sábado, 29 de setembro de 2012

O VEREDICTO DA HISTÓRIA

Por: Mauro Santayana

Cabe aos tribunais julgar os atos humanos admitidos previamente como criminosos. Cabe aos cidadãos, nos regimes republicanos e democráticos, julgar os homens públicos, mediante o voto. Não é fácil separar os dois juízos, quando sabemos que os julgadores são seres humanos e também cidadãos, e, assim, podem ser contaminados pelas paixões ideológicas ou partidárias – isso, sem falar na inevitável posição de classe. Dessa forma, por mais empenhados sejam em buscar a verdade, os juízes estão sujeitos ao erro. O magistrado perfeito, se existisse, teria que encabrestar a própria consciência, impondo-lhe sujeitar-se à ditadura das provas.

Mesmo assim, como a literatura jurídica registra, as provas circunstanciais costumam ser tão frágeis quanto as testemunhais, e erros judiciários terríveis se cometem, muitos deles levando inocentes à fogueira, à forca, à cadeira elétrica. 

Estamos assistindo a uma confusão perigosa no caso da Ação 470, que deveria ser vista como qualquer outra. Há o deliberado interesse de transformar o julgamento de alguns réus, cada um deles responsável pelo seu próprio delito – se delito houve – no julgamento de um partido, de um governo e de um homem público. Não é a primeira vez que isso ocorre em nosso país. O caso mais clamoroso foi o de Vargas em 1954 – e a analogia procede, apesar da reação de muitos, que não viveram aqueles dias dramáticos, como este colunista viveu. Ainda que as versões sobre o atentado contra Lacerda capenguem no charco da dúvida, a orquestração dos meios de comunicação conservadores, alimentada por recursos forâneos – como documentos posteriores demonstraram – se concentrou em culpar o presidente Vargas.

Quando recordamos os fatos – que se repetiram em 1964, contra Jango – e vamos um pouco além das aparências, comprova-se que não era a cabeça de Vargas que os conspiradores estrangeiros e seus sequazes nacionais queriam. Eles queriam, como antes e depois, cortar as pernas do Brasil. Em 1954, era-lhes crucial impedir a concretização do projeto nacional do político missioneiro – que um de seus contemporâneos, conforme registra o mais recente biógrafo de Vargas, Lira Neto, considerava o mais mineiro dos gaúchos. Vargas, que sempre pensou com argúcia, e teve a razão nacional como o próprio sentido de viver, só encontrou uma forma de vencer os adversários, a de denunciar, com o suicídio, o complô contra o Brasil.

Os golpistas, que se instalaram no Catete com a figura minúscula de Café Filho, continuaram insistindo, mas foram outra vez derrotados em 11 de novembro de 1955. Hábil articulação entre Jango, Oswaldo Aranha e Tancredo, ainda nas ruas de São Borja, depois do sepultamento de Vargas, levara ao lançamento imediato da candidatura de Juscelino, preenchendo assim o vácuo de expectativa de poder que os conspiradores pró-ianques pretendiam ocupar. Juscelino não era Vargas, e mesmo que tivesse a mesma alma, não era assistido pelas mesmas circunstâncias e teve, como todos sabemos, que negociar. E deu outro passo efetivo na construção nacional do Brasil.

Os anos sessenta foram desastrosos para toda a América Latina. Em nosso caso, além do cerco norte-americano ao continente, agravado pelo espantalho da Revolução Cubana (que não seria ameaça alguma, se os ianques não houvessem sido tão açodados), tivemos um presidente paranóico, com ímpetos bonapartistas, mas sem a espada nem a inteligência de Napoleão, Jânio Quadros. Hoje está claro que seu gesto de 25 de agosto de 1961, por mais pensado tenha sido, não passou de delírio psicótico. A paranóia (razão lateral, segundo a etimologia), de acordo com os grandes psiquiatras, é a lucidez apodrecida. 

Admitamos que Jango não teve o pulso que a ocasião reclamava. Ele poderia ter governado com o estado de sítio, como fizera Bernardes. Jango, no entanto, não contava – como contava o presidente de então – com a aquiescência de maioria parlamentar, nem com a feroz vigilância de seu conterrâneo, o Procurador Criminal da República, que se tornaria, depois, o exemplo do grande advogado e defensor dos direitos do fraco, o jurista Heráclito Sobral Pinto. Jango era um homem bom, acossado à direita pelos golpistas de sempre, e à esquerda pelo radicalismo infantil de alguns, estimulado pelos agentes provocadores. Tal como Vargas, ele temia que uma guerra civil levasse à intervenção militar estrangeira e ao esquartejamento do país. 

