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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Efeito da Lava Jato: grande obra no Brasil só para estrangeiros

Trinta empresas vão participar da licitação para a construção da Unidade de Processamento de Gás Natural do COMPERJ. Nenhuma é brasileira.

Haroldo Lima - Portal Vermelho


O COMPERJ é um projeto gigantesco da Petrobrás, cuja pedra fundamental foi lançada em junho de 2006 pelo então presidente Lula. É um dos maiores investimentos do setor petrolífero e petroquímico do mundo. Estava sob a responsabilidade basicamente de empresas brasileiras. Foi paralisado. A unidade de gás, que agora será retomada, não é parte fundamental do projeto original, mas é básico para processar o gás dos campos do pré-sal da Bacia de Santos.

A importância de serem retomadas as obras da UPGN do complexo petroquímico do Rio de Janeiro é incontestável. Contestável e dramático é que essa grande obra seja entregue exclusivamente a empresas estrangeiras.

domingo, 1 de janeiro de 2017

Corrupção ou traição?

Cadê o Mal Lott?



O Conversa Afiada reproduz artigo de Pedro Augusto Pinho*:


Com um mínimo de reflexão, talvez passássemos a entender a ação dos impérios, as farsa das propagandas nos veículos de comunicação de massa e a atuação deletéria de vários homens públicos, reduzindo nosso Brasil a uma eterna colônia de escravos. Não é em seu bolso que metem a mão, é em seu cérebro, pobre brasileiro que ainda acredita no perigo comunista e no surgimento de um salvador.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Por que o assassinato de 9 negros não é considerado um ato de terrorismo?

Por que se um branco mata 9 negros ele é considerado 'doente mental', e não 'terrorista'? Isso mostra o racismo estrutural dos Estados Unidos.

Amy Goodman - Democracy Now

Porque tantos políticos e grande parcela da mídia teme chamar o tiroteio ocorrido na Carolina do Sul de um ato de terrorismo? Discutimos os padrões na cobertura de tiroteios realizados por agressores brancos com dois convidados: Anthea Butler, professora de religião e estudos africanos da Universidade da Pensilvânia; e Raphael Warnock, pastor sênior da Igreja Batista Ebenezer, em Atlanta, Georgia; que foi o lar espiritual de Martin Luther King Jr.

Amy Goodman: Professora Butler acaba de escrever um artigo publicado pelo The Washington Post; seu cabeçalho: "Atiradores negros são chamados 'terroristas' e 'bandidos'. Por que atiradores brancos são chamados de doentes mentais?" Anthea Butler, você poderia continuar a partir desse ponto? Fale sobre a questão de quem chamamos de terrorista e quem não chamamos.

Anthea Butler: A razão pela qual eu acredito que brancos são sempre - e atiradores brancos, especialmente homens brancos - são sempre chamados de "doentes mentais" é que isso é uma leve parte do racismo estrutural nos Estados Unidos. Sempre que se ouve falar que um mulçumano fez ou é suspeito de fazer alguma coisa, ou um homem negro ou uma mulher negra, eles são sempre 'terroristas'; é 'atividade terrorista'; há palavras pejorativas que são usadas para descreve-los; eles são desumanizados. Quando alguém branco faz alguma coisa no seu país, eles são absolvidos. Quando é a juventude branca, que é composta de homens como Dylann Roof, são chamados de "garotos". Eles são infantilizados. Um homem jovem como Trayvon Martin é chamado de "jovem pesadão". É um claro sinal da infra-estrutura racista sob esse país, e parte disso teve a ver com a mídia, com esses retratos e a repetição constante de todos estes esteriótipos raciais e religiosos que prejudicaram esse país.


Juan G.: No caso de Dylann Roof, isso tem sido particular. (...) você vê uma situação em que ele está algemado, mas também tem um colete à prova de bala, do qual eu não me lembro ser a situação, por exemplo, do jovem responsável pelo bombardeio da maratona de Boston ou muitos outros incidentes que tivemos. Até mesmo a imagem dos acusados que a mídia tem permissão pra ver é diferente.


