava na existência de computadores, estão sendo digitalizadas nesses sistemas, por exemplo: suas informações escolares, previdenciárias, institutos de identificações, contas de bancos, etc. Algunss desses sistemas já estão interligados e futuramente todos estarão funcionando como se fosse um único sistema. Sem falar que mesmo sem estarem interligados, os sistemas atuais podem serem invadidos por pessoas não autorizadas e bisbilhotarem a vida de cada um.


O DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito) está aperfeiçoando o seu sistema de controle de tráfego de veículos. Agora  por onde você andar o sistema saberá onde você está por intermédio de um chip instalado em seu carro.





Alguns exemplos de utilização desses sistemas

a) é comum os corretores de imóveis telefonar para sua casa te oferecendo vendas. Eles telefonam oferecendo imóveis de cordo com o seu pefil financeiro e social. Como eles descobriram seu telefone, sua renda e suas características?

b) recebimentos de cartões te parabenizando (os políticos se utilizam muito desse sistema) por alguma data festiva (aniversários, natalinas, colação de grau em algum curso, etc) .  Como eles sabem o dia de seu aniversário, data e curso de sua formação?

c) ligações telefônicas com ofertas de serviços e produtos por diversas empresas. O mias interessante é que a oferta de tas serviços e produtos são ofertados casando com seu perfil (suas preferências por serviços e produtos). Como eles descobriram seu telefone e suas preferências por serviços e produtos?

O perigo da Globalização

Muitos países estados estão entregando as Empresas Públicas para iniciativa privada, ou seja, o controle do cidadão por parte do Estado,  que garantem a existência do Estado, está sendo colocado nas mãos de particulares. Consequentemente, essas empresas particulares passam a ter controle de onde você anda, quanto você tem, com quem você fala e o que você fala a todo o instante.

Vale lembrar que, com a tal globalização, as empresas estão se fundindo e o controle dessas empresas e de todos os cidadão no mundo estão ficando nas mãos de um pequeno grupo de pessoas.

Portanto, reforçando o que já foi dito anteriormente, quando se está usando: Cartão de Bancário (Crédito, Conta Corrente, Poupança, etc), Habilitação de Motorista, Cartão de Aposentando, Telefone ou qualquer coisa que seja necessário recorrer a algum sistema informatizado, você está informado sua localização, o que faz, com quem conversa (no caso de telefone e internet)  e o que se conversa e tudo fica a disposição de quem controla esses sistemas eletrônicos.  Já no sistema do DENATRAN, ele saberá onde você anda (no caso o seu carro) e irá controlar como você dirige.

E quanto mais o mudo se Globaliza (na minha opinião se monopoliza) e os sistemas informatizados mais se modernizam, mais o controle se torna mais eficiente e podendo ser controlado, cada vez mais, por um pequeno número de pessoas, ou seja, um pequeno grupo de pessoas estão, cada vez mais, ampliando o controle dessas empresas (sistema) e consequentemente de todas as pessoas do planeta.

Todo esse aparato é vendido para sua segurança e ao mesmo tempo, esses sistema informatizados,  dá total controle sobre todos nós. Você paga para ter segurança e também para ter o direito de ser controlado!!!

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura plena - Geografia

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sábado, 1 de setembro de 2012

Multinacionais exploram o trabalhador e sangram a nação


A economia brasileira atravessa um perigoso processo de desnacionalização. Somente no primeiro semestre deste ano, de acordo com informações da empresa de consultoria internacional KPMG, 167 companhias cujos proprietários eram brasileiros foram compradas por multinacionais de outros países através de operações de fusões e aquisições. Atualmente, capitalistas estrangeiros controlam mais de 50% do parque industrial do Brasil.

Por Wagner Gomes*, no Vermelho

O problema não é novo. Tem raiz na história da formação tardia e dependente do capitalismo brasileiro. Mas, ganhou nova dimensão nas últimas décadas, principalmente após o governo neoliberal de FHC, que realizou um escandaloso programa de privatizações e tratou de apagar, por meio de reforma constitucional, as diferenças jurídicas entre empresas estrangeiras e nacionais definidas na Carta Magna.

Hoje em dia, transnacionais como a GM, a Ford, a Fiat, a Volks, a Monsanto, entre outras, são consideradas e tratadas como empresas nacionais. O comportamento desses monopólios, porém, não condiz com o status concedido com espírito entreguista por FHC, infelizmente mantido nos governos Lula e Dilma. Os interesses das multinacionais nem sempre coincidem e no mais das vezes colidem de modo escandaloso com os da nação. Isto transparece na análise de alguns indicadores fundamentais da nossa economia.

É o caso das remessas de lucros e dividendos, que crescem na proporção direta da desnacionalização. Aumentaram 262,92% entre 2003 e 2011, ano em que a riqueza enviada pelas multinacionais ao exterior bateu novo recorde, alcançando US$ 38,1 bilhões, sangria que se transformou na principal causa do déficit na conta corrente do balanço de pagamentos. Cabe destacar o ramo automobilístico, que transferiu US$ 5,58 bilhões, 36,1% a mais que em 2010.