Vozes sensatas do Brasil, começam a levantar-se contra a nova orquestração da direita, e na advertência necessária aos ministros do STF. Com todo o respeito à independência e ao saber dos membros do mais alto tribunal da República, é preciso que o braço da justiça não vá alem do perímetro de suas atribuições.

É um risco terrível admitir a velha doutrina (que pode ser encontrada já em Dante em seu ensaio sobre a monarquia) do domínio do fato. É claro que, ao admitir-se que José Dirceu tinha o domínio do fato, como chefe da Casa Civil, o próximo passo é encontrar quem, sobre ele, exercia domínio maior. Mas, nesse caso, e com o apelo surrado ao data venia, teremos que chamar o povo ao banco dos réus: ao eleger Lula por duas vezes, os brasileiros assumiram o domínio do fato. 

Os meios de comunicação sofrem dois desvios à sua missão histórica de informar e formar opinião. Uma delas é a de seus acionistas, sobretudo depois que os jornais se tornaram empresas modernas e competitivas, e outra a dos próprios jornalistas. A profissão tem o seu charme, e muitos de nossos colegas se deixam seduzir pelo convívio com os poderosos e, naturalmente, pelos seus interesses. 

O poder executivo, o parlamento e o poder judiciário estão sujeitos aos erros, à vaidade de seus titulares, aos preconceitos de classe e, em alguns casos, raros, mas inevitáveis, ao insistente, embora dissimulado, racismo residual da sociedade brasileira.

Lula, ao impor-se à vida política nacional, despertou a reação de classe dos abastados e o preconceito intelectual de alguns acadêmicos sôfregos em busca do poder. Ele cometeu erros, mas muito menos graves e danosos ao país do que os de seu antecessor. Os saldos de seu governo estão à vista de todos, com a diminuição da desigualdade secular, a presença brasileira no mundo e o retorno do sentimento de auto-estima do brasileiro, registrado nos governos de Vargas e de Juscelino.

É isso que ficará na História. O resto não passará de uma nota de pé de página, se merecer tanto. 

Texto retirado neste endereço:

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A VIOLÊNCIA DÁ LUCRO !!!



Os casos de violência direta ou como podemos chamar de “violência visível” eram de pouca ocorrência há pouco tempo atrás. Mas, mesmo nesses tempo atrás a violência já era explorada no nosso chamado Regime Capitalista. Claro, não era uma exploração tão controlada e com operadores profissionais do chamado Mercado Consumidor. A exploração da violência, por parte das empresas, era feita de maneira direta (Exploração Visível)l e com o aumento da violência surgiram empresas explorando a violência de forma indireta (Exploração Invisível).

Exploração Visível da Violência

Alguns anos atrás os índices de segurança eram muitos baixos, se resumia a pequenos furtos e os assaltos não eram muito comum. As pessoas podiam viver da caça, pesca e não era tão difícil se conseguir emprego como na atualidade. Mesmo estando desempregado, as pessoas podiam fazer uma pesca, caçar algum animal e aliviar a fome até se conseguir um emprego ou conseguir colocar atividade para se ganhar a pr´pria sobrevivência.

Neste período, as empresas que exploravam o ramo de segurança, se limitavam a vender cadeados, grades de ferros e as empresas de segurança se limitavam a da segurança aos bancos. Essa atividade das empresas de segurança poderia ser chamada “Exploração Visível da Violência”.

Com o passar do tempo, esta violência visível vem aumentando e a tendência é a mesma aumentar ainda mais. O Estado em vez de se combater os motivos do aumento da violência, está se preocupando em punir e não se preocupa em combater as causas (maiores investimentos em educação e saúde são bons exemplos) que fazem aumentar essas violência.

A preocupação em punir, por parte do Estado, os responsáveis pela violência, não pode deixar de ser feita, mas o Estado tem de criar condições e combater os motivos que estão gerando o aumento da violência. Hoje, um cidadão que perde o emprego, vai para o Seguro Desemprego, terminando o tempo que tem direito de receber o seguro desemprego, o cidadão fica desprotegido na luta pela sobrevivência.

Nos tempos atuais, para sanear a fome, o cidadão não tem mais onde realizar uma pesca ou uma caça temporária para aliviar a fome até que ele consiga um novo emprego ou mesmo criar alguma coisa que possa garantir a sobrevivência. As áreas que existem para pescar ou mesmo caçar, são áreas protegidas, por motivos ecológicos, o que levaria o cidadão a responder por crime ecológico.