Anthea Butler: Colocar o colete nele o fez parecer um tanto frágil, quando essa foi a mesma pessoa que estava num estudo bíblico por uma hora e depois fez aqueles disparos. Não há nada frágil no seu ato terrorista e no racismo cometido. (...) Está enraizado. É uma prática dos aplicadores da lei e da mídia nesse país. E o que está acontecendo agora, e eu acho que isso é realmente importante enfatizar, é que o impacto da democratização, das pessoas terem mídia social, câmera no celular, sendo capazes de mostrar essas discrepâncias e as coisas de uma forma profundamente diferente, mudou a percepção no país, e as pessoas estão começando a ver a verdade.

Amy Goodman: Na quinta, o apresentador da Fox News, Steve Doocy expressou incredibilidade de que o tiroteio em Charleston teria sido um crime de ódio. Ele, e seu convidado, pastor E.W. Jackson sugeriram que o atirador atacou a histórica igreja negra e suas visões bíblicas, não devido ao racismo:

E.W. JACKSON: Estou profundamente preocupado com o fato deste atirador ter escolhido ir à uma Igreja, porque isso passa a impressão de que existe um aumento da hostilidade contra os cristãos no país.
STEVE DOOCY: Mm-hmm.
E.W. JACKSON: — Por conta das nossas visões bilblicas.
STEVE DOOCY: (...) é porque era um garoto branco, aparentemente, em uma Igreja negra. Mas você tocou num ponto interessante sobre a hostilidade aos cristãos. (...)
E.W. JACKSON: Sim, sim. Eu não sei se a maioria das pessoas chega a esta conclusão sobre a questão racial. Eu espero pelo dia onde não teremos mais isso no nosso país. Mas nós não sabemos o porque ele foi à Igreja. Mas é fato que ele não escolheu um bar, ou uma quadra de basquete. Ele escolheu uma Igreja.

AMY GOODMAN: Essa é a Fox. Dr. Raphael Warnock, essa questão do terrorismo doméstico e dos crimes de ódio - imediatamente o Prefeito e o chefe da política de Charleston, ambos brancos, disseram que havia sido um crime de ódio. Mas a verdade é que a Carolina do Sul é um dos cinco estados, junto com a Georgia, Wyoming e Indiana, que não possui leis específicas sobre crimes de ódio. Você pode nos falar sobre o que seria estes crimes de ódio, e se você os enxerga como terrorismo, e o que isso significaria caso assim chamássemos?

REV. RAPHAEL WARNOCK: Isso é claramente um crime de ódio. O próprio criminoso assim o definiu. Ele demonstrou. Nós vimos fotos dele no Facebook onde ele ostentava a bandeira de Rhodesia, hoje Zimbabwe, nos dias em que este era um Estado de supremacia branca, o velho apartheid sul-africano. Então nós sabemos algo sobre a ideologia deste homem.

Mas isso foi também um ato de terror, e que é conectado historicamente com o longo reinado de terror perpetrado contra as comunidades Afro-Americanas. Ele disse à um dos sobreviventes, "Sim, eu vou deixar você sobreviver para então você contar a história." Ora, temos que nos perguntar: o que esta história produz? Não sou um advogado. Mas será interessante ver como os advogados lidarão com o caso, como discutirão as questões técnicas sobre isso, mas é claro que ninguém está se preocupando com isso, me parece, que isso é um ato de terror, cometido não porque estas pessoas eram cristãs, mas porque eram afro-americanos.

E ele ainda disse: "você está estuprando nossas mulheres, e está tomando o país." Devemos nos perguntar de onde ele tirou esta ideia de "estarem tomando o país"?

E a Fox News tem grande responsabilidade neste tipo de informação e discurso. Eles tem disseminado esta ideia de que "nós temos que tomar nosso país de volta". Este jovem de 21 anos, nascido no final dos anos 1990, me faz lembrar do meu sobrinho. Alguém, no entanto, o ensinou à odiar.

E por isso temos que condenar os crimes de ódio, condenar este ato de terror, mas temos também que condenar este discurso que usualmente sugere que o nosso atual presidente é de algum lugar outro lugar que não o nosso país, que ele não seria um de "nós".

Texto original : CARTA MAIOR

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Emprego informal no Brasil cai de 55% para 40% em dez anos

Essa queda se deve às medidas voltadas ao aumento da arrecadação fiscal, ao fortalecimento da fiscalização, e às mudanças nas estratégias das empresas.

