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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Emprego informal no Brasil cai de 55% para 40% em dez anos

Essa queda se deve às medidas voltadas ao aumento da arrecadação fiscal, ao fortalecimento da fiscalização, e às mudanças nas estratégias das empresas.

Fernanda Cruz - Repórter da Agência Brasil

A informalidade do emprego no país caiu de 55% para 40% durante os últimos dez anos, segundo pesquisa encomendada pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo. A redução do emprego informal foi observada em todos os setores econômicos brasileiros. Os dados foram apresentados hoje (3) na capital paulista.

A maior queda ocorreu no comércio, cuja participação do emprego informal caiu 18 pontos percentuais em dez anos, passando de 54% para 36%. Na década, o comércio despontou como principal setor em termos de participação no emprego, superando o setor agrícola.

Os setores que mais concentraram trabalhadores informais foram o agrícola, de construção civil e empregos domésticos. Tiveram concentração média de informalidade os setores de alojamento, alimentação, comércio, transporte, armazenagem, comunicação e indústria. As áreas que tradicionalmente, empregam menos trabalhadores informais são administração pública, educação, saúde e serviço social.

Nesse parâmetro, nota-se uma migração dos trabalhadores para setores que concentram mais empregos formais. Há dez anos, 63% dos trabalhadores concentravam-se em setores de alta informalidade e, agora, o percentual caiu para 35%. Alguns setores com menor informalidade empregavam 14% da força de trabalho, passando para 43% atualmente.

No varejo, os subsetores farmácia, combustíveis, eletroeletrônico e alimentos conseguiram apresentar a maior redução da informalidade. De acordo com a pesquisa, essa queda se deve às medidas voltadas ao aumento da arrecadação fiscal, como a substituição tributária, ao fortalecimento da fiscalização e às mudanças nas estratégias das empresas, como a ampliação dos meios de pagamento eletrônico e o crescimento dos shopping centers.

Os setores que não reduziram significativamente a informalidade foram a construção e o vestuário. Eles mantiveram características da produção em cadeia, que ainda permitem práticas ou modelos de negócios informais em uma parcela relevante do mercado, mostra o levantamento. 

Créditos da foto: Valdecir Galor / SMCS
Texto original: CARTA MAIOR

sábado, 6 de dezembro de 2014

Dilma Rousseff, Presidenta do Brasil, país membro do BRICS, é próximo alvo de Washington

5/12/2014, The Saker, The Vineyard of the Saker
Disgusted, Russia officially gives up any pretense of “dialog” with the AngloZionist Empire
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

O porquê do terceiro turno...
Para ganhar o segundo turno das eleições contra o candidato apoiado pelos Estados Unidos, Aécio Neves, em 26 outubro de 2014, a presidenta recém-reeleita do Brasil, Dilma Rousseff, sobreviveu a uma campanha maciça de desinformação do Departamento de Estado estadunidense. Não obstante, já está claro que Washington abriu uma nova ofensiva contra um dos líderes chave do BRICS, o grupo não alinhado de economias emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Com a campanha de guerra financeira total dos Estados Unidos para enfraquecer a Rússia de Putin e uma série de desestabilizações visando a China, inclusive, mais recentemente, a “Revolução dos Guarda-Chuvas” financiada pelos Estados Unidos em Hong Kong, livrar-se da presidente socialmente propensa do Brasil é uma prioridade máxima para deter o polo emergente que se opõe ao bloco da Nova (des)Ordem Mundial de Washington.

A razão por que Washington quer se livrar de Rousseff é clara. Como presidente, ela é uma das cinco cabeças do BRICS que assinaram a formação do Banco de Desenvolvimento do BRICS, com capital inicial autorizado de 100 bilhões de dólares e um fundo de reserva de outros 100 bilhões de dólares. Ela também apoia uma nova Moeda de Reserva Internacional para complementar e eventualmente substituir o dólar. No Brasil, ela é apoiada por milhões de brasileiros mais pobres, que foram tirados da pobreza por seus vários programas, especialmente o Bolsa Família, um programa de subsídio econômico para mães e famílias da baixa renda. O Bolsa Família tirou uma população estimada de 36 milhões de famílias da pobreza através das políticas econômicas de Rousseff e de seu partido, algo que incita verdadeiras apoplexias em Wall Street e em Washington.

Líderes dos países BRICS
Apoiado pelos Estados Unidos, seu rival na campanha, Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), serve aos interesses dos magnatas e de seus aliados de Washington.

O principal assessor econômico de Neves, que se tornaria Ministro da Fazenda no caso de uma presidência de Neves, era Armínio Fraga Neto, amigo íntimo e ex-sócio de Soros e seu fundo hedge Quantum. O principal conselheiro de Neves, e provavelmente seu Ministro das Relações Exteriores, tivesse ele ganhado as eleições, era Rubens Antônio Barbosa, ex-embaixador em Washington e hoje Diretor da ASG em São Paulo.

A ASG é o grupo de consultores de Madeleine Albright, ex-Secretária de Estado norte-americana durante o bombardeio da Iugoslávia em 1999. Albright, dirigente do principal grupo de reflexão dos Estados Unidos, o Conselho sobre Relações Exteriores, também é presidente da primeira ONG da “Revolução Colorida” financiada pelo governo dos Estados Unidos, o Instituto Democrático Nacional (NDI). Não é de surpreender que Barbosa tenha conclamado, numa campanha recente, o fortalecimento das relações Brasil-Estados Unidos e a degradação dos fortes laços Brasil-China, desenvolvidos por Rousseff na esteira das revelações sobre a espionagem norte-americana da Agência Nacional de Segurança (NSA) contra Rousseff e o seu governo.

Surgimento de escândalo de corrupção

Durante a áspera campanha eleitoral entre Rousseff e Neves, a oposição de Neves começou a espalhar rumores de que Rousseff, que até então jamais fora ligada à corrupção tão comum na política brasileira, estaria implicada num escândalo envolvendo a gigante estatal do petróleo, a Petrobras. Em setembro, um ex-diretor da Petrobras alegou que membros do governo Rousseff tinham recebido comissões em contratos assinados com a gigante do petróleo, comissões estas que depois teriam sido empregadas para comprar apoio congressional. Rousseff foi membro do conselho de diretores da companhia até 2010.

Agora, em 2 de novembro de 2014, apenas alguns dias depois da vitória arduamente conquistada por Rousseff, a maior firma de auditoria financeira dos Estados Unidos, a Price Waterhouse Coopers se recusou a assinar os demonstrativos financeiros do terceiro trimestre da Petrobras. A PWC exigiu uma investigação mais ampla do escândalo envolvendo a companhia petrolífera dirigida pelo Estado.