Essa falta de perspectiva tem levando ao aumento da criminalidade e observa-se que hoje as industrias que vendem material de segurança se sofisticaram e estão vendendo, além dos produtos de segurança existentes, equipamentos mais sofisticados como: câmeras de segurança, cercas elétricas, detectores de metais e o surgimento em grande escala de empresas que vendem o serviço de vigilância (as chamadas empresas de segurança!).

Exploração Invisível da Violência

O problema se agravou de tal maneira que nossas penitenciárias estão, todas elas lotadas. Alguns governantes estão terceirizando os serviços penitenciários e entregando todo o controle dos presos na mão de empresas particulares. Logicamente, essas empresas tem interesse que a violência aumente, já que elas recebem o pagamento por preso mantido nas celas.

Atualmente,  surgiram as empresas que exploram os presos como mão-de-obra barata (eu chamo de mão-de-obra presidiária) na execução de serviços. Essa nova modalidade de se explorar os resultados da violência está chegando ao Brasil por intermédio do Estado de são Paulo e com apoio da opinião pública,  embalada nos programas televisivos que exploram o tema da violência,  na realidade esses programas são uma modalidade de se explorar comercialmente a ramo da violência.

Concomitantemente, outras empresas que exploram o serviço da carceragem indiretamente, também tem interesse que essa situação não se altere, entre essas empresas podemos citar: empresas fornecedoras de alimentos, empresas fornecedoras dos fardamentos para presos e agentes penitenciários, empresas vendedoras de alarmes, câmeras de segurança e a nova modalidade que é a exploração do presidiário como mão-de-obra.. Todas essas empresas ganham sempre mais quanto mais se aumentar o número de presidiários!!!!

Perigo a vista

O ramo da segurança (violência) se tornou um grande negócio para essas empresas e o mais interessante é que esse negócio é mais lucrativo quanto mais o Estado deixar de combater as causas da violência (falta de investimentos em educação e saúde são bons exemplos) e agir só na hora de punir. Uma associação entre essas empresas, que exploram o ramo de segurança, nos presídios, e os governantes de plantão, garantiriam lucros eternamente a essas empresas. Tem de se observar, que os proprietários dessas empresas, também podem sair candidatos e serem eleitos administradores do Estado sem a necessidade de intermediários.

Consequências

Se a exploração da mão-de-obra presidiária se tornar uma coisa comum e vier a serem utilizadas, cada vez mais, por um grande número de empresas, irá influenciar nas condições de trabalho e salarias da mão-de-obra “livre”. Certamente, as empresas que ficarem fora da exploração desta mão-de-obra irá pedir flexibilização dos direitos trabalhistas e futuramente poderão ocorrer demissões. Esses demitidos, sem opção de terem de como ganhar a vida irão aumentar a violência e poderão serem punidos se tornando mão-de-obra presidiária. Ou seja, se futuramente se tornar comum o uso de mão-de-obra presidiária irá se criar um ciclo de geração de violência que irá criar mais mão-de-obra presidiária.

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena Geografia - UFS

Gráfico retirado neste endereço:
http://www.ipclfg.com.br/campanha-sobre-a-violencia-penitenciaria/brasil-pais-que-constroi-mais-presidios-que-escolas-esta-doente/

Texto relacionado : Estamos sob vigilância...

sábado, 15 de setembro de 2012

Governo Dilma aplica 70% da verba publicitária na imprensa conservadora e veta jornal independente

13/9/2012 16:11, Por Paulo Roberto de Souza - do Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília 

Dados divulgados pela Presidência da República, nesta quinta-feira, mostram que apenas 10 empresas de comunicação concentram mais de 70% da verba federal para publicidade, em especial a TV Globo, à qual cabe a parte do leão no butim midiático do Planalto. O argumento da ministra Helena Chagas, da Secretaria de Comunicação, não variou desde o início do governo de Dilma Rousseff. Na opinião dela, “é inevitável que o maior volume de pagamentos seja dirigido a meios e veículos de maior audiência, que atingem um maior público, como é o caso da televisão”. Mas há quem discorde.

O desequilíbrio na distribuição das verbas públicas, no entanto, ocorre no momento em que os dados mostram a discrepância entre o que é pago aos mais de 3 mil veículos cadastrados no Núcleo de Mídia da Secom. Do total de R$ 161 milhões pagos aos meios de comunicação, durante o governo Dilma, com base nos cálculos da audiência a que se refere a ministra Chagas, R$ 112,7 milhões couberam a apenas 10 empresas, enquanto as demais 2.990 dividiram os R$ 48,3 milhões restantes. O Correio do Brasil, embora apresente níveis de audiência e de leitura superiores à maioria dos veículos de comunicação, inclusive no “Grupo dos 10″, segundo auditorias internacionais, foi marcado por sua independência editorial e não integra sequer a lista dos 3 mil veículos de comunicação beneficiados com os recursos públicos.