Fernanda Cruz - Repórter da Agência Brasil

A informalidade do emprego no país caiu de 55% para 40% durante os últimos dez anos, segundo pesquisa encomendada pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo. A redução do emprego informal foi observada em todos os setores econômicos brasileiros. Os dados foram apresentados hoje (3) na capital paulista.

A maior queda ocorreu no comércio, cuja participação do emprego informal caiu 18 pontos percentuais em dez anos, passando de 54% para 36%. Na década, o comércio despontou como principal setor em termos de participação no emprego, superando o setor agrícola.

Os setores que mais concentraram trabalhadores informais foram o agrícola, de construção civil e empregos domésticos. Tiveram concentração média de informalidade os setores de alojamento, alimentação, comércio, transporte, armazenagem, comunicação e indústria. As áreas que tradicionalmente, empregam menos trabalhadores informais são administração pública, educação, saúde e serviço social.

Nesse parâmetro, nota-se uma migração dos trabalhadores para setores que concentram mais empregos formais. Há dez anos, 63% dos trabalhadores concentravam-se em setores de alta informalidade e, agora, o percentual caiu para 35%. Alguns setores com menor informalidade empregavam 14% da força de trabalho, passando para 43% atualmente.

No varejo, os subsetores farmácia, combustíveis, eletroeletrônico e alimentos conseguiram apresentar a maior redução da informalidade. De acordo com a pesquisa, essa queda se deve às medidas voltadas ao aumento da arrecadação fiscal, como a substituição tributária, ao fortalecimento da fiscalização e às mudanças nas estratégias das empresas, como a ampliação dos meios de pagamento eletrônico e o crescimento dos shopping centers.

Os setores que não reduziram significativamente a informalidade foram a construção e o vestuário. Eles mantiveram características da produção em cadeia, que ainda permitem práticas ou modelos de negócios informais em uma parcela relevante do mercado, mostra o levantamento. 

Créditos da foto: Valdecir Galor / SMCS
Texto original: CARTA MAIOR

sábado, 6 de dezembro de 2014

Dilma Rousseff, Presidenta do Brasil, país membro do BRICS, é próximo alvo de Washington

5/12/2014, The Saker, The Vineyard of the Saker
Disgusted, Russia officially gives up any pretense of “dialog” with the AngloZionist Empire
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

O porquê do terceiro turno...
Para ganhar o segundo turno das eleições contra o candidato apoiado pelos Estados Unidos, Aécio Neves, em 26 outubro de 2014, a presidenta recém-reeleita do Brasil, Dilma Rousseff, sobreviveu a uma campanha maciça de desinformação do Departamento de Estado estadunidense. Não obstante, já está claro que Washington abriu uma nova ofensiva contra um dos líderes chave do BRICS, o grupo não alinhado de economias emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Com a campanha de guerra financeira total dos Estados Unidos para enfraquecer a Rússia de Putin e uma série de desestabilizações visando a China, inclusive, mais recentemente, a “Revolução dos Guarda-Chuvas” financiada pelos Estados Unidos em Hong Kong, livrar-se da presidente socialmente propensa do Brasil é uma prioridade máxima para deter o polo emergente que se opõe ao bloco da Nova (des)Ordem Mundial de Washington.

A razão por que Washington quer se livrar de Rousseff é clara. Como presidente, ela é uma das cinco cabeças do BRICS que assinaram a formação do Banco de Desenvolvimento do BRICS, com capital inicial autorizado de 100 bilhões de dólares e um fundo de reserva de outros 100 bilhões de dólares. Ela também apoia uma nova Moeda de Reserva Internacional para complementar e eventualmente substituir o dólar. No Brasil, ela é apoiada por milhões de brasileiros mais pobres, que foram tirados da pobreza por seus vários programas, especialmente o Bolsa Família, um programa de subsídio econômico para mães e famílias da baixa renda. O Bolsa Família tirou uma população estimada de 36 milhões de famílias da pobreza através das políticas econômicas de Rousseff e de seu partido, algo que incita verdadeiras apoplexias em Wall Street e em Washington.