O Brasil é um verdadeiro paraíso para as multinacionais do carro, que por aqui obtêm uma taxa de lucros três vezes maior que nos EUA e pelo menos duas vezes superior à média mundial - estimada em 10% pelos especialistas, depois de deduzidos os custos de produção e impostos. A explicação está no preço absurdo dos veículos, impostos pelos oligopólios, que supera em mais de 200% o valor praticado no exterior. “Lucro de montadora no Brasil é maior do que em qualquer lugar do mundo”, conforme o diretor-gerente de consultoria IHS Automotive do Brasil.

As operadoras também contam com a generosa redução do IPI para automóveis, cuja prorrogação até o final de outubro foi anunciada quarta-feira, 29, pelo Ministério da Fazenda. Nada disto impede que as multinacionais reservem aos seus operários um tratamento carregado de desprezo e arrogância, demitindo em massa ou ameaçando demitir no primeiro sinal de crise, como a GM em São José dos Campos.

Os lucros e dividendos remetidos pelas transnacionais ao exterior são subtraídos dos investimentos líquidos realizados na economia brasileira e contribuem de forma considerável para a redução do potencial de desenvolvimento nacional, além de causar o rombo na conta corrente do balanço de pagamentos. Por esta e outras razões é urgente colocar um freio em tais remessas, ampliando as taxações e os mecanismos de restrição.

É igualmente necessário combater a liberdade incondicional dos oligopólios na formação dos preços. Não se justifica a distância abissal da taxa de lucros no Brasil, que é o quarto maior consumidor de automóveis do globo, em relação ao resto do planeta. É evidente que falta ao governo uma política industrial soberana para reverter a desindustrialização em marcha, deter a desnacionalização, conter a sangria provocada pelas remessas e estabelecer novas regras no relacionamento com as multinacionais. O excesso de liberalismo herdado dos governos tucanos é nocivo aos interesses nacionais e deve ser rechaçado.

A desnacionalização em curso não pode ser encarada como um fenômeno natural e inevitável, pois depende do rumo da política econômica. O tema reclama um debate mais profundo dos movimentos sociais e das forças progressistas.

*Presidente da CTB

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Texto retirado deste endereço:

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

OS IMPACTOS DA GLOBALIZAÇÃO FINANCEIRA

Controlados pelos rentistas (especuladores)
A globalização financeira tem produzido um conjunto de fenômenos profundamente nocivos para a população em geral e, especialmente, para as nações da periferia e para seus povos. Em todos os países em que a globalização financeira passou a hegemonizar as relações econômicas, o Estado ampliou aceleradamente o seu endividamento para bancar os custos de especulação (juros e amortização da dívida pública), resultado numa enorme transferência de recursos públicos para o setor financeiro. Também em praticamente em todos os países do sistema capitalista ocorreu um aumento da concentração da renda, que beneficiou sobremaneira a riqueza da esfera financeira; observou-se também, ao contrário do contrato social fordista, uma redução acentuada no poder de compra dos salários. Bem verificou-se restrição aos direitos e garantias dos trabalhadores, muitos deles conquistados há cerca de um século ou mais; a crise do Estado teve como consequência a imposição de severos cortes nos gastos sociais, gerando aumento da pobreza e da miséria no mundo, inclusive nos próprios países centrais.

Como podemos observar, tanto os países centrais quanto os países periféricos aumentaram aceleradamente o endividamento público, com impactos profundamente negativos para a sociedade. Se tomarmos os países da OCDE em seu conjunto, como referência, constataremos que o endividamento em relação ao PIB cresceu de 40,2% em 1980 para 71,1% em 1999. Com relação aos países do G-7 o crescimento da dívida foi semelhante: passou de 41,5 para 73,2% no mesmo período. Nos Estados Unidos a dívida cresceu de 37% para 59,7%; na Alemanha de 31,1% para 64,2%; e no Japão, de 51,2% para 99,55%. Nos países da periferia capitalista, o endividamento do Estado também foi crescente: no Brasil, por exemplo, a dívida pública aumentou de 20% para 54% do PIB entre 1994 e 2001 (Beinstein, 2001, p. 188).

Dívida  pública como percentagem do PIB

País
1980
1990
1999
Países do G7
41,5%
58,3%
73,2%
Países da OCDE
40,2%
57,1%
71,1%
Estados Unidos
37,0%
55,5%
59,7%
Alemanha
31,1
45,5
64,2
Japão
51,2%
65,1%
66,5%