Levantamento publicado nesta quinta-feira, no diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, um dos 10 maiores receptáculos das verbas do governo, mostra que, desde o início da gestão Dilma Rousseff, um volume ainda não revelado; além dos R$ 161 milhões repassados para emissoras de TV, jornais, revistas, rádios, sites e blogs, saiu dos cofres das empresas estatais controladas pela União.

A Globo Comunicação e Participações S.A., responsável pela TV Globo e sites ligados à emissora, abocanhou quase um terço da verba aplicada pela Presidência da Repúlica entre janeiro de 2011 e julho deste ano: R$ 52 milhões. A segunda colocada é a Record, com R$ 24 milhões. A Empresa Folha da Manhã S.A., que edita a Folha, recebeu R$ 661 mil. A Infoglobo, que edita o jornal O Globo, R$ 927 mil. Outro diário conservador paulistano, O Estado de S. Paulo, arrecadou R$ 994 mil. O portal UOL, controlado pelo Grupo Folha, recebeu outros R$ 893 mil.

Vetado

Enquanto permanece o jogo agradável entre o governo federal e as 10 maiores empresas de comunicação do país, que concentram o poder de fogo da mídia conservadora, para os veículos independentes de comunicação o tratamento é o oposto. Para anunciar em jornais, impressos e digitais, a exemplo do Correio do Brasil, o Núcleo de Mídia da Presidência da República exigiu um desconto de 92% na tabela de preços, algo inimaginável no grupo dos 10 beneficiários da mídia estatal. Para se manter, ainda que nas fraldas dos recursos, a maioria dos demais veículos de comunicação, em níveis nacional, regional ou mesmo local, submeteu-se ao critério coordenado pela diretora do Núcleo de Mídia, Dalva Barbosa.

Procurada pelo CdB, Barbosa não atendeu às ligações, mas um de seus assessores revelou que “a política de descontos da Secom é confidencial”. Alertada pela reportagem de que, segundo a legislação em vigor, não há confidencialidade em negócios públicos, a ligação foi direcionada para a Secretaria de Imprensa da Presidência da República, que não conseguiu as informações requisitadas pelo jornal, até o fechamento desta matéria. Embora a maioria dos veículos de comunicação tenha aceitado as pesadas negociações do Núcleo de Mídia, com a desvalorização de suas tabelas em mais de 90%, este não foi o caso do Correio do Brasil.

– Rejeitamos, de pronto, esse tipo de exigência por considerá-la abusiva, desproporcional e uma completa falta de respeito aos nossos critérios comerciais. Caso concedêssemos um volume tão grande de descontos ao governo, seria óbvio que a tabela de preços praticada pelo Correio do Brasil não passaria de uma fraude. O CdB circula há mais de uma década diariamente, de forma ininterrupta, e não pode admitir sequer uma ilação neste sentido. Se ao Núcleo de Mídia, baseado em um critério sigiloso, coube graduar o custo do espaço publicitário no jornal, é de competência do CdB discordar, às claras, de tal avaliação e não vender os anúncios a um preço aviltado – afirmou a diretora Comercial do CdB, Suzana David.

Desde fevereiro deste ano, ao final do prazo estipulado para aceitar, ou recusar-se às exigências ditadas pelo Núcleo de Mídia, diante da resistência do CdB em não se submeter à exigência da Secom, o jornal foi marcado com um “Não” no banco de dados. Ao ser assinalado com a negativa, segundo correspondência oficial, passou a vigorar o veto, a total “impossibilidade do recebimento de mídias do Governo Federal”. OCorreio do Brasil, que mantém um extenso elenco de colaboradores, repórteres e correspondentes nas principais capitais brasileiras, na Europa, EUA e Japão, por assegurar sua política de independência, patrocinada pela venda de assinaturas diretamente aos leitores, mantêm-se firme na decisão de apontar as falhas na política de comunicação da Presidência da República.