Líderes dos países BRICS
Apoiado pelos Estados Unidos, seu rival na campanha, Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), serve aos interesses dos magnatas e de seus aliados de Washington.

O principal assessor econômico de Neves, que se tornaria Ministro da Fazenda no caso de uma presidência de Neves, era Armínio Fraga Neto, amigo íntimo e ex-sócio de Soros e seu fundo hedge Quantum. O principal conselheiro de Neves, e provavelmente seu Ministro das Relações Exteriores, tivesse ele ganhado as eleições, era Rubens Antônio Barbosa, ex-embaixador em Washington e hoje Diretor da ASG em São Paulo.

A ASG é o grupo de consultores de Madeleine Albright, ex-Secretária de Estado norte-americana durante o bombardeio da Iugoslávia em 1999. Albright, dirigente do principal grupo de reflexão dos Estados Unidos, o Conselho sobre Relações Exteriores, também é presidente da primeira ONG da “Revolução Colorida” financiada pelo governo dos Estados Unidos, o Instituto Democrático Nacional (NDI). Não é de surpreender que Barbosa tenha conclamado, numa campanha recente, o fortalecimento das relações Brasil-Estados Unidos e a degradação dos fortes laços Brasil-China, desenvolvidos por Rousseff na esteira das revelações sobre a espionagem norte-americana da Agência Nacional de Segurança (NSA) contra Rousseff e o seu governo.

Surgimento de escândalo de corrupção

Durante a áspera campanha eleitoral entre Rousseff e Neves, a oposição de Neves começou a espalhar rumores de que Rousseff, que até então jamais fora ligada à corrupção tão comum na política brasileira, estaria implicada num escândalo envolvendo a gigante estatal do petróleo, a Petrobras. Em setembro, um ex-diretor da Petrobras alegou que membros do governo Rousseff tinham recebido comissões em contratos assinados com a gigante do petróleo, comissões estas que depois teriam sido empregadas para comprar apoio congressional. Rousseff foi membro do conselho de diretores da companhia até 2010.

Agora, em 2 de novembro de 2014, apenas alguns dias depois da vitória arduamente conquistada por Rousseff, a maior firma de auditoria financeira dos Estados Unidos, a Price Waterhouse Coopers se recusou a assinar os demonstrativos financeiros do terceiro trimestre da Petrobras. A PWC exigiu uma investigação mais ampla do escândalo envolvendo a companhia petrolífera dirigida pelo Estado.

Dilma Rousseff
A Price Waterhouse Coopers é uma das firmas de auditoria, consultoria tributária e societária e de negócios mais eivadas de escândalos dos Estados Unidos. Ela foi implicada em 14 anos de encobrimento de uma fraude no grupo de seguros AIG, o qual estava no coração da crise financeira norte-americana de 2008. E a Câmara dos Lordes britânica criticou a PWC por não chamar atenção para os riscos do modelo de negócios adotado pelo banco Northern Rock, causador de um desastre de grandes proporções na crise imobiliária de 2008 na Grã-Bretanha, cliente que teve que ser resgatado pelo governo do Reino Unido. Intensificam-se os ataques contra Rousseff, disto podemos ter certeza.

A estratégia global de Rousseff

Não foi apenas a aliança de Rousseff com os países do BRICS que fez dela um alvo principal da política de desestabilização de Washington. Sob seu mandato, o Brasil está agindo com rapidez para baldar a vulnerabilidade à vigilância eletrônica norte-americana da NSA .

Dias após a sua reeleição, a companhia estatal Telebras anunciou planos para a construção de um cabo submarino de telecomunicações por fibra ótica com Portugal através do Atlântico. O planejado cabo da Telebras se estenderá por 5.600 quilômetros, da cidade brasileira de Fortaleza até Portugal. Ele representa uma ruptura maior no âmbito das comunicações transatlânticas sob domínio da tecnologia norte-americana. Notadamente, o presidente da Telebras, Francisco Ziober Filho, disse numa entrevista que o projeto do cabo será desenvolvido e construído sem a participação de nenhuma companhia estadunidense.