Isso significa que o capital financeiro especulativo encontrou um espaço de valorização muito importante, uma vez que os recursos arrecadados pleo Estado compõem-se da mais-valia geral produzida pelos trabalhadores. Anteriormente,parte dos recursos destinados ao pagamento da dívida era acentuadamente menor que no atual período da globalização, além do fato de que grande parte da dívida era resultado de investimentos governamentais tanto na construção de infraestrutura, equipamentos sociais e políticas sociais em geral, típicas do período do Welfare State. Agora o endividamento tem um outro caráter: trata-se de um aumento da dívida em função do aumento das taxas de juros. Em outros termos, o capital financeiro especulativo não só capturou uma parte importante da mais-valia retirada pelo Estado em forma de tributos, como encilhou o orçamento público na armadilha da globalização financeira, retendo para si recursos imprescindíveis que antes eram redistribuídos em forma de bens e serviços para a sociedade.
A política econômica oriunda do processo de globalização neoliberal, ao privilegiar a estabilização monetária em detimento do crescimento econômico, desencadeou o processo especulativo como norma estrutural do sistema. Essa conjuntura resultou numa que no nível da atividade econômica e na estagnação industrial. Podemos aferir uma conjuntura qualitativamente diferente entre o período em que a propriedade econômica era a tônica do desenvolvimento, e o período atual, no qua a estabilidade da moeda é o centro das preocupações macroeconômicas. Entre 1966 e 1973 o crescimento médio do Produto Bruto Mundial foi de 5,3%; entre 194-1980, foi de 3,4%; entre 1981 e 1990, 3,1% e entre 1991 e 1999, 2,8%.

Taxas anuais do crescimento real do Produto Mundial - 1966-1999(%)-
Anos (%)
1966-1973 5,2
1974-1980 3,4
1981-1990 3,1
1991-1999 2,8

O quadro de desaceleração do nível da atividade econômica não só deprime a economia mundial, mas também amplia as taxas de desemprego e de exclusão social nos países de industrialização madura. Na União Europeia, por exemplo, o desemprego aumentou de 8 milhões de trabalhadores em 1980 para 17 milhões em 1999. No conjunto dos países da OCDE, o desemprego subiu de 20 milhões em 1980 para 40 milhões em 2000, refletindo um cenário em que as taxas de desocupação se mantêm rígidas, independentemente do ciclo econômico. Até mesmo no Japão, considerado o paraíso do emprego, em função da estabilidade vitalícia para um setor significativo dos trabalhadores, a taxa de desemprego vem aumentando acentuadamente. Ao longo da década de 1980 o desemprego no país estava na faixa de 2% da população ativa e cresceu na década de 1990 para 2,9%, em 1994, 3,3%, em 1996 e fechou 1998, com uma taxa de desocupação da mais de 4%, ou seja, um índice duas vezes maior que na década de 1980 (Beinstein, 2001, p. 66).

Segundo dados da OCDE, nos Estados Unidos, as agências de trabalho temporário administravam 400 mil assalariados em 1982, passando a 1,3 milhão em 1990 e a 2,1 milhões em 1995. Na Inglaterra, o trabalho temporário abrangia 7% da população ativa. (Beinstein, 2001, p. 68).

De acordo com os dados levantados por este autor, a faixa correspondente aos 40% mais pobres da população ativa empregada dos Estados Unidos, a nação mais rica do planeta, sofreu regressão em seu rendimento, entre 1973 e 1993, enquanto as faixas correspondentes aos 40% mais ricos foram os que mais se beneficiaram com a globalização.

Conforme Beinstein (2001), quanto maior o nível de renda maior o benefício; quanto menor a faixa de renda maior o prejuízo no período. Os 10% mais pobres nos EUA sofreram queda de cerca de 35% dos seus rendimentos, enquanto os 10% mais ricos aumentaram sua renda em mias de 25%. Por sua vez, indica o crescimento absoluto do número de pobres nos Estados Unidos: em 1970, eles correspondiam a 25, 7 milhões; em 1980 cresceram para 29,3 milhões. Em função das políticas neoliberais, o aumento dos pobres cada vez mais crescente: 33,6 milhões, em 1990 e 35,6 milhões, em 1997 (Beinstein, 2001, p. 188).

Pobres nos EUA em milhões de pessoas - 1970 - 1997
1970
25,7
1977
24,7
1980
29,3
1987
32,2
1990
33,5
1997
35,6

Macroeconomicamente, a conjuntura mundial está mais instável do que no período do Welfare State, tanto nos países centrais, quanto nos países da periferia. A crise fiscal dos Estados, aliadas à instabilidade monetária, o desemprego e as crises sociais compõem um quadro de instabilidade sistêmica, no qual a globalização neoliberal vai se aprofundando. Por mais paradoxal que paeça e por mais que muitos dos principais teóricos e antigos operadores do modelo de globalização neoliberal venham alertando (George Soros, Krugman etc.), o que se verifica é uma teimosia cega, principalmente por parte dos Estados Unidos, em aprofundar o modelo, fato que pode acelerar a crise geral do sistema.

Textos relacionados:
Os Apologistas da Globalização
O Comando das Transnacionais
Confissões de um Assassino Econômico.
Aquilo que nos Devora.

TEXTO RETIRADO DO LIVRO
COSTA, Edmilson, A Globalização e o Capitalismo Contemporâneo. Editora Expressão Popular – São Paulo - 2008