Marco zero

Mas o que ocorreu com o CdB não foi um fato isolado. Em sua página na internet, o jornalista Paulo Henrique Amorim também constatou que “sem incluir os investimentos das estatais, como a Caixa, o BB, os Correios e a Petrobrás, por exemplo – chegará à conclusão de que o Governo Federal põe R$ 55 milhões na Globo, por ano. Dá para sustentar 420 mil pessoas no Bolsa Família, num mês. O benefício médio mensal é de R$ 134, incluído o Brasil Carinhoso. Vezes 4 pessoas por família, 1 milhão e 700 mil pessoas”.

“Quando o ansioso blogueiro fala em Globo, fala na Rede Globo de TV,Globo Participações, Globosat Programadora, Radio Globo São Paulo,Infoglobo (jornal O Globo), jornal Valor (de que a Globo é sócia), Globo Comunicação (internet), e Editora Globo (revista Época). Tudo somado, o Governo trabalhista da Presidenta Dilma ‘aplica’ no centro do Partido da Imprensa Golpista (PIG), ou seja, no marco zero do Golpe, R$ 55 milhões por ano. O Bolsa Família, com o Brasil Carinhoso e o Brasil sem Miséria – tudo somado dá R$ 20 bilhões por ano, ou seja, 0,4% do PIB”, acrescentou.

“A TV lidera o recebimento (sic) de publicidade federal, diz a Folha, com uma verba anual de R$ 115 milhões. A Globo toda somada fica com a metade de toda a verba de publicidade em tevê. E a Globo é 2/3 de toda a publicidade gasta em outras mídia – rádios, jornais, internet e revistas. Para que? Com que retorno? Quem diz que a Globo entrega a audiência por que cobra na tabela de publicidade? A Globo cobra R$ 100 para entregar 50% de audiência. Quem diz que ela entrega 50% da audiência – e por isso merece os R$ 100? Quem diz que a Globo entrega a audiência por que cobra é o Globope” desvenda o jornalista, que coloca em cheque aqueles critérios de audiência aventados pela ministra Helena Chagas, junto com as normativas sigilosas adotadas para a exigência de descontos no Núcleo de Mídia.

Em outra página da internet, ainda nesta quinta-feira, o jornalista, escritor e editor do blog O Cafezinho, Miguel do Rosário, em artigo intitulado Secom abre caixa preta da publicidade, segue adiante nas informações quanto à aplicação da verba pública na mídia conservadora nacional.

“Eu venho fuçando o site da Secom há um tempo e não havia encontrado os valores por veículos. Fiz até um pedido, usando a lei da informação, o qual foi devidamente respondido, com dados e indicações, mas informando que ainda não abriam o gasto por veículo. Como o governo só faz publicidade através das agências licitadas, só aparecia o volume de recursos destinado às estas, e não por veículo. Agora o governo resolveu divulgar o quanto cada veículo de mídia ganha. Eu voltei lá, pesquisei, compilei, sintetizei e preparei uma tabela, com os gastos do governo com publicidade institucional desde o início da atual gestão até o primeiro semestre de 2012″, afirma o jornalista.

“Caras de pau”

Rosário não se surpreendeu, após consultar às informações liberadas pela Secom, “que os grandes grupos de mídia ganham enormes volumes de dinheiro”.

“Pena que a Secom só informa a partir de 2011. Analisando as informações, constata-se que, de fato, o governo ampliou barbaramente o número de veículos que recebem publicidade institucional: eram meia dúzia, agora são mais de oito mil”.

“Mesmo assim, eles (os grandes) não tem do que reclamar, sobretudo as organizações Globo. Esta semana, o blogueiro e colunista Noblat fez seu enésimo ataque à blogosfera, insinuando que blogs recebem dinheiro para defender o governo. O Merval (Pereira, colunista de O Globo) volta e meia fala a mesma coisa: já chegou a mencionar teorias conspiratórias sobre “rede de blogs” montada pelo PT ou governo para atacar a mídia”.

O editor de O Cafezinho concorda, então, que estes representantes da mídia conservadora “são uns delirantes e uns caras de pau”.

“Recebem milhões do governo e vem atacar blogueiros que não ganham um tostão, ou se ganham, como é o caso de dois ou três mais famosos, são valores pequeninos, modestos, irrisórios se comparados aos valores destinados aos veículos tradicionais. Na minha opinião, o governo tinha obrigação democrática de investir mais na blogosfera, fazendo publicidade institucional em centenas de blogs, que é pra fazer os mervais surtarem de vez”.