As revelações de Snowden sobre a NSA em 2013 elucidaram, entre outras coisas, os vínculos íntimos existentes entre empresas estratégicas chave de tecnologia da informática, como a Cisco Systems, a Microsoft e outras, e a comunidade norte-americana de inteligência. Ele declarou que:

A questão da integridade e vulnerabilidade de dados é sempre uma preocupação para todas as companhias de telecomunicações.

O Brasil reagiu aos vazamentos da NSA periciando todos os equipamentos de fabricação estrangeira em seu uso, a fim de obstar vulnerabilidades de segurança e acelerar a evolução do país rumo à autossuficiência tecnológica, segundo o dirigente da Telebras.

Até agora, virtualmente todo tráfego transatlântico de TI encaminhado via costa leste dos Estados Unidos para a Europa e a África representou uma vantagem importante para espionagem de Washington.

Espionagem!
Reagindo aos vazamentos de Snowden, o governo Rousseff ordenou a extinção dos contratos com a Microsoft para serviços de e-mail com Outlook. Rousseff declarou na época que o gesto visava ajudar a “impedir possíveis espionagens”. Em vez disso, o Brasil está se nacionalizando com o seu próprio sistema de e-mail, denominado Expresso, desenvolvido pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), de propriedade do Estado. O Expresso já é utilizado por 13 dos 39 ministérios do país. O porta-voz do Serpro, Marcos Melo, declarou:

O Expresso está 100 por cento sob nosso controle.

Se verdadeiro ou ainda incerto, o fato é que sob Rousseff e de seu partido o Brasil está trabalhando para fazer o que ela considera ser o melhor para interesse nacional do Brasil.

A geopolítica do petróleo também é chave

O Brasil também está se livrando do domínio anglo-americano sobre sua exploração de petróleo e de gás. No final de 2007, a Petrobras descobriu o que considerou ser uma nova e enorme bacia de petróleo de alta qualidade na plataforma continental no mar territorial brasileiro da Bacia de Santos. Desde então, a Petrobras perfurou 11 poços de petróleo nesta bacia, todos bem-sucedidos. Somente em Tupi e em Iara, a Petrobras estima que haja entre de 8 a 12 bilhões de barris de óleo recuperável, o que pode quase dobrar as reservas brasileiras atuais de petróleo. No total, a plataforma continental do Brasil pode conter mais de 100 bilhões de barris de petróleo, transformando o país numa potência de petróleo e gás de primeira grandeza, algo que a Exxon e a Chevron, as gigantes do petróleo norte-americano, se esforçaram arduamente para controlar.

Em 2009, segundo cabogramas diplomáticos norte-americanos vazados e publicados pelo Wikileaks, a Exxon e a Chevron foram assinaladas pelo consulado estadunidense no Rio de Janeiro por estarem tentando, em vão, alterar a lei proposta pelo mentor e predecessor de Rousseff em seu Partido dos Trabalhadores, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, ou Lula, como ele é chamado.

Esta lei de 2009 tornava a estatal Petrobras operadora-chefe de todos os blocos no mar territorial. Washington e as gigantes estadunidenses do petróleo ficaram furiosos ao perderem controles-chave sobre a descoberta da potencialmente maior jazida individual de petróleo em décadas.

Dilma Rousseff e Joe Biden
Para tornar as coisas piores aos olhos de Washington, Lula não apenas afastou a Exxon Mobil e a Chevron de suas posições de controle em favor da estatal Petrobras, como também abriu a exploração do petróleo brasileiro aos chineses. Em dezembro de 2010, num dos seus últimos atos como presidente, ele supervisionou a assinatura de um acordo entre a companhia energética hispano-brasileira Repsol e a estatal chinesa Sinopec. A Sinopec formou uma joint venture, a Repsol Sinopec Brasil, investindo mais de 7,1 bilhões de dólares na Repsol Brasil. Já em 2005, Lula havia aprovado a formação da Sinopec International Petroleum Service of Brazil Ltd, como parte de uma nova aliança estratégica entre a China e o Brasil, precursora da atual organização do BRICS.

Washington não gostou

Em 2012, uma perfuração conjunta, Repsol Sinopec Brazil, Norway’s Stateoil e Petrobras, fez uma descoberta de importância maior em Pão de Açúcar, a terceira no bloco BM-C-33, o qual inclui Seat e Gávea, esta última uma das 10 maiores descobertas do mundo em 2011. As maiores do petróleo estadunidense e britânico absolutamente sequer estavam presentes.