Dilma Rousseff
A Price Waterhouse Coopers é uma das firmas de auditoria, consultoria tributária e societária e de negócios mais eivadas de escândalos dos Estados Unidos. Ela foi implicada em 14 anos de encobrimento de uma fraude no grupo de seguros AIG, o qual estava no coração da crise financeira norte-americana de 2008. E a Câmara dos Lordes britânica criticou a PWC por não chamar atenção para os riscos do modelo de negócios adotado pelo banco Northern Rock, causador de um desastre de grandes proporções na crise imobiliária de 2008 na Grã-Bretanha, cliente que teve que ser resgatado pelo governo do Reino Unido. Intensificam-se os ataques contra Rousseff, disto podemos ter certeza.

A estratégia global de Rousseff

Não foi apenas a aliança de Rousseff com os países do BRICS que fez dela um alvo principal da política de desestabilização de Washington. Sob seu mandato, o Brasil está agindo com rapidez para baldar a vulnerabilidade à vigilância eletrônica norte-americana da NSA .

Dias após a sua reeleição, a companhia estatal Telebras anunciou planos para a construção de um cabo submarino de telecomunicações por fibra ótica com Portugal através do Atlântico. O planejado cabo da Telebras se estenderá por 5.600 quilômetros, da cidade brasileira de Fortaleza até Portugal. Ele representa uma ruptura maior no âmbito das comunicações transatlânticas sob domínio da tecnologia norte-americana. Notadamente, o presidente da Telebras, Francisco Ziober Filho, disse numa entrevista que o projeto do cabo será desenvolvido e construído sem a participação de nenhuma companhia estadunidense.

As revelações de Snowden sobre a NSA em 2013 elucidaram, entre outras coisas, os vínculos íntimos existentes entre empresas estratégicas chave de tecnologia da informática, como a Cisco Systems, a Microsoft e outras, e a comunidade norte-americana de inteligência. Ele declarou que:

A questão da integridade e vulnerabilidade de dados é sempre uma preocupação para todas as companhias de telecomunicações.

O Brasil reagiu aos vazamentos da NSA periciando todos os equipamentos de fabricação estrangeira em seu uso, a fim de obstar vulnerabilidades de segurança e acelerar a evolução do país rumo à autossuficiência tecnológica, segundo o dirigente da Telebras.

Até agora, virtualmente todo tráfego transatlântico de TI encaminhado via costa leste dos Estados Unidos para a Europa e a África representou uma vantagem importante para espionagem de Washington.

Espionagem!
Reagindo aos vazamentos de Snowden, o governo Rousseff ordenou a extinção dos contratos com a Microsoft para serviços de e-mail com Outlook. Rousseff declarou na época que o gesto visava ajudar a “impedir possíveis espionagens”. Em vez disso, o Brasil está se nacionalizando com o seu próprio sistema de e-mail, denominado Expresso, desenvolvido pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), de propriedade do Estado. O Expresso já é utilizado por 13 dos 39 ministérios do país. O porta-voz do Serpro, Marcos Melo, declarou:

O Expresso está 100 por cento sob nosso controle.

Se verdadeiro ou ainda incerto, o fato é que sob Rousseff e de seu partido o Brasil está trabalhando para fazer o que ela considera ser o melhor para interesse nacional do Brasil.

A geopolítica do petróleo também é chave

O Brasil também está se livrando do domínio anglo-americano sobre sua exploração de petróleo e de gás. No final de 2007, a Petrobras descobriu o que considerou ser uma nova e enorme bacia de petróleo de alta qualidade na plataforma continental no mar territorial brasileiro da Bacia de Santos. Desde então, a Petrobras perfurou 11 poços de petróleo nesta bacia, todos bem-sucedidos. Somente em Tupi e em Iara, a Petrobras estima que haja entre de 8 a 12 bilhões de barris de óleo recuperável, o que pode quase dobrar as reservas brasileiras atuais de petróleo. No total, a plataforma continental do Brasil pode conter mais de 100 bilhões de barris de petróleo, transformando o país numa potência de petróleo e gás de primeira grandeza, algo que a Exxon e a Chevron, as gigantes do petróleo norte-americano, se esforçaram arduamente para controlar.

Em 2009, segundo cabogramas diplomáticos norte-americanos vazados e publicados pelo Wikileaks, a Exxon e a Chevron foram assinaladas pelo consulado estadunidense no Rio de Janeiro por estarem tentando, em vão, alterar a lei proposta pelo mentor e predecessor de Rousseff em seu Partido dos Trabalhadores, o presidente Luís Inácio Lula da Silva, ou Lula, como ele é chamado.

Esta lei de 2009 tornava a estatal Petrobras operadora-chefe de todos os blocos no mar territorial. Washington e as gigantes estadunidenses do petróleo ficaram furiosos ao perderem controles-chave sobre a descoberta da potencialmente maior jazida individual de petróleo em décadas.

Dilma Rousseff e Joe Biden
Para tornar as coisas piores aos olhos de Washington, Lula não apenas afastou a Exxon Mobil e a Chevron de suas posições de controle em favor da estatal Petrobras, como também abriu a exploração do petróleo brasileiro aos chineses. Em dezembro de 2010, num dos seus últimos atos como presidente, ele supervisionou a assinatura de um acordo entre a companhia energética hispano-brasileira Repsol e a estatal chinesa Sinopec. A Sinopec formou uma joint venture, a Repsol Sinopec Brasil, investindo mais de 7,1 bilhões de dólares na Repsol Brasil. Já em 2005, Lula havia aprovado a formação da Sinopec International Petroleum Service of Brazil Ltd, como parte de uma nova aliança estratégica entre a China e o Brasil, precursora da atual organização do BRICS.

Washington não gostou

Em 2012, uma perfuração conjunta, Repsol Sinopec Brazil, Norway’s Stateoil e Petrobras, fez uma descoberta de importância maior em Pão de Açúcar, a terceira no bloco BM-C-33, o qual inclui Seat e Gávea, esta última uma das 10 maiores descobertas do mundo em 2011. As maiores do petróleo estadunidense e britânico absolutamente sequer estavam presentes.

Com o aprofundamento das relações entre o governo Rousseff e a China, bem como com a Rússia e com outros parceiros do BRICS, em maio de 2013, o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, veio ao Brasil com sua agenda focada no desenvolvimento de gás e petróleo. Ele se encontrou com a presidenta Dilma Rousseff, que havia sucedido ao seu mentor Lula em 2011. Biden também se encontrou com as principais companhias energéticas no Brasil, inclusive a Petrobrás.

Embora pouca coisa tenha sido dita publicamente, Rousseff se recusou a reverter a lei do petróleo de 2009 de maneira a adequá-la aos interesses de Biden e de Washington. Dias depois da visita de Biden, surgiram as revelações de Snowden sobre a NSA, de que os Estados Unidos também estavam espionando Rousseff e os funcionários de alto escalão da Petrobras. Ela ficou furiosa e, naquele mês de setembro, denunciou a administração Obama diante da Assembleia Geral da ONU por violação da lei internacional. Em protesto, ela cancelou uma visita programada a Washington. Depois disso, as relações Estados Unidos-Brasil sofreram um grave resfriamento.