“Um dia desses eu gostaria de saber quanto dinheiro, exatamente, a Globoganhou de governos desde que a empresa foi fundada, aí incluindo todos os financiamentos de bancos públicos. Em valores atualizados. Seria uma informação bem interessante. É muito fácil posar de independente depois de ganhar uns R$ 10 bilhões do Estado. Enquanto a Globo recebeu, por exemplo, R$ 68 milhões do governo Dilma, de 2011 até junho deste ano, via publicidade institucional, o blog do Nassif recebeu R$ 22 mil. A Agência Carta Maior, que emprega uma equipe numerosa de colunistas e alguns repórteres, recebeu R$ 39 mil. O grupo Abril recebeu R$ 2 milhões”.

Outra constatação relevante de Miguel do Rosário é a de que “os barões da mídia recebem ainda muita publicidade institucional de governos estaduais e prefeituras, não contabilizada pela Secom. Esperemos que todas as esferas de poder respeitem a lei da informação e publiquem o quanto gastam e onde gastam a verba de publicidade institucional.

Texto original: Correio do Brasil

domingo, 9 de setembro de 2012

Estamos sob vigilância ...

Em alguns países, principalmente nos Estados Unidos da América, a sociedade civil está questionando as novas idéias , sob justificativa, para segurança do cidadão. 

Entre essas idéias está a colocação, em cada um dos cidadãos, de um chip que informará a todo instante, a um sistema de controle informatizado, onde o referido cidadão se localiza. Segundo os idealizadores, isso permitirá as forças policiais (o Estado) localizarem o cidadão rapidamente em caso de sequestro ou mesmo ataque terrorista e portanto inibindo a ação dos sequestradores ou terroristas, e portanto, tornando o dia a dia das pessoas mais seguros.

As críticas surgidas, é que assim o Estado agiria mais rápido em relação ao perigo, mas teria um controle total da vida de cada cidadão, podendo controlar o comportamento individual e essa não é a função do Estado. Outra crítica, seria que esse controle seria perigoso nas mãos de uma pequena minoria que viesse a controlar o Estado ou mesmo o controle do sistema viesse a cair em mãos não confiáveis.

Só que o controle dos cidadãos já está sendo feito a todo momento e não há necessidade de colocação de um chip em cada individuo na sociedade. Os mecanismo de controle e localização já estão em prática e se modernizando a cada dia. 

Vendem facilidades e garantem o controle.

Qualquer cidadão que possui um Cartão de Crédito e ao passar esse cartão de crédito em qualquer  caixa do banco (eletrônico ou não) ou mesmo fazer um saque em uma agência bancária, estará informado ao sistema: onde, quando e em qual local ele se encontra, além da quantia que tem e está movimentando. 

Mas, o meio mais eficiente de se localizar qualquer cidadão é por intermédio de telefone. Quando você está fazendo uma ligação telefônica ele sabe a hora, o lugar, com quem você está falando e fica também registrado a conversa entre ambos. Isso vale para qualquer aparelho que usa o sistema informatizado, ou seja, quem tiver acesso ao sistema poderá saber todo o seu passado e onde você está, o que faz a todo o momento, com quem conversa e o que se conversa.

Como sabemos, todas as informações existentes nas instituições públicas ou privadas estão sendo colocadas em sistemas informatizados. Mesmo aquelas informações que existiam no passado, quando ainda nem se pensava na existência de computadores, estão sendo digitalizadas nesses sistemas, por exemplo: suas informações escolares, previdenciárias, institutos de identificações, contas de bancos, etc. Algunss desses sistemas já estão interligados e futuramente todos estarão funcionando como se fosse um único sistema. Sem falar que mesmo sem estarem interligados, os sistemas atuais podem serem invadidos por pessoas não autorizadas e bisbilhotarem a vida de cada um.


O DENATRAN (Departamento Nacional de Trânsito) está aperfeiçoando o seu sistema de controle de tráfego de veículos. Agora  por onde você andar o sistema saberá onde você está por intermédio de um chip instalado em seu carro.





Alguns exemplos de utilização desses sistemas

a) é comum os corretores de imóveis telefonar para sua casa te oferecendo vendas. Eles telefonam oferecendo imóveis de cordo com o seu pefil financeiro e social. Como eles descobriram seu telefone, sua renda e suas características?

b) recebimentos de cartões te parabenizando (os políticos se utilizam muito desse sistema) por alguma data festiva (aniversários, natalinas, colação de grau em algum curso, etc) .  Como eles sabem o dia de seu aniversário, data e curso de sua formação?

c) ligações telefônicas com ofertas de serviços e produtos por diversas empresas. O mias interessante é que a oferta de tas serviços e produtos são ofertados casando com seu perfil (suas preferências por serviços e produtos). Como eles descobriram seu telefone e suas preferências por serviços e produtos?