Com o aprofundamento das relações entre o governo Rousseff e a China, bem como com a Rússia e com outros parceiros do BRICS, em maio de 2013, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, veio ao Brasil com sua agenda focada no desenvolvimento de gás e petróleo. Ele se encontrou com a presidenta Dilma Rousseff, que havia sucedido ao seu mentor Lula em 2011. Biden também se encontrou com as principais companhias energéticas no Brasil, inclusive a Petrobrás.

Embora pouca coisa tenha sido dita publicamente, Rousseff se recusou a reverter a lei do petróleo de 2009 de maneira a adequá-la aos interesses de Biden e de Washington. Dias depois da visita de Biden, surgiram as revelações de Snowden sobre a NSA, de que os Estados Unidos também estavam espionando Rousseff e os funcionários de alto escalão da Petrobras. Ela ficou furiosa e, naquele mês de setembro, denunciou a administração Obama diante da Assembleia Geral da ONU por violação da lei internacional. Em protesto, ela cancelou uma visita programada a Washington. Depois disso, as relações Estados Unidos-Brasil sofreram um grave resfriamento.

Dilma e Lula
Antes da visita de Biden em maio de 2013, Dilma Rousseff tinha uma taxa de popularidade de 70 por cento. Menos de duas semanas depois da visita de Biden ao Brasil, protestos em escala nacional convocados por um grupo bem organizado chamado Movimento Passe Livre, relativos a um aumento nominal de 10 por cento nas passagens de ônibus, levaram o país virtualmente a uma paralisação e se tornaram muito violentos. Os protestos ostentavam a marca de uma típica “Revolução Colorida”, ou desestabilização via Twitter, que parece seguir Biden por onde quer que ele se apresente. Em semanas, a popularidade de Rousseff caiu para 30 por cento.

Washington enviara claramente um sinal de que Rousseff teria que mudar de curso ou enfrentar sérios problemas. Agora que ela ganhou a reeleição e derrotou os oligarcas bem financiados da direita e a oposição, está claro que Washington vai lançar mão de uma energia renovada para tentar se livrar de mais um líder do BRICS, numa tentativa cada vez mais desesperada de manter o status quo. Parece que o mundo já não se põe mais em prontidão como fez nas décadas passadas quando Washington dava suas ordens de marcha. O ano de 2015 será uma aventura não só para o Brasil, mas para todo o mundo. 

[*] Frederick William Engdahl é jornalista, conferencista e consultor para riscos estratégicos. É graduado em política pela Princeton University; autor consagrado e especialista em questõesenergéticas e geopolítica da revista online New Eastern Outlook.
Nascido em Minneapolis, Minnesota, Estados Unidos, é filho de F. William Engdahl e Ruth Aalund (nascida Rishoff). F.W. Engdahl cresceu no Texas, e depois de se formar em engenharia e jurisprudência naPrinceton University em 1966 (bacharelado), e pós-graduação em economia comparativa da University of Stockholm 1969-1970. Trabalhou como economista e jornalista free-lance em Nova York e na Europa. Começou a escrever sobre política do petróleo, com o primeiro choque do petróleo na década de 1970. Tem sido colaborador de longa data do movimento LaRouche.
Seu primeiro livro foi A Century of War: Anglo-American Oil Politics and the New World Order, onde discute os papéis de Zbigniew Brzezinski, de George Ball e dos EUA na derrubada do xá do Irã em 1979, que se destinava a manipular os preços do petróleo e impedir a expansão soviética. Engdahl afirma que Brzezinski e Ball usaram o modelo de balcanização do mundo islâmico proposto por Bernard Lewis.Em 2007, completou seu livro Seeds of Destruction: The Hidden Agenda of Genetic Manipulation. Seu último livro foi: Gods of Money: Wall Street and the Death of the American Century (2010).
Engdahl é autor frequente do sítio do Centre for Research on Globalization. É casado desde 1987 e vive há mais de duas décadas perto de Frankfurt am Main, na Alemanha.

Replicado :REDECASTORPHOTO

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