Dilma e Lula
Antes da visita de Biden em maio de 2013, Dilma Rousseff tinha uma taxa de popularidade de 70 por cento. Menos de duas semanas depois da visita de Biden ao Brasil, protestos em escala nacional convocados por um grupo bem organizado chamado Movimento Passe Livre, relativos a um aumento nominal de 10 por cento nas passagens de ônibus, levaram o país virtualmente a uma paralisação e se tornaram muito violentos. Os protestos ostentavam a marca de uma típica “Revolução Colorida”, ou desestabilização via Twitter, que parece seguir Biden por onde quer que ele se apresente. Em semanas, a popularidade de Rousseff caiu para 30 por cento.

Washington enviara claramente um sinal de que Rousseff teria que mudar de curso ou enfrentar sérios problemas. Agora que ela ganhou a reeleição e derrotou os oligarcas bem financiados da direita e a oposição, está claro que Washington vai lançar mão de uma energia renovada para tentar se livrar de mais um líder do BRICS, numa tentativa cada vez mais desesperada de manter o status quo. Parece que o mundo já não se põe mais em prontidão como fez nas décadas passadas quando Washington dava suas ordens de marcha. O ano de 2015 será uma aventura não só para o Brasil, mas para todo o mundo. 

[*] Frederick William Engdahl é jornalista, conferencista e consultor para riscos estratégicos. É graduado em política pela Princeton University; autor consagrado e especialista em questõesenergéticas e geopolítica da revista online New Eastern Outlook.
Nascido em Minneapolis, Minnesota, Estados Unidos, é filho de F. William Engdahl e Ruth Aalund (nascida Rishoff). F.W. Engdahl cresceu no Texas, e depois de se formar em engenharia e jurisprudência naPrinceton University em 1966 (bacharelado), e pós-graduação em economia comparativa da University of Stockholm 1969-1970. Trabalhou como economista e jornalista free-lance em Nova York e na Europa. Começou a escrever sobre política do petróleo, com o primeiro choque do petróleo na década de 1970. Tem sido colaborador de longa data do movimento LaRouche.
Seu primeiro livro foi A Century of War: Anglo-American Oil Politics and the New World Order, onde discute os papéis de Zbigniew Brzezinski, de George Ball e dos EUA na derrubada do xá do Irã em 1979, que se destinava a manipular os preços do petróleo e impedir a expansão soviética. Engdahl afirma que Brzezinski e Ball usaram o modelo de balcanização do mundo islâmico proposto por Bernard Lewis.Em 2007, completou seu livro Seeds of Destruction: The Hidden Agenda of Genetic Manipulation. Seu último livro foi: Gods of Money: Wall Street and the Death of the American Century (2010).
Engdahl é autor frequente do sítio do Centre for Research on Globalization. É casado desde 1987 e vive há mais de duas décadas perto de Frankfurt am Main, na Alemanha.

Replicado :REDECASTORPHOTO

Textos relacionados:
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domingo, 20 de julho de 2014

Manifestação de apoio à Palestina acaba em confronto em Paris

Apesar de proibida, milhares de pessoas ocuparam, sábado, as ruas do norte de Paris para bradar contra os ataques de Israel à Palestina.

Sarah Carneiro (*)

Paris - Embora a manifestação tenha sido proibida pela justiça – na França, a organização de mobilizações nas vias públicas só é possível mediante autorização da polícia –, milhares de pessoas ocuparam, sábado (19, as ruas do norte de Paris para bradar contra os ataques de Israel à Palestina. Houve muita tensão: um civil e um policial ficaram feridos e 38 pessoas foram presas.

O movimento teria início às 15h. Por volta das 10, quase 30 viaturas policiais já cercavam a região, enfileiradas nas ruas que circundam a estação de metrô Barbès. Agentes andavam de um lado para o outro, examinando o mapa da cidade e articulando estratégias para sufocar a manifestação, caso esta viesse a ser formada.

Em meio aos preparativos dos policiais, uma senhora que passava pelo local demonstra o seu inconformismo. “É completamente lamentável a interdição dessa manifestação de solidariedade a um povo massacrado. A França é o país dos direitos humanos e da liberdade de expressão”, salientou.


Crescente

Era mais ou menos 14h, quando um grupo de umas 30 pessoas chegou à região, munido de bandeiras e alguns cartazes. Gritando frases, como: “Resistência de Paris à Gaza” e “Israel assassino; Hollande (presidente da França) cúmplice”, eles pediam liberdade. “Nós temos o direito de nos manifestar. Não podemos aceitar a proibição que nos foi dada. Crianças morrem. Israel coloniza Gaza e temos que reagir”, exigia Ichan, um dos militantes.

“O mundo inteiro apoia esta manifestação. Até os jornalistas americanos têm assumido uma posição contrária a Israel. Todas as pessoas estão percebendo que os israelenses são manipuladores, e que efetivamente os palestinos estão sendo massacrados. Não se trata de uma guerra; se trata de uma colonização e um povo inteiro corre o risco de morrer. Como cidadãos franceses, nós temos o direito de nos manifestar”, insistia Ichan.

Mais e mais manifestantes foram se aglomerando, e os policiais os cercaram para impedir que saíssem em marcha. A esta altura, 15h30, já se tinha uma multidão no local; homens e mulheres erguiam fotos do massacre, e duas bandeiras de Israel foram queimadas no alto de um prédio. Neste instante, Muay, que vestia uma camisa onde se lia “Boicote a Israel”, perguntado se entendia aquele encontro já como uma manifestação, respondeu: “se temos as passagens bloqueadas e não podemos caminhar, não temos uma verdadeira manifestação”.

Confronto

Transcorridos alguns minutos, uma das avenidas teve o acesso liberado e os manifestantes seguiram com palavras de ordem contra Israel, até esbarrarem num novo cordão policial. Foram arremessados fogos de artifício e pedras em direção à polícia, que reagiu com bombas de gás lacrimogêneo. A partir daí o que se viu foi um enfrentamento entre os dois lados.

Em ruas próximas, muitas pessoas observavam o que estava acontecendo e era comum o descontentamento com a proibição da manifestação, anunciada ontem. “Não entendo como o Partido Socialista pôde fazer isso. Desde 1968 eu não tenho notícias de que alguma passeata tenha sido impedida”, declarou Emmanuelle, habitante do bairro de Barbès.

O argumento usado pelo presidente François Hollande para a interdição foi que “não se pode importar para Paris o conflito que acontece em Gaza”. Além disso, também recordou que mobilizações ocorridas nos últimos dias acabaram em apedrejamentos a sinagogas da cidade econfronto contra a LDF (Ligue de défense juive – Liga de Defesa Judia).