O perigo da Globalização

Muitos países estados estão entregando as Empresas Públicas para iniciativa privada, ou seja, o controle do cidadão por parte do Estado,  que garantem a existência do Estado, está sendo colocado nas mãos de particulares. Consequentemente, essas empresas particulares passam a ter controle de onde você anda, quanto você tem, com quem você fala e o que você fala a todo o instante.

Vale lembrar que, com a tal globalização, as empresas estão se fundindo e o controle dessas empresas e de todos os cidadão no mundo estão ficando nas mãos de um pequeno grupo de pessoas.

Portanto, reforçando o que já foi dito anteriormente, quando se está usando: Cartão de Bancário (Crédito, Conta Corrente, Poupança, etc), Habilitação de Motorista, Cartão de Aposentando, Telefone ou qualquer coisa que seja necessário recorrer a algum sistema informatizado, você está informado sua localização, o que faz, com quem conversa (no caso de telefone e internet)  e o que se conversa e tudo fica a disposição de quem controla esses sistemas eletrônicos.  Já no sistema do DENATRAN, ele saberá onde você anda (no caso o seu carro) e irá controlar como você dirige.

E quanto mais o mudo se Globaliza (na minha opinião se monopoliza) e os sistemas informatizados mais se modernizam, mais o controle se torna mais eficiente e podendo ser controlado, cada vez mais, por um pequeno número de pessoas, ou seja, um pequeno grupo de pessoas estão, cada vez mais, ampliando o controle dessas empresas (sistema) e consequentemente de todas as pessoas do planeta.

Todo esse aparato é vendido para sua segurança e ao mesmo tempo, esses sistema informatizados,  dá total controle sobre todos nós. Você paga para ter segurança e também para ter o direito de ser controlado!!!

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura plena - Geografia

Textos relacionados:

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

TELECOMUNICAÇÕES: O TAMANHO DO BURACO

Por: Mauro Santayana

Segundo O Estado de S. Paulo, as empresas de telefonia que operam no Brasil tiveram uma expansão de sua receita em 8,3% ao ano, desde 2005, e só reinvestiram 3% ao ano, no mesmo período. Mais grave ainda é a revelação de que, desde a privatização do sistema Telebrás, em 1998, as empresas investiram 390 bilhões, contra uma receita calculada em quase dois trilhões de reais. Esse número é obtido pela informação dos dois principais dirigentes da Oi e da Vivo, de que foram investidos mais ou menos 20% da receita total. Se os investimentos foram de 390 bilhões, basta multiplicar por cinco, para obter a receita total destes 14 anos. É bom lembrar que boa parte dos investimentos foram bancados pelo BNDES, a juros de mãe amorosa.

O Brasil é o paraíso dos investidores estrangeiros, nesse sistema de colonialismo dissimulado. Há poucos dias, outro jornal, O Globo, divulgava que as montadoras de automóveis lucram 3 vezes mais em nosso país do que nos Estados Unidos. A margem de lucro dessas empresas, no Brasil, é de 10%, enquanto nos Estados Unidos não passa de 3%. E não só nos Estados Unidos os carros são muito mais baratos. Há modelos que custam duas vezes mais no Brasil do que na França, e 30% mais barato ali mesmo, na Argentina.

A defesa do interesse nacional recomenda medidas mais fortes de parte do Estado. O governo, no entanto, caminha lentamente. A restauração da Telebrás, iniciada timidamente, timidamente se desenvolve. Há visível desinteresse do Ministro Paulo Bernardo em dar à velha empresa nacional os instrumentos de sua reorganização e funcionamento, para a universalização da banda larga no país.

A privatização das empresas estatais brasileiras foi decidida, como todos sabemos, em Washington, com a articulação dos economistas neoliberais, no famoso Consenso, que não ouviu os povos, nem examinou criteriosamente os efeitos da globalização exacerbada da economia. Como se recorda, o objetivo, claro e desaforado, da nova ordem que propunham era o de acabar com a democracia política e sua substituição por um governo de gerentes a serviço do sistema financeiro mundial. Nesse sentido, chegou-se a um Acordo Mundial de Investimentos que, simplesmente, colocava o dinheiro sem pátria acima dos estados nacionais. Muitas das cláusulas desse acordo foram cumpridas pelo governo neoliberal de então. E só a reação da França e do Canadá impediu que o tratado espúrio fosse assinado, oficialmente, pelos governos vassalos daquela época, entre eles, o do Brasil.