(*) Sarah Carneiro é jornalista.

Créditos da foto: Luciano Fogaça

texto original: CARTA MAIOR

domingo, 13 de julho de 2014

Mídia e oposição na contra-mão das manifestações de junho

Com a força das manifestações de junho de 2013, o governo Dilma pode levar à frente projetos que sofriam forte resistência no Congresso e na imprensa.

José Augusto Valente

A partir da manifestação do Movimento Passe Livre (MPL), pela redução das tarifas de ônibus de São Paulo, outros movimentos e pessoas se articularam e foram às ruas e às redes sociais, colocando publicamente demandas relevantes para o país.

Na essência, essa movimentação pedia “mais estado” nos serviços públicos. 
Mais saúde, mais educação, mais transporte público e mais direitos de cidadania. Junto com isso, havia um forte questionamento ao Congresso Nacional, indicando que este não os representava. Daí a necessidade da “voz das ruas” ser ouvida.

A chamada grande imprensa e a oposição tentaram de todas as formas surfar esse momento insinuando que estava em cheque o governo Dilma, que precisava ser substituído. Faziam questão de esconder a informação básica de que saúde e educação básicas e transporte público são atribuições de prefeituras e governos de estado e, em muito menor grau, da União.

O governo Dilma, no entanto, já trabalhava essas questões há alguns anos e tinha enorme dificuldade de aprovar os respectivos projetos no Congresso Nacional.

Com a força das manifestações, o governo Dilma pode levar à frente esses projetos que sofriam forte resistência no Congresso e na imprensa, como: Mais Médicos; Plano Nacional de Educação; Royalties do pré-sal para educação e saúde; Política Nacional de Participação Social; e Reforma Política.

Dessas cinco ações, três continuam recebendo oposição incondicional da imprensa:

O Mais Médicos faz parte do programa Saúde da Família, que reforça a medicina preventiva, e é fundamental para reduzir demandas e custos nas unidades de maior complexidade, permitindo maior qualidade de atendimento nessas. A oposição se atém ao fato de haver uma quantidade razoável de médicos cubanos, para fazer seu proselitismo contra o programa. 

O que está por trás desse proselitismo, entretanto, não é a ideologia, e sim porque um programa da saúde da família bem feito, com apoio nas UPAs, permite o combate a dois aspectos que mantêm a saúde pública no século XIX. 

O primeiro é que o fisiologismo de muitos partidos opera na carência de serviços públicos. Onde falta estado entram os Centros Sociais de vereadores e deputados, que, com suas ambulâncias e seu trabalho de despachante de luxo, abarrotam os hospitais públicos. 

O segundo é que uma excelente saúde pública básica reduz em muito as demandas nas unidades de maior complexidade como hospitais. Essa redução gera menos gastos em remédios, equipamentos e outros insumos. Essa é uma importante fonte de abastecimento de caixas dois de campanha eleitoral.
Em síntese, o programa Mais Médicos, junto com as UPAs, é muito ruim para os projetos eleitorais da oposição e, sejamos justos, também para alguns partidos da base do governo.

A Reforma Política, como proposta pelo governo federal, visa à redução do peso do poder econômico no processo eleitoral e, por consequência, nas decisões do Congresso Nacional e demais casas legislativas.

Como a oposição e a imprensa representam, quase que exclusivamente, os interesses do poder econômico, não é difícil entender porque a guerra contra a reforma política, especialmente, contra a convocação de Constituinte exclusiva para isso, sem os congressistas atuais.

O Decreto que regulamentou a Política Nacional de Participação Social apenas definiu de forma mais clara algo que já existe na nossa legislação. 

A Constituição, em seu Artigo 1º, parágrafo único, diz que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”. O Art. 14 prevê a utilização de plebiscitos e referendos, bem como a iniciativa popular no processo legislativo. Além disso, a Carta Magna define a participação social como diretriz do Sistema Único de Saúde (Art 198, III), da Assistência Social (Art. 204, II), da Seguridade Social (Art. 194, parágrafo único, VII) e, mais recentemente, do Sistema Nacional de Cultura (Art 216, § 1º, X). 

Além da oposição incondicional da imprensa a esses projetos, há a omissão sobre questões relevantes, apontadas pelas manifestações de junho de 2013.

O Plano Nacional de Educação, do governo federal, permitirá o salto quantitativo e qualitativo no ensino brasileiro. Define metas para os próximos dez anos, com respectivos mecanismos de monitoramento, avaliação e financiamento. É uma resposta categórica aos anseios da população pela melhoria da educação. Define maior responsabilidade da União no sistema de ensino. 

A Petrobras terá um papel estratégico no financiamento da educação pública de qualidade. Assim, os recordes seguidos na produção deveriam merecer destaque na imprensa. Mas não é o que ocorre. Para esta, o que interessa é Pasadena e supostos esquemas de corrupção. É mais importante tentar vincular a presidenta Dilma àquilo que eles consideram como erro grave na aquisição de Pasadena, do que, por exemplo, informar o atingimento da marca de 539 mil barris apenas no pré-sal.

Como se vê, as principais medidas propostas pelo governo federal são rechaçadas ou minimizadas pela oposição e por parte da imprensa que a apoia incondicionalmente. O que as colocam na contra-mão das manifestações de junho/2013.

Com a palavra o eleitor!

Texto original em: CARTA MAIOR

terça-feira, 1 de julho de 2014

Quem são os bandidos?

Seria o trabalhador que luta por melhores condições e salários ou um governo com integrantes acusados de receber propina?

Por: Vladimir Safatle, no CartaCapital

A história tem lá sua ironia. Pense em um governo acusado de, durante décadas, alimentar um dos piores casos de corrupção do Brasil por meio do desvio de dinheiro de obras do Metrô de sua capital caótica. Como ele controla a Assembleia Legislativa e tem influência sobre certos integrantes do Poder Judiciário, o caso parece nunca andar até que tribunais internacionais começam a julgar as multinacionais envolvidas em esquemas milionários de propina.

Então, aos poucos, cada um dos integrantes da alta cúpula do dito governo começa a aparecer nas páginas policiais. Mesmo assim, nenhuma CPI, nenhuma sanha investigativa a alimentar o ímpeto denunciador de amplos setores da mídia. Ao contrário, tudo indica que o referido governo ganhará mais uma eleição em uma terra na qual ele governa há praticamente 30 anos. Ou seja, estamos aí diante do crime perfeito praticado por profissionais.

Imbuído da fé em sua resiliência, o governo resolve enfrentar uma greve, veja só, exatamente no Metrô, a empresa, tudo indica, saqueada por propinas, com uma gestão tão eficiente que construções desabam e matam periodicamente operários. Do outro lado, estão metroviários em luta por algo inaceitável, absurdo, impensável, a saber, melhores salários. Como assim, funcionários em greve por melhores salários e condições de trabalho? Por meio da força de pressão para poder negociar uma qualidade de vida melhor?

Impossível. Na verdade, eles estão, como se diz, a tornar a “população” refém de seus “interesses políticos”, a querer desestabilizar o governo ordeiro em ano eleitoral. Não, uma greve não pode atrapalhar a população trabalhadora, da mesma forma como, em 2013, uma manifestação não podia impedir a “população” de praticar seu legítimo direito de ir e vir.

Claro que há direito de greve, mas greve legal e somente aquela que ninguém sente e que, por isso, pode ficar durante meses sem conseguir algo. Greve boa é greve morta.

Os metroviários não entenderam assim, por isso o governo precisou agir com firmeza. Funcionários presos, demitidos e ameaçados de demissão. Qual o crime? Ter feito greve. Ou, se quiser, se comportado como “bandidos” por pararem a circulação da cidade a fim de mostrar ao povo suas condições precárias de trabalho e salário.

Então, nessas ironias da história, um governo prenhe de integrantes a serem acusados de bandidos por práticas reiteradas de corrupção no Metrô mostra sua mão dura contra funcionários, desse mesmo Metrô, tratados como bandidos por fazerem uma greve por melhores salários e condições de trabalho. Difícil não se imaginar em uma peça de Alfred Jarry. O título da peça poderia ser, inclusive: “Quem São os Bandidos?”

Para terminar a descrição da peça, haveria ainda o coro. Ele seria composto de cidadãos chorando por não terem conseguido trabalhar, empregados ordeiros revoltados por não poderem realizar suas obrigações laborais de forma civilizada. Gente que, repetidamente, diz não aguentar mais a instabilidade provocada por esses grevistas que confrontam a polícia e que parecem ter alguma forma de prazer perverso em inalar gás lacrimogêneo. Algum dia você ainda verá artigos a provar que esquerdistas gostam de inalar gás lacrimogêneo, porque ele provoca alucinações.

Esse é um capítulo da estranha vida em São Paulo. Muitas vezes, ela parece ser a descrição de um mundo invertido onde o pior pecado é ser pobre, não aguentar ser espoliado em seu emprego, mas ser sindicalizado. Ainda mais se for funcionário do Metrô.

Pois como o Metrô conseguirá pagar melhores salários se ele precisa ainda, ao que indicam os processos abertos nas justiças suíça e francesa, financiar campanhas eleitorais para o grupo que tem o direito de governar São Paulo como uma capitania hereditária?

Isso é não entender nada de choque de gestão e responsabilidade orçamentária. Isso é ser completamente irresponsável com o dinheiro público. Tenha certeza disso, nossos governantes nunca aceitarão tamanha chantagem.

Texto replicado deste endereço: O CARCARÁ

sábado, 28 de junho de 2014

As 13 previsões mais catastróficas, e furadas, sobre a Copa no Brasil

É hora de relembrar, com algumas boas gargalhadas, as previsões mais pessimistas e catastróficas feitas por cartomantes de plantão que previram o caos.

Najla Passos

A Copa do Mundo não resolveu e não irá resolver todos os problemas do país. Aliás, nem é esta a função de um evento esportivo privado. Mas que o mundial atrai turismo e investimentos externos, não há mais dúvidas. Como também não há nenhuma de que ele mexe com autoestima de um país incentivado durante séculos a cultivar um inapropriado “complexo de vira-latas”! 

Por isso, agora que o sucesso do evento já é reconhecido em todo o mundo, que o país já provou que pode ser organizar uma bela copa e que os turistas e os investimentos estrangeiros continuam chegando, é hora de dar boas gargalhadas com previsões mais pessimistas feitas pelas cartomantes de plantão que tanto torceram contra a realização do mundial.

Das adivinhações às avessas do mago Paulo Coelho à mudança de planos da cineasta que fez sucesso afirmando que não viria ao Brasil, dos prejuízos contabilizados pelo tucanato ao delírio do protesto do chuveiro no “modo quentão”, do mau-humor da imprensa estrangeira à campanha permanente da Veja, confira as 13 previsões mais catastróficas – e furadas – sobre a Copa do Mundo no Brasil!

1 – O mago Paulo Coelho: “A barra vai pesar na Copa do Mundo”

Em entrevista à revista Época, publicada em 5/4/2014, o mago, guru e escritor Paulo Coelho, que mora na Suíça, disse que não viria ao Brasil assistir aos jogos da Copa do Mundo nos estádios, apesar de ter sido presenteado com os ingressos pela FIFA. “A barra vai pesar na Copa. A Copa será um foco de manifestações justas por um Brasil melhor. Os protestos vão explodir durante os jogos porque vai haver mais gente fora do que dentro dos estádios”, afirmou.

O Mago, que “previra” que o Brasil ia ganhar a Copa das Confederações, evita arriscar o resultado para o mundial. E apresenta certezas já desconstruídas pela realidade, como a de que o Brasil deveria disputar a final com a Espanha, eliminada na 1ª fase: “Agora não sei. Certamente o Brasil irá à final com a Alemanha ou a Espanha, duas seleções fortíssimas nesta Copa. A Argentina não. A Suíça vai surpreender. Eu ousaria dizer que a Suíça vai para as quartas. No futebol, você tem que ser otimista, não tem outra escolha. O Brasil tem chances de não ganhar”.

2 – Arnaldo Jabor: “A Copa vai revelar ao mundo a nossa incompetência” 

No dia 6/6/2014, às vésperas da abertura da Copa, o cineasta Arnaldo Jabour, emcomentário para a Rádio CBN, ainda insistia no pessimismo em relação à Copa, com o objetivo claro de influir no processo eleitoral de outubro. “Nós estamos jogando fora a imensa sorte que temos, por causa de dogmas vergonhosos que não existem mais. Estamos antes do Muro de Berlim e a Copa do Mundo vai revelar ao mundo a nossa incompetência”, afirmou.

3 – Veja: “Por critérios matemáticos, os estádios da Copa não ficarão prontos a tempo”

Em 25/5/2011, a Veja previu o fracasso da Copa do Mundo no Brasil. E com a ajuda da matemática, uma ciência que se diz exata desde tempos imemoriais. Na capa, a data da logo do mundial era substituída por 2038. O intertítulo explicava: “Por critérios matemáticos, os estádios da Copa não ficarão prontos a tempo”.

De lá para cá, foram muitas outras matérias, reportagens e artigos anunciando o fracasso do mundial. E mesmo com o início dos jogos, com estádios prontos e infraestrutura à altura do desafio, a revista estampou, na edição desta semana, uma nova catástrofe iminente: “Só alegria até agora - Um festival de gols no gramado, menos pessimismo nas pesquisas, mais consumo, visitantes em festa e o melhor é aproveitar, pois legado duradouro, esqueça”.

Melhor mesmo é torcer para que, quem sabe até 2038, a Veja aprenda a fazer jornalismo!


4 – Cineasta brasileira radicada nos EUA: “Não, eu não vou para a Copa do Mundo”

Em junho de 2013, a cineasta brasileira Carla Dauden, radicada em Los Angeles, nos Estados Unidos, fez sucesso na internet com o vídeo “No, I’m Not Going to the World Cup” (“Não, eu não vou para a Copa do Mundo”), que alcançou quatro milhões de curtidas. Mas antes mesmo da bola começar a rolar nos gramados brasileiros, a ativista já era vista circulando pelo país.

No Twitter, ela justificou a abrupta mudança de planos: “Não vim para ver a Copa, vim para falar dela. A Copa nunca vai ser a mesma para os brasileiros. As pessoas não vão se esquecer do que acontecerá por aqui”, diagnosticou, antes da abertura. A frase, de fato, parece fazer sentido. Mas por motivos opostos do que aqueles que a ativista advoga!

5 - Protesto do chuveiro no “modo quentão” vai causar apagão!

Até bem pouco tempo antes do início da Copa, eram muitos os setores que insistiam no risco iminente de blackout no país, da oposição à imprensa monopolista. Um grupo de internautas, porém, levou as ameaças infundadas a sério e decidiu criar uma página no Facebook destinada a acelerar o caos: usar os jogos da Copa para provocar um apagão generalizado no Brasil e, assim, boicotar a realização do evento.

A estratégia definida foi a utilização sincronizada dos chuveiros no “modo quentão”. “Chuveiros devem ser ligados na hora dos hinos nos jogos. A carga elétrica anormal derrubará a energia em bairros, cidades, regiões, estados e o país inteiro, em efeito dominó. Acompanhem os hinos por rádio, para maior garantia de sincronização”, diz a descrição do evento que conquistou pouco mais de 4,5 mil curtidas.

Dado o fracasso do evento, a página agora é utilizada para a troca de memes contra o PT, a esquerda e as pautas sociais e progressistas!

6 – Marília Ruiz: “Vai ser um vexame. Um vexame!”

No dia 26/1/2014, a TerraTV publicou um comentário da jornalista esportiva Marília Ruiz em que ela previa que, se o Brasil conseguisse realizar a Copa, já seria uma grande vitória. A antenada comentarista até admitia que os estádios ficariam prontos. Mas sem qualidade: "Se eu sentaria o meu corpinho numa cadeira recém colocada, com um parafuso a menos? Eu não sei”.

Do alto de sua experiência em cobertura de outras copas e de um etnocentrismo latente, ela também alertava que, mesmo fazendo sua Copa após a da África, o país passaria vergonha. “Eu achei que a gente ia passar vergonha, que nós, brasileiros, que o país ia passar vergonha. Aí eu pensei, é até um alento porque a Copa do Brasil vai ser depois da Copa da África: ninguém vai lembrar muito como foi na Alemanha. Muito menos as pessoas vão lembrar como foi no Japão e na Coreia. E eu posso dizer porque estive lá. É uma vergonha ao cubo!”

Confira o comentário completo e saiba quem é que está passando vergonha!

7 - Álvaro Dias: “O país ficará com mais prejuízo do que lucro”

De todas as aves de mau agouro que bravatearam contra a realização da Copa no Brasil, o tucano Álvaro Dias, senador pelo PSDB, foi uma das mais barulhentas. Previu que o governo amargaria um prejuízo de mais de R$ 10 bilhões com a realização do evento, que os turistas não apareceriam, que os aeroportos não ficariam prontos e não dariam conta do fluxo de passageiros.


“O legado da copa do mundo me parece ser um grande fracasso. O país ficará com mais prejuízo do que lucro”, disse ele em entrevista à TV Senado, publicada no Youtube em 7/8/2013. Agora que os turistas chegaram, os investimentos estrangeiros entraram e o país tá fazendo bonito em mobilidade e infraestrutura, o senador desapareceu por completo do noticiário. Não se sabe se está esperando o evento acabar para profetizar outro apocalipse ou aproveitando as férias para curtir os jogos, como fez durante a Copa das Confederações!

8 - Ex-presidente FHC: “A Copa do Mundo como símbolo de desperdício”

Em artigo publicado no norte-americano The Wold Post, em 21/1/2014, o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso se referiu à Copa como símbolo do desperdício de dinheiro público. Tal como seu companheiro Álvaro Dias, perdeu a chance de ficar calado. Segundo a Fipe, só a Copa das Confederações rendeu R$ 9,7 bilhões ao PIB brasileiro. A projeção de retorno da Copa é de R$ 30 bilhões. A Apex-Brasil, aproveitando a Copa do Mundo, trouxe ao Braisil mais de 2,3 mil empresários estrangeiros, de 104 países. A agência estima trazer US$ 6 bilhões em negócios para o Brasil.

9 - Redação Sport TV: do fracasso ao espírito de porco!

No Programa Redação Sport TV de 22/1/2014, o apresentador deu sonoras gargalhadas ao exibir a foto de um estádio da copa ainda sem gramado e fazer previsões catastróficas sobre o evento. Na edição de 26/6/2014, o tom mudou completamente: um outro apresentador mostrou como a imprensa internacional elogiava o evento e ouviu do entrevistado Ruy Castro: “A nossa imprensa foi rigorosamente espírito de porco antes do evento começar”.


10 – Governo alemão: “O Brasil é um país de alto risco”

Há seis semanas do início da Copa, o Ministério de Assuntos Exteriores da Alemanha divulgou um relatório pintando uma imagem desoladora do Brasil, descrito como um país ode as leis não são respeitadas e o turista corre o risco de ser roubado, sequestrado e se envolver em conflitos entre policiais e criminosos. O documento listava uma série de cuidados que os gringos deveriam tomar, incluindo atenção redobrada com as prostitutas, apontadas como membros e organizações criminosas, e vigilância contínua com os copos, para não serem vítimas de um “Boa noite, Cinderela”.

Pelo documento, até mesmo a seleção alemã estaria em perigo em terras tupiniquins. E não apenas dentro de campo. “Arrastões e delitos violentos não estão descartados, lamentavelmente, em nenhuma parte do Brasil. Grandes cidades como Belém, Recife, Salvador, Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo oferecem altas taxas de criminalidade”, ressaltava.

O Ministério ainda não divulgou relatórios sobre o número de alemães que vieram ao Brasil e o que estão achando da experiência. Mas quem circula pelas ruas brasileiras, repletas de gringos felizes e sorridentes, já sabe!

11 - Der Spiegel: “Justamente no país do futebol, a copa poderá ser um fracasso”

Um dos principais semanários da Europa, a revista alemã estampou, um mês antes do início da Copa, a manchete “Morte e Jogos”, destacando que, justamente no país do futebol, a Copa poderia ser um fiasco, por causa dos protestos, da violência nas ruas, dos problemas do transporte coletivo, dos aeroportos e dos estádios. Praticamente um alerta vermelho recomendando que os europeus não viessem ao Brasil.

Mas os turistas vieram e estão adorando. A imprensa estrangeira também: o jornal norte-americano The New York Times, fala em “imenso sucesso”. O francês Le Monde, em “milagre brasileiro”. O espanhol El País diz “não era pra tanto” para as previsões catastróficas. A revista inglesa The Economist, remenda que “as expectativas, que eram baixas, foram superadas”. A própria Der Espiegel, na edição desta semana, dá destaque para a animação da torcida e admite que os protestos em massa ainda não aconteceram. 


12 – Ronaldo, o fenômeno: “Da vergonha à constatação de que a Copa é um sonho”

Na véspera do início do mundial, o ex-atacante Ronaldo se disse envergonhado com os atrasos das obras da Copa. Mas, membro do Comitê Organizador Local da FIFA que é, defendeu a entidade e culpou o governo Dilma por todos os problemas. “É uma pena. Eu me sinto envergonhado porque é o meu país, o país que eu amo. A gente não podia estar passando essa imagem”, disse à Agência Reuters o cabo eleitoral e amigo do senador Aécio Neves, candidato do PSDB à presidência.

Agora, consolidado o sucesso do evento, tenta mudar o discurso. Em coletiva nesta quinta (26), procurou se justificar. "Não critiquei a organização da Copa, até porque eu faço parte dela. Disse que poderia ser muito melhor se todas as obras de mobilidade urbana tivessem sido entregues”, remendou. ”Vivíamos um clima muito tenso, com a população muito descontente. Começou a Copa, e agora estamos vivendo um sonho", concluiu.

13 – O vira vira lobisomem de Ney Matogrosso

De passagem por Lisboa, em 11/5, Ney Matogrosso resolveu usar a Copa para criticar duramente a política brasileira na TV ATP. Só esqueceu de estudar, primeiro, os argumentos. “Se existia tanto dinheiro disponível para gastar com a Copa, por que não resolver os problemas do nosso país?”, disse ele, desconhecendo que, desde 2010, quando começaram os preparativos para a Copa, o governo já investiu R$ 850 bilhões em saúde e educação, enquanto os investimentos totais no mundial – incluindo federais, locais e privados – atingem R$ 25,6 bilhões.

Foi ácido quanto à construção dos estádios que, segundo ele, irão virar “elefantes brancos” e não serão usados para mais nada. Embolou dados, números e fatos em vários argumentos. Acabou sustentando uma visão preconceituosa sobre as classes populares. Questionado se há uma maior consciência dos pobres em exigir seus direitos, concordou: “O escândalo é tamanho que até essas pessoas param para refletir”.

Texto original : CARTA MAIOR

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Legado da Copa: fatos e falácias (parte 1)

Em relação às arenas da Copa, até o momento, nenhuma obra foi definitivamente classificada como superfaturada, em relatório do TCU aprovado pelo Congresso.

José Augusto Valente (*)

Em relação ao chamado “Legado da Copa”, o que a grande imprensa tem veiculado sobre o assunto apresentam mais falácias do que fatos comprováveis. É o que tentaremos demonstrar em alguns artigos sobre o tema.

Falácia 1 – Obras dos estádios foram superfaturadas

Para início de conversa, não são estádios de futebol e sim arenas multiuso, e isso faz toda a diferença. Essas arenas foram projetadas para receber não apenas partidas de futebol, mas uma série de outros eventos, como shows, espetáculos, conferências e reuniões. Esse múltiplo uso tem um nível de exigência muito maior do que o de simples estádio. Essas arenas, por serem obras originais, com graus de dificuldade únicos, com rigorosos requisitos de segurança, conforto e sustentabilidade, quase sempre necessitam de ajustes e consequentes aditivos. 

Sem essa flexibilidade, dificilmente haveria empresas de construção de porte interessadas no contrato. Especialmente, nos casos das PPPs e concessões, que representam a modalidade de contratação de boa parte das arenas, no qual a TIR (taxa interna de retorno) é definida pelas condições de mercado e não por decreto. Além disso, pelo fato de todas as arenas serem originais - não existirem iguais no mundo – não há como estabelecer comparações de custo com outros empreendimentos similares.

Assim também, obras de urbanização no entorno das arenas, como os jardins de Burle Marx em Brasília, incluem um forte componente de custo, que impede a comparação com outros estádios no mundo.

Quanto ao termo “superfaturamento”, ele é utilizado, a todo momento, como se fosse óbvio o seu significado. Será que é mesmo?

O que o TCU considera “superfaturamento”? Buscando essa palavra, no site do órgão, não aparece qualquer resultado. Idem, no Regimento Interno. A única menção a esse termo foi encontrada em uma retenção cautelar, em um caso no qual o pagamento de valores de mão-de-obra foram inferiores àqueles declarados nos demonstrativos de formação de preços. O custo do contratado era, na prática, bem inferior ao custo mencionado na sua proposta.

Então, o que é necessário ocorrer para se afirmar que houve “superfaturamento de obra pública”? Na minha opinião, é necessária a ocorrência das seguintes três condições, isolada ou simultaneamente, sendo a primeira imprescindível, caso contrário não se aplica falar em “superfaturamento de obra pública”:

a) a obra é financiada total ou parcialmente com dinheiro público;
b) o valor pago pelo contratante está acima do valor proposto ou aditivado; e
c) os valores unitários dos itens da obra estão muito acima dos valores de mercado, em situações similares.

Como disse no início deste texto, o fato da arenas serem obras únicas impede a comparação com outras obras, já que não existem situações similares. O item (c) fica, portanto, eliminado, para fundamentar “superfaturamento”.

Quanto ao item (a), três arenas são totalmente privadas (São Paulo/Corinthians, Porto Alegre/Internacional e Curitiba/Atlético). Não cabe, portanto, falar em superfaturamento nestas obras. Cabe, no máximo, questionar a aprovação do financiamento pelo BNDES.

Quatro arenas foram construídas e serão gerenciadas, em regime de PPP, com os governos de estado, como as de Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza e Recife e duas, em regime de concessão, como a de Natal e Rio de Janeiro. Nestes casos, o item (a) está contemplado, cabendo então analisar se os custos finais estimados, e considerados para o financiamento do BNDES, são adequados ou não.

A arena de Brasília terá gestão do Governo do Distrito Federal cabendo, portanto, análise de eventual superfaturamento. Duas outras arenas serão definidas após a Copa, como as de Manaus e Cuiabá, com possibilidade de concessão. Por envolver recurso público, cabe aqui também analisar a possibilidade de superfaturamento.

Os problemas identificados pelo TCU incluem sobrepreço, falhas na elaboração dos projetos, suspeita de irregularidades nos contratos e salto no custo das obras. Num primeiro momento, o TCU detecta eventuais indícios de irregularidades e solicita informações aos gestores públicos para esclarecimento. Normalmente, nesse momento, a imprensa já afirma que há superfaturamento e não simples “indícios a serem esclarecidos”. Na grande maioria dos casos, após os esclarecimentos, o TCU se considera satisfeito e a obra prossegue. Não conheço um caso em que a imprensa tenha noticiado a não procedência de suspeita de irregularidades, previamente anunciada com estardalhaço.

Em relação às arenas da Copa 2014, até o momento, nenhuma obra foi definitivamente classificada como superfaturada, em relatório do TCU aprovado pelo Congresso Nacional, o que torna falaciosa qualquer afirmação de que houve superfaturamento!

(*) José Augusto Valente – especialista em logística e infraestrutura

Texto original: CARTA MAIOR

terça-feira, 24 de junho de 2014

5 falácias e 5 verdades sobre a Copa no Brasil

Os arautos do caos e do desconcerto na velha mídia nacional e internacional perderam o pé e estão naufragando. Mas nem por isso vão perder a esperança.

Flávio Aguiar

Com base na cobertura da velha mídia nacional e internacional podemos afirmar sem medo de que eram e são falácias:

1. Acreditar que o Brasil não tem condição para organizar eventos deste porte, porque é um país onde grassam apenas a corrupção, a violência e a incompetência. Quem acreditou nisto perdeu a aposta. E tem mais: o Brasil já ganhou prêmio da ONU pelo combate à corrupção e lidera a comissão a respeito na OCDE.

2. O Brasil é e será um país de eternos pobretões, miseráveis e favelados para sempre. O Brasil está se superando e deixando outras nações a ver poeira em matéria de combate à pobreza. No recente Congresso da Confederação Sindical Internacional, que elegeu o brasileiro João Felício (ex-presidente da CUT e da Apeoesp) como seu presidente, o pronciamento da representante da ONU a respeito foi enfática: em matéria de dminuição da pobreza o Brasil é um exemplo a ser estudado e seguido. Mas não esqueçamos: isto não deve ser motivo de desprezo em relação a outros países. Ao contrário, deve ser motivo de maior solidariedade internacional.

3. A população brasileira tornou-se contrária à realização da Copa no país. Esta é a oração mais repetida da ladainha contra o nosso país. Não é verdade. Sucessivas reportagens de outros países atestam o entusiasmo de nossa população com a Copa, além de depoimentos oriundos do Brasil também. 80% da população é a favor, indicam as últimas pesquisas.

4. O Brasil não deveria aplicar em estádios o dinheiro que deveria aplicar em educação e saúde. Não só isto não é verdade (os investimentos motivados pela Copa, inclusive nos estádios, são pequenos em relação ao que o país investe em educação e saúde), como revela má fé ou ignorância por parte de quem os manipula ou repete. Quem faz isto ou oculta ou ignora a complexidade econômica, social e cultural de um país como o Brasil. Os investimentos em infra-estrutura de mobilidade urbana, viária, ou ainda aérea geraram mais de 700 mil empregos no país. Eles deveriam ter sido feito antes – isto sim pode ser uma crítica construtiva. Mas agora saíram do papel. Graças, em parte, à Copa.

5. As vaias e os insultos do setor VIP no Itaquerão e as manifestações “Não vai ter Copa” são representativas do sentimento e mal estar geral da população. Não são. As vaias e xingamentos provocaram mais repúdio do que aplauso, inclusive por parte de gente do setor conservador e/ou que por qualquer razão não votou nem votaria na presidenta em outubro. As manifestações minguaram em frequência e em número de manifestantes e só ganham espaço na mídia devido à busca de sensacionalismo.

Vamos agora às verdades:

1. Esta pode não ser a Copa das Copas em matéria de futebol (confesso que para quem viu, a de 58 não sai das retinas), mas decididamente é a melhor Copa nestes termos nos últimos tempos. Hospedar futebol de tamanha qualidade, ofensivo, bonito e eletrizante por vezes, além de ser uma honra para um país, certamente será um incentivo para nossos jogadores – presentes e futuros – ostentarem algo parecido. Além disso é lindo ver times como os do Uruguai, da Costa Rica e de Gana fazerem das tripas coração e jogarem bonito contra equipes milionárias e tidas como imbatíveis.

2. Nosso povo está dando um show de bola em matéria de alegria, hospitalidade e esportividade. Incidentes isolados e menores não conseguem tapar esta realidade com as peneiras do descrédito e do desprezo, que insistem que as cidades brasileiros são verdadeiros faroestes de violência, desorganização, furtos, roubos e assassinatos. A Copa renderá dividendos no futuro: a grande maioria dos visitantes vai desejar voltar e conhecer o que ainda não teve oportunidade de conhecer, do Oiapoque ao Chuí e do Acre à Paraíba.

3. O nosso povo pensa com a cabeça e o coração e ama o nosso país. Estão correndo mundo cenas como a da camareira supreendida no quarto de hotel a cantar e a dançar o hino nacional que vioa e ouvia pela televisão. Também correm mundo as cenas dos estádios inteiros a cantar nosso hino com vontade e... afinação também! Nem por isto viramos nacionalistas xenófobos e que não vêem o próprio país com discernimento e também críticas. Atesta isto a rotação do nome “Não vai ter Copa”, uma ilusão deste sempre, para o de “Vai ter luta na Copa”, ou “Copa com luta”, que pode ser algo positivo e produtivo.

4. A realização da Copa está contribuindo para construir uma imagem muito positiva do Brasil e disseminando-a pelo mundo afora. Aos poucos populações de todo o mundo vão pulando por cima dos noticiários preconceituosos e exclusivamente negativos e percebendo por trás deles ou mesmo nas entrelinhas o entusiasmo com que o nosso povo recebe a Copa e seus benefícios. Comentários de leitores indignados com notícias ou artigos que torcem tudo para mostrar apenas o que é ruim – ou o que deveria ser ruim – se multiplicam.

5. Os arautos do caos e do desconcerto na velha mídia nacional e internacional perderam o pé e estão naufragando. Mas nem por isso vão perder a esperança, na expectativa de que ainda haja alguma catástrofe dentro dos campos (por exemplo, uma possível eliminação precoce do Brasil) ou fora dele: aqui serve qualquer coisa, de inundação a desastre. Afinal, velha mídia é velha mídia, e tem uma reputação a manter.

Texto original: CARTA MAIOR