Hoje, os mais lúcidos economistas do mundo demonstram o erro cometido pelos países que privatizaram suas grandes empresas. Entre eles, dois prêmios Nobel – Joseph Stiglitz e Paul Krugman.

Se a privatização fosse realmente uma vantagem, os Estados Unidos já teriam privatizado a TVA – fundada por Roosevelt, em 1933 – e a Amtrak.

TEXTO RETIRADO DESTE ENDEREÇO:

sábado, 1 de setembro de 2012

Multinacionais exploram o trabalhador e sangram a nação


A economia brasileira atravessa um perigoso processo de desnacionalização. Somente no primeiro semestre deste ano, de acordo com informações da empresa de consultoria internacional KPMG, 167 companhias cujos proprietários eram brasileiros foram compradas por multinacionais de outros países através de operações de fusões e aquisições. Atualmente, capitalistas estrangeiros controlam mais de 50% do parque industrial do Brasil.

Por Wagner Gomes*, no Vermelho

O problema não é novo. Tem raiz na história da formação tardia e dependente do capitalismo brasileiro. Mas, ganhou nova dimensão nas últimas décadas, principalmente após o governo neoliberal de FHC, que realizou um escandaloso programa de privatizações e tratou de apagar, por meio de reforma constitucional, as diferenças jurídicas entre empresas estrangeiras e nacionais definidas na Carta Magna.

Hoje em dia, transnacionais como a GM, a Ford, a Fiat, a Volks, a Monsanto, entre outras, são consideradas e tratadas como empresas nacionais. O comportamento desses monopólios, porém, não condiz com o status concedido com espírito entreguista por FHC, infelizmente mantido nos governos Lula e Dilma. Os interesses das multinacionais nem sempre coincidem e no mais das vezes colidem de modo escandaloso com os da nação. Isto transparece na análise de alguns indicadores fundamentais da nossa economia.

É o caso das remessas de lucros e dividendos, que crescem na proporção direta da desnacionalização. Aumentaram 262,92% entre 2003 e 2011, ano em que a riqueza enviada pelas multinacionais ao exterior bateu novo recorde, alcançando US$ 38,1 bilhões, sangria que se transformou na principal causa do déficit na conta corrente do balanço de pagamentos. Cabe destacar o ramo automobilístico, que transferiu US$ 5,58 bilhões, 36,1% a mais que em 2010.

O Brasil é um verdadeiro paraíso para as multinacionais do carro, que por aqui obtêm uma taxa de lucros três vezes maior que nos EUA e pelo menos duas vezes superior à média mundial - estimada em 10% pelos especialistas, depois de deduzidos os custos de produção e impostos. A explicação está no preço absurdo dos veículos, impostos pelos oligopólios, que supera em mais de 200% o valor praticado no exterior. “Lucro de montadora no Brasil é maior do que em qualquer lugar do mundo”, conforme o diretor-gerente de consultoria IHS Automotive do Brasil.

As operadoras também contam com a generosa redução do IPI para automóveis, cuja prorrogação até o final de outubro foi anunciada quarta-feira, 29, pelo Ministério da Fazenda. Nada disto impede que as multinacionais reservem aos seus operários um tratamento carregado de desprezo e arrogância, demitindo em massa ou ameaçando demitir no primeiro sinal de crise, como a GM em São José dos Campos.

Os lucros e dividendos remetidos pelas transnacionais ao exterior são subtraídos dos investimentos líquidos realizados na economia brasileira e contribuem de forma considerável para a redução do potencial de desenvolvimento nacional, além de causar o rombo na conta corrente do balanço de pagamentos. Por esta e outras razões é urgente colocar um freio em tais remessas, ampliando as taxações e os mecanismos de restrição.

É igualmente necessário combater a liberdade incondicional dos oligopólios na formação dos preços. Não se justifica a distância abissal da taxa de lucros no Brasil, que é o quarto maior consumidor de automóveis do globo, em relação ao resto do planeta. É evidente que falta ao governo uma política industrial soberana para reverter a desindustrialização em marcha, deter a desnacionalização, conter a sangria provocada pelas remessas e estabelecer novas regras no relacionamento com as multinacionais. O excesso de liberalismo herdado dos governos tucanos é nocivo aos interesses nacionais e deve ser rechaçado.

A desnacionalização em curso não pode ser encarada como um fenômeno natural e inevitável, pois depende do rumo da política econômica. O tema reclama um debate mais profundo dos movimentos sociais e das forças progressistas.

*Presidente da CTB

Textos relacionados:

Texto retirado deste endereço: